Valentines escrita por Yukii


Capítulo 3
Primeiras experiências




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Como eu corro com pressa, o colar que balança no meu peito me avisa
O relacionamento feliz onde tudo parecia ser como doces frutas
Não me preocupo com os meus sapatos usados com os meus saltos que se sobressaem.
Eu esqueço de mim próprio e só penso nela.

-An Cafe - One Way Love

Botan caminhou até a parede lisa de madeira prensada pelo o que lhe pareceu a décima vez, ouvindo seus tamanquinhos estalarem. Ela fez a curva e continuou andando sempre daquele jeito, de um lado para o outro, até sentir as pernas suficientemente cansadas para que sentasse no batente suspenso do templo e suspirasse consigo mesma, um ar de irritação rondando seu rosto normalmente alegre.

O dia ao redor dela estava claro e silencioso, e o sol derramava seus raios de forma quase uniforme por toda a floresta e pelas paredes de madeira, causando um bonito efeito dourado. Atrás da ferry girl, não havia nada, a não ser o templo de Genkai, completamente vazio, excetuando a figura solitária da guia. Há uns vinte ou trinta minutos, Yusuke, Keiko, Kuwabara e Yukina estavam ali, preparando as últimas cestas de piquenique e animados para o encontro. Era normal - ou melhor, no Ningenkai, aquilo era normal - que os namorados fossem buscar suas respectivas acompanhantes, onde quer que elas estivessem. E assim havia sido feito; Yukina, que morava no templo de Genkai junto com a velha e a ferry girl, fora recepcionada por um Kuwabara ansioso e alegre. Keiko tinha se encontrado com Yusuke na cidade, e ambos haviam ido juntos até o templo para acompanharem os amigos até o pequeno campo marcado para o encontro. E Hiei, que supostamente deveria vir buscar para desempenhar seu papel de "namorado" - mesmo que o único interesse do koorime fosse arranjar um motivo para espancar Kuwabara até a morte por causa de sua irmã - não havia aparecido ali ainda. Botan soltou um gemido descontente, enquanto olhava o céu claro. "Hiei! Você esqueceu do que você mesmo planejou?! O que você pensa que está fazendo?" ela se questionou mentalmente, abraçando os joelhos.

- O que você pensa que está fazendo? - a voz fria disse.

Primeiramente, Botan achou que seus pensamentos estivessem se materializando na voz de Hiei, e aquilo lhe assustou. Depois, acabou reparando na figura carrancuda do koorime a sua frente, olhando-a com uma mescla de desprezo e incompreensão.

- Eu estava pensando nisso! Onde você estava? Estamos atrasados! - ela falou rapidamente, atropelando as frases.

Hiei ergueu as sobrancelhas.

- Indo para aquele lugar no meio do mato onde vai ser esse maldito encontro. Você não estava por lá, então tive que sair catando você por aí.

Botan encarou-o com indignação; parecia prestes a ter um ataque epilético de tanto nervosismo.

- Se você quer que o pessoal acredite que nós somos... nós somos... nós somos... - a palavra custou-lhe a sair - nós somos namorados, faça por onde!

- O que eu fiz de errado? - quis saber o koorime, a indiferença se mesclando a irritação.

- Não é óbvio?! Você tinha que vir me buscar! Qualquer um saberia disso! - a ferry girl apontava para ele, como se quisesse demonstrar o quão visível era sua incompetência.

- Buscar para quê? Você se tornou tão demente que não consegue andar com as próprias pernas, Onna?

Botan mordeu os lábios, tentando conter a vontade de passar três ou quatro horas seguidas gritando com ele; a única coisa que a impedia de fazer isso era o medo.

- Não é nada assim, Hiei! Você não entende porque você nunca... nunca teve um relacionamento - ela proferiu a última palavra como se estivesse soltando um palavrão.

- E daí? - o koorime abriu um sorriso sarcástico. - Você também não teve nenhum.

