Ninguém tem medo de altura. Eles têm medo de caírem; ninguém tem medo do escuro. Eles têm medo do que pode haver nele.

Estava escuro. Thalia sentia seus pés na beira de um abismo. Ela fechou os olhos e soltou um suspiro cansado. Tinha ferimentos nas suas pernas, e sabia que a qualquer hora, poderia despencar daquela fenda e morreria com qualquer coisa que estaria escondida na escuridão. Ela cairia e morreria, era uma certeza.

Não tinha escapatória para viver naquele momento. Ou ela morreria ou ela morreria. Não tinha uma escolha na verdade. Ela não tinha uma opção. Ela só tinha o destino... O destino e suas surpresas.

Até que enfim, sua perna esquerda fraquejou, ela não conseguiu se sustentar em uma só perna e caiu do abismo.

Com os olhos fechados, lágrimas grossas caíam dos olhos da nossa heroína. Lágrimas pesadas e cheio de desespero.

Ela gritou. Um grito decadente. Um grito necessitado.

Ela perdeu sua cor. Sentiu um refluxo e pontos pretos invadiam sua visão. Ela sabia que aquilo seria um fim. Fim ao amor que sentiu por Luke. Fim as amizades que fez ao decorrer de seus 20 anos de vida e fim a todos os sentimentos, por mais fracos e inexistentes que ela tenha sentido. E agora, ela achava que finalmente conheceria o tal “Final” que todos esperavam para suas próprias vidas.

Mas aí, mais pontos pretos se fizeram presentes na sua visão. E ela desmaiou.

Talvez aquele não fosse realmente um final.

[...]

– Annabeth? – Chamou o moreno de olhos verdes, que estava com o braço enfaixado.

– Percy! O que faz aqui? Não deveria estar na cama? – Annie perguntou quando iluminou o rosto de seu namorado com uma lanterna

– Precisava ver você... E ver como andam as coisas por aqui

O moreno se aproximou, e subiu na arvore da floresta que Annie estava de vigia.

– Está tudo bem por aqui – A loira falou

– Mas se aparecer alguém e te levar? – Percy perguntou sem pensar

Annabeth sorriu e apontou para uma árvore próximo deles e piscou a lanterna 3 vezes; 4 árvores próximas responderam com mais 3 piscadas.

– Inteligente – Falou o moreno, observando as luzes em meio à escuridão.

– Sim. Na floresta, temos que ter cuidado para não confundir os monstros de treinamento com invasores.

– Onde estar o chalé de Ares?

– Metade está no Arsenal e a outra metade no Anfiteatro. A nosso sinal, eles saem do esconderijo, preparados para qualquer coisa.

– E o Nico? – Perguntou Percy preocupado com o seu irmão de consideração

– Não se preocupe, ele está próximo do Riacho Zéfiro com mais de uma dúzia de esqueletos, e já esta descansado para invocar mais se necessário.

– Vejo que estão muito bem preparados.

– Espero que seja isso mesmo – Respondeu Annabeth cabisbaixa

– Hey! O que foi? – O moreno tomou o rosto da namorada em mãos

– Estou preocupada com Thalia e Luke

– Mas Luke está seguro no acampamento...

– Ele está morrendo aqui dentro. – Annabeth cortou Percy no seu discurso. – Ele não está nada bem. Não dorme a noite e de dia, fica de vigia debaixo do sol quente, esperando que algum milagre aconteça e que Thalia apareça. Mas adivinha Percy: se NÓS não fizermos nada. Thalia Grace não voltará ao acampamento com vida

– Acho que está se precipitando Annabeth

– Percy... Eu fiquei SEIS anos sem minha irmã mais velha. Quando Thalia morreu, Luke também morreu por dentro. Fiquei sozinha. Sem meus irmãos mais velhos e sem família. E isso está se repedindo. Luke não é nada sem ela. Precisamos fazer alguma coisa. Não podemos ficar esperando os deuses!

– Eu sei Annie. Mas tudo o que podemos fazer agora é esperar e tentar fazer Luke se sentir melhor. Ele é como uma bomba relógio e quando ela explodir, eu não quero estar aqui para ver o estrago – Respondeu Percy e abraçou Annie – Vai dar tudo certo, sabidinha

Eles se beijaram e Percy desceu da árvore, indo para seu chalé.

[...]

Era dia no acampamento, e isso significava que o chalé de Hermes, Deméter e Apolo ficariam de Vigia hoje.

Luke abriu os olhos, se encontrando em um chalé de Hermes praticamente vazio.

Levantou-se e foi até o banheiro. Tomou um banho e trocou de roupa. Pegou sua espada e foi até a casa grande.

No caminho, vários campistas o olharam com admiração e respeito. Ele gostava disso. Gostava de se sentir importante. Mas afinal, quem não gosta?

Chegou à casa grande e entrou na sala de estar. Encontrou Quíron em sua cadeira de rodas bebendo chocolate quente.

– Olá meu filho – Quíron sorriu calorosamente e Luke se sentou no sofá

– Já faz um mês que estamos nisso. Quando... Quando que... Ah esquece! – Luke se levantou exaltado e se apoiou na janela. Olhou pela mesma e encontrou Annabeth sentada e cabisbaixa. Ele se lembrava do dia em que foi à casa grande e olhou pela mesma janela. Ele encontrou Thalia e Annie conversando animadamente e acabou sorrindo. Mas Thalia não estava lá.

– Quando ela vai voltar? – Supõe Quíron

– ... É

– Zeus mandou espíritos para vigiar a entrada do tártaro á mais de um mês e nós não encontramos nada. O próximo passo será mandar semideuses para entrar no tártaro...

– Eu quero ir. - Falei prontamente

– É bem mais difícil do que você pensa, Luke. Percy e Annabeth já entraram e saíram de lá com vida. Eles vão ter que montar um grupo com no máximo 5 semideuses, contando com eles, para procurar Thalia. Se eles lhe escolherem, você pode ir. Mas se não... Não vai haver nada que eu possa fazer.

– Obrigado Quíron – Luke se afastou da janela e deu um abraço em seu “pai”.

Saiu da casa grande e encontrou Annabeth.

– Luke eu e Percy...

– Eu já sei da missão de vocês, vão me escolher não é mesmo? Eu preciso ver a Thalia.

– Luke nós vamos fazer tudo para seu melhor. Se você não for escolhido, entenda que nós queremos você em segurança para receber ela...

– Me poupe, Chase

Luke deu as costas para Annie e andou até a parede de escalada, lá vigiaria do alto junto com mais 11 semideuses.

[...]

– Acho que não devemos levar Luke

– Eu também acho, mas eu também achei injusto.

– O que Thalia diria, Annabeth?

– Que não deveríamos levá-lo, mas...

– Então estar decidido. Levaremos Clarisse, Nico e Jason.

– Tudo bem, Percy - Suspirou