Cerca de 23 anos antes...

― Não deixem que escapem! ― O vice-almirante gritava enquanto centenas de marinheiros corriam em direção ao porto.

A perseguição ao bando pirata havia começado há cerca de vinte minutos e até aquele momento ainda não haviam conseguido avanço nenhum. Os Mugiwaras fugiam com destreza e dificultavam de todas as formas possíveis o trabalho da marinha.

Assim que chegaram ao porto, os piratas subiram no Sunny o mais depressa possível. Sanji, Zoro e Brook já se encontravam no navio preparando a partida quando Robin, Chopper, Usopp e Nami subiram. Luffy se encontrava um pouco mais atrás de todos, garantindo que nenhum deles fossem pegos, afinal, seu trabalho era proteger seus nakamas.

Os cidadãos olhavam afoitos para os marinheiros afobados tentando cercar o borrachudo e não tendo sucesso algum nisso. O que mais os irritava era o fato do garoto estar morrendo de rir enquanto fugia. Parecia estar se divertindo bastante com a situação e se sentirem impotentes diante do pirata mais próximo do topo era humilhante.

Aquela era uma das últimas ilhas do Novo Mundo. Dentro de poucos dias, aquele garoto poderia vir a se tornar o Rei dos Piratas e isso estava fora de questão. Precisavam urgentemente capturar aquele homem.

Depois de tentarem cercá-lo de todo jeito por terra, Luffy finalmente chegou ao Sunny e subiu no mesmo somente para assistir a cara de espanto de cada Mugiwara. À sua volta havia cerca de cinco navios de guerra. Estavam completamente cercados.

― Luffy! O que vamos fazer?! ― Chopper gritara desesperado, enquanto Nami corria pelo deque junto a Franky, procurando a melhor direção para fugirem e Sanji e Zoro se preparavam na proa para a defesa, se preciso fosse.

― Fugir, oras! ― Respondeu o capitão se aproximando do espadachim.

― Nami! Podemos usar o Coup de Burst? ― Usopp fora o questionador da vez.

― Poder até que podemos, Usopp... Mas será perigoso. A brecha que encontrei é muito pequena. Qualquer erro na direção do leme e estaremos mortos. ― Ela esclareceu fazendo com que os pelos de Usopp e Chopper se arrepiassem de medo.

― Yohohohoho! Eles estão se aproximando por terra também! ― Brook informou em alerta.

― Estamos cercados para todo o lado. Parece que esse é nosso túmulo. ― Robin observou.

― Para de falar essas coisas! ― Chopper implorou choramingando.

― Luffy! ― Nami chamou, pedindo a ordem.

― Você acha que conseguimos passar pela brecha? ― Ele a encarou sério.

― Vou dar o meu melhor. ― A ruiva afirmou convicta.

― Franky! Vamos voar! ― Gritou para o ciborgue de forma animada, enquanto abria seu melhor sorriso para a navegadora, que retribuiu da mesma forma.

― Super deixa comigo! ― Obedeceu o carpinteiro, já correndo para o interior do Sunny.

Nami correu até o leme e, concentrada, travou a direção que ela achava a correta. Alguns instantes se passaram até que quando assistiram à primeira bala de canhão ser lançada contra eles, um impulso forte os fez saírem do mar e puderam sentir o vento batendo contra seus rostos.

― Uou! Isso é divertido! ― Uma voz masculina desconhecida gritara em meio ao voo.

Automaticamente todos se viraram em direção a ela e a surpresa de todos os outros Mugiwaras não poderiam sequer ser comparadas com a do próprio Chapéu de Palha.

― Você é... ― Nami começou a frase, mas o estado de choque fora maior que sua determinação em terminá-la.

― O que diabos está fazendo aqui?! ― Sanji gritou, pasmo.

― Vim buscar algo que me prometeram devolver há catorze anos atrás! ― O Ruivo sorriu, encarando Luffy.

Não há palavras que descreviam a expressão do garoto naquele momento.

― S-s-Shanks?!!!!!

―X―X―X―X―X―X

― Chefe! Chefe!

― Pare de gritar, seu palerma!

― Desculpa... Chefe. ― Pediu enquanto arfava. O homem mal-encarado para o qual se dirigia ignorou o pedido de desculpas e continuou caminhando pelas ruas da cidade.

― Diga de uma vez. ― Pediu irritado.

― A garota foi vista nessa ilha. ― O subordinado informou fazendo com que o mais velho parasse de andar bruscamente e encarasse o rapaz.

― Continue! ― Consentiu, o que fez o mais novo erguer a cabeça, animado.

― Eu estava em uma lanchonete por aqui e resolvi mostrar a foto da garota e o balconista disse que ela passou por ali há uns dois dias! ― A expressão mais amena do líder possibilitou que o homem continuasse empolgado. ― Ele também disse que ela subiu em um navio de passageiros no porto naquele dia à tarde.

― Hum... Só temos que ir ao porto e descobrir em que navio ela foi... ― O chefe concluiu pensativo enquanto dava meia-volta e seguia em direção ao porto.

― Eu já fiz isso, senhor! ― O rapaz informou com orgulho e entregou uma pequena pasta ao homem. ― Ela está indo para a Niger Flower.

― Oh, até que você faz coisas úteis de vez em quando, Stroward. ― Elogiou pegando a pasta em mãos. ― Agora suma da minha frente e vá procurar os outros. Vamos voltar para o navio! Preciso informar isso ao Sato-san o mais rápido possível!

― Hai! ― Obedeceu animado enquanto já se retirava.

―X―X―X―X―X―

― Hum... Então é para lá que ela está indo? ― A voz grave do outro lado do Den den mushi assoou.

― Sim, senhor. Depois de vagarmos por tantas ilhas à procura dela, finalmente sabemos onde encontrá-la. Quais são as ordens, Sato-san?

― Não informe isso a ninguém. Volte para a base.

― Mas, senhor... Vamos deixá-la fugir? ― Indagou surpreso.

― Eu não disse isso, Hashimoto! ― Retrucou irritado. ― Eu mesmo irei até a garota. Não quero mais ninguém envolvido nisso.

― Sim, senhor. Entendi. Desculpe pela ousadia. ― Pediu receoso.

― Esqueça. Ande logo e volte para cá. Você tem que ficar de olho nas coisas por aqui enquanto estarei fora.

― Sim, senhor. Estou partin... ― Sua frase fora interrompida pelo clique do Den den mushi se desligando.

Hashimoto suspirou pesado e então partiu para o deque para dar as ordens aos seus subordinados.

Aquela vida era mais difícil do que os outros companheiros de exército pensavam.

―X―X―X―X―

― Estou partindo. Quer ela morta ou viva? ― Encarou o homem calado no canto do cômodo.

― Elimine-a. Ela está no meu caminho e não quero ninguém atrapalhando meus planos. ― Ordenou seriamente.

― Sim, senhor. ― Foi tudo que Sato disse antes de sair do local, deixando o outro homem sozinho.

Ah... O tempo passava e cada vez mais próximo estava o dia em que ele chegaria ao seu objetivo final: a destruição dos D.’s e a tomada do Governo.

― Tudo o que você e seus amigos lutaram para construir, Mugiwara no Luffy, está prestes a desmoronar.

E o som do dardo batendo contra o cartaz de procurado, amarelado pelo tempo, cortara o silêncio absoluto do ambiente. A luz negra, que era a única iluminação do cômodo, só contribuiu para que aquele sorriso se tornasse o mais macabro possível.

― Vocês irão pagar pelos pecados que cometeram!