A guia abriu a boca, pronta para gritar "como você pode ter tanta certeza?!", até que se deu conta que, de fato, ele estava certo. Nunca tivera nenhum relacionamento amoroso.

E, sinceramente, ela nunca se imaginara tendo nenhum tipo de relacionamento com Hiei. Céus, sustentar um falso namoro com aquele koorime estava sendo mais difícil do que o esperado.

- Bom, eu tenho alguma experiência com o que eu vejo aqui no Ningenkai, diferente de você, então você deveria me escutar um pouquinho que fosse, certo? Somos uma equipe! Se você quiser que tudo dê certo para a Yukina-chan, você vai precisar da minha ajuda!

- Hn. Eu só preciso de você para ter um pretexto para ir lá.

- Hiei! - Botan prostrou-se defronte ao koorime, agarrando as bordas do vestidinho rosa para que ele não voasse com o vento que vinha dali. - Por que você tem que agir assim? Eu quero ajudar você! Eu vou lhe ajudar a enxergar que o Kuwabara é bom o bastante para a Yukina-chan, ele não é esse horroros...

- Eu conheço aquele maldito, você não precisa descrevê-lo para mim. E eu nunca disse que queria a sua ajuda.

- Ah, é? - berrou Botan com um ar indignado e choroso, enquanto o koorime andava para próximo a escadaria do templo, disposto a sair dali com ela. - Então você não precisa de mim para fingir nada, certo? Ótimo! Eu não queria ir, de qualquer forma! Afinal, você não quer a minha ajuda.

A ferry girl bufou consigo mesma, alisando os fiapos de cabelo que teimavam em cair no seu rosto e sentindo algo forte e insistente pulsar nervosamente dentro dela. "Esse Hiei! Ele me tira do sério! Eu sempre consigo ser tão calma, sempre me sinto tão feliz com tudo! Ele me faz perder qualquer paciência!", pensou a garota, respirando com força de olhos fechados.

Antes que ela pudesse reagir, uma mão maior que a sua fechou-se sobre seu pulso, arrastando-a com uma força admirável.

- H-Hiei! - gaguejou Botan, reconhecendo os cabelos negros e eriçados à sua frente. - O que você está...

- Eu já disse, você vem comigo, Onna. Não é uma questão de escolha. Eu poderia matar você aqui mesmo, se eu quisesse.

Botan sentiu como se sua alma estivesse escorregando sem um pára-quedas dentro dela. Definitivamente, sentir medo não era nada agradável.

- Você... você não faria isso, não é mesmo? - ela deu um risinho nervoso, usando sua melhor carinha de gato. - Não seja tão mau, Hiei!

- Hn. Suba logo.

- O quê? - a ferry girl piscou, vendo o outro ajoelhado de costas para ela.

- Suba nas minhas costas, Onna. - ele deu uma pequena pausa, como se ele mesmo estivesse absorvendo o horror da situação. - Isso é terrivelmente humilhante, mas já que estamos atrasados por culpa sua, não tem outro jeito.

Botan quis reafirmar que a culpa era toda dele por não conhecer os costumes românticos do Ningenkai, mas decidiu não comprar mais briga depois daquela ameaça de morte que lhe parecera tão séria. Em vez disso, sugeriu:

- Por que não vamos no meu remo? Eu sou muito grande para você, e...

- Não. - interrompeu Hiei, virando o rosto e olhando-a com irritação. - Aquela coisa é devagar. Suba.

Com certa relutância, a guia obedeceu. Seus braços finos abraçaram o pescoço dele, e ela encaixou as pernas cuidadosamente, como se estivesse montando num cavalo enlouquecido. Hiei se assustou com a leveza dela; mal sentia o peso de Botan, excetuando as mãos quentes dela que se agarravam nele para não cair.

- Hiei, você não...

