ANTERIORMENTE....

—Tô indo embora agora Beckett! —Rodgers avisou, me seguindo, enquanto eu segurava uma cerveja e me desviava dos mais animados na festa.

 —O que! Agora que temos a manha toda... —Me virei para tentar convencê-lo a ficar mais um pouco, esbarrando em seu corpo o que me fez perder o equilíbrio, Rodgers me segurou pela cintura, prendendo meu corpo ao dele. Estranhamente, não consegui me mover, os seus olhos pareciam tão azuis agora que achei que minha mente poderia está me pregando uma peça. Os seus olhos eram azuis assim ontem? Ele me olhava analisando cada parte do meu rosto com algo no olhar que achei melhor não descobrir o que era.

Eu tenho que sair daqui, se não pode ser tarde de mais para voltar atrás!!

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—CHEGUEI!!! —A garrafa em minha mão caiu e o liquido que estava dentro, molhou meus pés. Me desvencilhei dos braços do Rodgers o mais rápido que consegui, ainda a tempo de ver Karen entrar pela porta, sendo ovacionada pelos seus convidados. Nunca fiquei tão feliz por ter derramado cerveja nos meus pés, mais um pouco e... Melhor nem pensar nisso!

—KAREN!! Mas que droga! Onde esteve esse tempo todo? Olha a bagunça que fez,dessa vez não vai sobrar pra mim. Assuma as besteiras que você faz, ainda não é nem onze da manhã e a casa ta cheia de gente que nunca vi na vida! Os vizinhos vão chamar a policia... –Ryan seguia a irmã reclamando, fazendo o papel de irmão mais velho que nem era seu. Karen é a mais velha e sempre foi a causadora de problema oficial da família Ryan, uma dor de cabeça para Kevin, e uma ótima distração no momento, já que nem eu, e nem Rodgers parecemos confortáveis depois daquela situação digamos...Estranha, que ocorreu a pouco.

—Então ela é a Karen? —Rodgers se aproximou, com as mãos nos bolsos, olhando para os dois irmãos discutindo no canto da sala.

—É! Essa é a ovelha negra... Mas ela é legal, não deixe os gritos do Ryan confundir você! –Sorri levemente, tentado me sentir confortável de novo. Afinal, não tem porquê ficar constrangida com uma bobagem dessas, não foi nada de mais, somos amigos e é apenas isso. Nada de mais!

—Olha quem tá aqui... –Quando percebi Karen já me abraçava, de um jeito tão desconcertado que por pouco alguns fios de seu cabelo loiro não entraram na minha boca. —Kate, achei que ainda estava em L.A! E o Tom veio com você? —Devia ter uma lei que proibisse perguntas como essa! Tentei parecer o mais natural possível, o que é meio difícil quando seus olhos azuis me estudavam, analisando cada uma das minhas reações.

—Não... Ele ficou! —Me limitei a responder apenas isso, ela sorriu e olhou em volta, parando os olhos ao meu lado. E o sorriso ficou ainda maior e eu já sabia o por quê.

—Oi! Tenho certeza que não conheço você, não esqueceria olhos assim...—Rodgers nem se moveu com a aproximação dela, continuava com as mãos nos bolsos e um sorrisinho de canto de boca que eu tenho certeza que não estava ali antes.

—Oi.. Você tem razão, nós não nos conhecemos! Vim de penetra na sua festa, me desculpe... Achei que seria melhor que a escola, e acho que tinha razão. –O que?! Não era o Don Juan aí que queria ir embora há alguns minutos atrás? Coerência invejável... Onde é que o Ryan se meteu, hein?! Não estou achando nada divertido ter que ficar assistindo esse episodio de The Bachelor bem na minha frente!

  -Cadê o Ryan?-Perguntei sendo totalmente ignorada pelos dois. —Ei, Karen! Viu o Ryan?

—Não, tô tentando ficar longe das chatices dele! Despistei ele lá perto da cozinha, acho que ainda pode está lá.. –Ela sorriu para o Rodgers que devolveu o gesto. Ridículo, nem sabia que ele podia sorrir! Me afastei dos dois indo procurar pelo Ryan, a festa não estava nem um pouco divertida e eu precisava de algo para mudar essa situação. Só para piorar, achei o Ryan e ele estava conversando com a Jenny, a loirinha de vestido rosa. Resolvi não atrapalhar os dois.

—É chato quando todos os nossos amigos acham uma companhia, né?!—Me virei para conhecer de que era a voz atrás de mim, e era exatamente disso que eu precisava para tornar essa festa interessante. Aproximadamente um metro e noventa, ombros largos, cabelo negro e um sorriso incrível.

—É bem chato, mas acredito que em tudo se pode dá um jeito, não concorda?—Me aproximei usando meu melhor sorriso, aquele treinado na frente do espelho para usar quando precisar encantar alguém. Não que eu já tenha feito isso, claro!

—Verdade! Quando se está em uma ótima companhia, todo lugar pode se tornar divertido. –Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha e meus olhos correram seu rosto, até encontrar a boca.

—Beckett!!—Mas que droga!

—O que foi Rodgers! —Respondi irritada pela inconveniência dele. Isso é hora para alguém incomodar uma pessoa?!

