Love Different escrita por Louise Borac, Miss Volturi


Capítulo 26
Capítulo 9 - Maybe


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal, eu sei que isso é super chato e tals, mas leiam as notas finais ok? É importante.
PS: logo eu peço para a Bella fazer um banner para colocar aqui.



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POV Heloisa

Eu estava sonhando, aquilo só podia ser um sonho, nada tão cruel e horrível como aquilo poderia ser real.

A luz da lua penetrava fracamente por entre as cortinas, iluminando um pouco o enorme salão. Várias pessoas estavam reunidas, todas sentadas em enormes cadeiras de madeira, cuidadosamente esculpidas para que lembrassem rostos de animais e pessoas gritando. Todos usavam roupas pretas de época, mantos longos, que desciam até o chão e capuzes que impossibilitava de se ver seus rostos. Crianças se sentavam na frente dos tronos, todas com expressões frias e indiferentes.

A frente de todos, se encontrava Alec e Jane, ambos com magníficas roupas cor carmim e capas pretas, mas estes estavam com os capuzes abaixados, deixando seus rostos angelicais e olhos vermelhos à amostra. Segurei o impulso de correr até eles, algo no olhar de Alec dizia-me para ficar no lugar onde eu estava. Uma música calma era tocada ao fundo, como se, inutilmente, tentasse deixar todos relaxados em meio à cena que se desenrolava a nossa frente.

Uma humana estava ajoelhada em frente aos gêmeos, não deveria ter mais do que dez anos. Seus cabelos loiros eram encaracolados, caiam em cascatas por suas costas. Deveriam ser muito bonitos quando arrumados, mas agora, não passavam de um amontoado amarelo cheio de poeira e fuligem. Seus olhos estavam inchados e ela tentava não chorar, como se quisesse mostrar que era forte em frente aos irmãos. Suas mãos e pernas estavam acorrentadas e dois homens gigantescos seguravam seus ombros. Não fora preciso pensar muito para descobrir que aquilo era um julgamento.

– Melanie Hale – disse Jane em um tom alto, chamando atenção de todos – Sabe por que está aqui? O porquê de estar sendo julgada diante de todos os vampiros da realeza?

Melanie não respondeu, somente abaixou a cabeça e fechou os olhos. Jane se levantou de seu trono e andou até a garota.

– Eu fiz uma pergunta, criança– silêncio. Jane rosnou irritada e puxou-a pelos cabelos, obrigando-a a olhar em seus olhos. Melanie estremeceu, fazendo Jane sorrir minimamente, mas não pude condená-la por isso. Mesmo de longe, os olhos de Jane me faziam ter certo receio em relação a ela – Muito melhor. Agora, diga-me: sabe por que está aqui?

– Eu quebrei as regras – disse Melanie entre os dentes.

– E o que você fez para quebrar as regras? Lembra-se Melanie, de como você entrou durante a noite no castelo e tentou matar meu irmão?

– Eu não tentei matá-lo, eu ia ajudá-lo a...

– Ajudá-lo? – Jane riu de escárnio – Como iria ajudá-lo com uma tocha na mão e álcool na outra?

– Vocês não entendem!

– Tem razão, não entendo mesmo. Porque não explica para nós? – desviei meu olhar, sabendo o que veria a seguir. Melanie não gritou, mas pude ouvir seus gemidos de dor, como se tentasse segurar o grito em sua garganta. Demorou alguns segundos para que Alec interferisse, mas nem mesmo um para que Jane parasse de torturá-la ao sentir a mão de seu irmão em seu ombro.

– Bom – disse Jane arrumando um fio de cabelo que havia escapado de seu coque, colocando-o atrás da orelha – O que quer fazer com ela, irmão?

– Achei que já tivesse tomado sua decisão – sua voz era fria e calculada, seu olhar sempre evitando o meu. Mas pude perceber sua tensão ao ver suas mãos se fecharem em punhos ao lado de seu corpo.

– Sim, mas não acha justo que seja você a escolher sua pena? Afinal, Melanie estava tentando protegê-lo Alec, não a mim.

Ele estava prestes a responder quando Melanie se virou em sua direção, as lágrimas voltando aos seus olhos brilhantes.

– Eu suplico Alec, podem me torturar ou me matar se quiserem, mas para de ignorá-la, isso só vai levar a sua morte...

A cena mudou. Estava em um quarto escuro e sem janelas, todo revestido com pedras antigas. Uma mulher levemente familiar estava sentada em um canto, as costas encostadas em uma cama pequena. Ela escrevia algo em um papel de carta amarelado e na outra mão segurava uma foto de uma garotinha de cabelos escuros. Surpresa reconheci ser eu com dois anos de idade.

