Rainha dos Corações escrita por Angie


Capítulo 17
Especial | Um Natal na Dinamarca


Notas iniciais do capítulo

HoHoHo Feliz Natal!!!!
Temos aqui uma amostra de como é celebrado o Natal na Dinamarca. Procurei que nem uma louca as tradições na internet, foi muito desesperador. Me entendam, eu nunca fui à Dinamarca e não conheço ninguém de lá. Então, se alguém sabe como é de verdade, pode me corrigir.
Eu sei que hoje não é dia 25, mas como o Natal é comemorado no dia 24 aqui no Brasil e na Dinamarca, estou postando hoje. Isso significa que a atualização está sendo antecipada.
Esse "conto" se passa 8/9 anos antes do momento atual da história. A Saphira não tinha nascido ainda haha
Guia de Links para esse capítulo:
http://www.polyvore.com/cgi/collection?id=4124482&.locale=pt-br - Looks para 24/12
https://www.youtube.com/watch?v=Fuai5WPhnds - Músicas cantadas pelo coro
https://www.youtube.com/watch?v=E_BEIuEU1EE - Música da festa



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Nada melhor que passar o Natal em família, com todos os sorrisos saudosos de quem mora longe. Afinal, em que outro momento do ano esses encontros poderiam acontecer? Não é natural fazer uma grande ceia na Páscoa, na noite de São João ou na noite de São Marinho, mas o dia 25 de Dezembro tem uma áurea mágica. E essa magia é muito mais forte nas crianças.

Em Amalienborg havia cinco; Alexander, Ingrid, Isabella, Henrik e Philip, todos esperando ansiosamente por sua vez. Era 23 de Dezembro, dia em que muitas das famílias dinamarquesas, incluindo a Real, montavam seus pinheirinhos.

Primeiro vinham as velas, que seriam ligadas no dia seguinte e, depois, os enfeites individuais de cada um que, no caso, eram miniaturas. Era um momento pelo qual Alexander esperava durante o ano inteiro. Via seu bonequinho todos os dias na escrivaninha e ansiava pelo dia que ele poderia ser usado.

E a ocasião finalmente chegara, trazendo com ela pequenos flocos de neve que cobriam o jardim. Por muitos anos a neve não era vista no Natal naquela região, o que tornava aquele ano muito mais mágico.

—Alexander, você pode começar? – questionou a avó, Amalia, que se sentava em uma grande poltrona do outro lado do cômodo.

Alegremente, o menino de dez anos levantou-se do carpete. Ele vestia um suéter vermelho, com alguns detalhes verdes e renas brancas no meio. Esse era o uniforme da família na decoração da árvore, tradição passada do bisavô, Eric X, para as outras gerações.

Alexander tinha em mão seu bonequinho, uma réplica quase idêntica a ele em porcelana. Devagar, ela posicionou-a em um galho da árvore que estava em sua altura em relação ao chão. A miniatura vestida de azul destacava-se na árvore ainda parcialmente vazia. Logo ele seria acompanhado por outras, mas era um prazer para seu dono vê-lo sozinho.

Em seguida vieram as gêmeas que, de tão inseparáveis, tinham miniaturas coladas. Como o irmão, elas colocaram seu enfeite na árvore na altura que alcançavam. Depois veio Henrik, que mal entendia as tradições de Natal com seus seis anos. Sem demora, Philip, o sueco, que nem tinha completado dois anos, ergueu-se com suas pernas gorduchas e imitou os primos.

Para os adultos, o momento não era tão mágico assim. Eles apenas queriam ver a alegria no rosto das crianças ao decroar a árvore e não colocar algo nela. Porém, cada um trazia seu respectivo enfeite. A mais velha, Amalia, foi a última a se aproximar da árvore. Como em todos os anos, sua contribuição foi uma esfera, bordada por sua mãe nos tempos em que a Romênia, seu país de origem, ainda era independente.

—Ficou linda, como sempre! – disse a idosa, sorrindo, após fixar seu enfeite, virando-se para a família. – Fizemos um ótimo trabalho.

********

Os sinos da igreja de Frederik bateram às 16 horas do dia 24 de dezembro. A Família Real Dinamarquesa saia do palácio, cercada de câmeras e fotógrafos. Nem o dia de Natal era tranquilo para eles.

