Parceiros escrita por Endy


Capítulo 6
Capitulo 6


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Eu demorei né?! Mas vai ser assim mesmo, infelizmente não posso postar com a frequência que eu gostaria e que vocês merecem! Espero que continuem gostando,comentando, acompanhando, que eu prometo que não vou abandonar a fic!
Bjos amores! ;)



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Meu coração parecia que ia sair pela boca, Kate chorava compulsivamente ao meu lado com as mãos escondendo o rosto e dizendo palavras incompreensíveis. Meu corpo parecia congelado olhando para Chad desacordado aos nossos pés, nunca quis que isso acontecesse e principalmente não queria que ela estivesse envolvida nisso tudo, eu tinha que fazer alguma coisa.

Me abaixei para verificar se ele ainda respirava, tomei-lhe o pulso e constatei que ainda estava vivo. Uma onda de alivio passou por todo o meu corpo e me levantei soltando o ar preso em meus pulmões, Kate estava encolhida no canto da casa abraçando as próprias pernas, o choro estava mais baixo que antes, porem ainda conseguia ver o seu corpo se contraindo devido aos soluços, me aproximei lentamente sem saber muito bem o que fazer. Dobrei os joelhos ficando de frente para ela, toquei sua mão para que olhasse para mim, mas continuou com a cabeça baixa e parecia tentar conter os soluços.

– Kate! Ele não está morto. - Ela levantou a cabeça subitamente enxugando as lagrimas.

– Não?! Ele..ele não morreu? Eu não o matei? - Ela estava visivelmente assustada e isso me deixou pior do que antes, não devia ter deixado que entrasse aqui, que se aproximasse de mim. É tudo culpa minha!

– Não, ele não morreu! Você não matou ninguém. Ele só está desacordado pela pancada! - Os olhos verdes antes esperançosos ficaram sombrios e eu conhecia aquele olhar, era medo. - Vem, vamos sair daqui! Não queremos estar aqui quando ele acordar. - Estendi minha mão ajudando-a a se levantar, ela tremia um pouco e eu apertei suas mãos entre as minhas tentando passar nem que fosse um pouco de segurança. Olhamos mais uma ultima vez para Chad e eu a levei para fora dali.

– Não podemos deixá-lo aqui! Precisamos chamar uma ambulância! -A sua voz estava embargada e o seu desespero visível.

– Eu sei, mas não dá pra fazer nada agora. Ele vai ficar bem...eu acho! A gente tem que sair daqui. - Eu a puxava para o mais longe possível da casa, me certificando que ninguém estivesse olhando. Atravessamos a rua e entramos no parque, corremos até os meus olhos não vislumbrarem nem mesmo a silhueta da minha casa demonstrando que já estávamos longe o bastante e portanto seguros.

– Peraí...peraí! -Ela parou respirando com dificuldade e eu desacelerei o passo, parando e me virei para encará-la. - Isso não é certo! Temos que voltar e... Meu Deus o quê que eu fiz?! Eu nem sei o quê que tá acontecendo! Quem é aquele cara? -Ela me encarou de um jeito que eu sabia que se não falasse tudo, ela poderia me dar um tiro se estivesse armada. Sentei-me em um dos balanços do parque tomando coragem para relembrar tudo e ela fez o mesmo esperando minha resposta.

– O nome dele é Chad, é o namo...o cara que vive com minha mãe. Eu o conheço desde que nasci, era um amigo do meu pai e quando ele... - Respirei fundo sem olhar para ela, nunca tinha falado sobre isso com ninguém. - Quando ele sumiu, Chad ajudou a mim e a minha mãe, disse que iria cuidar de nós e tomou as responsabilidades da casa pra ele. Isso se tornou meio que um alívio, éramos só eu e ela e estávamos sem entender o que tinha acontecido com as nossas vidas. Meu pai havia sumido sem nenhuma explicação, tínhamos muitas dividas pra pagar e a casa era a maior preocupação. Estava empenhorada e o banco iria tomá-la de nós, mas Chad pagou a tempo e convenceu minha mãe que seria melhor colocar tudo no nome dele, ela não entendia nada disso e acabou aceitando. O desgraçado roubou tudo o que nós tínhamos!

