*Natsu Dragneel*

Sabe quando você senta pra ver um álbum de fotos suas de criança e percebe que todos os momentos que você teve, tem uma pessoa ao seu lado? Pois é, todas as fotos desde bebê tem uma menina loirinha do meu lado, é engraçado, bochechuda, sorriso sem dentes, cabelinhos loiros, olhinhos de chocolate tão brilhantes quanto à luz das estrelas, essa menina estava em tantas fotos que parecia um álbum de nós dois, e não sobre a minha história, mas acabo de perceber que ela faz parte da minha história, acho que ela é a pessoa em quem mais confio, sem a menor dúvida, ela cresceu ao meu lado, fomos pra escola juntos, meu primeiro vídeo game, foi com ela que joguei, os primeiros filmes foi com ela que assisti, meus primeiros passos foi indo em direção a ela, eu já defendi ela de muito idiota, ela me defendeu dos mesmos caras, ela esteve comigo em todos os momentos da minha vida que desejo lembrar para sempre, eu chorei com ela, ri com ela, fiquei bravo com ela e por ela, senti saudades quando ela viajou de férias com seus pais entre tantas outras coisas.

Falando em pais, o momento mais triste da minha vida, foi quando minha mãe morreu, ficou doente e não conseguiu se recuperar. À levamos no hospital, eu e meu pai, ela ficou internada cinco meses com câncer no cérebro ou tumor, mas não adiantou, foram 150 dias de puro sofrimento para ela e para nós, mas Lucy a garota que faz parte de mim, estava comigo todo esse tempo, ela me deu suporte, me auxiliou, dormiu na minha casa pra não me deixar sozinho, sendo que meu pai foi viajar durante uma semana, precisava ficar sozinho, eu queria fazer o mesmo, mas a loira não me deixou, ela disse que seria pior, disse pra mim que ela cuidaria de mim e nunca me deixaria sozinho.

_Natsu, olhe pra mim! – disse Lucy, em meio as minhas lágrimas e a minha visão embaraçada, olhei nos olhos de chocolate da menina, ela chorava também, pois a perda, embora menor também havia afetado ela.

_Lucy? - a chamei, ela segurou com as duas mãos meu rosto para ficar no mesmo nível do seu, mais uma lágrima caiu pelo seu rosto, ela soluçava comigo, pude ver que me entendia.

_Você pode chorar, pode fazer isso, mas faça isso comigo, e aqui, não viaje, não vá para longe de mim quando você mais precisa de alguém, fique aqui, eu prometo ficar também, não te deixarei sozinho! – Ela me abraçou, senti seus braços e volta do meu pescoço, enquanto eu descansava a cabeça em seu ombro, ela acariciou meu rosto e ficou mexendo nos meus cabelos rosas, ali, eu chorei mais do que nunca, e nesse tempo, eu adormeci, apenas lembrando dos momentos que tive com minha mãe, rezando para que meu pai tivesse alguém como eu tenho para consolá-lo, e sentindo o perfume de Lucy, cujo era o mesmo que minha mãe usava...

Aquela semana passou rápido, e com Lucy na casa, pareceu que nada havia acontecido, ela preenchia o vazio da presença feminina naquela grande casa, meu pai voltou uma semana depois, voltou vivo, cheio de energia, dedicando muito tempo a mim e a nossa família, ficamos mais próximos, eu gostei, nós viramos muito companheiros e isso ajudou a superar a morte da mamãe, toda essa história se passou a mais ou menos 3 anos, hoje estamos bem, ainda sentimos falta do sorriso caloroso de mamãe, mas estamos bem.

Meu pai é alto, cabelos rosa também, num tom um pouco mais escuro na verdade, olhos verdes. Sempre usava roupas confortáveis, tipo moletom, calça jeans, tênis e camiseta, mas quando o compromisso era eventos, reuniões, palestras e alguma entrevista, papai ficava boa pinta, terno, camiseta social, gravata e sapato, sem falar nos litros de perfume que ele se banhava.

Eu era bem parecido com ele, exceto os olhos, eram negros, tinha puxado para mamãe, uma loira de olhos negros. Eu tinha 18 anos, estava no primeiro ano da faculdade, cursando Artes Marciais, na famosa universidade Fairy Tail, na cidade de Magnolia, quero ser um professor de luta futuramente, e essa faculdade que estou frequentando só as pessoas mais dedicadas entram, custa caro, mas meu pai não teve problemas para pagar pra mim, mas ainda assim quero devolver o dinheiro a ele.

Mas voltando as minhas lembranças com Lucy, lembro-me do dia em que ela estava sendo chateada por idiotas que queriam ficar com ela, aquele dia vi em seus olhos que ela estava triste por ficarem falando dos seus seios, que eram grandes, admito, embora Lucy seja minha melhor amiga, companheira e eu a respeito muito, mas eu como homem, já reparei em seu corpo, e principalmente em seus seios, eram grandes mesmo, e aqueles garotos retardados estavam querendo pegá-los. Lembro-me muito bem desse dia.

