Pra te Entregar escrita por Alexis R, Bia Granger


Capítulo 23
Sacrifícios


Notas iniciais do capítulo

E aí, galerinha linda? Sentiram nossa falta? Eu senti de vocês. Quero agradecer pelo carinho de vocês no capítulo passado!



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Sara, BB e Cobra encontraram uma Jade muito nervosa na academia.

–Eu falei pra Bianca sobre a Karina. Ela saiu daqui que nem uma louca. –disse desesperada.

–Mestre, ela foi pra Khan. Sabe como ela é com a K.

–Vocês dois fiquem aqui. Filha, liga pro Gael. E pede pro Tony começar a aula.

–––*–––

–É tão bom sair de toda aquela loucura um pouco. –disse Gael abraçando Dandara.

–É bom mesmo, meu amor. –respondeu aérea.

–Você tá bem? Tá esquisita. –comentou Gael.

–Tô com uma sensação ruim, sabe. Deve ser preocupação com a K. Mas vamos dar tempo ao tempo, que tudo vai ficar bem. –sorriu. Ela começou a cantar:

És um senhor tão bonito

Quanto a cara do meu filho

Tempo, tempo, tempo, tempo

Vou te fazer um pedido

Tempo, tempo, tempo, tempo

Compositor de destinos

Tambor de todos os ritmos

Tempo, tempo, tempo, tempo

Entro num acordo contigo

Tempo, tempo, tempo, tempo

Por seres tão inventivo

E pareceres contínuo

Tempo, tempo, tempo, tempo

És um dos deuses mais lindos

Tempo, tempo, tempo, tempo

Que sejas ainda mais vivo

No som do meu estribilho

Tempo, tempo, tempo, tempo

Ouve bem o que eu te digo

Tempo, tempo, tempo, tempo

Peço–te o prazer legítimo

E o movimento preciso

Tempo, tempo, tempo, tempo

Quando o tempo for propício

Tempo, tempo, tempo, tempo

De modo que o meu espírito

Ganhe um brilho definido

Tempo, tempo, tempo, tempo

E eu espalhe benefícios

Tempo, tempo, tempo, tempo

O que usaremos pra isso

Fica guardado em sigilo

Tempo, tempo, tempo, tempo

Apenas contigo e comigo

Tempo, tempo, tempo, tempo

E quando eu tiver saído

Para fora do teu círculo

Tempo, tempo, tempo, tempo

Não serei nem terás sido

Tempo, tempo, tempo, tempo

Ainda assim acredito

Ser possível reunirmo-nos

Tempo, tempo, tempo, tempo

Num outro nível de vínculo

Tempo, tempo, tempo, tempo

Portanto, peço–te aquilo

E te ofereço elogios

Tempo, tempo, tempo, tempo

Nas rimas do meu estilo

Tempo, tempo, tempo, tempo

–Você sempre sabe como fazer eu me sentir melhor. –ele a beijou. Foi quando seu celular tocou.

–O que foi, meu amor? –perguntou preocupada, vendo a cara do namorado.

–Era a Bárbara. Ela disse que a Sara pediu pra gente voltar, não falou o porquê, mas acho que é alguma coisa com a K.

–A gente devia ter voltado, eu estava sentindo, mas ignorei... –disse culpando-se.

–Calma, Dandara, vamos pra casa e lá descobriremos o que houve.

–--*---

O garoto acordou confuso no sofá. Já era de manhã e nem sinal de Karina. Ele ligou para Bianca, sem sucesso. Ele lembrou que Nando tinha convocado um ensaio da banda logo cedo, e foi.

–Pedro! Pedro! –gritava Sol.

–O que foi, sua doida?

–Aconteceu uma tragédia! A Karina tá na Khan, e a Bia foi atrás dela!

–Ai meu Deus! Minha esquentadinha... –desesperou-se.

–A Bia não ia deixar nada acontecer com a K... É com a Bia que eu tô preocupada...

–--*---

O lutador encarou Bianca.

–Pode vir. –provocou a morena. Maré tentou dar socos, mas ela sempre esquivava, até que ele acertou um golpe em sua boca. Ela caiu com as duas mãos no chão, e antes que Maré pudesse reagir, ela acertou um rabo de arara nele, que caiu se contorcendo de dor.

–Eu te falei, Lobão, só saio daqui com a minha irmã. –Lobão segurou o braço dela.

–Você é muito abusada, garota!

–Abusado é você, que quer transformar a minha irmã num galo de briga. –Lobão estava prestes a socar Bianca, quando ouviu um barulho.

