O Acordo escrita por Bel Russeal


Capítulo 2
Bem vinda à família


Notas iniciais do capítulo

Já fiquei muito feliz com os comentários que recebi por isso estou postando mais um.



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_ O meu ? O meu o quê? – Falei assustada, ou melhor, gritei.

_ José Alfredo Sherman, quer que você e seu filho Dylan se casem. – Minha mãe falou animada e eu olhei para Caroline ao meu lado que estava totalmente boquiaberta.

_ Eu não posso me casar com alguém que nunca vi na minha vida.

_ Pra ajudar sua família você pode. – Minha mãe disse autoritária.

_ Não, vocês querem me vender é isso? Como se eu fosse um objeto de troca, ou melhor, eu sou o capital que vai fazer vocês terem a empresa novamente.

_Eu entendo se você não aceitar, filha. – Meu pai disse triste- Esqueça essa idéia idiota, Ângela. Não estamos na Índia e muito menos no século XIX , para forçá-la a casar com alguém que ela não ama. – Meu pai disse nervoso e em tom alto.

_ Eu sei, João Pedro. Mas estamos falidos, Lucas foi demitido e não tem como pagar a faculdade- Ela gritou e fiquei surpresa com essa parte – Não temos nem como manter essa casa. – Ela disse histérica.

_ Eu sei, mas eu vou dar um jeito. – Meu pai disse nervoso e meus olhos começaram a encher de lágrima e então Carol me abraçou ao perceber.

Eu não queria e nem podia me casar com alguém que eu não amava ainda mais interessada no dinheiro que isso transformaria para empresa. Mas eu não agüentava ver todos os sonhos de meu pai sendo destruídos.

_ Que jeito? NÃO TEM JEITO! – Minha mãe gritou e vi Lucas respirar fundo. – Os jornais já começaram a falar da nossa falência e o pior estão manchando seu nome, João Pedro Hamilton, estão dizendo que sua incompetência faliu a empresa.

_Chega, mãe! – Lucas interviu.

_Durante todos esses anos fizemos sua vontade, pagamos suas faculdades, seus cursos de moda, viagens, tudo.. Esta na hora de fazer algo por nós, Bianca. – Minha mãe gritou mais uma vez olhando para mim, ela estava pirando.

_ Eu não posso casar com alguém que eu não amo e nem conheço. – Eu gritei de volta.

_ A vida não é um conto de fadas, querida. O amor não sustenta mais nada. – Ela disse fria.

_ CALA A BOCA, Ângela! – Meu pai gritou. – Não faremos nada se Bianca não quiser e encerramos esse papo por hoje. – Ele subiu as escadas e minha mãe seguiu direção oposta e sumiu pelo corredor da mansão.

Lucas me olhava aflito e Caroline me abraçava, eu queria muito fazer algo para ajudar minha família. Mas eu não podia me casar com um Sherman.

_ O que eu faço agora, Carol? – disse afundando-me em seu abraço.

_ Eu não sei, mas eu sei que você precisa de muita bebida. Vem vamos ao nosso bar. –Ela disse me puxando pelo braço.

_Você vem, Lucas? – perguntei e ele nos seguiu.

...

_ Minha mãe é tão insuportável. – Disse um pouco alto e enrolado, e logo em seguida tomei minha caipirinha em um só gole. - E por que diabos esse José Alfredo quer um casamento de fachada?

_ O filho dele deve aprontar muito para o pai dele querer prendê-lo em um casamento. – Caroline supôs.

_ E qual a chance de um casamento desse dar certo? Seria apenas uma fachada ou.. – Calei eu não gostava de pensar nem na ideia.

_ Não esta pensando em se casar não é? – Caroline indagou.

_ Eu não sei, nunca vi meu pai tão triste e minha mãe tão desesperada.

_Ela esta desesperada porque não pode comprar mais sapatos novos.- Lucas disse revoltado e engoliu sua cerveja exatamente como eu fiz.

_ Precisamos de mais uma rodada. – Caroline murmurou.

_ Eu vou buscar! – Lucas levantou tropeçando um pouco nas cadeiras e nós rimos.

_ Ei, olha lá o seu gato. – Carol apontou para o balcão e lá estava ele, o homem dos meu sonhos.

O homem dos meus sonhos, estava lá sentado como toda as sexta feiras, vestido como um pós dias de trabalho, camisa social dobrada ate os cotovelos, terno encostado no balcão, seus cabelos loiros reluzentes e seus olhos verdes encantadores, sentava sozinho como todas as vezes que ia nesse bar, em todas as sextas , que pedia a mesma bebida e dispensava qualquer mulher que sentava ao seu lado para paquerá-lo.

