O Alvorecer De Um Novo Sol escrita por Marimachan


Capítulo 49
Capítulo 45: Arco Niger Flower: O Inferno Encarnado


Notas iniciais do capítulo

Aí está mais um capítulo! Novamente, amei escrevê-lo. Trabalhar com esses três novos personagens é saborosamente delicioso, gente! Sério. :3
Boa leitura! ;)



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Cadeias Montanhosas de Niger Flower

Ainda estava processando a cena que acabara de assistir. O nome da amiga ainda estava entalado na garganta e, por algum motivo além de sua compreensão, não queria sair de jeito nenhum.

Como era possível?

Como era possível que a vida de sua companheira tivesse esvaindo-se dessa forma? Sem aviso prévio? Sem uma única chance dele tentar impedir? Esse tipo de pergunta martelava sua mente em ebulição. Era uma enxurrada violenta de dúvidas, desesperos e aflições.

O estado de choque era tão absurdo que Seion permanecia ali, parado, com seu olhar fixo no corpo da morena caído à sua frente. Era estranha a forma como o garoto estava tão concentrado no corpo inconsciente, mas conseguia enxergar tudo o que acontecia à sua volta. Embora os sons não existissem mais e as cores estivessem levemente embaçadas.

Podia ver o sangue deixando o corpo dela abundantemente, podia enxergar Ayssa e Ken igualmente sem reação ao seu lado, podia observar a mãe de Caleb chorando em uma expressão horrorizada, podia ver o próprio jovem pasmo ao lado de seu pai e podia perceber Issa finalmente correndo em direção à amiga.

Pôde sentir algo quente e pegajoso sob seu calçado e só então deixou de fixar seu olhar na morena para voltar-se para seus próprios pés.

Sangue. Uma enorme e vermelha poça de sangue.

Seu organismo reagira de uma forma bastante curiosa a tal visão, já que suas pupilas se dilataram ainda mais e começara a ouvir vozes. Vozes infantis e alegres, totalmente alheias à situação de desespero atual.

“É claro que vamos juntos, seu bobão!”

Por que aquelas lembranças agora? Por que ainda não se movia? Por que não conseguia reagir?!

“― Oe, Nara! Quando eu crescer vou ser um pirata tão famoso quanto nossos pais! ― a voz do pequenino era animada e eufórica. O vento forte contra o rosto de ambos não atrapalhava a visão que a moreninha possuía do sorriso grandioso de seu “primo”. ― E você vai ser minha espadachim!

― E se eu não quiser? ― e quem disse que apenas por ter seis anos não seria tão implicante quanto como seria alguns anos mais tarde?

― Vai ser sim! ― reclamou olhando feio para a amiga.

― Eu não quero! Então não vou! ― deu língua, cruzando os pequenos bracinhos e virando a cara.

― Vai ser sim, porque o tio Zoro era o do papai! ― continuou retrucando.

― E eu com isso?! ― gritou se irritando.

― Eu vou ser seu capitão! Você tem que me obedecer! ― levantou-se, completamente raivoso com a atitude da “prima”.

― Você não vai mandar em mim, idiota! ― levantou-se também, encarando irada o moreninho.

― Vou sim!

― Não vai!

― Vou!

― Não! Eu não sou obrigada a te obedecer! Eu sou mais velha que você! ― lembrou-o. ― E não vou ter um capitão tão idiota e estranho quanto você. ― finalizou, cruzando os braços novamente e fechando os olhos, em uma pose superior.

Com os seus fechados nem pôde perceber os olhos marejados e o biquinho choroso que o outro fazia. Seion sentou-se, desanimado.

― Oe, Nara... Você não vai mesmo ser pirata comigo? ― questionou após alguns instantes de silêncio, entristecido. Encarava o mar ao longe do penhasco.

O tom de voz fez a garotinha abrir os olhos e encarar a face tristonha do “primo”. Observou por algum tempo e suspirou derrotada. Em um gesto sapeca e carinhoso ao modo dela, bagunçou os cabelos do Monkey e riu divertida.

― É claro que vamos juntos, seu bobão! Afinal, tem que ter alguém pra vigiar e proteger você por aí, não é?”.

Isso mesmo! Ela não podia morrer agora. Ela prometera ir junto com ele. Ela prometera vigiá-lo. Ela prometera protegê-lo! Ela não podia ter ido sem cumprir essas promessas.

Podia?

O tempo parecia estar paralisado, embora a verdade fosse outra. Estava correndo. Correndo tão rápido quanto Riki se movia. E o devaneio do capitão pirata só fora interrompido pela forte corrente de ar que atravessara seu lado.

― Sua vez, pirralho. ― a voz roucamente psicótica sussurrou ao pé de seu ouvido e mesmo ainda em surpresa pelo ato, Seion pôde perceber a morte mais uma vez se aproximar de si.

Desta vez, porém, fora impedido por duas grandes mãos peludas.

― O que pensa que está fazendo, seu palerma?! Ele ainda quer te matar! ― o azulado gritara em sua forma híbrida.

O grito fora suficiente para trazer Seion de volta ao mundo físico e sua primeira reação foi saltar duas vezes para trás, afastando-se do local onde estava.

