P.O.V Malia James Tate:

O Olimpo brilhava pela noite.

Enquanto eu andava pelos inúmeros corredores do Olimpo, apreciava a luz das mais brilhantes estrelas, provavelmente eternas como o Olimpo, enquanto a Lua, sempre viva e prateada, iluminava o tão grandioso e belo jardim.

Havíamos acabado o jantar e quase todos estavam dormindo, mas era impossível dormir com o barulho das tantas garotas do chalé de Hades. Por isso, resolvi dar uma passeada, sonhar livremente acordada e refletir o meu papel, tudo se resumindo a breves passos no mármore.

– Dando uma escapada? – Uma voz brevemente familiar soou atrás de mim.

Imaginei que era um sátiro qualquer – como eles gostam de perambular no Olimpo! – mas o meu olhar encontrou, perto de uma lanterna, um olho azul e outro verde brilhando fortemente no escuro.

– Olá Alteza. – Falo um pouco formal de mais para mim. – Não consegue dormir?

– O problema não é exatamente o sono, mas sim o que o acompanha.

Olho para ele e fico hipnotizada nos seus olhos bicolores, até que resolvo perguntar, um pouco curiosa:

– E você poderia me contar?

O príncipe pareceu ficar em dúvida por um instante, mas depois simplesmente negou com um gesto da cabeça.

– Ah, boa noite então. Tente dormir, em qualquer caso. – Falo, com uma pontada de frieza na voz. O príncipe deve ter percebido, pois abaixa a cabeça, um pouco ofendido (Olha, rimou!).

– Boa noite. – O príncipe fala encantadoramente formal.

E eu sigo o meu percurso pelos longos corredores, me guiando apenas pela luz natural da noite, esperando o amanhecer.

Com certeza as harpias iriam brigar comigo por chegar tão tarde.

P.O.V Beatrice Valentine:

Os dias pareciam não passar nunca.

Por eu ser filha de dois deuses, ficava uma semana no “chalé” de cada um, sendo que essa semana eu ficaria no “chalé” de Gaia, o que é um T-É-D-I-O!

Estava feliz por já ter tido um encontro com o príncipe, ter ficado em segundo lugar no campeonato e ser uma das vencedoras no desfile, mas depois disso? Não aconteceu mais nada, só os dias que se arrastavam inúteis enquanto tínhamos milhares de cansativas aulas com os deuses.

Olhei para o quarto, o que só me deixava ainda mais triste. Ele era do tamanho de uma sala de aula, com quatro camas dispostas nos quatro cantos. Um enorme guarda roupa branco pendia da parede, dando espaço para dezenas de roupas. O “chalé” tinha as paredes pintadas com figuras de árvores, plantas e muita terra. No teto, uma mulher formada por vários elementos naturais sorria e acenava (uma imagem mais dócil de Gaia). E, para completar, pássaros ilusórios (concedidos por Hécate) dançavam e voavam pelo quarto.

É ou não é um tédio total ficar nesse “chalé” sozinha, só com as harpias?

Por isso, resolvi dar uma saída, e mal tinha passado pela porta quando vejo longos cabelos negros serpenteando na minha frente.

– Oh, princesa Helena! – Exclamei, um pouco surpresa, mas logo em seguida me inclinei em uma pequena reverência.

A princesa sorriu.

– Ah, Beatrice. Como vai? – Ela perguntou educadamente. Não sabia se ela estava fazendo isso apenas para fazer pose de educada ou porque queria puxar conversar, então resolvi responder.

– Muito bem. E você? – Perguntei, lançando pergunta após pergunta.

E por fim, a Princesa me lançou um olhar travesso e foi embora, sem dizer mais nada.

P.O.V Adelaide Robison:

O rio gorgolejava.

Estava sentada na grama do enorme e esplêndido jardim, observando o deslizar do cristalino rio na grama tão verde e tão viva. Ainda era bem cedo, mas o Sol brilhava forte e dourado, o céu azul sem nuvens e pássaros a cantar.

Nada podia atrapalhar a minha paz serena, até que então...

– Posso me sentar? – Perguntou um certo príncipe chamado Nicolas, com um sorriso divertido nos lábios.

– Vejamos... Acho que você vai ter que esperar na fila. Quem sabe você tenha a sorte de arranjar algum lugar. – Respondi com um sorriso brincalhão.

– Então seria possível eu reservar para mais tarde? – Ele perguntou na mesma moeda. – Ou Tique realmente não gosta de mim?

– Terei que ver na agenda. – Brinquei, sendo que não demorou para cairmos na risada.

Trocamos mais algumas palavras, fizemos caretas para os nossos reflexos no rio e – mais cedo do que eu gostaria – o príncipe saiu.

Continuei observando o meu reflexo. Os meus cabelos loiros cintilavam na água. Quem imaginaria que eu, Adelaide, um dia iria para o Monte Olimpo para concorrer numa Seleção? Acho que, praticamente, ninguém.

Continuei passando a mão na água e inspirei o ar fresco e puro do Olimpo. As coisas estavam tão tranquilas, tão calmas e tão silenciosas...

Me levantei e me pus a andar. Acabei tropeçando numa pedra, me revelando um pequeno morrinho, que me deu uma ideia.

A ideia? Um pouco infantil. Mas acho que, quando vocês virem uma garota no Monte Olimpo rolando na grama, morro abaixo, já terão uma ideia de quem é.