“- Não quero ir!

- Você vai.

- Não vou

- Vai sim.

- Não quero, para, para com isso, HAHAHAHAHA – ele começou a rir desesperadamente. ”

Não era fácil ser um príncipe. Acorda cedo, se arruma, faz um lanche rápido, cumprimenta a todos no castelo, corre pelo bosque, trabalha no escritório, come de novo, tem aula, trabalha de novo, cuida dos cavalos, come de novo e se arruma para dormir. Se ele tem uma vida? Temo que não, mas ele realmente não se importa com isso.

Sua irmã, Zoey, tem sempre uma desculpa para não fazer suas atividades e ajudar o caçula a cumprir suas tarefas... Ela nunca se cansa de fazer cosquinhas nele todo dia para ele acordar feliz e sorridente, como deve ser. Em dias de chuva, o passatempo dos dois é ver filmes de terror e brincar de um assustar o outro. Tudo isso era bom até começar a Seleção.

O príncipe não pode se casar com quem ele quiser quando ele quiser, como qualquer outra pessoa. Seu reino sorteia 15 meninas de sua faixa etária e as põe dentro do palácio, a fim de fazer ele se apaixonar (ou apenas escolher) uma delas...

- Não quero sair daqui, não quero que a minha vida mude – disse Chris, aos prantos – não quero deixar de ser acordado por você, Zoey!

- Dói para mim também, mas nós devemos crescer – ela se deitou junto na cama com ele – talvez a sua esposa acorde você com cosquinhas também. Quem sabe...

- Eu sei! – a empregada Rosa sempre surgia com um café da manhã na cama para aqueles dias especiais, em que as coisas seriam diferentes – Quem não gostaria de acordar com seu riso tão doce, hein?

- Obrigado, Rosa – ele respondeu – Já pode parar de apertar as minhas bochechas. Obrigado novamente.

Geleia para o café era a receita perfeita para um amanhecer feliz. Mas naquele dia, nada poderia animar Christopher:

-Olá meu filho, dormiu bem? – a Rainha, majestosa e elegante como sempre, havia acordado um pouco mais tarde que de costume.

- Tive um pesadelo – ele respondeu

- Sonhou com o que?

- Que as meninas da seleção tinham unhas muito grandes e que elas iriam me arranhar todo se dissesse que uma delas estava feia.

- Que falta de educação dizer a uma dama que sua aparência não está satisfatória!

- Mas ela estava horrível naquele vestido limão-azedo! – ele riu e acabou se engasgando com o suco

- 17 anos e ainda se engasga com suco de laranja! Que filho eu criei... – sua falsa voz de lamentação contagiava todos os criados ao seu redor

- Criou essa delícia aqui, futuro rei de Ilhéia! – ele se levantou ao dizer isso e se foi para correr no parque com o Hulk, o pastor alemão da família real.

Nesse dia Chris se entristeceu com a falta do pai. Morto em um ataque rebelde fazia três meses, o rei deixou a Coroa para um adolescente, seu filho, que não estaria nem um pouco pronto para governar um país.

Os dois tinham muita intimidade. Corriam sempre que dava juntos e às vezes brincavam do jogo “Susto Pós-Filme” também. O rei James era um pai. Presente, carinhoso, divertido e agora, morto. Não posso pensar nele, o pequeno príncipe tinha mais coisas a fazer do que ficar se assombrando.

**

-Ele é tão lindo!

-Será seu futuro marido, então fique quieta e me deixe cortar seu cabelo! – gritou a mãe com a tesoura na mão.

A vida de Amanda era fácil. Ela tinha tudo em suas mãos, na hora que pensava, na hora que quisesse. 14 namorados ao todo, é o que dizem. Ninguém sabe ao certo, todos perdem a conta com o tempo...

Seus pais arquitetos, Sandra e Richard McAdams, criaram a filha do jeito mais mesquinho e mimado possível para uma família da Casta Três. A menina de apenas 16 anos foi enviada para A Seleção pelo prestígio e exclusividade, mas na cabeça de Amanda (Mandy, para os íntimos) o que realmente importa é o príncipe Chris lindo de morrer e os luxos que o palácio oferece. Será que vai ser tão fácil assim?