O Príncipe dos Sonhos escrita por Lisie


Capítulo 2
Traiçoeiro pode ser o destino


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem =)
Bjkas



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“– E se ele negar?

– Tenho certeza de que ele não será capaz de fazer isso – disse a mãe, acariciando cuidadosamente seus cabelos.

– Mas, e se... – ela foi interrompida

– Você terá a todos nós. Não tenha medo, minha filha, a batalha já é sua.”

O dia amanheceu frio na Toca dos Refugiados. Jennifer acordou de um pesadelo, aos prantos, e seu coração quase saiu da boca antes mesmo do café da manhã ser servido.

Pão, leite de cabra e ovos foi a refeição matutina do dia especial de hoje. Todos decidiram comer juntos para dar a apoio à jovem adolescente que estava prestes a crescer, a se tornar uma mulher, mesmo que ela (os outros também) ainda não esteja pronta para dar adeus à sua vida. Todos lá sabiam o porquê de que tudo iria mudar, mas apenas as crianças não. Os pequeninos, que passaram a vida inteira escutando a voz de Jennifer narrando as histórias de seu povo nativo, sofreriam muito. Porém, nada supera o que Alex iria sentir.

Um amor secreto, guardado para si mesmo, nunca poderia imaginar que nunca seria revelado. Alex não teria a coragem de fazê-la sofrer com a dor dele, compartilhar uma dor que não era dela... Egoísmo não é o feitio dele, e continuará não sendo.

– Já arrumou suas malas – perguntou ele.

– E o que há para arrumar? – Jennifer o indagou, tentando esconder um sorriso.

– Suas câmeras, seus talentos, sua alegria, suas histórias, a sua história – ele respondeu sorrindo, aquele sorriso que fazia todas as garotas babarem... Menos Jennifer. – e todo o resto.

– Estou pensando seriamente em levá-lo junto. Não acho que sobreviverei sem seu pão-de-queijo – O menino de cabelos escuros e olhos cor de mel fazia sempre que dava um pãozinho delicioso, uma receita que apenas sua família tinha – Lá terá ingredientes de sobra para você fazer quantas comidas o meu estômago é capaz de comer – ela riu com os olhos espertos, depois ficou com um olhar triste e sombrio – Eu não estou pronta.

– Eu nunca quis que você passasse por isso – Alex ficou com os olhos vazios, sem expressão – Você sabe o quanto foi dolorosa botá-la na Seleção.

– Por que estou fazendo tudo isso mesmo?

– Para salvar todos nós, esquecidinha – Não teria mais sucesso tentando conquistá-la, desistir talvez fosse a melhor opção – Talvez o seu futuro mude, mas seu passado sempre será o mesmo – ele acariciou os cabelos lisos e castanhos de Jennifer. Ela correspondeu – Ninguém nunca poderá mudar o que somos e o que sempre fomos. Amigos não se separam, okay?

– Espero que sim. – sua voz soou tristonha, mas uma faísca de esperança ainda brilhava, no fundo de seu coração. Para a maior infelicidade de Jennifer, ela se sentia aliviada por estar fazendo o que se preparou a vida inteira, não por estar se separando de seu melhor amigo da vida. Mas ela sabia que tinha um destino e deveria lutar por ele; ela ia mudar sua vida e de todos ao seu redor.

Como o palácio não ficava muito longe, apenas uma viagem de 2 horas numa limusine foi suficiente para chegar lá. Ele era grandioso, deslumbrante, com um enorme jardim de flores e com alguns chafarizes também. Havia bosques ao redor dele, mas de longe o que mais chamava atenção era o Palácio de Ilhéia. Talvez ela houvesse sonhado com esse dia a vida toda, talvez esse lugar apenas correspondesse às suas expectativas. Mas o que aconteceu foi o seguinte: ela ficou perplexa ao ver a quantidade de guardas ao redor dos muros, nas varandas, nas janelas. Isso ela se surpreendeu completamente, apesar de não fazer muito sentido. O que mais ela poderia esperar além de segurança máxima para a família mais importante de uma nação inteira?

Antes de chegar lá, ela passou por uma transformação em sua casa. Depilaram-na por completo, fizeram as sobrancelhas, a maquiaram toda. Ela nunca tinha passado maquiagem antes. Ao invés de ficar maravilhada, ela ficou horrorizada ao descobrir que era alérgica a esse tipo de coisa. Definitivamente, eu não sirvo para isso, ela falou para si mesma, enquanto passavam perfume em sua pele.