O pedido de Botan para que ele não fosse rápido demais foi abruptamente interrompido, pois o koorime havia começado a correr. Botan teve tempo apenas de sentir o corpo dele se inclinando para a frente enquanto o vento zumbia em seus ouvidos de forma assustadora, e seus cabelos chicoteavam seu rosto. A ferry girl apertou com mais força os ombros e o pescoço do youkai, tentando se segurar; se Hiei fosse um humano normal, já teria sido esganado por aquelas mãos desesperadas que lhe apertavam com tanta força. Mas, definitivamente, ele não era normal. Alguém que corria naquela velocidade só podia ser um louco, pelo menos era o que Botan achava.

Em poucos minutos, o koorime pousou com suavidade numa clareira arborizada e iluminada em tons de verde e pastel, cercada por árvores em declive. Um pouco abaixo, estendia-se um largo campo verde, onde fora combinado para o grupo se encontrar. Quando aterrisaram na grama, Botan continuou agarrada no youkai, levemente paralisada pelo choque.

- Você não vai sair daí? - ele resmungou.

Botan rapidamente soltou-se de Hiei, um pouco tonta e assustada. Apalpando seus cabelos, soltou um gemido fraco; seu penteado tinha ido para o inferno. O vento transformara sua cabeça numa montanha coberta por cabelos azuis desordenados. Ela tentou rapidamente alisá-los em cima da cabeça, sem muito sucesso. Olhando o vestido, ela quase soltou um grito; seu vestido, seu lindo vestido rosa curto, estava parecendo um pano de chão torcido de tão amassado que estava. Ela sentiu vontade de se jogar no chão e começar a chorar, e em seguida atirar seus tamancos colina abaixo. A voz leve de Hiei a despertou de seu desespero particular.

- Vamos de uma vez.

- Eu não vou a lugar algum nesse estado! - protestou Botan, apontando para si mesma.

Hiei simplesmente lhe lançou um olhar frio e intenso, como se dissesse que mais um chilique renderia um belo golpe de espada nela. Resignada, a ferry girl mordeu os lábios e se calou, alisando o vestido da melhor maneira que podia e se perguntando porque ele a odiava tanto. Quando olhou para frente, ele já estava quase descendo a colina em direção a onde estavam os outros.

- Hiei! - ela berrou, correndo atrás dele e tropeçando nos tamanquinhos.

O koorime não parou de andar, e tampouco se virou para ela. Sem alternativa, Botan puxou os tamancos, e, a pés descalços, correu o mais rápido que pôde até ele, amaldiçoando mentalmente aquele youkai cruel e sem coração que gostava de lhe fazer de idiota.

Quando a distância entre ambos estava curta o bastante, a ferry girl agarrou o koorime pelo braço e o puxou para trás, quase o derrubando do chão por ele ser menor que ela.

- Que mer...

- Hiei, tem algumas coisas que você precisa entender! - disse Botan em uma voz desesperada. Se Hiei não a conhecesse, iria pensar que ela ia fazer uma declaração de amor ou algo assim.

O koorime virou-se para ela, esperando uma continuação.

- Eu amo você, Hiei!

A guia falou em um tom açucarado e alegre, abrindo um sorriso faiscante para ele. Hiei sentiu como se uma bola de tênis tivesse batido com força no seu cérebro. Tentou articular alguma palavra, mas apenas ruídos furiosos saíam de sua boca, até que ele conseguiu falar:

- Não faça essa brincadeira idiota comigo, mulher.

- Está vendo? Você não sabe! Não é assim! - ela gritou, fazendo uma negativa com a cabeça e o olhando como se ele fosse um aluno rebelde que acabara de engolir o estojo.

- O quê? Você está enlouquecendo?

- Não! Eu testei você! Quando eu disser algo assim para você, você deve sorrir e dizer que me ama também!

Hiei abriu um sorriso sarcástico.

- Por que eu faria algo tão mentiroso?

