Contos Fragmentados escrita por Maria Antônia Freitas


Capítulo 6
Mente Perturbada


Notas iniciais do capítulo

Ah, Leonardo, tão irmão quanto um de sangue. O cara que sempre esteve comigo, e também o único que quis ser minha dupla nas aulas do colegial. Sempre duvidei que fosse apenas mais um se aproveitando de minhas habilidades nas aulas de biologia, mas o tempo provou o contrário.
Entretanto hoje não é dia para se pensar em quem está ao meu lado.
Hoje é dia de se encerrar o massacre. Dia de voltar ao passado e vingar-me da última alma podre.
Que a alma do Papai se vingue por mim. E que os demônios assombrem a memória do Pastor.
O último dia chegou.



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–Hey, Antônio, já está indo? – disse meu colega Leonardo.
–É, preciso terminar meu livro. –respondi.
–Ah cara, esse seu livro é um grande mistério que vou adorar desvendar. HAHAHA.
–Pois bem, daqui alguns dias você descobrirá este mistério.– respondi com meu tom sombrio.
–Bom, então até semana que vem. Se quiser ir comigo e com a Keila no ‘Bar do Nelson’, o convite ainda está de pé.– disse ele pouco esperançoso.
–Até algum dia, irmão.

Sai do prédio, e entrei em meu pequeno carro preto. Dirigi até o outro canto da cidade. A rua 23, uma rua que ninguém mais se lembrava, exceto os próprios moradores de lá.
Papai dizia que aquela rua era especial, que coisas boas aconteciam nela, mas essas afirmações foram postas contra a parede quando tudo aconteceu.

Encostei o carro em frente á casa com muros amarelos e entrei na grande casa vazia. Preparei o café e abri alguns biscoitos de trigo para o Senhor Figueiredo, o idoso que todo dia 11 de cada mês visitava meu jardim para me entregar uma flor branca.
Alguns suspeitavam de que ele fazia isso pois ele benzia as flores com água benta, insinuando que a minha pessoa precisasse de uma benção divina pelo fato de morar sozinho em uma casa grande.

Pobres mentes ignorantes, sabem tão pouco da real identidade do Senhor Figueiredo. Poucos sabem que este lindo ato é causado por uma mente arrependida.

Como o esperado, o idoso chegou às 18h13 em meu portão com um cravo branco.
–Olá, senhor Figueiredo, entre, o café já está pronto. –disse com um sorriso no rosto.
–Que Deus lhe abençoe, querido Antônio, tão gentil teu gesto de carinho por mim. –respondeu o idoso entrando em minha sala.

É meio cômico a sua vítima vir até você, como um peixe vai até a isca, mas neste caso, o próprio criou a sua. Em outros casos, tive que me virar para atrair o corpo, mas com um pouco de inteligência sempre consegui pescar o peixe.

Acompanhei o homem até o sofá cinza que se encontrava na sala de estar, e caminhei até a cozinha para pegar o café. Coloquei 5g de Rohypnol em pó na xícara e deixei dissolver no líquido quente.
Coloquei a xícara e os pequenos biscoitos de trigo em uma bandeja, e voltei para sala, onde se encontrava o idoso assistindo um filme antigo que estava passando no canal 523.
Senhor Figueiredo, qual o nome desse filme? –indaguei.
Ah meu querido, é um filme bem antigo. “Maze Runner”, um filme que marcou muito minha adolescência... –respondeu o velho com um sorriso no rosto.
–Então hoje veremos filmes ao invés de contarmos histórias?
Acho que já lhe contei histórias de mais, vamos assistir a este filme. –respondeu o velho pegando a xícara da bandeja.
Apenas um gole daquele líquido preto para aquele velho imundo cair inconsciente. E assim aconteceu exatamente às 18h27.
Ergui seu corpo pesado em meus ombros, e o levei até o antigo quarto do Papai.
Liguei a caixa de som que estava tocando "Crystallize" de Lindsey Stirling, e reescrevi a antiga cena de 26 anos atrás.
O sentei em uma cadeira de balançar antiga, amarrei seus finos braços na parte de trás do assento, e comecei a rasgar seu antebraço com uma pequena faca. Em seguida marquei seu rosto com um cabo de aço, desfigurando sua bochecha pálida. E o sangue que escorria de seus braços apagava a cor vibrante de sua blusa branca.
Enquanto ele ainda estava inconsciente, aproveitei para rever a lista das almas podres que não mais viviam:
Família:
–Maria Cecília, a pequena sobrinha ruiva.
–Isadora, a linda irmã.
–Lorenna, a esposa.
–Arthur, o feto de 7 meses.
–Malu Mões, a filha inteligente.
–Vinicius Caetano, o fiel favorito.

Outros:
–Julia Guglielmo, a loira estúpida da F.U.C.H.*
–Lucas Santos, subchefe da F.U.C.H.
–Vinicius Martinato, o padre estuprador.
–Filipe Muliterno, o gay homofóbico.
–Maria Luiza, a prostituta da F.U.C.H.

Pobre almas inúteis, poderiam ter sido poupadas caso o velho pastor tivesse sido um pouco mais inteligente.

Após 1 hora, ele despertou. Seus olhos pareciam assustados, e procuravam reconhecer o lugar.
–Senhor Figueiredo? Quer que eu lhe conte uma história? –disse em um tom sarcástico.
O velho urrou algo atrás do pano que tampava sua boca. Suas lágrimas se perdiam no suor de seu rosto.
–Ah, ok, vamos apenas assistir alguns filmes. Quer que eu comece pela sua sobrinha Maria Cecília? Ou devo começar com as pessoas insignificantes para você?–ri um pouco de sua desgraça.
Meus olhos irradiavam prazer em dizer aquelas palavras, meu coração pulsava rapidamente, e meu sorriso torto se satisfazia com os gemidos de dor daquele homem.
Liguei a televisão, inseri o CD no aparelho de vídeo, e apertei o play.
–Okay. Vamos começar com a morte de sua sobrinha.


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Notas finais do capítulo

*Fiéis Unidos Contra Homossexuais*



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