Passou o Natal e o ano novo e tudo continuou normalmente. Mas Dumbledore nunca chegou a desconfiar de que nós, meros primeiros anos, roubamos a pedra. E provavelmente quando ele foi perguntar para Flamel, ele deve ter ficado chocado em saber que a própria morte estava atrás dele. E ele então deve ter dado de ombros e descartado isso como se fosse uma brincadeira que Flamel fez com ele.

Isso era bom, mas eu usaria essa fama de “Lady Reaper” um pouco mais pra frente. Seria divertido surgir um boato quando Voldemort voltasse, de que uma tal de Lady Reaper estava eliminando os comensais da morte. Embora eu não soubesse quem era ela, tenho certeza de que se realmente ela existisse, ela não iria se importar de eu usar o nome dela para causar o caos, certo? Quer dizer, eu estaria dando mais fama de assustadora para ela. E Voldemort ficaria assustadinho com medo de que a morte fosse atrás dele. Mas isso ficava para depois, bem depois, até porque ele ainda não voltou. E se demorasse a voltar, até mais que apenas dois anos, seria ótimo.

Faltavam poucos meses para acabar o primeiro ano e então sairíamos de férias. Mas antes eu teria que fazer algo, algo muito importante.

Saí do salão comunal e fui em direção às escadarias para ir até o segundo andar, mais precisamente, no banheiro feminino que era assombrado pela Murta Que Geme. Localizei o pequeno desenho de uma cobra na pia e sorri.

─ Abra ─ sussurrei na língua das cobras e então a passagem para a câmara secreta criada pelo meu irmão, se abriu. O basilisco que meu sobrinho mais velho, Salazar Slytherin II, havia colocado lá, há muito tempo atrás ainda estava lá, e o primeiro passo para impedir o sucesso de Riddle sem muitas perdas começaria naquele momento.

Eu não ia matar o basilisco, é claro. Ele seria útil, então eu o obrigaria a me servir. Ele não seria tolo para negar servidão a uma verdadeira Slytherin.

─ Escadas ─ eu pedi em Parseltongue, e um conjunto de escadas apareceram. Desci e me deparei em um lugar cheio de ossos, provavelmente dos pequenos lanches que o basilisco fez.

Quando cheguei finalmente no centro da câmara, vi a maior abominação que poderia ser cometida ao santuário Slytherin: uma estatua de meu sobrinho. Sempre duvidei que a estátua descrita no livro fosse de Salazar, afinal ele não era tão feio... Meu sobrinho, pelo contrário, ao aprofundar-se nas artes das trevas sem ter a capacidade de usá-las corretamente ficou uma coisa indigna de ser considerado da família Slytherin.

─ Francamente... Depois que tudo acabar, com certeza irei reconstruir esse lugar ─ eu murmurei irritada.

─ Tem razão, está horrível! ─ disse alguém a meu lado e eu me virei rapidamente, assustada, dando de cara com Sean.

─ Sean! ─ exclamei aliviada. ─ O que faz aqui?

─ Eu sempre quis voltar aqui um dia e quando tomei coragem, encontro você aqui ─ responde ele divertido.

─ Vim conhecer o basilisco... ─ contei sorrindo ─ Mas já que está aqui, bem que poderia me ajudar a fazer algo.

─ O que? ─ ele perguntou curioso.

─ Você vai ver! ─ falei e aproximei-me da estátua horrível. ─ Fale comigo, Slytherin, o maior dos Quatro de Hogwarts.

─ Quatro? ─ Sean franziu o cenho. ─ Ele ousou colocar uma maldita estátua na minha câmara, roubar meu ovo de basilisco, sujar nosso nome de família e ainda faz um ultraje dessas? Excluiu você da história?

Não tive tempo de expressar minha indignação a isso também, pois a boca da estátua se abriu e um enorme basilisco se arrastou até nós. Não fechamos os olhos, afinal ofidioglotas poderiam encarar mil basiliscos sem sofrer dano algum.

─ Quem ousa me despertar? ─ sibilou o basilisco. ─ Eu, Medusa, a destruidora de todo o lixo do lar de meu mestre Slytherin...

─ Você é fêmea? ─ perguntei chocada.

─ Uma ofidioglota! Você é uma herdeira? ─ perguntou a cobra, animada. Era uma visão estranha, mas até que o basilisco era bem fofo, quer dizer, fofa.

─ Herdeira? É isso que você nos considera? Somos muito mais do que apenas herdeiros de Slytherin! ─ disse Sean com desprezo.

─ Eu sou Lindsay Slytherin e este é meu irmão, Salazar Slytherin, o pai do seu mestre inútil e o único que lhe criou antes que a escória que você chama de mestre roubou-lhe. ─ contei e a cobra ficou irritada.

─ Ele me enganou? Como pode? Eu sinto o poder de vocês, não é nada comparado ao dele, nem do herdeiro inútil que ele enviou anos atrás. Diga-me o que desejam, eu os servirei, mestres! ─ discursou a cobra, nos olhando expectante. Pronto, ela já estava na minha!

─ O herdeiro que você disse voltará em breve, você deverá fingir que é leal a ele e jamais deve contar sobre nós, entende? ─ pedi.

─ Sim mestra, eu farei o que a senhora quiser!

─ E o mais importante, ele irá mandar que você mate os nascidos-trouxas de Hogwarts, mas você não deverá matá-los sob hipótese alguma, apenas petrificá-los. Eu sei que você pode colocar uma película em seus olhos, então faça isso. Apenas os petrifique quando ele mandar.

─ Entendido, mestra. Não os matarei, apenas os transformarei em pedra.

─ Muito bem ─ conclui satisfeita e Sean sorriu.

─ Pode descansar agora, se quiser. Vamos olhar ao redor da câmara e logo iremos embora. E quando o herdeiro vier, lembre-se do que dissemos. ─ disse Sean.

─ Eu lembrarei mestre! ─ concordou a cobra e então ela se arrastou para algum lugar da câmara, enquanto eu e Sean subimos por uma escada escondida na diagonal da estátua e fomos até a biblioteca escondida de Salazar/Sean. A estátua nem sempre foi do filho de meu irmão, antes era uma estátua de mim e de Sal, lado a lado. Mas ainda restauraríamos a câmara a sua antiga glória, ela iria servir mais tarde para nós.

Depois que eu e Sean olhamos os livros da biblioteca que ainda estava intacta, percebemos que nem Salazar II e nem Voldemort conseguiram entrar lá, nem na sala de poções e na sala de duelos. Isso era bom, muito bom.

Quando Sean foi embora, voltei para meu dormitório pelas sombras e então fui avisar a Harry que havia dado tudo certo. Se tivesse uma chance de que Voldy mandasse o basilisco matar alguém, não daria mais certo.

Os meses restantes passaram rapidamente e quando vi, já estávamos no trem, voltando para casa. Combinei com todo mundo que mais ou menos na metade das férias, iríamos todos para a casa de Ron. Para o começo das férias eu tinha outro plano. Eu voltaria ao acampamento para rever todos que eu amava. O único inconveniente disso tudo era que ninguém se lembraria de mim. Mas se gostaram de mim antes, eu faria com que gostassem de mim novamente.