Parei de falar sentindo o nó na garganta pela raiva que parecia me consumir por relembrar tudo isso, cada minuto que se passou ao longo desses anos infernais e tudo isso por causa de um idiota que um dia eu chamei de pai. Kate estava quieta ao meu lado e pelo canto dos olhos vi que olhava para a mesma direção que eu, parecia procurar as palavras certas.

– E a sua mãe? Onde ela está? - Ela quebrou o silencio olhando para mim.

– Ela está no hospital... - Abaixei a cabeça deixando escapar um suspiro, não queria terminar a frase e relembrar que Chad era o responsável por isso.

– Chad! Foi ele? Ele machucou sua mãe, não foi?! - Eu a olhei um pouco confuso pelo fato dela parecer ter acabado de ler a minha mente. Seus olhos estavam marejados e eu tive a impressão que eles me conheciam a anos.

– É.. O idiota a machucou! Não é a primeira vez que ele faz algo assim, no começo ele era um cara legal e a tratava bem, mas me batia muito quando ela não estava por perto. Eu não dizia nada porque...porque ela parecia feliz, só que com o passar do tempo ele mostrou quem realmente era. Chegava bêbado em casa e batia nela, eu era pequeno e não conseguia fazer nada e minha mãe sempre fez de tudo pra que eu não visse, mas sempre foi em vão. A partir do momento que fui crescendo, me empenhei a protegê-la, mas dessa vez eu não estava por perto.

Senti os meus olhos queimarem pelas lagrimas que tinham se acumulado, abaixei a cabeça fazendo de tudo para que ela não me visse assim, odeio que me vejam chorar e acho que agora isso poderia piorar a situação. Ela já está assustada e me ver chorar não vai ajudar em nada.

– Bom... Agora já temos uma boa historia para escrever um livro! -Ela disse em um tom debochado e preocupado ao mesmo tempo, um sorriso fraco se formou espontaneamente no meu rosto.

– Acho que sim, apesar de achar que essa historia não vai atrair o publico! -Ela sorriu limpando o rosto molhado pelas lagrimas. Eu olhava para as minhas mãos criando coragem e pensando nas palavras certas para fazer o que era necessário. -Você tem que se afastar de mim.. É perigoso!- Olhei dentro de seus olhos com a esperança que assim ela entendesse que era melhor para todo mundo se fizesse o que eu disse, mas Beckett arqueou uma sobrancelha e um sorriso debochado surgiu em seu rosto e com toda a certeza, essa não iria ser a reação que eu queria.

– Perigoso pra você é se afastar de mim! Sem mim hoje você estaria morto e...

– Para de brincadeira Beckett, eu falo serio! Não é seguro! -O sorriso debochado desapareceu do seu rosto e uma expressão seria tomou conta de suas feições, ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e me encarou da mesma forma que eu tinha feito antes.

–Eu não estou brincando! Agora já é tarde de mais, eu já estou envolvida nisso tudo e não tem volta. Perigoso seria se nós nos afastássemos! Você não tem que fazer isso sozinho, não vai te matar se receber alguma ajuda, sabia?! E é pra isso que eu estou aqui, somos parceiros agora.

Eu não contive o sorriso que rasgou o meu rosto, apesar dela ser imatura; irritante; egocêntrica; teimosa e parecer uma criança de nove anos que não leva nada a serio, Beckett sempre sabe o que dizer e por mais que eu não goste de reconhecer é bom tê-la por perto.

– Tudo bem, você não vai me deixar em paz mesmo, não é?! –Eu perguntei tentando parecer serio e ela balançou a cabeça afirmando que não com um sorriso sincero no rosto e com aquele mesmo jeito de uma criança de nove anos. –Mas a mesa da escola ainda é só minha!

– É.. Fale isso até você acreditar nesse delírio! –Ela riu se levantando do balanço e por um momento, não sei muito bem o que aconteceu comigo, só sei que não consegui tirar os olhos dela.

– Você vem ou não? –Ela parou virando-se para mim, me tirando dos meus devaneios. Me levantei rapidamente, um pouco atrapalhado o que foi motivo do riso que ela soltou enquanto eu ajeitava a postura e seguia até ela.

–Nós vamos a onde? –Perguntei caminhando ao seu lado, curioso com a forma que ela nos guiava até sei lá aonde.

–Primeiro até minha casa falar com os meus pais e...

–O QUÊ?? VAI CONTAR PARA OS SEUS PAIS O QUE ACONTECEU? ENLOUQUECEU AGORA! –Parei incrédulo a sua frente, fazendo com que ela parasse também. Ela só pode ter ficado louca em querer contar aos pais!

