O Preço do Poder escrita por Leh


Capítulo 4
Repulsão


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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O salão principal estava cheio, e a conversa de todos ali era muito alta e não tinha um foco determinado até então, todos se enfartavam com o grande banquete preparado só para a chegada dos lordes e conversavam táticas de guerra, como o esperado para aquele momento. Os soldados armaram um acampamento próximo às casas que rodeavam o grande castelo de pedra, para o caso de algum ataque inesperado como já havia acontecido. Embora os muros que envolviam as terras do clã DunBroch fossem tão altas e de pedra maciça não iriam subestimar o inimigo.

Merida estava pensativa enquanto brincava com a carne de ovelha em seu prato, parecia que toda a fome que sempre sentia tinha apenas a abandonado, ela comentara sobre os dragões e seus cavaleiros a todos, a principio todos pareceram preocupados, mas o interesse maior ali, naquele jantar, era em seu pai. Liberdade parecia uma palavra cada vez mais extinta de seu dicionário. Mas ela não pensaria naquilo no momento, em vista dos olhares irritantes que recebia dos filhos dos lordes na mesa, Merida lançou o olhar para eles, estava demonstrando toda a irritação que pudesse transmitir. Eles pareciam estar contentes pelo fato de tê-la “salvado”. Porem não era assim que se sentia e não fazia questão de fingir tal.

Merida era curiosa e tão valente quanto qualquer homem naquela sala, talvez mais, e ainda assim eles fingiam que não tinha provado de sua valentia na ultima vez que estiveram ali. Isso irritava Merida. Ela era subestimada pelo simples fato de ter nascido como mulher.

Merida respirou fundo uma ultima vez de olhos cerrados como se quisesse encontrar um pouco de paz. A ponto de não perceber a presença dos jovens que agora estavam bem mais perto de si do que da ultima vez que ela deu lhes atenção. Ela lançou um olhar interrogativo para os três, que pareciam disputar a atenção da princesa.

–O que foi agora? – Ela perguntou desconfiada, com a voz desanimada. Ela sabia que daqueles três não viam coisas boas, principalmente depois do infortúnio do dia, onde ao chegar no castelo os três disseram que salvaram a princesa da grande ameaça viking e suas feras voadoras e cuspidoras de fogo. Antes fosse, Merida era uma guerreira e tinha sido salva da morte sim. Mas não pelos lordes, mas por uma figura curiosa que depois daquilo ela não sabia se era ou não seu inimigo. Ela despertou de seus pensamentos ou ouvir a voz de Macintosh.

–Então princesa o que você vai fazer amanhã? – Ele comentou com ar de sedutor tentando estufar os músculos que ele já não tinha em uma tentativa de impressionar a ruiva, Merida sentiu sem estomago embrulhar, mas teve a piedade de não demonstrar na presença do rapaz.

–Sair cavalo comigo de ela vai. – Disse o loiro MacGuffin. Todos lançaram um olhar interrogativo ao jovem que manteve sua postura tímida ao ser encarado por Merida.

“Eu mereço” sussurrou Merida tentando se virar para outro lado na tentativa de desistir de sua janta e ir dormir, mas foi interrompida pelo pequeno Dingwall, que fixou os olhos alheios e distraídos nos azuis de Merida que deu um grito de exclamação procurando a saída pelo outro lado parando a distancia dos três a sua frente.

–Por que estão com essa palhaçada? – Ela estava irritada e por um momento pensou que poderia derramar sua angustia naquela hora. Continuou.

–Estamos em pé de uma guerra com um inimigo muito poderoso e vocês estão pensando que eu vou admirar o por do sol com algum de vocês? – Merida era mestre no quesito falar sem pensar e agir sem pensar, mas uma vez ela tinha feito isso e viu o olhar de sua mãe próximo aos lordes que também a encararam, ela se perguntou o porque dos talheres estarem silenciosos e todos na sala estarem encarando a confusão que se formaria naquele momento.

–Precisamos de um rei. – Comentou lorde Dingwall, chamando a atenção de Merida. Rapidamente todos começaram a concordar e falar qualquer coisa que Merida não fazia questão de ouvir, ela olhou sua mãe de relance que tinha a mão sobre a boca, ela não queria concorda, Merida conseguiu enxergar isso em seus olhos, mas era um momento tão difícil para a rainha.

–Ótimo – Falou Merida com sarcasmo, franzindo o cenho e andando de um lado para o outro como um animal selvagem inquieto.

–Vamos fazer os jogos e ver quem é digno da mão da princesa. Ou será que a princesa humilharia os seus pretendentes e qualquer uma das modalidades...?

–Cuidado com o que fala menina. – Disse lorde MacGuffin se levantando de seu aposento e apontando o dedo indicador em direção de Merida.