Como podia ter ficado parado de tal forma? Estava na hora de dar um basta naquilo. Nenhum desgraçado iria atacar sua família assim e sair impune. Nem mesmo aquele homem que conseguia assustá-lo tanto.

― Saia da frente, moleque peludo! Não tenho tempo pra você. ― advertiu o assassino de elite.

― Do que me chamou, seu desgraçado?! ― gritara enfurecido, com uma de suas veias saltando a testa. ― Ninguém me insulta assim e sai vivo! ― ameaçou avançando para cima do inimigo.

Parecia ser fácil irritar o homem-yeti. Porém, o garoto era apenas uma brincadeira perto de Hirano Riki. Não demorara mais que alguns segundos e um único golpe do mesmo para que Caleb caísse também inconsciente e sangrando no chão.

“Ágil demais!”

Era muito óbvio para o Monkey que, em seu nível de poder atual, era simplesmente impossível vencer o adversário.

Hirano Riki era forte, veloz, um exímio espadachim e como cereja do bolo era um psicopata. Um psicopata sádico, psicótico e perigoso em um nível imensurável. Eles precisavam fugir. Fugir o mais rápido que pudessem. Porque estava evidente que se encontravam diante do verdadeiro inferno encarnado.

Fronteira de Foust, Base da Marinha

Hana nunca havia se odiado tanto quanto estava se odiando naquele momento. Como pudera ser tão ingênua?

Ela sabia que não podia confiar em ninguém. Ela sabia que qualquer erro que cometesse poderia custar a salvação de toda a linhagem dos D’s. Ela sabia que devia seguir sozinha até seu objetivo final, até Dragon. Então por que havia cometido um erro tão grande? Como pudera vacilar em sua missão de tal forma? Agora sua vida estava em risco e a salvação de toda sua linhagem também.

A morena tinha suas mãos presas por grossas algemas de ferro e seu tronco amarrado à cadeira de madeira na qual fora colocada. Olhava por todos lados, buscando qualquer tipo de ajuda que pudesse alcançá-la. Mas sabia que era em vão, até porque nem enxergar conseguia. Não havia ninguém que podia ajudá-la. Todos os marinheiros da base pensavam que ela já estava à quilômetros de distância, indo em segurança para o QG da Marinha. O que obviamente era uma informação falsa.

Seus pensamentos vacilavam entre os inúmeros xingamentos que direcionava a si mesma e nas opções que tinha para conseguir escapar. O silêncio era absoluto e a escuridão reinava naquele cubículo que Noguchi intitulara de porão e tudo o que Hana podia fazer era tentar não ficar assustada com tal situação.

Oras, ela era uma princesa e não estava acostumada a ter que encarar tais coisas. Seu instinto de sobrevivência era a única coisa com que podia contar para sobreviver nos últimos meses. Estava dando certo seguí-los. Até que resolvera deixar seu coração tão bobo confiar em quem não devia e parara naquela situação.

Belo instinto!

O barulho alto de ferro sendo movido cortara o silêncio, assustando a garota, que em reflexo sacolejou na cadeira. Depois do estrondoso barulho, vozes foram ouvidas. Pela audição apurada da antiga princesa de Sakura eram duas: uma aparentemente entediada voz feminina e outra um tanto quanto presunçosa voz masculina.

― Ande logo com isso, idiota! ― exigiu a mulher.

― Você não prefere mesmo que continuemos no escuro? Pode ser tão mais interessante. ― Hana podia não estar enxergando os dois, mas tinha certeza que um sorriso malicioso pousava nos lábios do homem. Um tom perigosamente malicioso. Definitivamente arrepiara a pele dela, não de excitação, mas de receio.

― Quem está aí? ― chamou angustiada por não poder enxergar nada.

A resposta, no entanto, fora o som de um disjuntor sendo ligado e uma luz forte ofuscando totalmente suas vistas acostumadas ao escuro. Demorou alguns minutos para que ela conseguisse abrir os olhos e mais outros para que tudo deixasse de ficar embaçado. Só então pôde observar o casal à sua frente.

Mabely tinha as mãos em sua cintura desenhada, o vestido vinho caindo perfeitamente sobre suas curvas, acompanhando seus longos cabelos negros. Uma das pernas esticada sob o corte transversal do tecido a partir de sua coxa e os olhos verdes brilhando perigosamente, em uma pose elegante e soberana. Ela nunca saberia decifrar o que eles lhe diziam, apenas pareciam sombrios e profundos, embora um sorriso enigmático pairasse na bonita face da mulher.

Hiasuki, por sua vez, tinha a aparência desleixada, embora exalando charme e malícia. Seus braços jogados despreocupadamente ao lado de seu corpo, as roupas despojadas e os cabelos desgrenhados combinavam muito bem com o sorriso que o homem direcionava a jovem morena. Sentiu mais um arrepio desconfortável subir sua espinha ao perceber que ele mirava seu corpo de cima à baixo. Mais uma vez ela não conseguia interpretar a intenção do sujeito.

Ambos eram verdadeiras incógnitas para a garota.

Sua observação detalhada da expressão corporal dos desconhecidos, contudo, fora interrompida pela voz tonalizada estranhamente num misto de malícia, deboche e ambiguidade de Sakai Hiasuki.

― Olá, princesa.


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Notas finais do capítulo

Até mais. ^^



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