–Dá pra ficar calmo?! Meus pais vão saber o que fazer com o Chad, assim ele para de infernizar você e a sua mãe e quem sabe colocam ele atrás das grades e todo mundo sai feliz! –Ela abriu os braços como se tivesse descoberto alguma saída para tudo isso. Suspirei diante da sua ingenuidade.

– O Chad tem amigos na policia, por que você acha que ele nunca foi preso? Eu já tentei recorrer à ajuda da policia e levei uma boa surra por causa disso. Ele quase me matou! Eu não vou colocar a vida de mais ninguém em risco, o Chad pode ser um Zé ninguém, mas os amigos dele são pessoas bem mais perigosas.

–Eu sei que você não confia em ninguém, mas os meus pais podem ajudar! Eles conhecem muita gente e vão saber o que fazer. Nós não vamos consegui nada sem ajuda!

–Não! Eu não quero mais ninguém envolvido nisso, e isso inclui você! Isso não é um problema seu, não é a sua guerra, é a minha! –Eu estava determinado a fazê-la entender que isso é perigoso, e ela não tem nada a ver com isso.

– Eu não quero saber! Já é tarde de mais pra isso e você não vai se livrar de mim! E vamos logo que eu ainda tenho que fazer muita coisa... Não! Mentira, eu não tenho nada pra fazer! –Ela continuou andando e eu bufei cruzando os braços. O quê que eu tenho que fazer para essa garota entender que esse negocio de “parceiros” não vai dá certo?!

–Vamos Rodgers! –Ela me puxava pela mão e por mais que eu resmungasse não adiantava, Beckett continuava a me puxar como se eu fosse filho dela e isso é muito irritante. –Seja um bom menino que para de reclamar Rodgers!

–Eu posso andar sozinho e eu não sou mais um menino! –Parei de andar e puxei a mão dela, fazendo com que nossos corpos se chocassem. Nossos olhos se encontraram e tudo ao redor pareceu perder a importância, ela estava perto de mais, o perfume de cerejas invadia o meu olfato confundindo todos os meus sentidos. Podia ouvir o pulsar descoordenado do meu coração e acho que até ela ouvia também.

–Tudo..tudo bem Rodgers, eu deixo você andar sozinho! –Ela se afastou de mim com o rosto um pouco corado, o que sinceramente não pude deixar de notar que é adorável. –Mas eu guio o caminho, o seu senso de direção não é dos melhores! –Arqueou uma sobrancelha e saiu caminhando a minha frente, como se nada tivesse acontecido. Resolvi segui-la e esquecer o quê quer que seja que eu pensei ter acontecido.

–O..O quê?! O meu senso de direção não é dos melhores?! Olha só quem está falando, a garota que parecia bem perdida quando eu te encontrei procurando a minha casa, sem falar do primeiro dia de aula que até onde eu me lembro era VOCÊ quem não encontrava a sala!

– Isso pode acontecer com qualquer um no primeiro dia de aula...

–Ainda mais quando se trata de alguém tão atrapalhada quanto você! –Ela me fuzilou com os olhos e me acertou um murro no meu braço, e ela sabe bater.

–Para de falar besteira Rodgers, estamos perdendo muito tempo! Ainda temos que falar com os meus pais. –Antes que eu falasse alguma coisa para tentar convencê-la da insanidade que é falar com os seus pais sobre esse assunto, ela levantou o dedo indicador balançando a cabeça me impedindo de dizer qualquer coisa como se previsse a minha intenção. –Não tem discussão, vamos falar com eles!

Eu sei que não deveria, mas não tenho escolha. Talvez Beckett tenha razão; talvez seja melhor pedir ajuda, assim quem sabe eu e minha mãe nos livramos desse infeliz de uma vez por todas.

Espero que eu não esteja fazendo besteira e acabe trazendo mais problemas, tenho medo de dar tudo errado outra vez, mas agora talvez seja diferente porque eu sei que não preciso passar por tudo isso sozinho.

Acho que realmente posso dizer que eu e a garota imatura, irritante, egocêntrica, teimosa e que não para de falar, somos parceiros e isso não me parece tão mau.


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Notas finais do capítulo

E então??? Digam o que acham, sou aberta a opiniões, viu?!
Bjos!!! ;)