Duas Mulheres escrita por Tina Granger


Capítulo 13
Capítulo 13




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Cassandra deu mais um passo em direção aos grifinórios.

- Cassandra, me entregue a varinha. Por favor. Eles não são perigosos. -“Especialmente depois que eu acabar com a raça deles”, Severus pensou.

- Não. - a negativa foi veemente. - Eu pretendo testar essa sua teoria.

- Quebrando mais um braço de Harry? - Hermione questionou, recebendo um sorriso sarcástico dela.

- Tiago Potter não devia ter entrado aqui. - tinha um brilho parecido com o de Snape. Severus compreendeu porque Cassandra o mandara chamar.

- Eu não sou o meu pai - Harry protestou.

- Tiago e Lilian Potter estão mortos, Cassandra. Olhe bem os olhos dele. - Severus se aproximava lentamente.

- Se é assim, como ele se parece tanto com Tiago?

- Porque é filho dele. - deu um olhar de aviso aos adolescentes.

- Lembra do que seus irmãos falaram? Eu não mentiria para você.

- Vou esperar o efeito da poção Polissuco passar. - Cassandra estava com o olhar fixo em Harry.

- Por mim tudo bem. Mas devo lhe avisar que já é o sexto ano que encontro esse fedelho com essa mesma cara feia...

Do nada as varinhas deles foram soltas no chão.

- Lilian... Ele tem os olhos de Lilian. - Cassandra sentiu os seus olhos se encherem e lagrimas. Lilian Evans, juntamente com Alice Pigneus, Angelica Malfoy e Beatrice Ross eram as suas melhores amigas em Hogwarts. - Lilian e Angie estão mortas. Nunca mais vamos... - Severus a abraçou protetoramente. Diversas vezes durante os últimos anos, Cassandra falara sozinha, como se as duas estivessem ali.

- Tiago também... Mas o bebe...

- Está vivo, Cassandra. Ele cresceu e é essa criatura que está na sua frente.

- Ele está tão grande... - o queixo dela tremia, enquanto as lágrimas corriam livremente..

- Eu tenho dezasseis anos. - recebeu outro olhar de Severus.

- Fale novamente e vai deixar de ser uma fonte de problemas para mim. - Severus voltou sua atenção para a mulher que tinha em seus braços. - Cassandra, deixe-me leva-la para o quarto. Você precisa descansar.

- Quanto tempo faz que Lilian esta morta? - a voz dela estava firme ao perguntar a Harry.

- Quinze anos. - ele respondeu, ignorando o olhar de Severus.

- Quinze anos... Estou me lembrando agora. - ela escondeu o rosto no peito de Severus.

- Vão me esperar lá em baixo. - Severus rosnou para os grifinórios, que não esperaram por uma segunda ordem.

Sentaram-se em um sofá verde musgo, observando o pendulo do relógio antigo mexer.

- Apesar da morte lenta e dolorosa que vamos ter, essa foi a melhor semana da minha vida. – Harry apertou a mão de Hermione.

- O professor Snape não vai nos fazer nada, Harry.

- Será que não? - ele duvidou.

- Bom talvez ele nos passe um sermão e faça o que puder para que sejamos expulsos de Hogwarts, mas... – ela colocou a cabeça no ombro dele. Ambos ficaram em silencio, esperando que Severus descesse.


Severus a abraçava protegendo do frio. Embora ela usasse um agasalho azul turquesa com uma faixa rosa no meio da cintura, tremia muito. Ele a conduziu até o quarto, despiu-a e colocou a primeira peça de dormir que encontrou. A fez deitar, e cobriu-lhe com uma coberta pesada. Cassandra segurou-lhe a mão com força.

- Por favor, fique até eu dormir... – o pedido foi atendido.

Cassandra demorou a adormecer, os dedos entrelaçados nos de Severus. Quando ela tinha a respiração em um ritmo tranqüilo, Severus soltou os dedos, ela protestando no sonho. Desceu as escadas, em silêncio, disposto a ter uma excelente explicação sobre a presença de Potter ali. Se não, simplesmente acabaria com a raça dele.


Cassandra estava em um sono perturbado. Aos poucos, começou a relaxar, e deixou-se envolver pelos sonhos. Estava de volta a Hogwarts, usando o uniforme da Grifinória. Estava na borda do lago, com um livro nas mãos. Ergueu o olhar e percebeu Lilian discutindo com Tiago. Mexendo um pouco a cabeça, percebeu Alice e Angie se puxando os cabelos, enquanto Beatrice as olhava divertida. Levantou-se para ir separar a briga, mas Hagrid a chamou para entrar na sua casa. Quando olhou novamente, elas tinham sumido.