—Alteza, Alteza, como está sendo passar essa data na Dinamarca? - Perguntou um repórter para Thyra, que se tornara Rainha da Suécia por meio de um casamento 4 anos antes. - O Príncipe Herdeiro já sabe falar dinamarquês?

Ela, que estava com o filho no colo, apenas ignorou. Afinal, aquela era uma data comemorativa que deveria ser comemorada com a família em paz. E, além de tudo, a irmã mais nova do rei nunca fora muito de responder os paparazzi, como gostava de chamar, preferia a privacidade.

No outro extremo do grupo, Juliane, de mãos dadas com suas filhas, caminhava com pompa. Mandara fazer um casaco azul especialmente para a ocasião, exigindo que o corte realçasse sua barriga de grávida de quatro meses. Para ela, era um privilégio poder dar mais um filho ao seu marido, visto que muitas mulheres nobres apenas conseguiam carregar dois filhos com saúde. Juliane já estava no quinto e, com sorte, seria um menino.

As duas princesas ao seu lado estavam agitadas, dando pulinhos ao invés de passos. Vestiam casacos vermelhos iguais, tinham o cabelo preso da mesma forma e usavam os mesmos sapatos. Se fossem gêmeas idênticas, ninguém conseguiria diferenciar uma da outra. Porém, os olhos já denunciavam, sendo os de Isabella azuis e os de Ingrid cor de mel.

Para as duas garotinhas de oito anos, a caminhada de dois minutos do palácio até a igreja parecia infinita. Era muita informação para cérebros que quase não viam pessoas no seu dia-a-dia. A pequena rua lotada até o destino já as encantava.

Para Alexander aquela caminhada não era tão interessante. Só estava ali para cumprir seu dever como príncipe. Para ele, o Natal era para ficar em casa e não para enfrentar o caótico lado de fora. Além do mais, os assuntos religiosos não o agradavam.

Ao passo que eles se aproximavam da igreja, o som dos sinos diminuía. Viam-se muitas pessoas entrando na igreja para também presenciarem a missa. Já era praticamente uma tradição ouvir o Evangelho de Lucas, capítulo 2, mesmo não tendo um ritual específico para a data.

Assim que os pés dos soberanos tocaram o chão de mármore do templo, as músicas de Natal começaram. O coro que se apresentava já tinha presença marcada na missa do dia 24 de dezembro. Era um grupo de crianças órfãs da casa de passagem e de seus tutores, que era financiado pela Rainha-mãe Amalia e tomava seu nome. Como de costume elas cantaram Dejlig er jorden e Her kommer, Jesus, dine små, abrilhantando a já magnífica entrada dos Schiønning.

A igreja fora construída em estilo romano, assemelhando-se muito aos antigos locais de culto aos deuses. É um dos templos mais antigos da Dinamarca, tendo sido construído há mais de quatrocentos anos. Tinha também a glória de ser a maior igreja com cúpula de toda a Escandinávia, com o raio de 31 metros. Não havia lugar mais ilustre para a celebração do Natal dos nobres Reis.

A família tinha lugar reservado na primeira fileira onde tinha o privilégio de ouvir com clareza os ensinamentos passados pelo clérigo. Foi nesse lugar que eles apareceram pela última vez em público naquele ano. Após isso, teriam sua privacidade.

*********

Sentados à mesa, a família fazia a tradicional ceia de Natal, que consistia em carne de pato assado, batatas cozidas, couve roxa e molho. Todos comiam com prazer e os criados se esforçavam para manter a mesa cheia. A cada minuto, traziam novas travessas de comida, pois seus patrões não poderiam ficar esperando.

A Sala de Jantar do Palácio também estava em clima natalino, com velas acesas em todos os cantos e flores típicas para todos os lados. A mesa fora meticulosamente decorada com guardanapos vermelhos e verdes, talheres forjados apenas para aquela data e um lindo arranjo no centro. Além, é claro, da toalha de cetim branca nunca usada. Até as cadeiras estavam ornamentadas, trazendo um laço vermelho elegante e um visco, para tornar o ambiente ainda mais completo.