_ Ele é tão... tão gato. – Disse suspirando e Caroline fez o mesmo.

_ Eu queria saber o motivo dele vim aqui todas as sexta feira às 21 horas em ponto – Ela disse olhando o relógio.

_ Ele vem para eu ficar como sempre babando por ele. – Disse observado fazendo seu pedido – E um uísque duplo como sempre. – Disse ao o ver pegando a bebida servida.

_ Acho que ele é gay. – Caroline falou e eu bati na madeira.

_ Não, ele não pode, isso seria a destruição de meu amor platônico. -Disse rindo e Carol também gargalhou.

_ Casado ele não é, sem aliança. – Ela disse observando bem.

_Ele recusa todas as paqueras das mulheres. Ele é tão misterioso. – Disse suspirando mais uma vez.

...

Cheguei em casa carregando praticamente Lucas, ele estava totalmente bêbado, o depositei no sofá e retirei seu tênis e o deixei ali mesmo, eu não conseguiria carregá-lo pela escada. Eu iria para o meu quarto, mas observei a luz do escritório do meu pai ligada e lá estava ele olhando para o nada com o copo de bebida na mão.

_ O senhor não acha que já esta na hora de dormir e deixar essa bebida? – Disse entrando e ele soltou um leve sorriso.

_Ate que eu me lembre quem fazia esse tipo de pergunta era eu. – Ele disse me fazendo rir;

_Esta preocupado não é? - Perguntei aflita.

_ Um pouco, mas tudo ira se resolver. – Ele disse evitando me olhar nos olhos – Eu vou achar um jeito de erguer a empresa sem que você se sacrifique. – Ele disse enxugando uma lágrima antes que ela caísse em seu rosto.

_ E seu eu me casar com o tal de Dylan Sherman, resolveria tudo mesmo? – Perguntei receosa.

_ Não é mais uma opção, eu quero alem de tudo sua felicidade.

_ Jose Alfredo Sherman quer melhorar a imagem de sua família abalada pelas confusões do filho. –Indaguei e meu pai assentiu afirmando.

_Quanto tempo demoraria a camuflar e esquecer tudo que abala a moral daquela família ? – perguntei.

_ Eu não sei, Bia. Você não esta pensando em... Eu já disse para esquecer essa oferta.

_ Eu posso me sacrificar por um ou dois anos, depois tentava o divorcio quando você já tivesse suas ações garantidas nessa sociedade com os Shermans e a impressa esquecido as confusões da família deles.

_ Eu não posso te pedir isso. – Meu pai disse aflito e eu podia ver o tamanho da dor que ele tinha nos olhos a me ver naquela situação.

_ Eu vou me casar, papai. Eu vou ajudar a nossa família. – Disse decidida.

***

Me olhava no espelho e eu realmente estava linda para aquele evento, um vestido longo de cor preta – escolha irônica que caia perfeitamente com o meu luto – tinha um decote bem aberto, mas nada vulgar e um bordado lindo em minha cintura, coloquei um sapato vermelho, uma leve maquiagem e estava pronta.

_ Esta vestida para matar. – Caroline disse animada.

_ Matar um certo Dylan Sherman. Eu já ouvi tantas coisas ruins do meu noivo que já quero ser viúva. – Disse rindo.

_ Soube que ele é um gato. – Caroline procurava sempre me mostrar lados positivos, mas nessa historia de casamento de fachada eu não via nenhum.

_ Estão prontas queridas? – Minha mãe apareceu na porta com um sorriso largo, durante essa semana somente ela sorria em nossa casa, meu pai estava angustiado e ainda achava que eu tinha que desistir e Lucas estava com pena de mim.

_Sim, estamos. – Caroline levantou da cama e deu mais uma conferida em seu vestido azul longo que também estava magnífico.

_ Ainda acho que preto não é uma boa escolha, é uma festa para anunciar seu noivado e a sociedade das empresas que serão uma só agora, devia escolher uma cor mais alegre. – Minha mãe disse me observando.

_ Eu acho essa cor perfeita para a ocasião. – Disse me dirigindo até a porta e deixando de escutar tudo que minha mãe falava.