Seguiu o homem enorme até lá, e após entrar no local, sentiu as paredes de madeira se transformando em paredes de pedra, o calor de verão substituído abruptamente pelo frio gelado. Azkaban, nem precisou pensar e quando se virou a porta trancou-se e sentiu a falta de ar, que a acometia quando ficava apavorada.

Do nada, a falta de ar parou e as paredes foram se aquecendo. Fechou os olhos, quando os abriu tinha em sua frente a imagem de um quadro que enfeitava a casa do pai. Uma casa de madeira, quase um chalé, uma cerca de mesmo material... Um céu azul profundo, um lago refletindo o sol se pondo, alguns cisnes no lago...

Uma sensação de paz entrou no seu peito. Sempre imaginara que podia entrar naquele quadro e estaria a salvo de tudo e todos! Uma pequena chaminé expelindo fumaça, denunciava que existia fogo lá dentro. Foi até lá, pulando a cerca. Abriu a porta lentamente, e não havia ninguém na casa, ela entrou nos cômodos. Sentindo-se um pouco como Cachinhos Dourados, ela observou a mesa, que estava totalmente vazia. Voltou para fora da casa, e viu o que estava faltando para que a pintura se tornasse completa: o casalzinho de pastores conversando.

O pastor, ela pode perceber, era Benjy! E sorria calorosamente, como se tivesse escutando uma grande novidade. Quando notou que era observado, ele comentou algo com a companheira, que voltou o rosto para olhá-la também. Ela tinha o rosto de Alice!

Cassandra se aproximou deles, mas quando chegou perto, eles tinham uma expressão tensa.

- Cass, o que está fazendo aqui?

- Benjy! Onde estamos? Eu estou tão confusa...

- Cass, você tem que voltar. Não só acordar desse sonho entendeu? – Alice falou tranqüilamente.

- Não. Fiquei burra. – Benjy suspirou, antes de replicar zangado.

- Burra e teimosa, para variar. Agora me escute, Cass, é muito importante: você já ficou tempo demais por aqui. Existem pessoas que precisam da sua ajuda. Se você não for...

Ele calou-se, quando escutaram um grito, proveniente da mata próxima. “HARRY”, duas vezes eles ouviram, na voz de Lilian... Cassandra não parou para pensar. Correu o mais rápido que conseguia, e estacou ao ver a ruiva ajoelhada, chorando sobre um corpo. A ruiva olhou-a com ódio.

- Você! Você me prometeu! Prometeu que cuidaria de Harry, e olhe agora como ele está! – a ruiva levantou-se e amaldiçoando Cassandra, começou a avançar nela.

- Calma, Lilian! – do nada, Sirius surgiu e segurou a ruiva furiosa. – Não a condene! Cassandra não pôde cumprir a promessa, ela estava presa aqui!

- Ela pode voltar! Eu sinto! Ela tem forças para fazer isso, Sirius! Agora ela não quer cumprir a promessa!

- Eu quero sim! – Cassandra gritou de volta. – Eu não consigo, você não entende, Lilian? Eu não consigo!

- Claro que consegue! Você é ou não é uma Cavendish? – Tiago a estava importunando. Ela se virou para olha-lo, e ele foi em direção a mulher e ao amigo.

-E além do mais, não estamos só falando de Harry. – aos poucos o corpo se dissipou, como se fosse névoa. – Existem muitas pessoas que dependem de você.

- Meu pai e meus irmãos estão mortos.

- Nós sabemos disso. Aliás, seus irmãos sabem roubar muito bem no jogo. Mas a questão não é essa. Não acha que já fez o Ranhoso sofrer demais? – Sirius estava defendendo Severus?

- Desde quando defende Snape, Black? – Lilian expôs a dúvida. Ela estava se acalmando. Sirius largou a amiga.

- Desde que vi o que ele tem feito para proteger Cassandra. Quando caí no véu, entrei em uma espécie de túnel do tempo. Ele arriscou mais vezes o pescoço por ela do que Tiago pegou o Pomo.

- Está dizendo que eu sou péssimo Apanhador?

- Estou dizendo que Snape a ama de verdade. – respondeu ao animago. Voltou sua atenção a Cassandra. - Cuidando de você esses anos todos, procurando pela sua filha, quando tinha tempo... Volta logo. O Seboso merece um pouco de alegrias, vai Cassandra... A não ser que você prefira troca-lo por mim. – o sorriso sem vergonha estava lá novamente. Ele piscou para ela, que acabou rindo.

- Não, obrigada. Eu já tenho a minha tábua de salvação. – olhou para Lilian.

– Não sei se vou conseguir protege-lo contra tudo, conforme minha promessa, mas vou fazer o que estiver ao meu alcance para isso. O que um Cavendish promete, um Cavendish cumpre. – ela acenou com a cabeça, antes de começar a mexer-se, para voltar a casa.