Com um estrondo, a porta do quarto foi aberta. Dois vampiros grandes de pele cor de oliva arrastavam a mulher para fora, enquanto ela colocava a foto dentro de sua blusa e dizia algo que não consegui entender muito bem, mas que soou como uma despedida. Momentos depois pude ouvir seus gritos soando através das paredes e vi o sangue escorrendo pelo chão de pedra.

Mais uma vez, o cenário mudou.

Chovia, aquela chuva fraca característica de Londres, aonde não chegava a molhar a pessoa completamente, mas o suficiente para que ela pegasse um resfriado. Estava em um quarto de hospital, com aquele cheiro de desinfetante e gente doente. Não conseguia ver quem era o paciente, meus olhos estavam presos no garoto sentado de forma desajeitada no pequeno sofá de couro que havia ali.

Seus olhos cor de rubi, agora cobertos por lentes de contato azuis, demonstravam um cansaço intenso, estava com olheiras profundas e seu rosto estava pálido, suas roupas estavam amassadas, o casaco de couro jogado de qualquer jeito no braço do sofá.

Tentei tocá-lo, mas era como se meu corpo fosse uma fumaça, atravessando seu rosto como se eu não fosse... Real. Tentei chamá-lo, tentei gritar, mas nada adiantava. Sem saber o que fazer me sentei na sua frente e fiquei observando-o.

Alec não falava nada ou respirava, era como se fosse uma estatua de séculos de idade. Ele observava a pessoa na cama, como se algo pudesse acontecer a ela caso desviasse seus olhos. Era óbvio que ele sentia algo por ela, algo especial, podia ver na forma como seus olhos brilhavam e seus lábios se curvavam em uma careta de preocupação, do mesmo jeito que eu queria que ele agisse comigo.

– Vai ficar tudo bem – disse ele, de repente, chegando mais perto da cama. Forcei minha mente para poder ver o rosto da pessoa, mas tudo que consegui ver era seu corpo, porém seu rosto ainda continuava embaçado – Eu devia ter te protegido melhor, sei que se eu não estivesse tão... Obcecado em ficar longe de você, de te evitar, teria agido melhor, te salvado...

Ele parou por alguns segundos, se levantando e sentando em um canto da cama. Surpreendi-me ao vê-lo acariciar o rosto da garota com carinho.

– Há uma coisa importante que quero te falar, uma coisa que você deveria ter descoberto há muito tempo. Eu...

Nunca descobri o que Alec tinha de tão importante, pois fui engolida pela escuridão, em direção a um sonho sem sonhos.

***

Meu corpo doía, era como se um trem tivesse passado por cima dele e o macaco o tivesse arremessado a 80 km/h contra um muro de pedra. Minha boca estava seca e tinha gosto de papel velho, parecia que meus olhos haviam sido colados com cola permanente ou costurados com aquelas linha grossos que avós usam para fazer tricô. E mesmo assim, não me conseguia sentir mal sobre isso.

Já fazia dois dias que eu havia acordado, mas até agora os médicos insistiam em me dar remédios para dormir. Eles diziam que eu havia perdido sangue demais, estava fraca para se levantar e dormir era a melhor maneira de evitar isso. Não protestei, era melhor dormir do que passar o dia no quarto, sozinha.

Assim que acordei, recebi um pequeno bilhete escrito em uma letra caprichosa explicando minha situação. Era breve e de alguma forma, soube imediatamente que era de Jane.

Gustavo está morto, Alec conseguiu te salvar. Seu pai foi viajar e você vai ficar aí até decidirmos o que fazer com você, humana. Não ligue para nenhum dos seus amiguinhos ou para o híbrido e se for religiosa, comece a rezar humana, pois quando você sair daí vai preferir a o que morte a eu estou planejando para você.

Incrivelmente, não consegui me assustar como normalmente aconteceria, somente sentiu uma imensa vontade de rir, sem qualquer motivo aparente. A enfermeira encarou como uma consequência de alguma sequela e me colocou para dormir.

Nenhum dos meus amigos, nem mesmo Ben veio me visitar. Ou meu pai ou seu sócio estranho que sempre aparecia cheirando a charutos baratos quando ele estava viajando. Ou Alec, nem mesmo ele resolveu dar as caras por aqui. Tentei não ligar muito para esse fato, mas era inevitável não sonhar com ele. Eu não podia controlar meu subconsciente. Infelizmente. Já estava cansada de acordar, suando e agitada, por ter sonhado com seus olhos cor de rubi.

Fui despertada de meus devaneios ao ouvir a porta sendo aberta. Não precisei nem olhar para saber que era Nancy, a enfermeira gordinha que estava encarregada de cuidar de mim pela tarde.

