Charlotte

Adeline, Eric e Lucy já tinha chegado e todos já tinham se juntado na cozinha para comer o frango que Charlotte, Lexi e Alec fizeram. Todos se divertiram e tiveram um raro jantar em família e assim que acabaram Adeline e Aisha lavaram os pratos com sua velocidade de vampiro. Essa é uma das vantagens de ser um vampiro.
Depois do almoço alguns foram descansar, ficar conversando ou passear pelas ruas de Nova Orleans. Charlotte pegou uma garrafa de tequila e foi direto para o quintal de trás e se sentou na varanda, observando a água da piscina balançar por causa do vento que soprava. Os passarinhos cantavam alegremente, o que fez Charlotte querer vomitar. Ela não queria por o almoço e a tequila para fora. Mas o canto dos pássaros a angustiava profundamente pelo simples fato dela se lembrar toda vez de Oliver. Quando os dois eram pequenos eles tentavam dar uma escapada para ir no campo a frente de casa e brincar por algum tempo, junto das violetas, do cachorro e do som do cantos dos passarinhos voando ao redor deles e das árvores do campo. Charlotte deu mais um gole na tequila e não tirou seus olhos da água da piscina que andava por culpa do vento.
– Posso te fazer companhia? - disse Eric encostado na porta observando Charlotte.
– Claro. - respondeu a garota sem tirar os olhos da água.
Eric se sentou ao lado de Charlotte e pegou a tequila de sua mão, deu um gole e em seguida a devolveu.
– Lucy e Adeline me falaram algo importante. - ele se virou para Charlotte e a observou - Elas me falaram que não posso ficar sentado observando o chão enquanto a vida passa. Oliver não voltará de jeito nenhum se eu ficar sentado bebendo Whisky e esperando um milagre. Charlotte, agora eu estou falando isso para você, largue a tequila e faça algo para Oliver voltar. Nada acontecera se você ficar parada olhando para a água esperando um milagre.
Charlotte voltou-se para Eric, seus olhos estavam cheios de lágrimas. A garota puxou o pescoço de Eric e o abraçou.
– Obrigado. - ela fungou e encaixou seu queixo no pescoço dele - Você tem toda a razão.
Ela beijou o pescoço de Eric e o largou, deu outro gole na tequila e encostou sua cabeça no ombro do irmão de criação.
– Você acredita que iremos conseguir traze-lo de volta? - perguntou Charlotte.
– Acredito.
Eric beijou a testa de Charlotte e pós seu braço em volta da cintura da loira.
Os dois ficaram mais alguns minutos ali, calados, só olhando para a água e escutando o canto dos passarinhos. Era como se o tempo não passasse enquanto os dois estivessem juntos, um fazia o outro feliz.

Charlotte estava a duas horas deitada em sua cama só pensando e com lágrimas nos olhos. Adeline já tinha ido várias vezes ver se ela precisava de alguma coisa ou se alguém ali com ela e ela simplesmente disse que não. Charlotte estava cansada, triste e se sentia sozinha, mesmo com todos ao seu lado ela se sentia sozinha. Ela e Oliver se completavam um mantinha o outro equilibrado, eles eram como Yin Yang e quando Oliver se foi Charlotte se desequilibrou demais e parecia que toda sua bondade estava esvaecendo. Charlotte rapidamente pulou da cama com a velocidade de vampiro e saiu correndo, passando pela porta da frente e sumindo da propriedade La Fontaine em segundos.

Charlotte já estava longe da propriedade La Fontaine e da rua Bourbon. Ela começou a caminhar por uma estrada totalmente deserta, mas sabia que era perto do pier e do estaleiro, ela conseguia sentir o cheiro do mar. Ela caminhava pelo meio da estrada, sentia vontade de se jogar ali e ser atropelada por um caminhão. Charlotte ouviu o som de motor e cheiro de humanos, a loira continuou no meio da estrada e avistou uma luz vindo em sua direção, primeiramente ela achou que era a Morte vindo lhe pegar e depois logo se tocou que eram faróis de um carro, ela parou de andar e o carro continuou vindo em sua direção e assim que a pessoa que o controlava viu a garota no meio da estrada tentou parar o carro e conseguiu, mas ele ficou alguns centímetros perto de Charlotte. A mulher que estava dentro do carro saiu aos tropeços e foi até Charlotte.
– Ai meu Deus, você está bem? - perguntou a mulher que aparentava ter 21 anos.