- Porque nós estamos fingindo ser namorados!

Ele fez um momento de silêncio, como se estivesse absorvendo a ideia. Sim, eles estavam fingindo ser namorados. Mas ele não sabia que isso significava dizer que amava aquela mulher louca e desvairada.

- Mas eu não amo você - disse o koorime com um ar categórico, como se isso encerrasse a questão.

- Eu também não amo você, céus! - Botan replicou, sentindo-se um pouco cruel por falar isso daquela forma. - Quer dizer, eu gosto de você e tudo mais, não é que eu odeie você, mas...

- Pare de enrolar e diga o que quer falar - cortou Hiei, fazendo uma carranca.

Botan suspirou e cruzou os braços como se fosse uma professora paciente dando aulas de reforço.

- Bem... se você quiser que as pessoas acreditem que estamos namorando, Hiei, você vai ter que agir como um namorado!

Hiei piscou.

- Hn. Não é como se isso fosse novidade para mim. Eu sei disso.

- Então? Você não acha que o pessoal deve acreditar que nós estamos namorando? - questionou a ferry girl. Pelo menos o tempo que estavam gastando ali servia para que ela tentasse ajeitar seu pobre cabelo desarrumado.

- Não me importa se acreditam ou não. Só quero saber sobre Yukina com... com Kuwabara.

Botan girou os olhos.

- Ia ser ridículo todo mundo descobrir que estamos apenas fingindo, Hiei!

- Hn. Verdade. Mas só tem idiotas ali, ninguém vai descobrir.

- Você não devia pensar dos outros dessa maneira! Yusuke lhe derrotou logo na primeira vez em que vocês lutaram justamente por causa desse seu orgulho.

Hiei lançou um olhar furioso para a ferry girl; por que ela tinha que lhe lembrar daquele momento tão abominável? O olhar assustou Botan, e ela tentou contornar o que disse:

- B-bem, eu não disse isso para criticar você nem nada, mas... enfim! - a garota de cabelos azuis pigarreou. - Antes de irmos lá, como eu disse, tem certas coisas que você deve entender, Hiei.

O koorime abriu um sorriso arrogante para ela.

- E até parece que você vai me ensinar alguma coisa, Onna.

Botan tentou ignorar o comentário.

- Bom, primeiro de tudo, em hipótese alguma você pode sair gritando que me odeia. Quer dizer, eu sei que você me odeia - disse ela rapidamente, vendo as feições do koorime adquirirem um ar indignado -, mas você vai ter que fingir que não. Ou seja, isso inclui também não ser grosso comigo, nem me maltratar.

Hiei estava começando a achar que aquilo seria muito complicado.

- Hn.

- E também, quando eu disser que gosto de você ou algo do gênero... eu sei que isso parece ridículo, mas você vai ter que aparentar que gosta, ou algo assim. - Botan apoiou o queixo com o dedo, pensativa. - Ou você poderia dizer que gostava de mim também... não sei, o que você acha?

Hiei parecia prestes a pegar fogo e incendiar tudo a seu redor.

- Você espera mesmo que eu fique escutando você falar essas asneiras?

- Mas, Hiei! Nós estamos fazendo isso por sua causa! - protestou a ferry girl, apontando um dedo acusador para ele.

- Hn. Não espere que eu grite que amo você. Eu não faria isso mesmo que eu gostasse de você de alguma forma, Onna.

- É, tem razão - Botan fez uma careta ao falar. - Talvez seja melhor não falar nada... você é mesmo arrogante, então ninguém vai reparar.

Hiei estreitou os olhos para ela.

- Não me chame de arrogante, Onna.

Botan deu um risinho nervoso.

- Em todo caso, ainda temos que definir as...

- Não há o que definir. - ele se levantou bruscamente. - Venha. Vamos até lá de uma vez.

- Mas...

- Eu já entendi como devo agir, Onna. Eu não sou burro. A ideia toda foi minha.

