Passei a noite em claro. Não tive coragem de abrir a carta, tampouco de olhar mais atentamente os últimos presentes de meus pais.

Ao contrário da morte de Anna, o gelo não derreteu após algum tempo. A neve continuava caindo em meu quarto. Ouvia novamente o choro nos corredores e batidas em minha porta. Iriam me olhar com pena, dizendo novamente que tudo iria ficar bem.

Mas não iria.

Então, uma ideia me ocorreu. Os governantes de Arendelle morreram. Quem iria governar?

Apertei mais meus joelhos contra meu corpo ao encontrar a única resposta: eu. Uma jovem de quinze anos, desequilibrada e com poderes anormais. Tais pensamentos fizeram a neve aumentar. Não queria ser rainha, iria negar o trono até a morte.

Louise tentou, pela milésima vez, me convencer a abrir a porta. Teria que enfrentar as pessoas algum momento. Enxuguei meu rosto e me levantei, abrindo levemente a porta, impedindo-a de ver meu inverno particular

Seu rosto se iluminou um pouco ao me ver

– Elsa! Graças aos deuses! Estamos tão preocupados com você querida - ela disse, com um pequeno sorriso, mas o rosto inchado de tanto chorar

– O que você precisa Louise? - perguntei, ligeiramente cansada

Ela pareceu ficar sem graça

– É que, bem, os ministros estão solicitando vossa presença na sala de reuniões - ela contou - Eles precisa...comunicar... algumas coisas - ela disse

– Tudo bem, desço logo - conclui e antes de fechar a porta, Louise me impediu

– Elsa... eu sinto muito! - disse antes de sair

***************

Depois de meia hora, me visto, ponho as tradicionais luvas e saio do quarto, não encontrando ninguém nos corredores.

Me dirijo ao enorme salão, onde meus pais faziam reuniões com os parceiros de Arendelle. Quase nunca entrava lá, por isso me surpreendi ao encontrar uma enorme mesa redonda e ,sentados em torno dela, os doze ministros. Reconheci os dois que me deram a notícia noite anterior. Ao entrar na sala, os doze homens se levantaram.

Me encaminhei até a cadeira central e me sentei. Após me sentar, eles também sentaram. Ficamos algum tempo nos encarando, engoli em seco, e resolvi começar:

– Bem, me disseram que os senhores queriam me ver... - comecei sem jeito

– Exatamente querida - começou o ministro da noite passada - Aliás, não nos apresentamos direito. Sou Edgar - ele sorriu gentilmente

Os doze homens se apresentaram, mas não gravei nenhum nome, com exceção de Edgar. Todos começaram a falar o quanto lamentavam a morte de meus pais. Porém, ergui a mão, calando-os. Não gostaria de ter que ouvir isso, enquanto meu emocional estivesse abalado

– Elsa - Edgar começou cuidadosamente - O reino não pode ficar sem um governante. Foi realmente horrível o que houve, mas não podemos deixar o povo sem um líder.

Sabia. Tal reunião não era só para eles se apresentarem e falarem o quanto sentiam muito. Mas sim, para discutir o futuro de Arendelle. Suspirei e assenti para que prosseguisse.

– Bem, você é menor de idade. Só pode assumir depois de dezoito anos. - senti um grande alívio

– Então, sem seu consentimento, enviamos uma declaração para pessoas que podem assumir o reino, até a sua maioridade - um ministro baixinho disse e senti meu estômago revirar

– Felizmente, uma pessoa concordou em assumir e trouxe esposa e filha - continuou um ministro narigudo

– E se eu negar a isso? - pergunto, não queria desconhecidos aqui

– Sinto muito querida, mais isso não está para discussão - respondeu Edgar e bufei

– Queremos apresentar o rei e rainha temporários de Arendelle - o ministro baixinho disse, reforçando ao falar temporários

Ouvi a porta se abrir e passos ecoarem pelo salão

Estava de costas, por isso, me virei para ver quem era

E quase caio de costas ao ver