Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 22
Não fujas


Notas iniciais do capítulo

Agradecimentos e dedicatória do capítulo à Amy que recomendou a história, essa fofa fantasma
Pessoas que queriam me matar no último capítulo, sei que fui má, ok? Mas não podia fazer salada com muitas informações, oras!
Enfim.. leiam as notas finais e comentem pq comentar não arranca pedaço ~a não ser que seu computador tenha vida e goste de carne humana~.

No último capítulo de DANC:
"— Te acordei? — murmurou.

Neguei com a cabeça, mas lembrei que ele não conseguiria ver.

— Não — sussurrei. — Que horas são?

— Três — ele tocou meu cabelo. — Precisa de alguma coisa?

Neguei novamente e deitei a cabeça a seu lado, no travesseiro.

Embora não conseguisse ver nada, tateei até encontrar o seu rosto frio, deixei minha mão ali enquanto Dimitri contornava minha cintura mantendo-me presa a si."



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Já era manhã quando acordei, a pouca luz vinha da janela parcialmente fechada e mal tocava a cama e havia um corpo frio contra o meu. Abri os olhos minimamente.

Minha cabeça estava pousada na curva do pescoço de Dimitri, minhas mãos abraçando seu pescoço enquanto uma de suas mãos me segurava ali pelos ombros e a outra pelos quadris, que estavam de algum jeito sobre suas pernas.

Ele suspirou pesadamente, me arrastando para ainda mais junto de si até eu estar completamente sobre ele.

— Bom dia — murmurou, os olhos ainda fechados enquanto suas mãos deslizavam por minhas costas, explorando.

— Oi — respondi beijando seu pescoço par acordá-lo. Algo me dizia que Dimitri ainda estava meio adormecido.

Dimitri se arrepiou. Ele murmurou alguma coisa ininteligível em russo e inverteu nossas posições, de modo que ele parecia uma pantera sobre sua presa indefesa, e eu soube exatamente o que iria acontecer.

Mesmo meio idiota de sono, correspondi totalmente ao beijo, meus dedos puxando-o para mantê-lo ali contra mim, porque eu o desejava e desejava ser desejada par ele, mas Dimitri acordou totalmente e se empurrou sem muita delicadeza para longe de mim, os olhos arregalados.

— Dimitri — chamei, mas ele me deu as costas e saiu apressado para seu quarto.

Oh, Deus, o que eu tinha que fazer para Dimitri me beijar e ficar por mais de dois segundos no mesmo ambiente que eu? Bufei sozinha, eu sinceramente não entendia aquele homem. Ele havia me beijado e eu havia correspondido e então ele fugiu.

Desci para o café ruminando esses pensamentos. Eu tinha que encurralar o Dimitri, como Kristine costumava dizer "ou dá ou desce".

Infelizmente não tive muita sorte e ele não estava na sala de jantar.

O rei nem esperou que eu perguntasse.

— Ele está no escritório — informou. — Bom dia.

Me segurei para não rir da forma como havia colocado as palavras e me sentei no lugar de sempre, à esquerda do rei.

— Bom dia, Majestade — disse.

— Antes que você vá atrás do meu filho completamente transtornado, preciso dizer-lhe algumas coisas — seu rosto estava mortalmente sério. — Não quero parecer intrometido, não é minha intenção, mas devo perguntar: o que você sente por meu filho, princesa Layla? O que você fez a meu filho que o deixou assim tão diferente do que costumava ser?

— Majestade, eu gosto muito de seu filho e ele é uma pessoa incrível, mas não fiz nada. Dimitri é apenas ele mesmo — afirmei.

— Não — contrapôs —, eu conheço meu filho. Desde que Yuri se foi, Dimitri tem se fechado em si mesmo, ele mal trocava duas palavras comigo que não fossem sobre o governo. Agora Dimitri está sempre falando de você, querendo saber de você, querendo agradar você — seus olhos claros me encararam. — Sabe porque ele não está aqui? Está tentando desmarcar suas reuniões dos próximos dias para que vocês possam viajar para Illéa. Você mudou o meu filho, princesa Layla, e sou grato a você por isso.

Eu não tinha o que responder, minha garganta se fechou completamente.

O rei parecia saber o que havia causado.