- Alice ainda não pode ir, Cass. Ela ainda não tem forças suficientes para voltar. - Tiago falou tranqüilamente. Lilian estava nos braços do marido, que lhe acariciava a cabeça. Cassandra mordeu o lábio.

- Não se preocupe. Você vai ter a ajuda que precisa, ajuda dos céus, se é que me entende. – Sirius deu uma piscadinha novamente. – Não deixe o Ranhoso ganhar as discussões. É bom para ele perder ao menos para você. Ele fica menos presunçoso.

- Minha família?

- Está onde o seu coração quiser. – Lilian tinha a serenidade de Alice.

- Até porque se você não voltar, quem vai ser o castigo do Seboso? – Tiago levou um cutucão da mulher. Tudo ficou escuro.

Cassandra levantou-se de sobressalto, o coração batendo descompassado. Harry! O bebe de Lilian, que Cassandra prometera cuidar, se alguma coisa acontecesse a Lilian... Sem colocar um agasalho, ou mesmo um chinelo nos pés, Cassandra saiu do quarto.


Estava descendo as escadas quando escutou a garota dizendo:

- Mas nós viemos atrás para lhe proteger! - Cassandra parou. Ficou escutando a conversa por alguns instantes. - Se Você-Sabe-Quem estivesse lhe matando...

Cassandra não agüentou e caiu em uma gargalhada nervosa. Batendo palmas entrou na sala. Na lareira, o fogo crepitando produzia estalos que Cassandra ignorou.

- Eu não acredito Severus! Seus alunos merecem um premio especial!

- Cassandra volte para cima. - Severus ordenou, sem olhá-la.

- Eu quero escutar essa história direito. Acha-se que vou simplesmente voltar para a cama e dormir tranqüilamente, está totalmente enganado. - Cassandra tinha, ao mesmo tempo, a expressão divertida e irônica.

- Volte para cima, Cavendish! - Severus a encarou. Bufou quando percebeu a falta de um penhoar. A camisola de alças finas revelava o colo branco e o pingente de estrela com a lua prateada.

- Não vou não, Rubião. - no balançar da cabeça, algumas mechas caíram no rosto, sendo afastadas sem cerimônia. - Eu vou ficar, entendeu? Já disse que quero escutar essa história direito. E você não vai me privar dessa diversão. - com um sorriso, ela passou a encarar os adolescentes. Começou a dar a volta no sofá para se sentar, mas Severus encostou-lhe no ombro.

- Você vai ficar resfriada se não for colocar uma roupa quente. - ele percebeu que ela não iria sair dali.

- Ah está bem. E no segundo que eu subir as escadas, você leva os fedelhos daqui e depois não me conta nada. Sem essa, entendeu? Depois, passar um pouco de frio não vai me matar. Eu tenho excelente saúde física.

- Que vai estar comprometida se não sair daqui agora! - Severus fez a pior carranca que podia. Cassandra apenas sorriu.

- Severus, para você me assustar, vai ter que usar as roupas da mãe do Frank Longbottom. E dançar a Macarena! - Harry e Hermione começaram a tossir, disfarçando uma risada. Pararam no instante em que Cassandra os olhou. Severus tirou a sua capa e passou nos ombros dela.

- Não se atreva a tirá-la. - avisou quando ela o olhou surpresa.

- Quem disse que eu tiraria? - ela sorriu, se aconchegando dentro da capa. Foi se sentar, olhando os adolescentes com interesse. - Então você é o filho de Lilian. Pena que não herdou a inteligência dela, ao invés dos olhos.

- Eu...

- Sentem-se. Vocês me deixam irritada ficando de pé. - esperou eles se sentarem para continuar. - Não vou pedir desculpas pelo seu braço. Espero que esteja realmente doendo. A cara feia do Tiago... É incrível como vocês são semelhantes. - Severus ficou de pé, atrás da mulher, em silencio. Enquanto Cassandra não dissesse tudo o que queria, ela ia interrompê-lo. - A mesma idiotice Grifinória, pelo que posso perceber e...

- A senhora não tem o direito... - Harry começou a falar, sendo interrompido por ela.

- Eu convivi por 7 anos na escola com aquele imbecil. E quase mais cinco por causa da sua mãe. Posso muito bem falar o que penso! E se falar sem eu mandar, mais uma vez, seu braço que já está quebrado vai ser a parte mais inteira que vai voltar a Hogwarts. - o tom macio deixava o aviso mais ameaçador. Ela olhou para Hermione. - Qual o seu nome?

- Meu nome? Hermione Granger senhora...

