Deixe a neve cair escrita por Snow Girl


Capítulo 21
Execução


Notas iniciais do capítulo

Ei! bom dia! Eu tô completamente elétrica hoje, escrevi uns três capítulos antes de vir aqui postar esse. E tenho uma notícia nas notas finais. E hoje tá com cara de domingo. E eu terminei de assistir Outlander, alguém assiste? Não? Ok.

No último capítulo de DaNC:

"Assim que abri a porta de meu quarto, Dimitri se inclinou para se despedir de mim e falou pela primeira vez em muito tempo.

— Boa noite, Layla — murmurou com a voz levemente rouca.

Seu rosto estava muito próximo do meu, nossos narizes quase se tocando. Fechei os olhos por uma fração de segundo e toquei meus lábios nos dele com o mais leve dos toques, tão suave quanto o roçar das asas de uma borboleta.

— Boa noite, Dimitri — sussurrei antes de entrar."



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Dimitri e eu estávamos sentados juntos na saleta, jogando xadrez.

Minhas aulas de estratégia ainda estava só naquilo por enquanto, mas eu gostava de ficar com Dimitri, testando-me e aprendendo mais e mais como ser uma princesa de verdade capaz de ajudar seu povo, não só fazer festas e ser a anfitriã perfeita. Não que eu o fosse.

— Xeque-mate — anunciei movendo meu bispo para colocar o rei de Dimitri em uma armadilha inescapável.

Dimitri olhou bem para o tabuleiro como se procurasse um jeito de fugir.

— Já é o terceiro xeque-mate seguido! Você está roubando — sua expressão estava séria, os braços cruzados, mas o tom era de brincadeira e os olhos, suaves.

— Eu tenho um bom professor — respondi dando de ombros.

— Um professor deveras orgulhoso de você agora, mas nem tanto de si mesmo — ele derrubou o próprio rei. — O que acha de fazermos outros tipos de exercícios militares? Tem um jogo de tabuleiro que você tem que controlar um exército, muito útil para aprender as partes mais pesadas.

Não respondi, alguém bateu à porta e entrou.

A expressão de rei Ivan estava em algum lugar entre vitoriosa e rígida quando se colocou diante de nós.

— Vão se trocar, os dois — ordenou, austero.

Dimitri e eu trocamos um olhar.

— Qual o problema? — seu filho perguntou.

Ele sacudiu a cabeça.

— Depois eu falo. Vão. Precisamos sair daqui em quinze minutos — ele nos deu um último olhar. — Me encontrem na entrada.

— Tudo bem — Dimitri me olhou intrigado, beijou minha mão e voltou a seu quarto.

— O que pode ser? — perguntei para Anya quando contei o ocorrido.

Ela mordeu o lábio.

— Para o rei ficar assim deve ser algo importante. Venha, senhorita.

Ela me fez usar um vestido preto e prendeu meu cabelo em um coque elegante e sério. Eu estava pronta para um velório.

Na entrada, Dimitri analisava alguns papeis e falava com o pai, sua expressão espelhava a do homem mais velho e ambos usavam suas coroas de ouro.

— O que foi? — perguntei indo parar a seu lado.

Dimitri revirou os lábios, desagradado.

— Nós vamos para uma execução, ela foi marcada para imediatamente — disse-me.

— Execução? — senti o sangue fugindo do meu rosto.

— Sim, venha — o rei saiu na frente e eu o segui automaticamente.

O carro preto seguia pelas ruas quase vazias até um prédio elegante que poderia ser um castelo pequeno ou uma mansão grande.

— Casa da Justiça — sussurrou Dimitri para mim. — Onde os condenados recebem suas penas.

Nós seguimos em silêncio o rei, que parecia saber exatamente onde iria.

Entramos em uma sala grande e redonda, com uma dezena de bancos altos de madeira como os assentos de um anfiteatro e piso de mármore negro. No centro havia um cadeira completamente comum de madeira, o piso ao redor dela não brilhava tanto quando o resto da sala.