— Meu filho a estima muito — disse com mais suavidade. — Mas não fará nada que julgue que a senhorita não vai gostar. E Dimitri é bastante obstinado em suas resoluções, eu garanto. Você deve deixar claro o que sente ou ele se sentirá culpado até por chegar perto da senhorita.

Eu estava recebendo dicas de relacionamento do rei que estava me empurrando para o seu filho. Meu deus.

— Ah — ele disse em um tom bastante profissional agora. — Haverá um baile esta noite, conto com sua graciosa presença — ele se levantou, fez uma reverência e saiu.

Fiquei olhando sua figura desaparecer pelo umbral da porta.

Eu tinha acabado de me vestir para o evento de inverno quando Dimitri apareceu. Àquela hora eu já não queria mais falar com ele sobre o que havia acontecido na cama. Cara, isso soou meio pervertido.

Olhei para ele pelo espelho.

— Ei. Como você está? — perguntei pegando um brinco de diamantes e colocando-o. — Não o vi o dia todo.

Dimitri sorriu só um pouquinho.

— Estive ocupado, programando nosso final de ano — ele esfregou as mãos como se tivesse planos mirabolantes.

Pensei no que o rei havia dito sobre o príncipe querer viajar para Illéa e sorri largamente para ele.

— Você não precisa fazer nada, só estar lá — prometi solenemente.

Dimitri corou.

— Venha, meu pai quer te apresentar aos amigos dele.

Fiz careta, mas assenti. Eu queria estar ali, queria não só representar bem Illéa, mas mostrar que eu podia agir como russa. Por quê eu queria fazer aquilo? Aí já era outro assunto.

Não havia ninguém no salão quando chegamos, porém exatamente às oito horas as duas centenas de pessoas chegaram quase ao mesmo tempo — pontualidade russa — e eu era levada para um lado pelo rei e para outro por Dimitri. Eu ouvia sobre a educação pública, sobre a escolas para damas, sobre o exército — havia um general que parecia sinceramente acreditar que eu era sua filha com uma prostituta que ele havia conhecido vários anos antes —, e sobre milhares de coisas pelas quais eu nunca me interessei antes. Coisas que uma princesa deveria saber.

Claro que também havia pessoas da minha idade, um garoto particularmente sem graça ficava me perseguindo para lá e para cá fazendo ofertas nem um pouco sutis para eu ir com ele para um quarto.

— Pela centésima vez, senhor Ortugov, eu não estou interessada — respondi em voz baixa.

— Algum problema aqui?

Nunca fiquei tão feliz na minha vida por ver o rei Ivan.

— Não, Majestade. O senhor Ortugov só queria me contar sobre os vários pontos turísticos do país.

O rei ergueu uma sobrancelha.

— Presumo que esteja — disse com sarcasmo. — Meu filho a está procurando, princesa Layla — ele abriu um sorrisinho irônico que de vez em quando seu filho mostrava quando estava aborrecido. — Sabe que Layla é a possível futura rainha da Rússia, Olaf?

O garoto olhou para mim embasbacado e eu tentei não parecer desconfortável e nem corar, embora tenha sentido o calor subindo pelo meu pescoço.

— Oh — sua voz estava levemente surpresa, eu tinha certeza que ele pensava que eu era uma prostituta. — Hum… meus parabéns, senhorita.

Fiz uma mesura.

— Vou procurar o príncipe, então. Divirtam-se.

Deslizei o mais rápido possível para longe dali, procurando um lugar vazio para ficar, sentindo odis pares de olhos cravando minhas costas.

— Onde você estava? — Dimitri estava aborrecido encostado contra uma pilastra perto do lugar sossegado que eu visava. — Te procurei em todo lugar.

Revirei os olhos.

— Estava com o seu pai, que por acaso me disse que você estava me procurando — ergui as sobrancelhas esperando que ele se contentasse com isso.

— E com o senhor Olaf Ortugov, não? — ele cruzou os enormes braços, a cara fechada como se preparado para a guerra. — O que ele queria?

— Nada que seja de extrema importância nesse momento — desconversei.

Ele me encarou, pouco impressionado com minha recusa.

—Ele flertou com você?

Não havia sentido mentir, a verdade deveria estar estampada na minha testa.

— Como você...? — comecei.