- Pode me chamar de Cassandra. Hermione? - olhou para Severus, que confirmou com a cabeça.

- Você pode me dizer por que a garota mais inteligente do sexto ano da escola, se meteu em uma encrenca que provavelmente vai acabar fazendo que seja expulsa de Hogwarts?

- Eu não podia deixar Harry vir sozinho, sen...

- Cassandra.

- Cassandra. - Hermione continuou. - Ele ia se arriscar, e... - ela apertou a mão de Harry. - Eu não podia.

- Entendo. - Cassandra pareceu pensativa. - Agora, que tal me contar essa idiotice desde o começo? Eu estou muito curiosa. Assim, vocês já podem ir treinando para se Minerva pôr as mãos em vocês. Eu queria ser um mosquitinho nessa hora...

Hermione começou a falar. Quando contou que Flor os havia preso no armário e que os elfos os tinham escondido desde aquele dia, Severus virou-se e foi em direção a cozinha. Cassandra, mais rápida que o professor, levantou-se e barrou a entrada dele no aposento.

- Saia Cassandra!

- Não. Você não vai castigá-los. - a negativa saiu calma e determinada.

- Os malditos elfos colocaram a sua segurança em jogo!

- Eles não fizeram nada além de pensarem e agirem como eu sempre os incentivei a fazer! Severus, se existe alguma pessoa culpada nessa história toda, sou eu!

- Cassandra Cavendish, se você não sair da frente...

- Vai fazer o que, Severus Snape? Aplicar a crucio? Existem muitas coisas piores que isso! - a obstinação era palpável.

- Eu não sou Fenwick! - rosnou para ela, que apenas sorriu.

- Graças a Merlin por isso! Mas eu não vou sair daqui, Severus. Você vai ter que me matar para conseguir entrar nesse aposento. - Cassandra tinha os braços cruzados na altura do peito e a expressão de obstinação no rosto. Embora não fosse a primeira vez que eles discutissem, sempre que aquela expressão surgia, Severus sabia que havia perdido. Cassandra não mudava de opinião de maneira alguma. A melhor coisa a fazer era terminar a conversa com os grifinórios.

- Então, graças aos elfos vocês se esconderam durante uma semana na minha casa. Fizeram alguma grande descoberta durante esse período? - os grifinórios não se deixaram abalar pelo tom irônico de Severus.

- Poucas, mas muito interessantes. - Harry falou no mesmo tom. Cassandra sentou-se novamente onde estava antes, mas dessa vez, colocou a mão sobre a de Severus.

- É mesmo? E que coisas seriam essas? - Cassandra ficou em silêncio, só observando a conversa se desenrolar. Agora ela tinha um ar meio ausente, que apenas se modificou quando Harry falou o nome de Narcisa Malfoy. Um vaso, simplesmente explodiu. Raiva profunda transparecia no olhar dela.

- Vaca sonserina, assassina de inocentes indefesos... - ela apertou a mão de Severus. Surpreso com a explosão dela, Severus inclinou-se, passando a mão livre no rosto dela, tirando algumas mechas do rosto dela.

- Cassandra, o que aconteceu? - nunca ela tivera um momento em que se descontrolara tanto. Bom, talvez quando ele invadira as memórias dela, mas mesmo naquele momento, a magia dela estivera controlada...

- Nada! - ela protestou com violência. Severus insistiu, mas ela simplesmente fechou os olhos e balançou a cabeça. – Esqueça Severus. Não... Vale a pena... - ela murmurou com esforço. Olhou para os adolescentes a sua frente. Podia sentir a pena que estavam sentindo dela. - Agora, qual foi a outra coisa que chamou a atenção de vocês?

Hermione e Harry trocaram um olhar. Será que seria seguro falar? Por fim, Harry decidiu arriscar.

- A sua semelhança com Samara Sanders. Vocês são idênticas... Eu lembro muito bem de quando ela pintou o cabelo de loiro, por conta de uma aposta que perdeu para uma amiga trouxa.

- Quem é Samara Sanders? - Cassandra olhou com um certo olhar alheio para Severus, que respondeu, olhando seriamente para os grifinórios.

- O terceiro desastre mundial em poções.

- É mesmo? Interessante saber. - ela arrumou o cabelo atrás das orelhas. - Mal que pergunte a vocês, mas dormiram onde essas noites? Todos os quartos que tem lareira estavam ocupados...

A cor da Grifinória estava estampada no rosto dos adolescentes. Hermione tinha o rosto voltado para baixo, mas até sua testa estava daquela maneira. Harry tinha duas bolas vermelhas imensas nas bochechas.

- Em um quarto que tinha uma cama com cortinas azuis...