–Solta a minha sobrinha, Lobão, antes que eu meta uma bala na tua testa! –ameaçou Sara.

–Você não teria coragem. –desafiou, mas soltou Bianca, que foi para perto de Karina.

–Bia, leva a sua irmã pra casa. Mais tarde, eu peço pro médico da base dar uma olhada no seu rosto e na K. Eu tenho um assunto pendente com o vira-lata aqui.

–Nat, me espera na sua casa. Alan, vaza. –ordenou Lobão, encarando Sara.

–--*---

Bianca passou o braço nos ombros da irmã, que andava com dificuldade.

–Você não consegue nem andar... Vem, se apoia em mim. –ela levou a irmã até o carro, a ajudou a sentar no banco do passageiro, e foi para o do motorista.

–Quando nós chegarmos em casa, eu vou cuidar de você, e depois nós vamos ter uma conversa muito séria. E eu não quero que você abra a boca pra reclamar ou pra me interromper. Decorou? –disse Bianca. A mais nova balançou a cabeça em afirmação; a irmã nunca havia sido tão dura e firme com ela, parecia até seu pai.

Ela dirigiu em silêncio o caminho todo. Estacionou o carro e guiou a irmã até o quarto.

–Fica deitada aí, que eu vou pegar as coisas. –disse dando um beijo na testa da irmã. Isso deixou Karina aliviada por algum motivo. Logo, a morena voltou com as bolsas.

–Quem fez esses pontos? –perguntou Bianca. –Limparam os outros machucados?

–Foi um amigo do Lobão. Não, só esse. –Bianca começou a limpar os cortes no rosto da irmã com a maior delicadeza possível. Seu sangue fervia de raiva ao pensar em Lobão; pensar no risco em que ele havia colocado Karina em troca de dinheiro. Ela pôs um saco de gelo no olho direito da garota, que estava bastante inchado e roxo. Em seguida, levantou a blusa dela e se espantou ao ver a quantidade de hematomas, em especial, um enorme e bem escuro nas costelas da irmã.

–Meu Deus, Karina! Olha o estado em que você está! -exclamou enquanto passava pomada de arnica sobre os ferimentos.

–Ai! –gritou.

–Eu tô tentando ser mais delicada o possível, mas isso tá horrível. Deve ter quebrado. –Karina gemeu com o toque da irmã sobre o ponto nas costelas. –Pronto, agora é só pôr um pouco de gelo. Toma esse analgésico. –deu um comprimido e um copo de água para a loira.

Obrigada. –ela tomou em um só gole.

–Agora, nós vamos conversar. –sentou-se ao lado da irmã. –Você passou de todos o limites, Karina. Você tem noção do perigo em que você se meteu?! Luta ilegal, Karina! Eu sempre apoiei o seu sonho, mas é pra isso que as malditas regras nas lutas servem, pra evitar que uma merda dessas aconteça! Eu sei que você tá sofrendo, mas não é só você! Você acha mesmo que tudo isso é fácil pro papai? Pra mim? Você tem ideia do que eu passei naquela noite que você sumiu? Da agonia que eu senti sem saber onde você estava, se você estava segura? Do desespero que me deu quando a Jade me falou que você estava naquele lugar? Você não pensou em nada disso, né?!

–Bianca... –tentou Karina.

–Eu não terminei! –exclamou. –Desde que você viu aquele maldito vídeo, tá sendo uma egoísta!

–Você não sabe de nada... –murmurou.

–Para de se fazer de vítima! Acha que o seu sofrimento justifica esse tipo de atitude?! O que você queria indo naquele lugar? Se matar? Destruir a nossa família? –questionou revoltada.

–Eu só queria ir atrás do meu sonho! –exclamou Karina, se defendendo.

–E o seu sonho é o quê? Ser galo de briga daquele nojento?! Se eu não tivesse chegado, ele ia te machucar ainda mais! –gritou.

–Para, Bianca, você não é a minha mãe! –gritou de volta.

–Não, eu não sou, mas sou sua irmã mais velha, que sempre fez o máximo pra suprir a ausência dela pra você! Eu me arrisquei pra te tirar daquele antro, pra te proteger daquele nojento. Então, eu tenho, sim, o direito de te falar essas coisas!

–Eu nunca te pedi pra fazer nada disso! –retrucou, na defensiva.