— Ele sempre flerta com minhas primas — ele cerrou a mandíbula. — É claro que faria isso com você também.

Eu nem sabia que Dimitri tinha primas.

— Ah, por favor. Eu sei me cuidar — desprezei suas palavras. Eu realmente sabia, meu pai havia me ensinado muay thai. — Ele só é meio sem noção, relaxa. Vem, vamos até nos distrairmos ou nos embebedar até esquecermos disso. O que vier primeiro.

— Tenho uma coisa melhor para distraí-la em mente. O quê acha de sairmos? — ele ainda estava contrariado, mas fazia uma brava tentativa, tive que admitir. Ele era muito bom em enterrar seus sentimentos.

— A melhor proposta que eu ouvi essa noite — respondi prontamente.

Dimitri puxou-me para os andares superiores, novamente para a parte mais alta do castelo. O ar frio mordeu minha pele enquanto observávamos as luzes abaixo de nós, brilhante como um manto cheio de luzes de Natal.

Ele sentiu quando estremeci e imediatamente tirou o casaco. Sussurrei um agradecimento e continuamos encarando a cidade bem abaixo de nós.

— Você tem que tomar cuidado aqui na Rússia, Layla — disse por fim sem me olhar. — Oh homens… nós somos sem escrúpulos. Não quero que você se fira, física ou emocionalmente com algum russo depravado. Se lembra da boate? Homens como aquele estão em todos os lugares.

Por que ele tinha que se lembrar daquilo? Se fosse para levar alguma coisa da boate em consideração que fosse o beijo pouco despudorado que havíamos trocado.

Sacudi a cabeça rapidamente para tirar da minha mente imagens boas demais para serem esquecidas: eu o beijando, suas mãos deslizando por minha cintura… Por mais que eu tentasse deletar a boate Luxury da minha mente, aquilo estava tão claro que eu podia sentir o gosto de kvas na boca. O gosto da boca de Dimitri.

— Obrigada pela preocupação — disse, afinal. — Mas eu posso me cuidar.

Ele suspirou e murmurou algo em russo.

— Esqueça isso — pedi. — Vamos curtir o momento.

Ele deu uma risada cansada.

— A melhor proposta que ouvi essa noite.

Dimitri abraçou-me por trás, fitei a paisagem com os olhos cegos, porém com centenas de pensamentos na mente. As palavras do rei "Você deve deixar claro o que sente ou Dimitri se sentirá culpado até de ficar perto da senhorita" não me deixavam em paz.

Dei o primeiro passo. Girei em seus braços para ficarmos frente a frente — seus olhos escuros brilhavam intensamente como estrelas ou a cidade ao longe. É impossível descrever o fascínio que eles me causavam. E não era só os olhos que me deixava completamente boba, na verdade era ele todo que me fascinava. Por mais que eu odiasse admitir, Dimitri era a pessoa mais fascinante que eu já conheci e aquilo me era estranho porque ele era tudo aquilo que eu odiava nas outras pessoas.

Eu o puxei para mim.

E finalmente — finalmente! — ele correspondeu sem fugir correndo depois. Seus dedos se infiltraram sob o casaco, tocando o mais próximo que havia da minha pele, puxando-me para si até eliminar a distância entre nós.

— Não fuja mais de mim, Dimitri — sussurrei escondendo a cabeça em seu ombro. — Não faça eu me apaixonar se não for retribuir.

Ele não respondeu, apenas ficou ali me segurando contra seu ombro e eu ouvia seu coração batendo loucamente como o meu no mesmo ritmo frenético.

Cedo demais, soltou-me.

— Sim — sussurrou. — Sim, não tenho mais forças para fugir.


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Notas finais do capítulo

Enfim.... não ficou "OOOOOOH QUE BEIJO" como eu gostaria. Mas...
Bom, eu achei esse capítulo muito glicose, o que acham de começar as tretas? Ok, não vai ser no próximo capítulo ~ainda~mas bem em breve *--*.
Aah, tenho uma enquete pra vcs: naquela parte "Anteriormente em DANC" e tal, o que acham de em vez de eu deixar os acontecimentos finais do último capítulo eu RESUMIR o último capítulo?
Comentem o que acham.
Beijos e até sexta ♥