- O quarto mais gelado da casa! - Cassandra deu uma risadinha maliciosa. - E estão vermelhos porque? Por acaso os pais de Hermione vão ser avós, daqui a nove meses? - a brincadeira só serviu para piorar o constrangimento dos dois. - Dessa vez, você teve sorte, Tiago, porque se a sua mãe lhe pegasse, depois disso...

- Meu nome é Harry. - ele murmurou em voz baixa.

- Não me contrarie. - Cassandra começou a bater levemente nas próprias bochechas. - E como passaram essa semana gelada, naquele quarto?

- Não passamos a semana no quarto. Prof. Snape, o senhor tem uma biblioteca muito interessante. - Hermione tentou desviar o assunto.

- A biblioteca, tirando meia dúzia de pergaminhos que vieram do reinado de Tuntancamon, foi toda escolhida por mim. - Cassandra revelou, puxando uma mecha de cabelos e enrolando nos dedos. - Mas como fizeram para espantar o frio? - ela não os ia deixar escapar daquela pergunta.

- Bem, os elfos nos deram muitas cobertas. - Hermione tentou levantar o rosto, mas o abaixou novamente.

- Cassandra, isso realmente nos interessa?

- Claro que interessa! - ela olhou para eles. - Bom, acho que nós já temos a resposta só de olhar para os rostos deles... Mas de uma coisa, eu não abro mão, Tiago Potter: se chegar a nascer um bebe, não ousem dar outra madrinha além de mim, entenderam bem? E Severus vai ser o meu par...

- Cassandra! - Severus não se importou de abaixar o tom de voz.

- Por favor. - ela tampou um dos ouvidos.

- Por falar em Hogwarts, eu vou levá-los agora mesmo para lá.

- Vocês já comeram? - Cassandra ignorou a frase de Severus. Ela se colocou de pé.

- Hoje a noite? - Harry não conseguia se acostumar com aquela mulher.

- Não, mês passado. É claro que hoje a noite, ora essa. – ela convivia muito com Snape, pelos vistos.

- Eu não vou servir uma refeição para esses dois. - Severus avisou Cassandra.

- É claro que não vai. Sou eu quem vai dar de comer ao filho de Lilian.

- Cassandra! Só falta você me pedir para interceder para que esses dois não sejam expulsos!

- Eu não ia pedir, mas já que você ofereceu esse favorzinho... - Cassandra subiu no sofá, e pegou o rosto dele nas mãos. O beijou levemente e sorriu. - Obrigada. Já disse hoje que te amo, meu limãozinho?

Severus apenas suspirou.

- Vou levá-los para Hogwarts, agora!

- Severus, não seja pão-duro! Ah quer saber? - ela colocou as mãos na cintura. - Por mim, tudo bem. Mas devo lhe avisar, que passei a tarde na cozinha, e se eles não comerem o que fiz, ALGUÉM vai fazer isso. - um brilho muito significativo apareceu nos olhos dela.

- Faça-os comer tudo. E se eles tiverem uma congestão, a culpa não vai ser minha. - Severus se virou, e foi até a biblioteca. Cassandra o observou por alguns momentos.

- Eu não acredito. Esse homem enfrenta as pestes do colégio, o Lord e basta-me dizer que ele vai comer o que cozinhei para que ele fuja mais rápido como se tivesse visto uma assombração? Covarde!

- Senhora Cassandra, eu gostaria de lhe agradecer... Por ter interferido a nosso favor quando o professor Snape...

- Quem disse a vocês, que eu deixaria Severus sujar as mãos com duas porcarias como vocês? - quando Cassandra voltou o olhar para eles, os grifinórios engoliram em seco. - Já para a cozinha. E não quero ouvir nenhuma palavra.

Eles entraram na cozinha e Cassandra indicou a mesa. Harry segurava o braço esquerdo, no ponto onde Cassandra o quebrara. Severus não tinha devolvido as varinhas para eles.

- Dyndy, Flor acho melhor vocês se esconderem. O mestre está furioso com vocês. – Cassandra abaixou-se, para conversar com eles.

- Mas, senhora, quem vai lhe proteger, se...

- Betsy e Noahn vão fazer isso. Agora, eu quero que vocês dois vão dormir, está bem?

- Dyndy não concorda com a senhora. Dyndy pensa que é dever dos elfos...

- Obedecer a uma ordem da senhora a quem servem. Se não forem por vontade própria, eu vou dar essa ordem, compreenderam bem?

- Flor não devia ter escondido os grifinórios, não mesmo... – a elfa começou a chorar em altos brados.

- Flor, você agiu com a sua consciência. O que tenho lhe dito, desde que entrei por aquela porta, pedindo ajuda? – Cassandra sorriu, passando a mão delicadamente pelo rosto dela. – E não se preocupe, agiu como eu faria, entendeu? Eu também protegeria esse menino.