Estava saindo da sala, bem tranquilo, com as mãos nos bolsos da calça e escutando Numb_Link in Park, um dia ensolarado, com clima agradável, como se nada pudesse estragar esse dia.

Bem, virando um corredor, me deparei com uma cena que fez meu sangue ferver, perdi a razão e fui pra cima dos 4 grandões que estavam tentando agarrar a Lucy e Tirar sua blusa, ela não podia pedir socorro pois um estava tapando a boca dela, estava indefesa, pois outro deles estava segurando seus braços. Eles tentavam tirar a blusa dela quanto a mesma não parava quieta na tentativa desesperada de não deixá-los tocar em seu corpo. Logo um deles conseguiu subir a blusa de Lucy, revelando uma ponta de seu sutiã vermelho, putz Lucy, você tinha que usar vermelho justo agora, até eu fiquei com vontade de ver o resto, mas logo esse pensamento foi substituído por raiva novamente quando outro abria o botão da calça jeans dela, vi em seus olhos pura malícia e desejo, já os olhos de Lucy, havia medo e desespero.

Não me contive, pulei em cima deles e primeiramente derrubei um com um soco, logo mais dois vieram pra cima de mim enquanto o outro segurava a menina para ela não fugir. Um deles tentou me acertar um soco, desviei fácil para o lado, e dei um soco de direita e depois agarrei sua cabeça e dei contra meu joelho, o rapaz tonteou e caiu para o lado, esse não levantava tão cedo, o outro se virou e tentou me chutar no rosto, me abaixei e logo chutei seu joelho, o mesmo se desequilibrou e caiu, subi em cima dele e dei um soco em seu rosto, o mesmo cuspiu sangue, mas deu risada.

_O que foi Natsu? – ele me olhou com desdém. – ficou com ciúmes da loirinha? Saiba que já provamos da carne dela, só queríamos fazer de novo, carne boa se come mais vezes né?

O que ele estava dizendo? Lucy nunca teria feito algo assim, ele estava blefando, e se não tivesse me deu mais raiva ainda por não ter impedido eles de ter feito isso com ela.

_Hahahahahahaha! – o outro cara começou a rir e a tentar agarrar a Lucy que dessa vez conseguiu gritar e conseguiu chutar ele nas partes baixas, o gripo de dor dele foi ensurdecedor, e logo o mesmo estava de joelhos em frente a loira, a mesma aproveitou a posição e chutou o rapaz no rosto, fazendo ele desmaiar e cair no chão.

_Natsu! – Lucy se virou e gritou pra mim, mas foi tarde demais, levei um soco forte no rosto e cai pro lado, o idiota se levantou e me chutou na boca do estomago, cuspi um pouco de sangue, isso doía. – Fique longe dele seu grandessíssimo idiota!

Lucy veio correndo e empurrou o grandão, ele ficou com raiva, mesmo a menina não tendo tirado ele do lugar, ele pegou ela pelo pulso e a deu um tapa no rosto, mas acabou sendo mais forte e cortou os lábios da menina, quando vi o liquido vermelho saindo de seu rosto delicado, eu levantei e dei meu soco mais forte no nariz do ignorante que ousou bater em uma mulher e ainda por cima em Lucy.

Minha mão doeu muito, mas ele caiu pra trás com muito sangue no nariz. Eu me abaixei perto de Lucy, ela estava chorando, abracei-a com força, ela soluçava.

_Calma Lucy, eu estou aqui, eles não vão mais tocar em você! – ela começou a chorar mais ainda e olhou pra mim.

_Obrigada Natsu, mas não estou chorando por minha causa, é por você, você está sangrando e se machucou por minha causa, me desculpe, eles fizeram isso comigo semana passada, mas eu consegui fugir, dessa vez vieram em quatro, não consegui nem gritar... Foi culpa minha... – as palavras dela, foram como agulhas cutucando meu coração, como puderam fazer algo assim com uma menina tão meiga e inocente como Lucy? Me deu vontade de levantar e bater mais naqueles idiotas, mas Lucy precisava se arrumar e ir para casa. Fiz questão de ajudá-la nisso.

Quando chegamos em frente a casa dela, ela me convidou para entrar para que pudesse cuidar do meu ferimento no rosto, eu recusei, mas ela me puxou pelo braço.

_Por que você me convida para entrar se já tem a intenção de me puxar para dentro? – perguntei sinicamente.

_Por educação! – ela olhou pra mim e esticou a língua.

_Isso foi muito educado! – eu ri da expressão de “whatever” dela.