Charlotte a observou. A mulher tinha cabelos ondulados da cor castanho e olhava para Charlotte com uma cara de assustada e perplexa, ela quase tinha matado uma maluca no meio da estrada.

– Não. - respondeu Charlotte com lágrimas nos olhos e se voltando para a mulher.

– Eu machuquei você?

Charlotte foi rapidamente até a mulher e segurou seus ombros com toda a força. Os olhos de Charlotte estavam cheios de lágrimas.

– Olhe para mim! - disse Charlotte - Você me acha um monstro?

A mulher se encolheu assim que Charlotte tocou em seu ombro direito.

– Eu nem te conheço! - respondeu a mulher quase chorando.

Charlotte apertou mais seus ombros.

– Responda a minha pergunta!

– Sim, sim. - choramingou a mulher - Por favor, não me machuque.

Charlotte sentiu um cheiro familiar, um cheiro que não a fazia se sentir tão bem por tanto tempo, aquele cheiro de sangue. As veias em baixo dos olhos da loira ficaram salientes e seus olhos adquiriram uma cor envermelhada em tão pouco tempo. A mulher que Charlotte segurava deu um grito e começou a se debater mas a loira tinha uma força incrível por ser vampira e por ser uma vampira bem velha. Charlotte rasgou uma parte do casaco de couro da mulher e notou que uma parte do braço dela estava enfaixada e com uma mancha de sangue. A garota arrancou aquele curativo que estava ali e mostrou suas presas, suas duas presas de vampiro.

– Como você conseguiu isso? - perguntou Charlotte tentando se conter.

– Eu... eu não sei! - choramingou a mulher outra vez.

– Onde?! - gritou Charlotte.

– Eu me cortei com um arame.

Charlotte não acreditou naquilo e então sorriu para a mulher e usou um dos dons dos vampiros, hipnose.

– Onde você conseguiu essa ferida?

A mulher logo se concentrou nos olhos de Charlotte.

– Eu me cortei com um arame, sem querer. - respondeu a mulher, parecia um zumbi.

– Porque não disse antes?

– Porque eu estava com vergonha, ninguém se machuca com um arame.

Charlotte a tirou da hipnose e a mulher voltou a choramingar. Talvez algum vampiro tinha hipnotizado a mulher ou, a idiota tinha mesmo se cortado com arame. Charlotte, não aguentava mais aquele sangue em sua frente, não aguentava mais aquele cheiro delicioso e então, finalmente, mordeu o ombro da garota onde tinha o sangue escorrendo. A mulher gritou de dor e Charlotte a encostou em seu carro e a deitou no capo, colocou a sua mão na boca da mulher para ela não fazer nenhum barulho e cravou suas presas no pescoço da mulher. A garota se debatia e tentava lutar pela própria vida mas era inútil. Quando Charlotte soltou o pescoço da mulher ela já estava morta, com o sangue completamente drenado. A boca da loira estava cheia de sangue e ela tentou limpar rapidamente.

– O que foi que eu fiz? - disse Charlote colocando as mãos no cabelo.

Ela começou a chorar e saiu dali rapidamente, voltando para a mansão La Fontaine.

Já eram 23:12 e Godric, Lucy, Eric, Adeline, Logan, Lexi e Aisha estavam na sala conversando e jogando alguns jogos. Quando Charlotte entrou pela porta e apareceu na sala com a boca manchada de sangue e com a blusa também todos a encararam.

– Minha filha - disse Godric se levantando do chão e indo até ela - , que diabos aconteceu com você?

– Pai...

Ela rapidamente se jogou para trás, colidindo com a parede e começou a deslizar para baixo, com as mãos no cabelo e chorando sem parar.

– Eu não consigo, não consigo suportar mais isso! - disse Charlotte apavorada.

Eric se levantou rapidamente e se abaixou perto dela e a puxou para si, fazendo a cabeça da irmã encostar em seu peito. Charlotte o abraçou e não parou de chorar.

– Charlotte - disse Eric - , apenas desligue.