- Mas a senhora bateu nele! – Flor protestou. – Flor e Dyndy fizeram coisa muito errada, fizeram sim!

- E bateria novamente. Ele me assustou, foi por isso. E vocês não fizeram coisa errada, mesmo que o mestre diga o contrario. Agora, Flor e Dyndy podem ir dormir.

- Se Dyndy e Flor não tivessem errado, a senhora não os mandaria sair. – Dyndy insistiu.

- Paciência, senhor Deus, dai-me... – Cassandra fechou os olhos. – Dyndy, vou falar uma vez, e depois eu os quero indo para a cama, compreendeu? Estou pedindo para que vocês vão dormir, porque amanhã teremos um dia cheio. Vocês devem estar bem descansados, para poderem me ajudar. E se eu ouvir mais uma palavra de protesto... – ela fez um gesto para calá-los. – vou fingir que sou surda e dar roupas para vocês. – usou um último argumento.

- Não! – os dois gritaram juntos.

- Senhora, não castigue Flor assim...

- Só não vou dar roupas se sumirem da minha frente agora. – os dois elfos saíram ainda protestando. – Eu detesto ter que fazer isso. – ela explicou para Hermione. – Mas as vezes parece ser o único recurso para faze-los sair. O que viemos fazer mesmo, aqui? Ah, lembrei! – ela deu um sorriso. – Noahn, onde estão as tortas que eu fiz pela tarde?

- Estão no armário, senhora, no... – sem ele terminar de falar, Cassandra se dirigiu até o armário. – Noahn busca para a senhora!

- Betsy, arrume a mesa, por favor. Noahn faça café e leve ao seu mestre. Coloque sobre a mesa da biblioteca e saia o mais rápido que puder de lá, compreendeu?

- Sim, minha senhora. – os dois fizeram o que ela mandara rapidamente. Cassandra logo colocava uma torta sobre a mesa. Após aquecê-la em um forno, que deixou aceso, cortou-a em diversos pedaços e serviu nos pratos. Puxou a varinha de dentro da capa.

- Severus pode ser um homem muito previdente, mas tenho mãos mais rápidas que ele. Estique o braço, Tiago. Não esse. – balançou a cabeça. - O quebrado. – ela com um toque prendeu-o em uma tipóia. – Se conseguir, vá hoje até a enfermaria. Eu sou melhor para quebrar braços do que para consertá-los. Tive anos de prática com Sirius e meus irmãos... – ela pareceu levemente melancólica.

Olhando para as mãos, Cassandra sentiu um nó na garganta. Lilian no seu sonho estava tão real, que era como se estivesse viva. “Alice ainda não está pronta para voltar”. Benjy falara. Será que ela teria tempo para isso? Suspirando, ela percebeu que os grifinórios não comiam.

- Minha comida não está envenenada, embora eu seja uma bruxa. Mas posso fazer isso, se quiserem. – Hermione engoliu em seco.

- Não, apenas... – não sabia como falar.

- Escutem-me. Se eu permitisse que Severus acabasse com a raça de vocês, o que aliás também é minha vontade, estaria não cumprindo uma promessa que fiz a sua mãe. – ela encarava Harry. – Eu ainda considero seu pai um imbecil, e duvido que minha opinião sobre ele vá mudar, apesar de tudo.

- Que promessa?

- Um dia desses, se você for gente o suficiente, talvez eu lhe conte. Mas agora, eu sei muito bem qual seria a reação dela, nessa situação especifica. Arrancaria suas orelhas fora, além de lhe passar um sermão. Se quiserem voltar a Hogwarts vivos, acho melhor comerem. TUDO.

Ao colocarem um pedaço da bendita torta na boca, Harry e Hermione tiveram uma surpresa desagradável. A massa dura, era a coisa mais saborosa daquilo.

- Ótimo. Agora me escute bem, Tiago: onde estava a sua cabeça quando seguiu Severus? Não lhe ocorreu, que... Fique quieto! – apontou o prato. – Coma tudo e não fale. Escute. E eu vou lhe chamar de Tiago, enquanto eu pensar sobre você as mesmas coisas que eu pensava sobre o seu pai. E não queira perguntar o que era, senão vou ser obrigada a usar um apito na boca, por um longo tempo.

Harry parou de comer. Quando viu, Cassandra apenas ergueu a sobrancelha.

- Se não comer o que está no prato, e rápido, vou fingir que você tem um ano de idade, e enfiar a comida goela abaixo. Coisa que eu já fiz, aliás. – Harry se obrigou a continuar comendo.