Botan resmungou qualquer coisa, um pouco contrariada, mas não fez mais nenhuma objeção. O koorime e a ferry girl desceram a colina, os pés de Botan tropeçando no capim para acompanhar o passo rápido do koorime. Ao fundo do vale, puderam divisar os quatro amigos, sentados ao redor de uma pequena toalha discreta.

- Agora - murmurou Botan para o koorime, enquanto se aproximavam e ela engrenava um sorriso satisfeito - , pelo amor de Enma-sama, não suba em nenhuma árvore e me deixe lá sozinha.

- Hn. Eu sei o que fazer, Onna. - ele deu um sorriso arrogante.

Quando se aproximaram, a turma toda os cumprimentou. E, como esperado, todos se mostravam bastante surpresos.

- Então é verdade! - disse Yusuke com um ar descrente. - Eu pensei que a Keiko estava endoidando quando disse!

- Yusuke! - a namorada do garoto lançou-lhe um olhar irritado.

- Você não é devagar, hein, baixinho?! - brincou Yusuke, dando um tapinha no ombro do youkai de fogo. Hiei fez uma carranca mal-humorada. O outro abaixou a voz antes de dizer: - Cá entre nós, você fez uma boa escolha.

- YUSUKE! - Keiko berrou antes de dar um beliscão no namorado. Hiei tentava não se render a vontade de chamar todos de idiotas miseráveis.

- Maaaas... como dizer... - Kuwabara falava, enquanto observava Hiei com olhos semicerrados. O koorime retribuiu o olhar com uma violência avassaladora. - Isso é estranho! É impossível! Botan, quantas ameaças ele lhe fez para você sair com ele?

- Ora, Kuwa-chan, não diga essas coisas! - respondeu a ferry girl, abrindo um sorriso supostamente alegre enquanto pensava um pouco desesperada o quanto Kuwabara havia chegado perto da verdade. - Você não acha que as pessoas podem descobrir o amor de uma forma adversa?

- Adversa? Que diabo é isso? - quis saber Kuwabara. Hiei deu um riso de desprezo.

- Bem, bem... vamos esquecer um pouco disso e... - Botan falou enquanto se virava para Yukina e exclamava: - Yukina-chan! Você está linda! Não tinha visto que você tinha se arrumado assim para hoje!

A irmã de Hiei deu um sorriso tímido.

- Obrigada, Botan-san. Eu estou realmente feliz por vocês dois! Eu sempre achei que vocês combinavam! E... e... ah, é tão bom saber que você está conseguindo ser feliz, Hiei-san! - Yukina abriu um sorriso meigo para o irmão.

Pela segunda vez no dia, Hiei sentiu como se alguém tivesse lhe dado uma tremenda pancada na cabeça. "Eu sempre achei que vocês combinavam!" A frase ecoava na mente do koorime. Como? Sua irmã, sua própria irmã, achava que ele combinava com uma... uma... uma louca irritante? Achava que ele estava sendo feliz com ela? Aquilo tudo só podia ser uma grande ironia do destino. A única razão para Hiei estar se submetendo a aquela situação tão ilícita - pelo menos, na opinião dele - , a única razão para ele estar fingindo que estava saindo junto com uma ferry girl que o irritava, era aquela garota de cabelos azul-esverdeados, que tinha o mesmo sangue que ele, e sorria, dizendo que ele combinava com uma anormal. Teria a mente de sua pobre irmã sido afetada por aquele alienígena de cabelos laranjas?

Quando o koorime voltou a si, piscando com irritação, percebeu que todos já estavam se reagrupando em volta da pequena toalha cheia de comida, rindo e conversando. Botan agarrou o pulso dele e puxou-o para sentar ao seu lado, o que rendeu um olhar mal-humorado de Hiei para ela. Quem ela pensava que era para tocar daquela forma nele?

