PRÓLOGO

Draco voltava do Ministério da Magia sozinho. Ao aparatar na enorme residência dos Malfoy, abriu as grandes portas duplas e, sem ligar para a bagunça da grande sala de estar, subiu rapidamente as escadas e escancarou a porta de seu quarto, que ficava no fim do corredor.

Ele desabou em uma das poltronas verde e prata do aposento.

- Eu preciso de um plano. – sussurrou.

Pondo as mãos na cabeça e começando a massagear as têmporas, pôs-se a pensar em tudo que acontecera nas últimas semanas. Potter, Weasley e Granger tinham conversado com ele, graças à Merlin todos o perdoaram, assim como sua família. Depois de um julgamento na semana anterior, sua família foi perdoada e foi dado um veredicto final, a sentença de seus pais havia sido vender a maior parte do patrimônio dos Malfoy para, com o dinheiro, custear o tratamento dos feridos na Grande Guerra. Era um dinheiro e tanto.

Mas para Draco, o perdão não valia muito. Era importante, claro, ele não seria preso nem nada, mas toda a vez que saísse de casa, toda a vez que aparecesse em público, as pessoas o julgariam e o condenariam pelo seu passado. Após a visita ao Ministério, para ser removida a Marca Negra de seu braço, Draco percebeu que não queria sentir o peso de suas más escolhas para sempre.

Ele precisava de um plano.

- Com licença senhor. – chamou um elfo, aparecendo na porta que o loiro deixara entreaberta.

- Fale Niklas. – Malfoy nunca ligou muito para seus servos, mas ultimamente, os elfos eram os poucos que não o julgavam. As últimas semanas fizeram o moço criar uma relação com os criados da casa.

- A senhora Narcisa e o senhor Lúcio acabaram de chegar do Ministério. Eles pediram para avisar ao senhor de que estarão a sua espera na sala de jantar dentro de dez minutos.

- Diga a eles para não esperarem, por favor. – um sorriso quase imperceptível apareceu na face do rapaz. Era novo para ele ser educado com os elfos - Preciso de um tempo para pensar, talvez não descerei mais hoje.

- Sim, senhor Draco.

O elfo ia saindo quando o loiro pigarreou e o chamou de volta.

- Niklas, eu preciso de ajuda.

- Ajuda, senhor? – perguntou o elfo, com os olhos arregalados. Para ele, Draco estava mudando bastante desde a guerra. Era preciso um pouco mais de tempo para se acostumar.

- Sim. Niklas, você sabe tão bem como eu o que está acontecendo. Eu preciso de um plano.

- Plano?

- Para... recomeçar. Você me ajuda?

- Claro, senhor! Que tal o senhor decidir qual profissão o senhor quer seguir? Já não está na hora? Começar uma nova vida, profissionalmente? Pode fazer coisas boas em seu trabalho! – sorriu o elfo, feliz por ter uma boa ideia para ajudar seu senhor.

- O Ministério decretou que todos os alunos terão de refazer seu ano escolar. Eu não sei se você se recorda, mas no ano letivo que se passou os alunos não tiveram uma boa grade curricular. Eu só digo uma coisa, não posso voltar à Hogwarts.

- Mas senhor, antes de ontem a senhorita Granger e os senhores Potter e Weasley vieram falar com o senhor. Achei que estivessem amigos. – o elfo tombou a cabeça para o lado, em sinal de dúvida.

- Acontece que não viramos bem “amigos”, eles me perdoaram e tudo, porém eu não diria que temos um vínculo de amizade. Eles podem até não guardar rancor de mim, mas outras pessoas guardam. E eu não conseguiria passar um ano fingindo orgulho. Preciso recomeçar em um outro lugar.

Os olhos de Niklas brilharam e ele aparatou.

- Mas...

Malfoy estava perdido. Por que o elfo sumira? Eram tantas dúvidas em sua cabeça e quando ele se deu conta, o elfo aparatou em cima da cama com um papel na mão.

- Senhor Malfoy, não fique chateado, mas eu peguei este jornal das coisas de seus pais.

- Calma Niklas. Manterei silêncio sobre isso. Agora, dê-me o papel. O que há de tão importante?

O elfo esticou o braço e o rapaz segurou o jornal firmemente. Era uma edição do Profeta Diário. A página principal trazia as manchetes do dia.

Novo ministro da magia, Kingsley Shaklebolt assume... ver página 2

Alunos de Hogwarts deverão refazer seu ano escolar... ver página 4

Hogwarts está sendo reconstruída, diretora McGonagall diz que até 1º de setembro, as reformas estarão finalizadas ... ver página 4

Intimados a julgamento: acompanhe os processos! ... ver página 5

- Vá para a página 4, a reportagem que quero que o senhor veja está no canto inferior esquerdo! – comentou Niklas ao ver a confusão de seu senhor.

A reportagem que o elfo indicou dizia:

De volta à Grã Bretanha!

Durante o clima de guerra, muitos mestiços e nascidos trouxas recorreram aos Ministérios da Magia do exterior, para obter asilo e terminar sua educação. O Profeta encontrou a nascida trouxa Jeane Simpson,15, que junto com sua família pediu asilo à França, “Com o clima de guerra, meus pais decidiram pedir asilo ao governo mágico da França, pois eu estava cursando meu quarto ano em Hogwarts e eles acharam importante eu terminar meus estudos sobre magia, afinal, o mundo dos bruxos faz parte de mim e de meus irmãos (Ryan e Paul, que cursavam o terceiro e o primeiro ano, respectivamente). A Academia de Magia de Beauxbatons mostrou total apoio e pude fazer o ano letivo lá, assim como meus irmãos, mas agora, depois de tudo voltar ao normal, voltamos para a Inglaterra e estamos prontos para voltar para a nova Hogwarts!”, conta ela.

O Profeta pesquisou e descobrimos outros casos como o de Jeane Simpson. Beauxbatons – França não foi a única a prestar apoio, Durmstrang – Bulgária, Felx – Alemanha, Avalon – EUA e Instituto Marcovitch – Rússia, foram algumas outras escolas de magia que ofereceram asilo aos mestiços e nascidos trouxas que quiseram dar continuidade à sua vida acadêmica na comunidade bruxa sem sofrer opressão. O Ministro da Magia deu entrevista agradecendo aos diretores dessas instituições e junto com todos os ingleses, está recebendo de braços abertos os alunos que retornaram à terra natal e que voltarão à Hogwarts no dia 1º de setembro.

Matéria de Kelsey Hawthorne

- Mas o que você quer dizer com isso? – então a mente de Draco se iluminou. – Eu posso juntar minhas economias e me mudar. O que acha de Avalon, Niklas? Me parece uma boa escola e bem, sempre dizem sobre o tal sonho americano. Posso recomeçar em um lugar distante, na América!

O semblante de Draco se iluminou depois de muito tempo. Com o ânimo renovado ele desceu as escadas pronto para falar com seus pais. O governo americano com certeza entenderia sua situação, ele precisava apenas convencer os pais.

Ele iria para a América! Lá ninguém sabia quem era, era perfeito! Um recomeço! Quem sabe, poderia fazer faculdade lá também!