Chegamos à mansão dos Shermans, nossa chegada foi repercutida por vários fotógrafos que tinham por lá, os Shermans faziam questão que aquela ocasião fosse bem divulgada, pois o anuncio que seria feito ali era o inicio do nosso acordo.

Entrei de braços dados com o meu irmão e Caroline vinha logo atrás de mim, Alfredo Sherman logo nos recebeu com um sorriso mais carismático que tinha e sua esposa Sandra tentou fazer o mesmo, mas não parecia gostar da idéia daquele casamento também.

_ Estava esperando ansiosamente pela chegada de vocês. – José Alfredo disse cumprimentando a todos e parou em mim – Sua filha realmente é linda como eu vi nas revistas.

_ Obrigada! – Disse simpática, mas não pude evitar ficar corada.

_ Ouvi falar coisas boas de você, alias a família toda de vocês tem bastante respeito na sociedade, como uma boa ética e moral. – Ele falava e meu pai ainda tinha um semblante preocupado comigo.

_ Nossa família vem de uma linhagem tradicional. – Minha mãe disse tomando logo o seu posto de mais interessada no acordo.

_ E sobre você Bianca Hamilton, a imprensa realmente a adora, não é? -Ele disse rindo e apontando para os fotógrafos que tiravam várias fotos minhas mesmo de longe.

_ Ela além de ser formada em engenharia de computação, tem uma ótima carreira de modelo, uma nora exemplar; - minha mãe disse animada e me colocando em um pedestal – Ela doa metade seu salário de modelo para uma ONG que é da sua amiga Caroline Tunner. – Ela disse apresentando Carol.

_ Que interessante, as coisas só melhoram cada vez mais. Realmente juntar nossas famílias em uma só foi uma ótima idéia. – José Alfredo dizia animado e sua esposa tinha apenas um sorriso forçado no rosto.

_ E ela só tem 21 anos e já é o nosso maior orgulho. – Minha mãe disse me abraçando, eu estava realmente me sentido um produto em uma vitrine.

_ Eu vou dar uma volta, você me acompanha, papai? – Disse e ele assim fez.

_ Ainda há tempo de desistir. – Ele disse preocupado.

_ Eu já cheguei até aqui, vou em frente. Eu só não agüento ver mamãe me vendendo como uma bonequinha de luxo. – Eu disse suspirando.

_Seu noivo não estava com José Alfredo, será que ele desistiu antes de você ? – Meu pai disse rindo.

_ Eu não sei, mas vamos fazer uma aposta por quanto tempo Alfredo Sherman ainda agüenta ouvir dona Ângela falar ? – Disse olhando para minha mãe que falava incansavelmente, Lucas e Caroline já tinham abandonado o lugar ao seu lado e vindo ao nosso encontro.

_ Eu aposto em 5 minutos. – Meu pai disse.

_ Eu aposto 2 minutos. – Falei contando no relógio.

_ Eu aposto em 5, 4 , 3 2.. – Lucas falava e antes que ele chegasse ao um, José Alfredo inventara a desculpa de cumprimentar um velho amigo que acabara de chegar à festa.

...

A mansão dos Shermans estava quase lotada e nada de me apresentarem o meu noivo, eu já estava impaciente, na verdade, eu já estava pronta para desistir de tudo, tomava em um só gole a champanhe servida, com Caroline ao meu lado que olhava ao relógio tão ansiosa quanto eu.

_ Eu acho que vou desistir, Caroline. – Sussurrei somente para ela ouvir.

_ Tarde demais amiga, acho que o seu noivo esta descendo as escadas. – Ela disse e então olhei para mesma direção que Carol olhava.

Olhei para o alto da escada e lá estava ele acompanhado da irmã , eu não pude deixar de ficar surpresa com a beleza dele, ele era tão lindo, seus olhos eram tão intensos como eu nunca havia visto, cabelos negros e lisos arrepiados em um estilo rebelde que podia notar logo de cara, usava um terno um tanto casual demais para ocasião e ainda com um tênis que deixava mais evidente seu estilo.

Meu pai assim que o viu veio ao meu encontro e me encaminhou ao escritório, enquanto a família Sherman era fotografada.

_ Porque me trouxe aqui ? – perguntei confusa.

_ José Alfredo quer lhe apresentar seu noivo antes do pedido oficial de casamento na frente da impressa.

_ Ah sim. – Disse nervosa.