– Oh, querida você já acordou? – exclamou ela com um sorriso ridículo pelo rosto. Resistindo ao impulso de responder, assenti, ajeitando-me melhor na cama – Isso é bom, há uma visita para você, não é ótimo? Ele é bem bonito, se me permite dizer...

Não ouvi mais nada do que ela falou sua última frase ainda rodava em minha mente.

Há uma visita para você...”. Quem seria? Ben? Seu pai? Algum de meus amigos? Que fosse a bruaca da namorada de meu pai, qualquer coisa era melhor que a solidão daquele quarto com cheiro de desinfetante.

– Ele está ali fora esperando – disse Nancy, enquanto retirava o tubo que estava ligado ao meu braço, tão delicadamente quando se era possível – E diz que vai te levar embora, o médico lhe deu alta assim que o viu. Isso não é bom, minha querida? Você vai embora daqui! – sorri, sem conseguir esconder minha felicidade – Prontinho tudo já está retirado. Suas roupas estão já no banheiro, ele fez questão de que usasse tudo o que mandou. E nem adianta me perguntar quem ele é não vou falar, quero que seja uma surpresa! Agora, vá! Levante e vá tomar um banho, se arrume que ele está te esperando na sala de esperava.

Fiz o que ela mandou, sem protestar, ignorando a tontura que tomou conta de meu corpo e a dor que se apossou de meu braço quando apoiei nele para levantar. Tomei um banho rápido, tirando toda aquela sujeira de hospital de meu corpo, lavando meu cabelo com o xampu que estava no banheiro e o secando até que somente pequenas ondas se formassem nas pontas. Desejei poder ter um secador agora, mas pelo menos ele não estava armado como antes. Coloquei as roupas que estavam em cima da pia, surpreendendo-me ao ver que era um vestido curto e sapatilhas pretas com lantejoulas da mesma cor. Devidamente arrumada, saí do banheiro, me assustando ao dar de cara com a última pessoa que esperaria estar em meu quarto.

Alec estava ancorado na porta, os braços cruzados na frente de seu peito, seu rosto estava despreocupado, um pequeno sorriso se formando em seus lábios. Vestia sua costumeira jaqueta de couro, tênis Nike e uma camisa branca, seu cabelo estava desarrumado, não como o meu, mas de uma forma natural, como se eles fossem desse jeito, tudo, só o deixando mais irritavelmente perfeito.

– Você é minha visita? – perguntei, sem conseguir esconder o tom de surpresa em minha voz.

– É quem estava esperando. Jane? – seu tom era de deboche – Ela realmente te assustou com aquele bilhete tosco, não assustou?

– Não, não assustou se quer saber. E não, não estava esperando ela, a enfermeira pode não ter a melhor visão do mundo, mas tenho certeza que ela sabe reconhecer um homem quando vê um.

Alec riu e deu alguns passos em minha direção. Involuntariamente fiz o mesmo.

– Você tem sorte de eu ter vindo, Thompson. Pode não ter medo de minha irmã, mas ela estava falando sério quanto à parte de te torturar. Ela não gosta de você e o fato de eu estar sempre a protegendo só piora tudo.

– Sério?

– Sim. E seguindo essa linha de pensamento, você está me devendo uma.

– Estou? – falei chegando mais perto – E como devo pagar essa dívida, Volturi?

Alec ficou em silêncio alguns segundos antes de responder.

– Venha jantar comigo.

***

– Pelo o que eu sei vampiros não podem comer.

Já estávamos na frente di restaurante quando tive, finalmente, coragem de falar alguma coisa. Alec estava estranhamente relaxado no banco do motorista, como se roubar garotas inglesas indefesas de hospitais fosse somente mais uma coisa em sua rotina.

– Eu não vou comer – disse ele rindo – você vai. Pelo cheiro daquela comida de hospital, você precisa de algo que seja menos nojento. E também, vai ser um bom momento nós podermos conversar. Não sei você, mas não gosto de conversar em hospitais, aqueles lugares são deprimentes até para mim.

– É verdade, mas sobre o que conversar? – Alec sorriu, mas não respondeu, já saindo do carro. O segui.

Não conhecia aquele restaurante, na verdade, mal conhecia aquela parte da cidade, mas, aparentemente era a parte chique de Londres. Não sabia o porquê de Alec ter me trazido aqui, se queria conversar comigo, teria ganhado minha atenção se me levasse a um restaurante fast food, onde a comida sairia por 9,99 mais o refrigerante, sem contar que eu poderia finalmente comer algumas batatas fritas.