–Lorde MacGuffin, por favor! – Levantou também Elinor com semblante serio e o tom de censura para o homem que hesitou diante da autoridade que ela exercia.

–Precisamos de um líder. – Terminou Macintosh.

Merida encarou por instante a multidão na sua frente. Sua cabeça estava a mil e parecia que seu coração podia ser visto batendo em sua roupa, ela rangeu seus dentes, mas tentou se acalmar.

–Eu não vou me casar. – Disse ela por fim, saindo em passos largos e apreçados em direção da cozinha. Elinor sabia que ela estava indo para o estabulo onde encontraria Angus, ela pediu a Epona que os protegessem.

De certa forma a filha estava certa, ela não precisava casar para que eles pudessem batalhar, ela só tinha que pensar em uma forma de explicar isso aos lordes.

[...]

Astrid estava irritada e voava a frente de Soluço como se o mesmo não estivesse ali, mas ele não podia dizer muito sobre aquela atitude infantil dela, estava irritado também. Irritado por terem atacado aquela vila, irritado por não ser um líder que Berk esperava, irritado pela recepção da garota ruiva e por fim irritado por não saber o que fazer.

Se Stoico ainda estivesse ali, seria mais fácil para ele decidir? Talvez, sim ou não. Ele preferia não pensar muito sobre como estaria sua vida sem ter que se preocupar com cada pedra diferente que aparecia em sua vila, ser líder era uma tarefa difícil, ainda mais em vista de seus pensamentos serem tão diferentes de todos em Berk. Vikings estavam acostumados a serem hostis, ele era o fenômeno social do seu próprio povo.

Soluço despertou de seus pensamentos ao ver a movimentação estranha dos ares em Berk, Astrid estava muito a frente porém bastou um troca de olhares de Soluço e Banguela para o dragão acelerar seu voo e em pouco tempo já estava do lado da garota loira.

Soluço a encarou de canto, esperando ver a mesma expressão de surpresa nela, porém tudo indicava que ela já sabia que alguma coisa estava fora do lugar. Isso irritou mais Soluço, mas ele não deixara transparecer. Fúria da noite ultrapassou a velocidade do dragão de Astrid e pousou, logo Soluço saiu de cima do Banguela e lançou um olhar interrogativo aos habitantes, que tinham mantimentos, armas, proteção, todas sendo preparados junto aos dragões.

–O que está acontecendo aqui? – Ele perguntou autoritário, e muitos pararam o que estavam fazendo na presença do filho de Stoico, mas seus olhares eram impenetráveis como se já tivessem tomado uma decisão há muito tempo. Soluço pode ver seus amigos, um pouco envergonhados, em um canto afastado ao que ele estava, mas eles também tinham armas na mão o que revelava que eles tinham a mesma convicção que os outros vikings.

Foi quando ele percebeu que Astrid já tinha descido de Tempestade, e foi ela que tomou a voz da coragem para anunciar o motim.

–Soluço, aquelas terras são nossas, seja o líder que o seu pai foi. Lute com a gente. – Ela dizia e seus olhos brilhavam de entusiasmo ela gesticulava a cada palavra, como se já estivesse em uma batalha. Soluço manteve sua postura rígida.

–Não é assim que tem que ser irmãos... Não precisamos matar pessoas inocentes. – Ele disse para todos ouvirem. Soluço tentou contra argumentar, mas as pessoas a sua volta estavam com a mesma postura que Astrid a sua frente. Alguns laçaram seus olhares ao chão, mas já estava decidido, aos poucos os vikings voltaram a fazer o que estavam fazendo, movendo suas armas e preparações para a guerra territorial.

Mas Astrid permaneceu ali, como se as pessoas a sua volta não existisse, com a esperança que Soluço concordasse, seria tudo tão mais simples. Seu olhar era incrédulo e por instantes ela perdeu a fala diante da postura rígida de Soluço, que embora, todos estivessem dando as costas para o líder, estava longe de mudar de opinião.

–Eles não pensaram assim quando nos expulsaram de lá. Vamos conquistar nossas terras com ou sem você. Escolha! Está do nosso lado ou do lado deles? – Ela pegou o próprio machado e apontou a bainha em direção a Soluço que analisou o objeto sendo lhe oferecido.

–Eu não posso fazer parte disso... – Ele disse voltando a sua postura ele não iria vacilar em sua proposta. Embora estivesse vacilante diante os olhos de Astrid.

–Eu vou te dar as costas... Para sempre. – Astrid pareceu ter dificuldades para completar sua frase, seu olhar era como uma suplica para Soluço acordar e ver que aquele era o sentido da vida, mas não aconteceu.