Hermione nem erguia o olhar. Cassandra recomeçou a falar. Quando Harry tentava parar de comer, Cassandra enfiava mais um pedaço da maldita torta no seu prato. – É para comer tudo, senhor magricela. Bem, disso eu não posso mais chama-lo, mas que você está magro, isso está! Ah, a propósito. Nem pense em tentar bancar o engraçadinho e colocar a comida no chão para o gato da casa, porque eu não tenho. Severus é alérgico. E o que eu estava pensando mesmo? Deixa eu ver sobre o que já falei... Ah, lembrei! – ela deu um sorriso, que serviria perfeitamente em Severus. – São algumas coisinhas, sobre Sirius. Em primeiro, lugar apesar dele ser um babaca renomado...

- Sirius não é...

- A cara de cavalo da sua tia não lhe ensinou, que quando um burro fala, o outro abaixa a cabeça? Talvez eu deva lhe passar essa lição, para você não ter tantos problemas.

- Não parece que a senhora costume seguir o seu próprio ensinamento. – Hermione havia terminado de comer a sua fatia. Cassandra sorriu e colocou mais um pedaço de torta no prato dela.

- Coma e fique quieta, garota. Eu não quero ninguém desmaiando por conta que não comeu. Agora, repetindo: apesar dele ser um babaca renomado, Sirius sempre amou o seu pai. Ele nunca traiu a confiança depositada nele por Tiago. Eu fiquei sabendo do plano arranjado por ele. Tirando a parte daquele rato miserável chamado Peter ter se tornado o fiel, eu achei um excelente plano. Até brinquei com Sirius, que se precisasse, eu gostaria de trocar de cérebro por uns tempos com ele. Contanto que ele não ficasse com a minha aparência, ele disse, ele até toparia. Afinal de contas, não queria receber cantadas dos amigos. – ela riu, relembrando a cena. – Em teoria, era um segredo, mas ninguém conseguia esconder um segredo de mim, naquela época. Pedi a Sirius se ao invés de Peter, eu não serviria.

- Afinal de contas, eu estava me afastando do ministério, e apesar de tudo, eu gostava de Lilian. A minha amiga estaria viva agora se eles tivessem trocado. “Desculpe, Cass, mas Tiago recusou que Dumbledore fosse o fiel. Vamos manter o plano original, apesar de tudo”. Uma das poucas vezes que vi Almofadinhas fazendo isso. Digam o que disserem de seu padrinho, Tiago, não pense mal dele. Um crianção, mas quando era pelos amigos, ele morreria. O que fez por sua causa. – quando Harry abriu a boca para protestar, Cassandra apontou a varinha para ele. – Ao cair no véu, Sirius morreu mesmo. Não fique pensando que talvez consigam retirar ele de lá. O máximo que vão conseguir, é que mais alguém morra. E a partir de hoje, se você não tomar cuidado, sou eu quem vai lhe atirar lá dentro. Se acontecer alguma coisa com Severus, e a culpa for sua, vou lhe caçar e tratar de fazer da família Potter uma raça extinta. – Cassandra se assustou quando Harry começou a gritar, com a mão na cicatriz. - O que foi? – ela ficou ao lado de Harry, Hermione também estava preocupada.

- Voldemort está chamando os comensais... – nem bem ele terminou de falar, Cassandra tratou de sair o mais rápido da cozinha. Quando estava na porta, Severus abriu a mesma.

- Eu avisei que deveria ter levado eles para Hogwarts antes!

-Severus, calma! Lembre-se das lições de oclumancia! – ela pegou o rosto dele com as mãos. – Limpe a sua mente, por favor. Calma. – enquanto ela ia passando as instruções, Cassandra tirou a capa de Severus, a colocando novamente nele. – Não se preocupe com eles. Mais que matá-los eu não vou fazer, entendeu? – Severus sorriu perante aquela tentativa de humor.

- Faça-me este favor, então. – Cassandra soltou-o, mas falou, como se ralhasse.

- E o senhor, não se atreva a voltar morto, senão eu te mato, entendeu? – Severus assentiu, e observou Harry e Hermione.

- Obedeçam-na. Se fizerem alguma coisa para machuca-la, vão se ver comigo.

- Severus, o tempo está passando! Cuidado, por favor.

- Não se preocupe. Eu quero ver os seus cabelos bem branquinhos. – sem esperar resposta, ele aparatou.

- Eu não acredito. Ele está tirando uma onda com a minha cara? Com uma situação dessas, como ele consegue falar isso? – Cassandra por um momento ficou indignada. – Deus, se estiver acordado, por favor cuide desse mal-humorado por mim... – ela abaixou a cabeça, e caminhava, murmurando palavras que eles não conseguiam distinguir. Quando pegaram algumas das frases, surpreenderam-se. – Pai nosso, protegei Severus. Não deixai que a escuridão afete novamente o seu coração... Ave Maria... Santa Maria, cuide de teu filho Severus, para que ele volte em segurança...