Entramos na cozinha e ela pegou uma caixinha rosa de um armário e me fez sinal para segui-la até o quarto da mesma, tivemos que sair pelo corredor e passar pelo hall de entrada da casa, que era enorme, depois subir por uma escada que depois da metade dava para dois caminhos, direita e esquerda, subimos pela esquerda que era a direção do quarto da moça.

A casa de Lucy, pera, mansão, era gigantesca, tinha escadas, corredores, portas, salões, tudo o que se pode imaginar, a família Heartfilia era milionária, não tiveram problema algum, assim como meu pai de pagar a faculdade de Lucy, a menina estava cursando Letras, ela amava escrever, portanto obviamente seu desejo era ser escritora, porém a família, especialmente seu pai queria que ela cuidasse dos negócios da família, e ela não, mas ela continuava com seu desejo pela escrita e pela personalidade da garota, eu sabia que ela não desistiria tão facilmente.

Chegamos ao quarto dela, logo ela sentou na cama, que era enorme, sentei ao seu lado, tirei os tênis e cruzei os pés, ela me olhou para ver onde bem certo estava machucado, chegou mais perto, seu nariz estava a uns 10 centímetros do meu, senti meu batimento cardíaco acelerar, senti meu rosto esquentar e comecei a ficar com muito calor. O que era isso? Por que nunca tinha sentido isso antes?

_Natsu, você está com febre? Será que a ferida foi tão grave assim? Vou pedir pra alguém te levar num médico imediatamente.. – ela levantou, mas eu segurei sua mão.

_Não precisa Lucy, não exagere, foi apenas um soco, eu me recupero rápido. – afirmei.

_Mas você está vermelho e quente. – ela argumentou tocando meu rosto. Seu toque foi sereno e delicado, como se pudesse me machucar, olhei em seus olhos, castanhos e brilhantes como sempre, como ela podia ser tão bonita mesmo depois de levar um tapa violento? – Por que está me olhando assim?

_Nada, relaxa, eu vou pra casa, preciso esfriar a cabeça, me estressei muito hoje com eles. – me levantei e fui colocando os tênis novamente, mas ela me interrompeu e me puxou para sentar novamente na cama.

_Deixa eu tratar desse roxo então! - falou decidida.

Delicadamente ela passou água limpa e depois colocou gelo em cima, o toque gelado e o calor de sua pele foi uma sensação muito boa, fechei os olhos e esperei.

_Pronto! – abri meus olhos quando ela tirou o gelo e depois secou a água que havia ficado com uma toalhinha, ela teve todo cuidado para não raspar e não me machucar. - Natsu, me desculpe novamente, se não fosse minha fraqueza, você não teria se metido nisso.

_Hey Lucy! Você não precisa se desculpar, eu não iria deixar você se meter com grandalhões como aqueles sozinha nem em 1000 anos, e foi minha escolha te ajudar, além do mais não me aguentei em ver brutamontes se aproveitando de uma garota inocente e linda, ainda mais essa garota sendo você. - quando terminei de falar ela arregalou os olhos e puder ver suas bochechas atingirem um tom rosa claro, nesse momento, eu acabei ficando sem graça quando me toquei do que havia dito, mas era verdade.

_Obrigada! – Ela desviou o olhar para o lado, sem saber o que eu dizer.

_Bem eu vou indo pra casa agora, obrigada por cuidar de mim. – me levantei e sorri para a loira. Ela sorriu de volta, mas havia algo diferente no sorriso dela, algo mais doce, foi o mais bonito que vi. – Espero poder ver esse sorriso mais vezes!

Depois disso, virei as costas e fui embora, não tive coragem de ver sua expressão, desci as escadas rapidamente e abri a porta, saindo pelo pátio, ouço Lucy gritando meu nome:

_Natsu! Natsu! – olhei para cima, ela estava na sacada do quarto dela, quando viu que eu olhava pra ela, ela se escorou com os braços na cerca da sacada e sorriu de novo. – Esse sorriso é só pra você!

Naquele dia, aquela frase, aquele sorriso, me deixaram com as pernas moles, com borboletas no estomago, minha bochecha ficou quente e vermelha, aquele simples gesto, me fez perceber que ela conquistou meu coração de fogo, eu estava apaixonado pela minha melhor amiga, pela menina que sempre esteve comigo, mas como eu poderia falar pra ela sobre meus sentimentos? Esse dia se passou à 2 anos, eu tinha apenas 16 anos, pensei que não era nada, pensei em deixar um tempo passar, mas essa sensação não passou, simplesmente aumentou, a cada dia que passava, me sentia melhor perto dela, querendo estar com ela o tempo todo. Mas infelizmente, o amor aumentou só que a coragem diminuiu, e se ela não sentisse o mesmo? E se ela não quisesse mais me ver? E se eu estragasse a nossa amizade? Esse pensamento, essa sensação, foi o que me segurou dois anos sem falar nada pra ela, simplesmente passei meus dias perto da garota que eu amava, mas com medo de estragar nossa verdadeira amizade.