–Caralho, Karina! Para de resistir! Admite logo que o que você fez foi errado! Eu sempre botei panos quentes quando você tentava resolver tudo na violência. Quantas vezes você não quebrou as minhas coisas, e quando o pai ia te dar bronca, eu que pedia pra ele te entender. Mas eu estava errada. Você tem aprender de uma vez por todas a lidar com as suas emoções, como todo mundo. –Bianca respirou fundo.

–Eu vou pra casa do Pedro. –disse se levantando com dificuldade.

–Você não vão pra lugar nenhum! –gritou. –Você não tem condições físicas, nem psicológicas pra isso! Você vive me pedindo pra deixar você cuidar da sua vida e olha o que você tá fazendo com ela!

–Isso não é da sua conta! –retrucou.

–É sim, Karina, é muito da minha conta! Porque, se você entrou por um caminho que se eu não te tirar, você... Eu vou te perder e se isso acontecer... Eu não aguento... Eu ter ido lá, ter lutado com aquele cara, enfrentado o Lobão não é prova o suficiente pra você de que eu te amo? De que, pra te proteger, eu não me importo de me colocar em risco? –disse a mais velha, com dificuldade, por causa das lágrimas. Ela sentou na cama da irmã novamente. Karina começou a chorar.

–Desculpa, Bia, eu não queria que você tivesse se arriscado por minha causa. Eu só estava confusa. Você e o papai são a minha família, e, pensar que eu posso não ser filha dele, que eu posso ser só sua meia-irmã... Eu fiquei com medo disso mudar as coisas. Parecia que toda a minha vida era uma mentira e que tudo que me sobrava era a luta... Me perdoa. –pediu Karina.

Bianca foi até a irmã, e a abraçou, fazendo com que a mais nova se aninhasse em seu colo.

–Tá tudo bem agora, minha pequena. Eu só briguei com você porque você precisa parar de se arriscar assim. Essa história de paternidade não muda nada, você vai sempre ser a minha irmãzinha, minha bonequinha rebelde. Você é tudo pra mim, K.

–Fica aqui comigo, eu tô com medo. –pediu como uma criança assustada.

–Não precisa ter medo, eu não vou deixar ninguém te fazer nenhum mal, nunca mais. –prometeu Bianca.

–O Pedro! –se levantou de repente. –Eu dei remédio pra ele dormir. Ai meu Deus, ele vai me odiar...

–K, fica calma. Ele te ama. Quer que eu ligue pra ele?

–Não, eu não tô em condições de ver ele agora.

–Tá, então descansa um pouco, que o papai tá chegando, e vocês vão precisar conversar. –Karina relaxou nos braços da irmã, e, pela primeira vez desde aquele vídeo, se sentiu novamente amada pela família; protegida, como se nada pudesse atingi-la, pois tinha Bianca para protegê-la. Logo Karina vencida pelo remédio, e adormeceu. João entrou no quarto, afobado, acompanhado de BB, Sol e Pedro.

–Meu Deus, minha esquentadinha tá toda machucada. –lamentou Pedro.

–Eu já cuidei dela, Pê. Ela vai ficar bem. –disse Bianca.

–Bi, você tá machucada também. –observou João. Ele limpou o corte na boca da irmã e passou pomada na marca em seu braço.

–Bi, o que aconteceu lá, exatamente? –perguntou Sol. A morena contou resumidamente.

–Eu não tinha dúvidas de que você ia tirar a loirinha de lá. –disse Sol. –Ainda bem que a tia Sara chegou na hora certa.

–É isso que me preocupa: ela e o Lobão, sozinhos. –disse BB.

–Eu perdi alguma coisa? –perguntou Pedro.

–Eu te explico. Vamos deixar os irmãos sozinhos. A gente só precisava ver se vocês duas estavam inteiras. O tio Gael e tia Dandara tão vindo; pegaram trânsito na ponte. Eu quero conversar com a baixinha depois. –disse Sol.

–Pode deixar, vai ser bom pra ela. –afirmou Bianca.

–Fala pra essa doida, que a gente ama ela. –pediu Sol, saindo.

–--*---

–Eu sei muito bem o que você fez com a minha irmã. –disse Sara pegando sua arma. Lobão se assustou.

–Você não ia ter coragem de fazer isso. –afirmou Lobão, sem muita convicção.

–Sabe, vira-lata, eu já matei. Não gosto de matar, mas eu já tive que fazer isso, graças a pessoas como você e a Eva, mas, no seu caso, ia te matar com o maior prazer. –ela montou a arma. –Mas, a Ana abriu mão de muita coisa pra impedir que eu acabasse com a minha vida te matando. E, em nome do sacrifício dela, eu abaixo minhas armas, mas não os meus punhos.