O vestido era lindo, mas nunca soubera de verdade como é vestir um. Só usou duas vezes: quando seu tio morreu e agora. Bem, era o começo.

**

– Você deve se portar como um cavalheiro. Elogie todas as damas.

– Sim, mamãe.

– Siga o roteiro e tente memorizar todas as Selecionadas.

– Sim, mamãe.

– Eu tenho muito orgulho de você, meu bebê – os olhos da rainha se encheram de lágrimas. – independente de quem você irá escolher, eu sempre te amarei.

Chris respondeu com a voz falhando:

– Eu faria a escolha certa, minha mãe.

– Príncipe Christopher, as damas o esperam no salão principal. – disse um dos guardas, Max Lewis, para a família real. – o senhor deve entrar sozinho e a conselheira real o apresentará cada uma das candidatas.

O príncipe assentiu, e dando um sinal de despedida para mãe, ele foi ao encontro de sua possível futura esposa.

O paredão de meninas começou:

– Cleo Carter.

A menina de sobrenome egípcio (antigo povo africano) não tinha uma aparência muito a ver não. Ela era loira, meio vesga, de nariz fino e rosto em formato de coração. Para muitos ela seria terrivelmente bonita, os olhos azuis eram extremamente sedutores... mas não chamou em nada a atenção de Chris. A menina da casta 4 vivia na cidade de Oster, no canto sudeste do país, e pelo que o príncipe descobriu, ela era adotada.

– Jade Gillies.

Essa sim era encantadoramente bonita. De olhos azuis, porém um pouco redondos e cabelos ondulados pretos, sua pele branca fazia um contraste absurdo, ela parecia a Branca de Neve. Talvez, exceto pelo fato de não ser nem um pouco delicada. Era possível perceber que ela era gótica e que não estava lá para brincadeiras. Era da Casta 7. Isso provavelmente fosse a razão dela ser tão magra, mal lhe cabia o vestido púrpura.

– Cecilia Pasquali.

Casta 2, beleza de modelo fotográfica, essa de longe pareceu conquistar uma possível simpatia com Chris. Ela tinha um olhar... “metido” e por mais que fosse baixinha, era irremediável não sentir medo dela. Usava um batom vermelho (acho que ninguém avisou às criadas de que é antiquado se apresentar no 1º dia da Seleção com esse tom nos lábios) e isso definitivamente não era nem um pouco sexy para o príncipe.

– Ally Oddair.

Ela não precisava ter olhos claros para chamar atenção. Sua face era arredondada, os lábios eram sexy e dava para ver que ela não se esforçava para conquistar tal feito (diferentemente de algumas aí...). Casta 3. Cara de nerd. Essa chamou a atenção de Chris com certeza.

– Annie Oddar.

GÊMEAS. Como foi permitido isso? , ele pensou. Não seria possível, mas estava acontecendo. Gêmeas idênticas ainda por cima, iguais. Mas havia algo diferente nessa, algo que estava incomodando o príncipe. Essa tinha cara de metida. Nada bom...

– Selina Young.

Olhos puxados, lábios grossos, aparência de uma menina oriental. Essa vem das fronteiras do Norte, pensou Chris, já que era lá onde mais se concentrava o povo proveniente das terras asiáticas. Casta 3, ela observava as pessoas cuidadosamente e de modo discreto, mas não discreto o suficiente para que ele não percebesse. Talvez é filha de jornalistas, depois ele descobre. Tinha uma aparência adorável e fofa.

– Jennifer Bell.

Seu olhar era amigável e parecia que ela estava muito desconfortável nesse vestido. Pele morena, alta, cabelos lisos escuros, seu rosto era fino e tinha traços fortes de quem não dormia fazia décadas. Na hora Christopher se interessou nela. Casta 5, outra menina pobre que aparentava ser magra.

– Rachel Chase.

Cabelos castanhos, olhos enormes, grandes bolas azuis. Um nariz um pouco grande, talvez isso fosse a única coisa que não a fizesse ser uma modelo perfeita. Casta 2, rica é claro, sua pele de longe parecia ser tão impecável que Chris suspeitava que talvez as criadas nem tivessem feito nada nela. Ela começou a rir de repente, rir literalmente do nada, mas logo foi repreendida. Era proibido fazer qualquer coisa inapropriada na Apresentação (rir era uma das coisas) e ela não teve medo de infringir essa regra. Fácil conquistar a atenção do príncipe.