— Não gosto disso, mamãe! – reclamou Isabella, quando uma servente posicionou o prato de pudim de arroz, a sobremesa mais tradicional, em sua frente. – Não vou comer!

— É uma falta de educação não comer, Bella. – articulou Cecília, a esposa de Frederick, com a voz carregada de sotaque. – Imagine todas as crianças que passam fome, imagine quanto elas desejam uma ceia tão completa quanto a que você está tendo hoje.

A princesa encarou a mulher de olhos e cabelos negros e depois abaixou os olhos para o doce em sua frente. Todos na mesa a observavam, inclusive o priminho, que não entendia nada. Ela tinha a obrigação de comer tudo aquilo. Porém, simplesmente não conseguia. A aparência era tão repugnante aos seus olhos, parecia uma pasta cheia de bolotas, que ela mal conseguia olhar.

Os familiares continuaram a olha-la, esperando alguma reação. As lágrimas começaram a se formar em seus olhos. Ela simplesmente vomitaria se comesse aquilo.

— Bellita, você sabe quem come risengrød? – perguntou Alexander, percebendo que a irmã mais nova logo começaria a chorar. – Já lhe contei esse segredo?

A menina negou com a cabeça para as duas perguntas. O irmão, então, aproximou sua boca ao ouvido da menina, lentamente. Tirou os cabelos castanho-claros da frente com a maior delicadeza.

— Lá no sótão há duendes bem pequenos. Eles passam o ano inteiro lá dentro, esperando o dia de Natal. Quando o dia finalmente chega, eles descem as escadarias e vão para a cozinha. – Ele sussurrou, para que ninguém mais ouvisse. –Eles esperam horas e horas pelas sobras de risengrød. Mas tem um problema: coo eles irão entregar os presentes se estão de barriga cheia? Por isso, acho que você precisa comer. Ah, e não conta essa história para ninguém...

Quando Alexander e afastou, Isabella pôs-se a comer. Não parecia satisfeita com aquilo, mas comia depressa. Os demais familiares fitavam a cena, incrédulos, e o irmão mais velho apenas ria da situação.

— Agora que todos estão bem servidos... – Anunciou Christian, olhando para a filha birrenta, quando todos já tinham terminado a refeição. – Eu posso contar a história verdadeira do Natal.

********

“Nu' det jul igen,

og nu' det jul igen,

og julen varer li' til påske.

Nej det' ikke sandt,

nej det' ikke sandt,

for ind imellem kommer fasten.”

De mãos dadas, os Schiønning davam voltas na árvore de Natal, cantando uma típica música para o momento. A dança era simples, mas muito alegre. Todos sorriam ao girarem, ainda mais as crianças, que viam naquilo a maior diversão em toda a comemoração, acima até dos presentes.

Apenas dois membros não participavam da animada tradição: Juliane e Philip. A primeira por não estar se sentindo muito bem, por conta da gravidez frágil e o segundo por ser muito novo. Porém batiam palmas acompanhando o ritmo da música. Ninguém ficava realmente de fora. Até a velha Rainha-mãe de 62 anos entrara na brincadeira

“Nu' det jul igen,

og nu' det jul igen,

og julen varer li' til påske.

Nej det' ikke sandt,

nej det' ikke sandt,

for ind imellem kommer fasten.”

Os risos enchiam mais a sala que a música. Henrik caíra, pois os passos dos parentes eram muito rápidos para suas pernas curtas de criança. Ver alguém cair no meio da dança era quase uma tradição também, a mais engraçada que fosse.

“Nu' det jul igen,

og nu' det jul igen,

og julen varer li' til påske.

Nej det' ikke sandt,

nej det' ikke sandt,

for ind imellem kommer fasten.”

Na terceira vez, todos já estavam cansados. O giro já não era tão rápido. Era hora de terminar a brincadeira.

— Agora é a hora dos presentes! – comunicou Amalia, saindo do círculo.

E chegou a hora da alegria de todas as crianças.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?
As tradições natalinas dinamarquesas são bem diferentes, não é? haha, eu adorei!
Tive a ajuda da minha mãe, que digitou enquanto eu ditava, quando minhas mãos estavam cansadas. Sem ela, acho que não teria conseguido postar a tempo! AEEEE MAMAIN
Acho que é isso!
Feliz Natal!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
xoxo