–Você tá me desfiando, mestre galinha? –questionou Lobão.

–Estou. –afirmou entrando em posição de combate. Eles começaram a trocar socos. Lobão encurtava a distância para impedir os chutes de Sara. Ela conseguiu se esquivar de um soco e o derrubou, montando a meia guarda em cima dele. Ela começou a desferir socos e mais socos no rosto do oponente.

–Fica bem longe das minhas sobrinhas e da minha família, senão eu meto uma bala na sua testa. Avisa pra sua amiguinha Eva que isso também serve pra ela, e inclui a Jade. –avisou saindo.

–--*---

Sol e BB voltaram pra academia. A ruiva viu Zé e foi falar com ele.

–Oi.

–Ruiva, agora eu sei por que você não quer nada sério comigo. –afirmou, sem a cumprimentar.

–Do que você tá falando? –perguntou confusa.

–Da Jade, eu sei que você tá com ela...

–Que babado é esse?! –exclamou Sol.

–Zé, não é nada disso. –Sol se afastou de fininho.

–Eu vi vocês abraçadas na sua casa...

–A Jade é minha irmã! Ela é filha do meu pai... Ela estava machucada e eu estava cuidando dela.

–Eu pensei que...

–Pensou errado. –interrompeu. –Eu estava com medo do que eu sinto por você, mas agora eu não tenho mais.

–Isso quer dizer... –ele sorriu.

–Zé, quer namorar comigo? –perguntou sorrindo.

–É claro que eu quero, minha ruiva. –disse beijando-a.

–Eu tenho que ir. Sabe, com essa crise toda na família. Amanhã eu te busco pra gente sair. –eles se beijaram novamente e BB foi encontrar Sol. No caminho, esbararam com Duca.

–Cadê a Bianca? Que história é essa dela ter ido pra Khan?

–Calma, patrãozinho, a Bi tá bem, ela tá em casa cuidando da K. –informou Sol.

–O que aquele mostro fez com a K? –perguntou com raiva.

–Botou ela pra lutar em rinha. Ela tá toda machucada, mas vai ficar bem. –respondeu BB.

–Eu vou até lá. –disse, saindo nervoso. Sol esbarra com Wallace.

–Negão, com esse rolo todo da K e da tia Sara, a gente nem conversou mais. Me desculpa. Eu sei que eu dei mancada contigo, mas eu te amo, meu negão. Me perdoa, vai? –pediu com cara de cachorro que caiu da mudança.

–Perdoo, sim, pretinha. Vamos sair?

–Eu preciso ir pra casa da ruiva. Com essa confusão toda, a tia Sara quer fazer tipo uma reunião de família. Te amo, meu negão. –disse lhe beijando.

–Tá, eu entendo. Também te amo, pretinha.

–--*---

–Desculpa por ter deixado a K sair. –disse Pedro se sentindo culpado.

–Não foi sua culpa, a K botou o remédio da sua mãe na sua bebida. –Pedro ficou em silêncio. –Pê, a K falou que não tá pronta pra falar com você, dá um tempo pra ela, só não se afasta demais.

–Eu não vou embora, vou ficar na sala. –disse saindo.

–Maninho, tá tudo bem? –perguntou Bianca.

–Ás vezes, eu fico pensando se eu não tenho nada desse cara, sabe, afinal ele é meu pai...

–João, você tem parar de jogar games e assistir à aula de biologia. Caráter não se passa por DNA. Você não tem nada desse cara. E nessa história toda, você foi um homem. Provou que tem muito do seu pai, o mestre Gael. –João descansou a cabeça na beira da cama de Karina, e Bianca começou a acariciar os cabelos do irmão.

–Você tem algum poder de fazer as pessoas se sentirem melhor?

–É poder de irmã mais velha, só funciona com você e com a K.

–--*---

Na sala, Pedro sentou-se no sofá. Sentia-se inconformado com a situação, apavorado com o que podia ter acontecido com Karina se Bianca não tivesse baixado na Khan. De repente ouviu alguém esmurrar a porta. Correu para abri-la.

–Cadê a Bianca? –perguntou Duca.

–Ei, que tu tá fazendo aqui? A cunhadinha não...

–A gente voltou. –interrompeu. –Cadê a Bia?

–Calma, ela tá no quarto com a K. E não vai sair de lá tão cedo. –Duca foi até o quarto, em silêncio, e apenas observou. Viu que a namorada dormia com a irmã no colo. Karina estava realmente muito ferida. Aliviado de ver que estavam seguras, voltou para a sala.