Soluço suspirou fundo e passou a mão de leve em Banguela que estava do seu lado, ele se preparou para subir em seu dragão. E subiu demonstrando seu ressentimento ao ver sua liderança fracassada.

–Você vai se arrepender disso. – Ela comentou por ultimo, tirando seu olhar misericordioso do rosto e voltando a ser a temorosa Astrid e seguiu seu caminho dando poucos passos a frente e deixando Soluço as suas costas e sentindo o vento provocado pela forte batida de voo realizada por Banguela. Ela vacilou um momento, mas a mão de um amigo em seu ombro lhe fez cair em si.

–Você está bem? – Perguntou Melequento.

–Lógico. – Ela disse seca, tirando a mão de Melequento com brutalidade se direcionando ao seu Dragão.

Banguela levou seu amigo humano até um ponto onde ele conseguia ver de longe a movimentação nos portos de Berk. Era certeza que ninguém lhe via, pela escuridão da noite tanto Banguela quanto ele eram camuflados e ele agradecia a Odin por isso.

–É assim, a gente salva a aldeia umas vezes e depois e deixado de lado em uma decisão como essa. – Ele comentava com o cenho franzido em direção das grandes tochas de fogo.

Banguela se aproximou de seu dono passando a cabeça em seu corpo como se pedisse por carinho e como uma forma de distrair a mente de seu amigo daquela guerra toda. Soluço entendeu o recado de seu Fúria da noite. Ele olhou o dragão curioso e o viu movendo a cabeça como se apontasse uma direção, Soluço se colocou de pé.

–Não vamos ver Valka, mas tenho uma ideia mais interessante. Seria daora ver a reação dos Vikings se seus “inimigos” estiveram preparados para o combate? – Ele lançou um olhar interrogativo para Banguela, ele não demonstrava entender, mas tinha seus olhos brilhantes com as pupilas dilatadas e o encarava como se pudesse dizer “Eu estou com você”.

Soluço sorriu e levantou voo, voou bem alto para que ninguém em Berk pudesse vê-lo e rápido como fúria da noite era ninguém o impediria.

Chegou rápido ao seu destino, e estava perdido, ele não podia ir até o superior deles e apenas falar do futuro ataque isso era burrice, ele seria preso e morto depois do ocorrido com a ruiva. Foi então que se deu conta que não tinha um plano se não ficar andando até que algum milagre acontecesse ali.

Ele sentou no chão derrotado.

–É Banguela. Eu sou um inútil que não sabe o que fazer. – Ele comentou com as mãos no cabelo e fechando os olhos a procura da solução, o lugar era mais escuro e sombrio de noite do que de dia, a floresta era densa e difícil de enxergar, ele não podia levantar voo e se encontrar com um nativo, então a movimentação do dragão o surpreendeu. Ele levantou o olhar confuso esperando que não fosse nada de mais e nenhum habitante regional.

Era uma luz flutuante?

Banguela pulava de um lado para o outro como se tentasse pegá-la, só que sem sucesso porque a luz azul parecia se teletransportar à medida que o réptil se aproximava para dar o bote.

–Calma, amigão. – Disse soluço divertido se aproximando de Banguela e passando a mão em seu focinho acalmando a fera que tinha seu olhar travesso direcionado a ele. Mas Banguela encarou a luz azul que parecia chama-lo. ”Vamos com calma” Ele ainda pode sussurrar para Banguela que parecia obedecer seguindo Soluço por trás enquanto o mesmo ia com passos desconfiados seguindo a trilha que se formava a sua frente parando apenas quando a ultima luz se apagou ele lançou seu olhar confuso a seu animal que demonstrou a mesma expressão. Soluço deu atenção a sua volta. Estava bem ao centro de um grande círculo feito de pedra. Ele parecia confuso nunca tinha visto nada do tipo, quando seu olhar parou apenas na figura feminina que se fez presente em seu campo de visão. Estava com um capuz.

–Olá... Eu não sou inimigo... – Soluço fez questão de olhar cada movimento realizado por Banguela, mas dentro daquele circulo seu amigo parecia intimidado por alguma pressão invisível.

–Não é mesmo? – Ela tirou o capuz revelando os grandes cachos com de fogo que se formavam ao decorrer de seu corpo e ia até a cintura, ela tentava manter uma postura intimidadora, mas a curiosidade era grande em seus olhos. E Soluço não deixou de reparar isso, só que ele também estava curioso a respeito daquela garota valente.


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Notas finais do capítulo

Gente estou tão feliz, hoje fiz a prova final do meu curso de inglês e eu passei com uma nota excelente *o* Tudo parece fazer sentido agora. Slá eu tinha que compartilhar com mais alguém que não fosse a minha mãe que respondeu "Não fez mais que o seu dever". Até o próximo galerinha o/