- Mas, Botan-san, tem uma coisa que eu quero saber - disse Keiko após alguns minutos de conversa, enquanto apanhava um copo - De quem partiu a iniciativa?

Botan piscou, parando de cortar seu pão.

- Como?

- Quero dizer, a iniciativa de vocês namorarem. Sempre alguém toma a iniciativa, certo?

A ferry girl sentiu a comida girar no seu estômago, e lançou um olhar preocupado para Hiei. O youkai de fogo não olhava para ela; de repente, ele parecia ter um interesse especial por um garfo verde qualquer pousado na sua frente.

Em quase todas as situações, Botan odiava mentir. Mentir, para ela, era algo um pouco complicado e superior, que ela não sabia fazer muito bem, e todo mundo acabava descobrindo. Seu primeiro ímpeto foi dizer a verdade, mas logo se lembrou que o fato de ela estar ali já era uma mentira por si só; ela não estava namorando com Hiei. Não estava namorando com ninguém naquela terra - e nem em outras terras. E a verdade soaria ridícula: "Bem, quem tomou a iniciativa foi Hiei, ele pulou na janela do meu quarto e me obrigou a fingir que namoramos para ele poder tomar conta da Yukina-chan, como se o namorado dela fosse um leão ou algo assim, mas vai entender, o Hiei tem ideias de maníaco". Não. Não podia dizer aquilo. A verdade acabaria com tudo. E provavelmente seria morta pelo koorime ao seu lado antes que pudesse chegar na metade.

- Ahn... bem... - começou a guia, escolhendo as palavras enquanto sustentava um sorriso confuso. Podia sentir os olhos de Hiei pregados nela; provavelmente, o garfo verde perdera o interesse para ele. - Não foi... algo assim... bem...

- Merda, Keiko, como voce é indiscreta! - protestou Yusuke, a boca cheia de arroz-doce enquanto falava, quase cuspindo em Hiei. - Você não sabe? A Botan é tímida nesses assuntos. Eu não podia nem perguntar a cor da calcinha dela que ela quase me batia. - ele girou os olhos, como se perguntar a cor da calcinha de qualquer pessoa fosse normal. - E o Hiei é muito marrentão para sair por aí se declarando! Cara, no dia que ele fizer isso, estaremos próximos do apocalipse! - Yusuke arreganhou um sorriso malvado para Hiei. - Ou... não me diga que você foi bater na porta da Botan com uma flor na boca enquanto segurava um ursinho de pelúcia?

Botan teve que morder os próprios lábios para não rir. Além do que, ela se sentia errada por querer rir! Yusuke estava falando dela.

Hiei limitou-se a lançar um olhar mortal para o Reikai Tantei, enquanto murmurava:

- Baka.

Keiko ainda quis argumentar, mas a ferry girl conseguiu desviar o assunto, perguntando sobre Yukina e Kuwabara. Particularmente, Hiei gostou daquela atitude; Botan estava abrindo caminho para que ele conseguisse as informações que quisesse, sem muito esforço. "A idiotice dela tem alguma utilidade", ponderou Hiei, observando as curvas graciosas que os cabelos azuis faziam quando ela se curvava para frente.


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Notas finais do capítulo

Eu demorei muito para lançar? Ç_Ç' Me desculpem! Eu tenho uma grande vontade de escrever a Valentines, mas esses dias me deram uma preguiça... bem, aí está. Fiz bem grande, para compensar minha preguiça u_u' eu sei que ainda está faltando romantismo e tudo mais, mas isso virá com o tempo. E, prestem atenção nesse cap., porque ele terá grandes referências futuras! o_ó/ Eu queria fazê-lo mais enquadrando o encontro, mas me alonguei demais na parte anterior... me desculpem ç_ç' o próximo capítulo virá o mais breve possível, eu prometo! Farei de tudo para escrever/lançar logo. Obrigada a todos que lêem e deixam reviews, vocês são o meu incentivo!



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