Anteriormente...

—Aonde vamos?
—Vamos à festa de boas-vindas! –Kate jogou os braços para cima, comemorando
—Tia Johanna vai nos matar se descobrir que por nossa causa você fugiu da escola. –Lanie tinha um sorriso malandro no rosto, ao contrario de Espo que tinha uma expressão preocupada.
—É só vocês ficarem quietos e ela não vai saber de nada. –Entramos em um taxi e Kate deu o endereço ao motorista.
—E você? –Lanie me olhou com os mesmos olhos analíticos de antes.
—Eu não estava a fim de ir para a aula!–Dei de ombros, me desculpando mentalmente a minha mãe por isso, mas eu odeio aquele lugar.
—Então eu salvei sua vida mais uma vez! Acho que posso me considerar uma heroína... Posso ser a Elektra, o que acha? –Kate riu colocando a língua entre os dentes, me olhando como uma criança, ao lado da amiga. De repente o ar pareceu escasso e meu coração parecia que ia sair pela boa. Sem saber o que responder, apenas revirei os olhos, me sentindo ridículo por não consegui responder a uma coisa boba como essa.
Não sei se é uma boa idéia seguir a Beckett até essa festa, contrariando minha mãe e talvez arranjando mais um problema, só que agora além de dona Martha, ainda tem os pais dela. Eles estão me ajudando e ter que acobertar a filha enquanto ela foge da escola para ir a uma festa, não é bem uma forma de ganhar confiança, mas por alguma razão já não consigo negar nada a ela, e muito menos sair do seu lado.

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KATE POV.

—Posso ter um parceiro tipo Batman e Robin... Não! Eu não gosto de mascaras, elas escondem os meus olhos e...

—Pelo amor de Deus, você tem bateria ou é movida a luz solar? Nunca vi aluguem falar tanto!—Rodgers teve a audácia de interromper os meus planos de salvar o mundo, como sempre. Acho que ele não gosta de super heróis!

—Vocês são estranhamente fofos...—Lanie sempre com suas colocações inconvenientes..

—E extremamente irritantes! Onde é essa casa que não chega nunca?Cara, não aguento mais ficar nesse táxi, o transito é sempre lento assim?

—Calma Javi, já estamos chegando!—Lanie acariciou o braço do Espo, o acalmando um pouco. Eles tem um relacionamento, que ela diz ser “moderno”, mas um morre de ciúmes do outro.

—Tem certeza que não deu o endereço errado ao motorista?

—Rodgers, sempre duvidando da minha capacidade de guia turística dessa maravilhosa metrópole! Lógico que dei o endereço certo...—Eu acho que é o endereço do Ryan ou é o endereço da nova biblioteca que abriu no Brooklyn, mas isso eu não vou falar, não quero alarmar ninguém e muito menos ouvir mais alguma das reclamações do Rodgers.

—Pronto, chegamos meninos!—O senhor que dirigia o táxi, estacionou o carro ao lado da casa vermelha, com musica alta para uma hora dessas da manhã. Não que eu esteja reclamando!

—Eu pensei que seria “apenas uma comemoraçãozinha entre os amigos mais chegados”!-Espo repetiu o que o Ryan falou quando nos avisou da celebração em sua casa, enquanto eu discutia com o Rodgers para que deixasse pagar a corrida do táxi.

—Deixa que eu pago isso, por Deus!—Lanie nos empurrou e pagou o motorista impaciente, que quase nos expulsou do carro. —Quanto mais bagunça melhor, acabei de chegar e quero me divertir..—Lanie me abraçou rindo.

—Então vamos, ainda precisamos encontrar Ryan no meio dessa gente toda!—Espo segurou a mão da Lanie e os dois foram a nossa frente. A casa era bonita, tirando os copos de bebida espalhados por todos os lados, o cheiro de cigarro, e outras coisas que acho desnecessário serem ditas. Se fora da casa o sol reinava majestoso, dentro da casa a musica alta, gente desconhecida, e a ajuda de panos pretos nas janelas para evitar a entrada de sol, faziam esquecer que ainda não passara das dez da manhã.