Segui os dois homens até uma parede onde havia apenas um banco alto de onde havia uma visão completamente livre da cadeira no centro do cômodo.

Ficamos um bom tempo esperando antes que dois oficiais de justiça chegassem com um homem careca usando roupas laranjadas, eles os colocaram na cadeira no centro da sala e ataram cintas e correias a seu corpo, prendendo-o firmemente à cadeira.

Fecharam as portas com um baque. O silêncio que se seguiu foi agourento.

— Seu nome? — inquiriu uma voz rude e cheia de sotaque com uma máscara no rosto. Um carrasco. Meu estômago embrulhou.

— Vladmir Pavelov Gorbri — respondeu o condenado.

Um dos oficiais de justiça assentiu para si mesmo e cobriu a cabeça do prisioneiro com um saco.

—Por que vão matá-lo? —sussurrei pela primeira vez desde que saímos do palácio, minha voz estava enrouquecida por desuso.

Dimitri fechou os olhos.

— Ele matou seis moças. Ele as torturou e matou cortando a artéria femural.

Ele não havia entendido o que eu queria dizer.

— Por quê não o colocam na cadeia?

Dimitri me olhou de lado. Sua expressão fria era ilegível.

— Justiça, Layla. Ele matou seis pessoas, nós o matamos.

— Matá-lo não vai trazê-las de volta — murmurei para ele enquanto o carrasco lia a sentença. Eu nunca havia presenciado uma execução, mas sabia como aconteceria e aquilo era cruel. — Na cadeia ele não vai tornar a fazer isso, a justiça será feita.

Dimitri me deu um sorrisinho sinistro.

—Ele não vai fazer nada, porque estará morto.

— Essa é tranquilamente a coisa mais horrível que se pode fazer à outra pessoa. Qual é a diferença entre matá-lo e ele matar outras pessoas? É assassinato do mesmo jeito, Dimitri.

Ele sacudiu a cabeça levemente.

— Não vou discutir isso com você, Layla — respondeu. — Se eu fosse você, fechava os olhos. A primeira vez que se vê uma pessoa morrer é sempre a pior — sussurrou mais delicadamente.

Eu não podia acreditar naquilo, mas fiz o que me foi dito. Eles o iriam matar de todo o jeito.

Ouvi um sonoro "Clanc!" e um leve zumbido. Tive que fazer força para não espiar. Eu não queria ver aquilo.

Minutos depois as pessoas bateram palmas e eu soube que terminou.

Dimitri tocou meu ombro.

— Acabou, vamos.

Assenti, sentindo a bile subindo em minha garganta. A única coisa que eu odiava em Illéa também existia na Rússia.

Saímos pelas portas de mogno para o ar invernal, já estava muito escuro embora fosse cerca de sete horas da noite.

Não falei uma palavra no caminho de volta, quando chegamos no palácio, Dimitri pegou minha mão que estava tão gelada quanto a dele.

— Vamos jantar — disse-me.

— Não estou com fome. Vou dormir— desvencilhei-me de sua mão.

Senti a expressão confusa de Dimitri me seguindo pelo corredor.

Entrei no quarto e olhei para Anya que ainda estava lá parecendo bastante surpresa.

— Vai se trocar para o jantar, senhorita?

— Não, estou cansada. Vou colocar a camisola — respondi. — Anya, me faz um favor? Queime essas roupas que eu estou usando. Não quero nada que lembre essa coisa.

Ela assentiu.

— Sei como se sente. Não parece haver muita justiça assim aos olhos de quem é de fora.

Sacudia a cabeça.

— Lá em Illéa também tem pena de morte e também parece injusto — comentei.

Anya tocou minha bochecha.

— Vou trazer comida para o caso de você ter fome, senhorita.

Agradeci e me troquei, não achava que ira sentir fome mais tarde porém não diria aquilo à Anya.

Foi mais difícil que eu havia imaginado,, mas por fim consegui cair nas garras do sono.

Por um segundo não havia nada, mas então teve um barulho alto e o par de portas da entrada do castelo de Illéa se abriu, me permitindo entrar.