Diversas foram as orações que Cassandra intercalou com pedidos de ajuda e cuidado para Severus. Hermione levantou-se, para tentar ajudar Cassandra, mas do nada, Cassandra estacou e voltou o olhar para Harry.

- Tiago Potter. Você deve ir agora mesmo, antes que Severus volte. Noahn e Betsy vigiem os dois. Eu vou me assegurar que o filho de Lilian vai chegar em segurança no salão da Grifinória.

- Senhora, o mestre não vai gostar de saber que a senhora saiu sem ele. – Betsy falou, recebendo um sorriso de Cassandra.

- Não se preocupe, Betsy. O mestre só vai ficar zangado, se não me encontrar em casa quando chegar. Se eles fizerem alguma coisa para sair sem mim, pode usar um dos seus... artifícios. – o sorriso maldoso que Samara exibia quando planejava algo contra Joan estava lá.

Dali a alguns minutos ela desceu. Vestia novamente o agasalho que usava anteriormente, um par de tênis rosa, e os cabelos presos em um rabo de cavalo.

- Vamos logo, que essa aventura de vocês já está demorando tempo demais. - Cassandra esperou os adolescentes saírem da cozinha, antes de ir atrás. – Não sei qual vai ser a reação da Minerva, mas espero que seja uma boa detenção. Estão esperando o que? – ela estava parada na frente da lareira. Harry achou engraçado, que havia duas espadas cruzadas em cima dela.

- Nós vamos via pó de flú?

- Eu não disse que você herdou a burrice do Tiago? É claro que sim. Caso você não saiba, não é possível aparatar em Hogwarts. – Hermione deu um sorriso a Harry. Cassandra continuou explicando. - Essa lareira é ligada a Hogwarts, dando nos aposentos de Severus. – Ela pegou um pote de cerâmica, e abrindo-o, ofereceu a Hermione, em seguida fez o mesmo com Harry. – Não tem como vocês irem para outro lugar.

Os grifinórios foram na frente. Ainda estavam se limpando da sujeira, quando Cassandra apareceu ao lado deles.

- Fiquem aqui. Vou ver se a barra está limpa. – quando ela voltou, não deu tempo para eles falarem alguma coisa. – Vou leva-los para o salão da Grifinória. Depois, se Minerva quiser, ela que o leve para a enfermaria. Eu lhe deixaria por uns dias assim, mas como ela tem um grande coração...

Cassandra Cavendish podia falar bastante, mas também corria muito. Quando eles achavam que a mulher iria parar para puxar um fôlego, ela recomeçava, e os puxava para a frente. Do nada, estavam na frente do retrato da Mulher Gorda, e Cassandra começou a falar, acordando o retrato. Quando ela pediu a senha, Cassandra deu de ombros.

- Como vou saber? Me formei há quase vinte anos! – Cassandra quase caiu na gargalhada, quando a Mulher Gorda arregalou os olhos, ao perceber Harry e Hermione atrás de Cass. – Na verdade, só vim fazer uma entrega especial. Dois grifinórios muito xeretas!

- Eu não... Vocês tem idéia de como a escola ficou por conta de vocês?

- Madame, poupe o seu fôlego. Minerva vai dar a lição que necessitam. Tiago é tão retardado quanto o pai. Ah, antes que eu me esqueça... - ela se virou para eles, falando muito macio. Snape teria ficado orgulhoso. – se eu sonhar que vocês repetiram essa aventura, vou me certificar que vão ser meus convidados, por um longo período. E devo acrescentar, que não permito que os elfos cozinhem, quando estou recepcionando alguém... Fui clara?

- Como água. – Hermione falou de uma vez só.

- Ótimo. Eu sabia que uma grifinória não seria tola. – Cassandra abriu espaço para que eles entrassem. – E espero que sejam idiotas de saírem de Hogwarts sem a permissão de Dumbledore. Eu adoro cozinhar!

- Pena que não coma o que faz... – Harry levou um cutucão de Hermione pelo comentário.

- Até mais, Tiago! – quando o retrato se fechou, Cassandra fez uma mesura para a Mulher Gorda. – Se o filho de Lílian sair da linha, pode dar um jeito de me avisar? Eu vou adorar cuidar dele!

- Cassandra, porque não cuida da sua própria filha? – a Mulher Gorda falou severamente.

- Sabe que é uma boa idéia? Até mais! – Cassandra deu tchauzinho para o retrato, e voltou correndo pelo caminho de onde tinha vindo.

- Esses jovens...


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