—Isso é loucura, acho que devo ir embora não conheço ninguém aqui, nem sei quem é Ryan... -Rodgers me puxou pelo braço, impedindo que continuasse andando.

—Relaxa Rodgers, é só uma festa. Tirando os quatro, eu também não conheço ninguém aqui e Kev é um cara legal!—Ele suspirou, um pouco mais convencido, mas ainda desconfortável. Segurei sua mão e comecei a puxar ele pelo meio de toda aquela gente que parecia não ter noção nem de onde estavam.

—Achei o Ryan!—Ouvi a voz da Lanie um pouco a frente e segui até onde ela estava.

—Até que fim encontramos o anfitrião.—Espo quase quebrou as costelas do coitado do Ryan em um abraço, os dois são quase irmãos. Sempre foi assim, nós três em todas as situações, eles são meus irmãos, e sei que posso contar com eles para tudo, isso não vai mudar!

—Kev!!!—O abracei assim que Lanie marcou a bochecha dele com o batom que usava.

—Kate, Johanna deixou você vir?—Saí do abraço apenas para encará-lo, essa pergunta não precisava ser respondida. –Ah.. Fugiu da escola! Não muda não é senhorita Beckett!

—Pelo jeito foi você quem mudou, não esperava uma festa dessas às dez da manhã de Kevin Ryan, o garoto de suéter e gel no cabelo!—Ele fingiu um riso e sentou no chão encostado a cabeça na parede.

—Eu não fiz isso, ainda é dia, nem é hora pra isso! Não faço ideia de quem seja esse povo todo! Roubaram minha carteira, e tem duas pessoas transando no meu quarto e não dá pra tirar eles de lá porque o cara é um bruta-monte. Meu Deus isso é um inferno!—Ele escondeu o rosto entre as mãos e eu reprimi o riso. Como não pensei nisso antes?! Kevin Ryan nunca faria uma festa assim, não no meio da semana e tão cedo, e muito menos sem álcool gel em lugar nenhum.

—Ele é sempre tão dramático assim?—Rodgers sussurrou para que apenas eu ouvisse, eu ri confirmando.
 

—Principalmente quando o assunto é a irmã... —Respondi no mesmo tom e ele me olhou confuso.

—Isso é coisa da Karen, não é?

—É claro que é Espo, ela é doida e vai sobrar tudo pra mim quando nossos pais souberem disso, isso é um absurdo eu sou o mais novo delas e sempre acabo me ferrando!—Ele suspirou levantando do chão. –E você, quem é?

—Eu?...Richard...—Ele estendeu a mão, cumprimentando Ryan. —Desculpe entrar de penetra na sua festa, mas pareceu melhor do que a escola!

—Tudo bem, acho que todo mundo aqui é penetra e você é namorado da Kate, então...

—Não somos namorados!!—Rodgers e eu respondemos em uníssono, o que foi estranho, mas, o mais importante agora era acabar de uma vez por todas com essa historia, afinal eu tenho uma reputação!

—Isso foi estranho... e eu não tenho culpa, vocês chegaram de mãos dadas e...

—Cadê o Espo e a Lanie?—Resolvi cortar o assunto antes que ficasse mais constrangedor isso tudo.

—Eles estavam aqui.. mas acho que subiram logo depois que você entrou em desespero e começou a falar comigo. —Rodgers encolheu os ombros, olhando para aonde os dois provavelmente teriam escapado dessa conversa já conhecida do Ryan e suas irmãs um pouco inconsequentes.

—Não quero nem saber o que os dois estão fazendo lá..  —Eles pareciam coelhos, não podiam ter uma oportunidade.

—E o quê eles estão fazendo lá?—Ryan me olhou com seus olhos azuis e a inocência que as vezes acho que é apenas lerdeza. Eu e Rodgers o encaramos incrédulos com a pergunta que ele nos fez. Ele só podia está de brincadeira!

—Oh... Aaah.. Entendi, entendi... Que nojo! Só espero que não seja no meu quarto e....—Ele parou de falar de repente olhando estático para a porta atrás de nós.