Não havia ninguém ali, nem guardas nem criados e nem mesmo uma Selecionada perdida. Todos os sons vinham do Grande Salão e eu os segui. Sério que eu estava sonhando com uma festa?

Assim que empurrei a porta encontrei papai, de costas para mim porém reconhecível por seu cabelo louro e a coroa de rei na cabeça.

— Pai! — gritei porque havia alguma coisa extremamente errada.

Ele se virou e de repente não era mais meu pai e sim Michael Illéa.

— Chegou na hora da execução! — Michael abriu um sorriso doentio que não era dele.

— Execução? — repeti estupidamente.

Ele apontou para dentro do Grande Salão. Haviam oito cadeiras de madeira enfileiradas e em cada cadeira, uma pessoa que eu amava: meus pais e avós, meu irmão, Anya, Kristine e Dimitri.

Um carrasco lia a sentença mas eu não ouvia. Eu ia vomitar.

— Uma noite inesquecível quando o verdadeiro rei de Illéa assume o trono! — Michael disse com um sorriso vitorioso. Ele se encaminhou para uma alavanca que havia ali perto e eu corri atrás dele, mas de repente eu pesava duzentos quilos, meus membros se moviam tão devagar que pareciam estar em câmera lenta.

— Não — gritei enquanto Michael corria rapidamente pelo salão. Ele deu um encontrão no carrasco e toda a sala crepitou em eletricidade como se mil trovões caíssem ao mesmo tempo.

Acordei em meu quarto na Rússia, os olhos preocupado de Dimitri, Anya e seis guardas sobre mim.

— Layla, o que foi? — Dimitri segurou minha mãos tão frias quanto gelo.

Eu estava chorando, abracei-o com força e narrei o que consegui.

— Eu estava em Illéa… e o papai estava lá… e de repente não era meu pai… era Michael e ele matou você e minha família — e recomeçou o berreiro.

— Ah, Layla — ele abraçou. — Não chora. Os seus pais estão bem, mesmo que…

— Mesmo que não tenhamos notícias deles há quase duas semanas — completei fungando. Era irracional e idiota chorar, mas sinceramente era tudo que eu podia fazer depois daquelas cenas horríveis. Todos os meus medos bem ali, juntos.

Ele assentiu e senti seu ombro se mexendo abruptamente abaixo de mim. Não ergui a cabeça pra ver o que foi, mas alguém saiu.

— O que posso fazer para o pesadelo não voltar? — sussurrou acariciando meu cabelo.

Abracei-o com mais força.

— Só me abraça, Dimitri, e não vai embora.

Ele fez o que foi pedido e bateu a mão em algum lugar acima da minha cabeça que apagou a luz.

— Descanse, estou aqui e não vou sair do seu lado essa noite.

Assenti, o medo irracional já estava saindo de mim e me senti deslizando para a escuridão novamente.

Dimitri murmurava palavras ininteligíveis para mim uma mistura de sons para acalmar cavalos e russo, nós ainda estávamos juntos na minha cama e meu ouvido estava sobre o coração dele, ajudando a tornar impossível entender o que ele dizia.

Ergui a cabeça para ver seu rosto apesar da escuridão.

— Te acordei? — murmurou.

Neguei com a cabeça, mas lembrei que ele não conseguiria ver.

— Não — sussurrei. — Que horas são?

— Três — ele tocou meu cabelo. — Precisa de alguma coisa?

Neguei novamente e deitei a cabeça a seu lado, no travesseiro.

Embora não conseguisse ver nada, tateei até encontrar o seu rosto frio, deixei minha mão ali enquanto Dimitri contornava minha cintura mantendo-me presa a si.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sei que prometi beijo nesse capítulo. Mas, but, contudo e no entanto vocês sabem que eu ODEIO fazer salada juntando aquele monte de coisa em um só capítulo. É, falha minha.
Mas para compensar vocês vou~tentar~ postar a outra parte do capítulo (que tem beijo) mais tarde. Êeeeh todo mundo sai ganhando *-*
Beijinho e hasta la vista o/