Pouco tempo depois, Gael e Dandara chegaram aflitos.

–Cadê as minhas filhas?! Seu moleque, deixou ela sair! E você, Duca, tá fazendo o que aqui? –Bianca acordou com os gritos do pai. Tentou se desvencilhar de Karina sem acordá-la, mas não conseguiu.

–K, deixa que eu converse com o papai primeiro. O Pedro tá aqui, quer que eu chame ele? –Karina fez um sinal positivo com a cabeça. A mais velha deu um beijo na testa da loira. –K, você em me soltar pra eu poder sair. –riu a morena, devido ao ato infantil da caçula. Deu-lhe um último abraço na irmã antes de sair. João passou a mão nos cabelo da irmã e saiu também.

–Pai, o Pedro não tem culpa. A K pôs remédio pra dormir na bebida dele. E eu e o Duca voltamos. –completou. Gael abraçou a filha.

–Você tá machucada, Bi. O que houve? –questionou Dandara ao abraçar a menina. Em seguida, Duca a abraçou. A morena respirou fundo.

–Pedro, fica lá com a K, que eu vou explicar tudo pro papai. –o garoto foi.

–--*---

–Me perdoa, Pedro... –disse a loira chorando. Pedro deitou ao lado dela e a abraçou com cuidado.

–Shhh, meu amor. Eu te perdoo. Eu sei que você não fez por mal, mas, por favor, K, me promete que você vai parar de se machucar assim, que vai lutar só no ringue, com regras?

–Eu prometo. Dessa vez, de verdade.

–Então, não quebra essa promessa que nem as duas outras que você me fez. Eu te amo muito, esquentadinha, muito, e me dói muito te ver assim toda machucada e ainda saber que poderia ter sido pior...

–Eu também te amo, Pê, não queria ter feito você sofrer.

–Eu sei, meu amor, eu sei. Eu não vou brigar com você. Eu quero te ajudar, cuidar de você, mas você tem que me deixar fazer isso...

–Eu deixo, só não me abandona...

–Nunca, meu amor. Eu vou estar do seu lado. Sempre. E quando eu digo sempre, não é só uma palavra, é uma jura, do meu amor eterno por você, minha esquentadinha.

–--*---

–É melhor eu ir, eu só precisava ter certeza que você estava bem. –disse Duca dando mais um abraço na namorada.

–Toma a chave do seu carro. Obrigada por se preocupar. –sorriu. Ele a beijou e saiu, deixando a família Duarte a sós.

–Filha, me responde, quem foi que te machucou? Cadê a sua irmã?

–Pai, ela precisa descansar, ela tá no quarto. Eu quero que, por favor, o senhor não me interrompa, quero explicar logo tudo isso.

–Ok.

–A K estava indo pra Khan, pra aquelas lutas ilegais...

–O quê?!

–Pai, por favor... –Gael se calou. –A Jade, sei lá como, descobriu e me contou. Eu fui pra lá, discuti com o Lobão...

–Aquele cara... –resmungou.

–Pai! –gritou Bianca. –Ele mandou um lutador marginal qualquer me bater, mas eu derrubei ele. Eu discuti com o Lobão de novo e aí a tia Sara chegou. Eu vim pra casa e cuidei da K, ela tá machucada e assustada, mas vai ficar bem... Olha, pai, dá o maior castigo da vida da K, mas a bronca eu já dei, ela já entendeu que errou. Agora ela precisa muito do seu carinho.

–Eu sei, Bia. Você foi muito corajosa, mas se colocou em tanto perigo...

–Eu sei, pai, mas eu não pensei nisso. –Gael abraçou a filha.

–Eu vou ver a K. –Gael entrou no quarto da filha e correu para perto dela ao ver o quanto estava machucada.

–Esquentadinha, vou deixar você e o mestre sogrão conversarem. –disse Pedro dando um selinho na namorada e saindo.

–Meu Deus, filha, como você tá machucada... –disse fazendo carinho no rosto dela. –Escuta, K, eu sei que toda essa história mexeu muito com você, mas independente de qualquer coisa, você sempre vai ser a minha filha. Minha garotinha. Nada vai mudar o meu amor por você. –disse abraçando a filha.

–Eu também te amo, pai.

–Acho que a Bi já te deu a bronca que você precisava, mas eu acho que você tem aprender a lidar melhor com os seus sentimentos. Eu quero que você veja um psicólogo. Eu também não quero você andando sozinha por aí até poder voltar a confiar nas suas decisões.