Meu pai e eu esperamos sozinhos, fiz questão que minha mãe não estivesse presente nesse momento já era difícil o suficiente para mim. Depois de quase 10 minutos esperando, Alfredo e seu filho entraram no cômodo. Meus olhos foram diretamente em Dylan Sherman, parecia incomodado tanto quanto eu, mas também tinha seus olhos surpresos ao me ver e eu fiquei encantada ao ver o quão bonito ele era que me fez esquecer por alguns estantes o motivo de estarmos ali.

_ Acho que devo apresentar oficialmente sua noiva, filho, essa é a Bianca Hamilton. – José Alfredo disse dando espaço para que Dylan se aproximasse e assim ele fez.

_ Prazer, eu sou Dylan Sherman. – Ele disse pegando minha mão e beijando as costas delas de forma delicada - Seu futuro marido, pelo menos é o que meu pai repetiu a semana inteira. – Ele disse olhando entediado para seu pai e me deixando desconsertada.

_ Vamos logo para o que interessa, por favor. – Disse ansiosa e angustiada, meu pai pegou minha mão e me deixou um pouco mais tranqüila.

_ Dylan fará o pedido assim que eu terminar de anunciar a união das empresas. Meu filho sabe ser romântico quando quer não é? – Ele disse apertando os ombros de Dylan.

_ Qual é, pai ? Qual a porcentagem de chances que isso tem de dar certo, eu mal a conheço. E 74% dos casamentos terminam em divórcios, isso sugere que é uma instituição falida. – Dylan protestou e eu apertei as mãos do meu pai mais nervosa ainda.

_ Na Índia isso dá muito certo e os casamentos são mais duradouras do que no Brasil. – Alfredo disse convicto mesmo daquilo. – E precisam ser um casal plenamente felizes perto das câmeras ok?

José Alfredo me olhou esperando que eu confirmasse, eu assenti, mais que um casamento arranjado, ele queria um casamento perfeito de fachada.

_ Ótimo, farei de tudo para não errar o nome da minha noiva ao fazer o pedido, certo Beatriz? – Dylan disse irônico.

_ Na verdade, é Bianca.- Meu pai consertou irritado.

_ Assinando o nome certo no contrato da união das empresas Shermans e Hamilton, o resto tudo bem. – Ele disse rindo, será que ele achava que eu também queria desperdiçar minha vida com ele ? Francamente, aquele garoto estava me irritando.

No salão, a dança foi paralisada e todos convidados ficaram atentos a todos os detalhes que meu pai e Alfredo Sherman falavam na união e como se transformaria em uma só multinacional, mas aquilo tudo deu-se ao fim e o momento chegou, meu pai me conduziu até o centro do salão e Dylan estava lá a minha espera.

_ Boa noite a todos aqui presentes. – Dylan disse alto e enfim estava ao seu lado nervosa brincando com a pulseira em meu pulso _ Eu queria pausar essa festa para fazer um pedido diante de todos, aqui vocês serão minhas testemunhas. Comemora-se hoje aqui a união de duas empresas e eu quero comunicar a vocês que há uma união entre duas famílias também. – Ele dizia seu discurso perfeitamente ensaiado e se por acaso o playboysinho tivesse feito uma faculdade ( o que eu duvido muito) ele poderia ser um perfeito orador.

Ele pegou minhas mãos de forma tão delicada e se ajoelhou, ele me olhava de forma tão concentrada que quem não soubesse o que se passava pelos bastidores juraria que estávamos mesmo em um romance.

_ Bianca Hamilton, aceita ser minha esposa ? – Ele disse abrindo uma caixinha preta pequena e lá estava um lindo anel com uma pedra enorme de um diamante.

_ Eu... – olhei para todos ao meu redor, os flashs das máquinas, os olhares ansiosos de todos, a felicidade estampada no rosto de minha mãe e por fim meu pai que me olhava reconfortante – Eu aceito! – Disse forçando um sorriso no final.

Dylan levantou-se e fingiu o seu melhor sorriso, colocou o anel em meu dedo e pude então sentir o peso daquele diamante. Ele acariciou meu rosto com uma das suas mãos e com a outra segurou minha cintura e me deu um selinho. Meu corpo tremeu com aquele toque e tive a vontade de sair correndo dali e chorar, mas ele me apertou para um abraço e sussurrou em meu ouvido:

_ Bem vinda à família multimilionária, princesinha! – Ele soltou uma risada abafada e beijou minha testa e depois pousou sua mão em minha cintura para pousarmos para os fotógrafos e ali eu previa o inferno que minha vida seria.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários, gente. Espero que eles estejam sempre presentes aqui.



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