 —Preciso falar com você! –Ele se colocou entre mim e o garoto responsável por essa festa está divertida.. Pelo menos, estava até o chato do Rodgers me interromper!

—Não pode ser depois?

 —É importante.—Ele cruzou os braços, com a expressão séria. Sério de mais até para ele!

—Me manda um email ou uma mensagem com o assunto e...

—Beckett!—Eu bufei impaciente e irritada. Não é justo, agora que a brincadeira ia ficar boa!

 —Tudo bem, mas me dá alguns minutos. Acabei de fazer um novo amigo e minha mão me educou a não ser grossa com as pessoas e me despedir direito, então...—Fiz um sinal com a mão para que ele saísse da minha frente e eu pudesse falar com o meu novo amiguinho. Rodgers revirou os olhos, olhando por cima dos ombros para o carinha atrás dele.

—Oi, tudo bom? Que ótimo!—Deu um tapa no ombro do garoto, que se eu fosse uma pessoa maldosa, diria que foi forte de mais para ser apenas um sinal de simpatia, ou qualquer coisa assim que meninos fazem para se cumprimentarem. Saiu, dando as contas para nós dois e indo para fora da casa.

—Ele parece... Amigável!—O garoto massageou o ombro onde Rodgers tinha “tocado” e sorriu um pouco sem graça.

—Acho que ele gosta de você.. Ele até sorriu! –Tentei amenizar o clima chato e voltar para onde estávamos antes do Rodgers chegar.

—Não acho que aquilo foi um sorriso, parecia mais uma careta! Vocês estão juntos?

—NÃO! Não, Rodgers é um amigo da escola. Só isso! Mas ainda não sei o seu nome... —Sorri, o mesmo sorriso treinado.

—É David. E o seu? O sobrenome eu já sei, Beckett!

—Esperto, mas foi fácil! Mas Beckett é muito formal, Kate é melhor...

—É um prazer, Kate...—Ele se aproximou mais ainda, deixando o espaço entre nós dois quase insignificante. Eu sorri, esperando o próximo passo dele que se inclinou em minha direção, quase me fazendo sentir o nariz roçar em minha pele e...

—Beckett! Qual a parte do “importante”, você não entendeu?

—Rodgers!—O nome saiu entre os meus dentes, David se afastou de mim, enquanto o estraga prazer do Rodgers estava parado ao nosso lado, com os braços cruzados e olhar fixo em nós. —Eu estou ocupada, seja um bom menino e espere. Se for bonzinho te dou um pônei, tudo bem?!

—Ela não é uma graça, David?! —O sorrisinho irônico em seus lábios e a irritação no tom da voz, quase me fez rir. Se existe algo que me divirta, isso sem duvida é irritar Richard Rodgers!

—Acho melhor eu ir.  Vejo você por aí Kate! –David se aproximou, beijando o meu rosto. Frustrante, muito frustrante!

—Viu o que você fez?! Acabou com a minha festa...Não, tem nada melhor pra fazer não?! Estragar algum aniversario de criança, talvez...

—Para com o drama, o cara tinha tatuagem de henna! Quantos anos ele tem? 12? Pegou essa tatuagem em figurinha de chiclete?

—Isso é ciúmes? –Rodgers arregalou os olhos, colocando a mão sobre o peito, rindo de um jeito estranho. Cada letra da frase que eu disse teve efeito sobre ele, e eu estava adorando isso!

—Ciúmes de quem?! Você e o cara da tatuagem de chiclete? HAH.. duas vezes HAH!!—Ele balançou a cabeça e eu comecei a rir do seu embaraço visível. Era fácil demais provocar ele!

—Isso parece ciúmeees... Rodgers tá com ciúmeees... –Cantarolei, fazendo uma pequena dança que ele tentava me fazer parar sem nenhum sucesso.

—Isso é tão maduro... –Ele ironizou, colocando as mãos novamente nos bolsos e eu não pude deixar de rir. Ele fica fofo quando está com raiva... Mas isso não é coisa que se diga em voz alta. –Agora que parou com a brincadeira, preciso que me leve até seus pais. Preciso saber se eles já tiveram alguma informação sobre Lazarus, eu sei que eles não tiveram muito tempo pra fazer todas as investigações necessárias, mas...

 —Tudo bem Rick, eu entendo... –Ele estava atropelando as palavras, demonstrando toda a ansiedade e angustia em ver ao menos uma luz no fim do túnel. Me aproximei tentando passar um pouco de conforto e confiança a ele. –Eu vou falar com Kev dizendo que temos que ir, Lanie e Espo não vão sentir nossa falta no momento! Dois minutinhos e podemos ir, ok?! -Rick acenou concordando e eu me afastei, com a cabeça girando.

Por mais que eu tenha total confiança na competência dos meus pais, não sei se poderão ajudar e isso me incomodava muito. Pensar que talvez não consiga corresponder as expectativas dele em enfim ter paz para si próprio e para Martha.. ou que aquela sombra que existe em seus olhos continue ali, sem nada que eu possa fazer...Pensar nisso me deixa mais do que incomodada. É um aperto no peito que não dá pra explicar!

Talvez esteja fazendo tudo errado, eu realmente não sei, mas a única coisa que tenho certeza é que eu vou até as ultimas consequências. Afinal, é isso que parceiros fazem, não?!