–Tudo bem, pai.

–Então, agora descansa, que você precisa. –disse Gael dando um beijo na testa da filha.

–--*---

Sara entrou em casa e encontrou toda sua família, e Cobra, reunidos na sala.

–Meu Deus, mãe...

–Ruivinha, eu tô bem, só preciso de um pouco de gelo. E não se preocupem, eu não matei o Lobão. –René cuidou dos machucados da esposa.

–Jade, agora que a K tá em segurança, é hora de toda a família ser informada que você é minha filha. –disse René.

–Reunião de família semana que vem, então. –adivinhou Tony.

–Isso mesmo, filho.

–--*---

Os dias se passaram. Karina estava melhorando graças aos cuidados da família e do namorado. Jade estava se adaptando cada vez mais a nova família. Lobão e Eva não haviam dado a ar de suas graças. Não haviam denunciado Lobão porque ele e Eva estavam sendo investigados pela inteligência das forças armadas. Finalmente chegou o dia da reunião de família. Todos estavam, bem nervosos, sentados em volta da mesa da sala de jantar da casa de Sara.

–Tia, o que a Jade e o Cobra estão fazendo aqui? –perguntou Bianca.

–Bom, a Jade é minha filha. E prima de vocês. –revelou René, suspirando.

–Então a Lucrécia mentiu pra você todos esses anos? –questionou Gael.

–Isso mesmo, meu irmão, o Ed me disse toda a verdade.

–Bianca, eu sei que vocês duas vivem se implicando e que a Jade já aprontou muito com você, mas ela é parte da nossa família agora. Eu não vou pedir pra virarem amigas, mas quero que se respeitem e sejam civilizadas uma com a outra. Entendido? –perguntou Sara.

–Já que não tem outro jeito, fazer o quê. –respondeu Bianca ríspida.

–--*---

Mais tarde, Bianca viu Jade num canto e se aproximou.

–Olha, Bianca eu não tô afim de briga... –disse Jade quando a viu se aproximando.

–Eu não vim brigar, eu vim agradecer por você ter me avisado sobre a Karina.

–Era o mínimo que eu poderia fazer... Quando gravei aquele vídeo, eu só queria ganhar o papel, não que a sua irmã soubesse de tudo ou que alguém se machucasse.

–A Eva teria achado outro jeito. Só me responde uma coisa: Por que você queria anto esse papel? –perguntou curiosa.

–Pra agradar a minha mãe. Depois que eu perdi pra você, ela só falava comigo pra me cobrar... Eu queria tanto ficar numa boa com ela, que acabei ficando cega. –explicou.

–Eu realmente não quero ficar brigando com você, agora que somos da mesma família, mas eu espero que você tenha aprendido a sua lição.

–--*---

Um mês depois, Karina já estava quase totalmente recuperada, mas ainda não podia sair muito por causa das costelas, que ainda doíam bastante, então Pedro teve a ideia de assistirem um filme em casais: Sol e Wallace, Duca e Bianca, Pedro e Karina, João e Fabi, Zé e BB. E acabaram convidando Cobra e Jade, já que agora tinha que aprender a conviver. Todos já estavam na sala da casa Duarte, menos BB e Jade.

–Ai, cadê a Ruiva, hein? -questionou Bianca mandando uma mensagem pra prima.

–--*---

–Jade, tem certeza que quer ter essa conversa com a sua mãe? –perguntou BB.

–Tenho, eu vou logo, antes que eu perca a coragem. Me espera aqui. –pediu descendo do carro.

Jade subiu até o apartamento que costumava chamar de seu e tocou a campainha.

–Minha filha, que saudade! –Lucrécia a surpreendeu com um abraço. Ela entrou.

–Jade, me perdoa, por favor. Eu estava cega e não percebi o mal que eu estava te fazendo. –disse em lágrimas.

–Eu quero te perdoar, mãe, mas, por favor, não me machuca de novo... –pediu.

–Você é a coisa mais preciosa que eu tenho, minha filha. –a abraçou.

De repente, ouviram um barulho. Um homem encapuzado entrou no apartamento. Ele tinha um facão. Sem falar nada, ele foi pra cima de Jade, mas Lucrécia se colocou na frente da filha, sendo atingida diretamente no peito, em seu coração.


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Notas finais do capítulo

Para tudo, que eu quero descer, Brasil! Gostaram?? Vejo vocês logo, logo. Beijos!