– Hayley Moon.

Olhos escuros, cabelos encaracolados na altura do ombro, a menina olhava para os outros com certo desprezo; não com superioridade, mas com pena. Tinha pele branca e lábios finos, delicados, em um rosto de formato quadricular. Pobre, de Casta 5, mas agia como uma dama... Chris se simpatizou com ela.

– Violet La Rue.

Esse sobrenome não lhe era desconhecido; “La Rue” o lembrava de alguém muito importante... Mas quem seria? A menina de rosto triangular, lábios grossos e altura mediana parecia encará-lo um quê de maturidade e leveza. Ao mesmo tempo, tinha olhos infantis e brincalhões, que fazia contraste com o resto de sua figura. Uma 4 com um corpo bem exuberante também, mas não são curvas corporais que chamam a atenção do nosso príncipe.

– Kristen James.

Meio gordinha para uma menina de Casta 6. Rosto bem arredondado e corpo normal, porém longe de ser magro. Morena de cabelos loiros escuros, ela parecia nunca ter erguido o queixo na vida. Olhava pra baixo, mas foi repreendida por algum criado talvez. Muito bonita, mas de beleza desperdiçada. Comum, pensou Chris.

– Angelita Gomez.

Tão miúda que quem não olhasse mais de perto, pensaria que era uma criança. Pele morena, cabelos ondulados e olhar sexy. Rica por ser modelo (ou seja, Casta 2), não parecia fútil; o contrário inclusive, já que tinha muitas rugas de riso e agia de forma bem simpática. Interessante já que o príncipe, que gosta muito de pessoas risonhas, se identificou.

– Amelia Gianlucca.

Tinha postura rígida, mas era bastante discreta. Casta 3, loira de olhos cor de mel, parecia ser uma pessoa muito sem graça, sem sal nem açúcar nem pimenta e o que quer que houvesse a mais... Christopher não pareceu nem um pouco interessado, mas já ouvira o nome dela antes. Mais uma coisa de nomes que ele não conseguia se lembrar. Ela fora famosa por algum motivo, possivelmente ano passado. Certa curiosidade passou por um instante nos olhos de Chris que estavam repousados sobre ela, mas logo se desfez.

– Gwen Moon.

Essa dava para ver da esquina. Seus cabelos eram um mix de rosa, verde, azul, roxo e vermelho. Longos, chegavam até a cintura apenas preso em uma trança, imaginaria quando soltos. Não parava de sorrir e olhar para os lados, parecia muito ansiosa em conhecer o palácio, ou que sabe apenas por estar ali. Excêntrica, ela chamava atenção só por existir e tinha muitas marcas pelo corpo. Chris demorou a perceber que eram cicatrizes, claramente sob uma tentativa sem sucesso de ser disfarçada pela maquiagem. Por que seriam tão profundas? Casta 4, Gwen deixou o príncipe morto de vontade de a conhecer. Missão cumprida.

– Amanda McAdams.

Amanda despertou uma profunda vontade em Chris de melhorá-la. Ela parecia bem metida, olhava para os outros como se fosse superior a eles. Talvez isso repelisse Chris, mas claramente isso não aconteceu: ele teve uma vontade irresistível de muda-la, de transformá-la em um ser humano melhor. Por que será tamanha curiosidade?

**

A Rainha tinha uma postura inflexível; fechou-se totalmente para que não fosse possível ver sua expressão diante das Selecionadas. Já fora uma delas um dia e sabe muito bem como é, ela não tem a necessidade de complicar isso tudo.

Zoey cumprimentou uma a uma, ela estava bem à vontade no vestido mais despojado que encontrara. Ela se esforçou bastante para acabar não intimidando as meninas e para que isso a ajudasse a mostrar que a princesa de Ilhéia poderia ser uma boa amiga. Quem sabe ela não se torna amiga de uma delas, cria um laço de amizade que dure a vida toda, ajude o irmão a escolher sua noiva... Espere, ela pensou, não devo pressioná-lo assim. O pobrezinho talvez não precise de minha ajuda para achar a rainha. Devo ajudá-lo em outra coisa muito mais importante.

Sim, Zoey, você deve. Mal sabe os problemas que seu irmãozinho irá passar...


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Notas finais do capítulo

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