Rapidamente, entramos no local e nos sentamos em uma mesa longe das janelas. O sol passava fracamente por entre as nuvens e imaginei que Alec não quisesse assustar ninguém começando a brilhar feito uma bola de discoteca. O garçom trousse meu pedido alguns minutos depois, indo embora rapidamente, o seu olhar sempre evitando-nos.

– Então – falei enquanto enrolava um pouco de macarrão ao molho branco no garfo – o que queria falar comigo?

– Eu tenho de ter um assunto específico para poder querer falar com você, Thompson?

– Para me trazer a um restaurante como esse, eu realmente espero que sim.

– Bom, para falar a verdade eu realmente tenho um assunto que queria falar com você há algum tempo – encarei-o, o encorajando a continuar – Eu não acho que começamos com o pé direito.

– Você acha?

– Ok, nós não começamos com o pé direito. E isso já vem me incomodado há certo tempo sabe? Você parece ser uma garota legal e, apesar de ser muito irritante...

– Olha quem fala...

Alec continuou como se eu não tivesse falado nada, mas pude ver o que parecia ser um sorriso surgir em seus lábios.

– Eu gostaria de te conhecer melhor.

– Você já me conhece Alec...

– Não, não conheço Heloisa. Não sei qual são suas músicas favoritas, seus medos ou seus sonhos, nunca tivemos sequer uma conversa séria!

– E como você queria que tivéssemos com o começo que tivemos? – perguntei alterada.

– Por isso mesmo que quis conversar com você hoje. Quero propor um acordo.

– Que acordo?

– Vamos esquecer o que aconteceu até agora. Todos os problemas, tudo sobre o que aconteceu entre nós, vamos fingir que hoje é depois da aula do meu primeiro dia e você me chamou para comer e conhecer a cidade por eu ser novo. Vamos fingir que não sou um vampiro e você não é uma controladora de armários que adora os fazer voar contra namorados traidores. Vamos ser... Normais.

Não pude evitar que um sorriso surgisse em meu rosto. Ser normal... É eu poderia tentar fazer isso. Assenti, mordendo meu lábio inferior, uma mania que havia adquirido nessas semanas.

– Bom Thompson – disse Alec tirando uma nota de 50 do bolso e jogando de qualquer jeito na mesa – Porque não deixa esse macarrão de lado que pela sua cara não está nem um pouco gostoso, e me deixa te levar para você descansar e amanhã se arrumar sem essas olheiras fundas?

– Arrumar para que?

– Ora, quero te levar a um lugar amanhã, um lugar que me disseram que é lindo. Então, que tal?

– Ótimo jeito de me chamar para um encontro Volturi.

– Então? Isso é um sim?

***

– Já disse Thompson, eu posso muito bem ir te buscar...

– Esquece Alec, pode ficar com esse traseiro lindo bem aí que eu estou muito bem, preciso dirigir agora que minha carteira de aprendiz chegou.

Já estava entrando no carro quando Alec me ligou oferecendo uma carona. Não que eu não quisesse passar mais tempo ao seu lado, em um lugar onde ele não teria grandes chances de fugir, mas eu realmente precisava praticar a direção. E com meu pai e sua super e exagerada proteção viajando, essa seria a oportunidade perfeita de treinar minha habilidade como motorista. Seria um caminho curto até o hotel, uma viagem de 15 minutos através das ruas quase tranquilas de um domingo londrino, não havia com que se preocupar. Coloquei meus óculos de sol e liguei o carro, andando sem nenhum problema.

Ri com esse pensamento, afinal, o que poderia acontecer de errado?

***

Garota desaparecida

Heloisa Thompson, 15 anos, desapareceu a uma semana desse mês de outubro. Somente seu carro foi encontrado, indicando sinais de um acidente grave, muito sangue no banco da frente, vidros quebrados e estragos irreparáveis. O corpo até agora não foi localizado, qualquer informação que nos possa seu útil, entre em contato com o número abaixo. Obrigado a todos.



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Notas finais do capítulo

Então... Se alguém ainda lê a fic deve estar se perguntando porque a demora. Primeiro, eu estava sem inspiração, esse é o último capítulo antes do epílogo e eu queria fazer direito. Segundo, aconteceu umas coisas comigo que não me deixaram escrever e tals, então sinto muito mesmo pela demora.
E eu queria falar uma coisa: eu só vou fazer a terceira temporada da fic se alguém quiser, porque os comentários estão super baixos e se ninguém quiser uma continuação, eu paro no epílogo ou talvez faça um bônus e essas coisas.
E se eu não aparecer mais é que a Bella me matou por ter postado o capítulo antes dela ler ok? Então fiquem atentos as notícias de um assassinato brutal de uma paulista do interior @.@
Beijos, Heloisa M.
PS: Quem quer que a Bella faça uma capa nova levanta a mão o/