—O que foi, sua mãe chegou?—Eu me virei para ver quem poderia ter chegado, mas ele me impediu.

—Não olha! Ela vai me ver aqui... —Sussurrou se encolhendo na minha frente.

—Quem? A loirinha com vestido rosa? —Rodgers perguntou olhando para quem quer que fosse atrás de mim, e eu não podia nem dá uma espiadinha, porque Ryan não me soltava.

—Qual é?! Não sabe o significado de "não olha"?! Para de olhar pra ela...—Ele sussurrou suando frio, tentando fazer com que Rodgers o obedecesse, o que obvio foi em vão.

—Qual é o problema que ela veja você, Ryan?—Droga! Tentava a todo custo olhar por cima do ombro, mas não via nenhuma loirinha de vestido rosa.

—Nunca sei o que falar, toda vez falo besteira ou derrubo alguma coisa... Resumo: é sempre constrangedor!—Ele suspirou largando o meu braço, me dando a chance de virar discretamente e vê a loirinha de vestido rosa, no canto da sala, olhando para todos os lados procurando alguém.

—Acho que ela está procurando por você...—Rodgers o empurrou para frente, mas Ryan se esquivou e voltou a ficar atrás da gente.

—Ela deve achar que eu sou um idiota, isso sim!

—Para com isso Kevin, vai falar com a loirinha...—Saí da frente dele, virando para olhar-lo nos olhos. Nunca sei o que falar quando alguém precisa ouvir algo para confortá-lo, então fiz o que os filmes e livros dizem que devemos fazer quando encorajar alguém, acho que funciona!

—O nome dela é Jenny, ela mora aqui perto e vi ela algumas vezes e sempre que tentei falar com ela foi um total desastre! Da ultima vez, derramei suco verde na roupa dela...—Ele abaixou a cabeça triste, coloquei a mão em seu ombro. Isso também aparece em filmes e livros, então...

—Quem toma suco verde?—Rodgers perguntou acabando com o momento “vai ficar tudo bem!” repreendi com o olhar e ele encolheu os ombros, se desculpando e fingindo trancar a boca.

—Oi Kevin!—A loirinha de vestido rosa apareceu atrás dele, dando um susto no pobre coitado que acabou derrubando algumas latas no chão, derramando a cerveja. É, isso não foi um bom começo de “vai ficar tudo bem!”

—Oi...oi Jenny!—Ryan ajeitou o topete tentando fingir que nada daquilo tinha acontecido. Engraçado se não fosse constrangedor.

—Eu estava procurando você, pensei que estava se escondendo de mim.. —Ela abaixou a cabeça, colocando uma mecha do cabelo loiro atrás da orelha. Olhei para Rodgers dando um sinal sutil com a cabeça para que saíssemos dali sem que os dois nos notassem, mas antes de que sequer nos movêssemos Ryan resolveu nos apresentar a garota!

—Esses são...

—Rick e Kate Beckett. Tudo bom? Que ótimo! Prazer em conhecê-la, até mais!—Rodgers me arrastou para longe dali, deixando um Ryan desesperado para trás. Um método um pouco rude, mas eficiente. Se não saíssemos dali Ryan iria usar nossa presença como escudo e ele precisa se resolver sozinha com a loirinha, de longe se podia ver ele soar frio, torcendo os dedos pelo nervoso.

—Tô indo embora agora Beckett!—Rodgers avisou, me seguindo, enquanto eu segurava uma cerveja e me desviava dos mais animados na festa.

—O que! Agora que temos a manha toda...—Me virei para tentar convencê-lo a ficar mais um pouco, esbarrando em seu corpo o que me fez perder o equilíbrio, Rodgers me segurou pela cintura, prendendo meu corpo ao dele. Estranhamente, não consegui me mover, os seus olhos pareciam tão azuis agora que achei que minha mente poderia está me pregando uma peça. Os seus olhos eram azuis assim ontem? Ele me olhava analisando cada parte do meu rosto com algo no olhar que achei melhor não descobrir o que era.

Eu tenho que sair daqui, se não pode ser tarde de mais para voltar atrás!!