Havia muito coisa complicada no universo, o Doutor sabia.

Havia guerra, dor, crueldade e lágrimas. Coisas ruins aconteciam com pessoas boas, os vilões saíam impunes. Os problemas pareciam não acabar mais, a esperança se perdia. Todas as espécies eram imperfeitas, cruéis com os mais fracos. Egoístas, atrozes, selvagens em sua essência. Depois de tudo que havia visto, alguém como ele, com tantas vidas, certamente desistiria de tudo.

E então, havia o amor.

Oh, o amor. Com ele toda a crueldade perdia a cor, se escondia nas sombras. Por ele valia a pena enfrentar todos os males no mundo, com um sorriso no rosto e um coração quente. Por ele valia a pena continuar.

O Doutor o conhecia — havia visto e sentido mil tons dele. E como era bom. O calor no peito, os olhos brilhantes. Todos eram especiais e bonitos em suas próprias formas, feitos para se sentir de forma diferente. Ele adorava cada um deles.

Apesar disso, nunca sentira a necessidade especial de vocalizá-los, como tantas espécies gostavam de fazer. Qual era o sentido de palavras, quanto ele tinha uma miríade de formas de demonstrá-lo?

River, como em tantas outras coisas, conseguia ser diferente.

Ela o olhava com os brilhantes olhos azuis, um sorriso no canto dos lábios enquanto fazia algum tipo de comentário inteligente. O Doutor sabia que a amava. Não sabia ao certo quando começara — ele raramente sabia. Talvez tenha se iniciado naquele dia da biblioteca, quando ela sussurrou o nome dele em seu ouvido, ou, corajosa, se sacrificou por ele. No entanto, isso não tinha importância. O que importava era o sentimento, infinito em seu próprio modo.

E o Doutor queria mostrar esse infinito, de uma forma que nunca quis antes. Queria mostrar o seu amor em todo gesto, usar cada uma naquela miríade de formas. Então, por que não usar a forma mais simples, a preferida?

Com um beijo que interrompeu River no meio de uma sentença, ele murmurou as três palavras no ouvido dela.