(Diga a eles que é meu aniversário

Quando eu festejo assim)

[Birthday – Selena Gomez]

– ACORDA, FLOR DO DIA! – ouço alguém gritar minha orelha e começar a pular em cima de mim.

– Não.

– CREDO! QUE MAU-HUMOR! ACORDE! O SOL ESTÁ LINDO E BRILHANTE LÁ FORA! – e o ser continuou a pular em mim, respirei fundo e assim que a pessoinha abençoada pulou perto de meus braços cobertos, agarrei suas pernas e a fiz cair da cama, direto pro chão. – ISSO DOEU, SABIA? – grita Crissie e em seguida começou a me xingar de tudo quanto é nome.

– Me deixe dormir, súdita. – resmungo e me cubro até a cabeça.

– Nananininanão. Você sabe que dia é hoje, honey? – ela exclama e puxa meus cobertores.

– O dia pra te mandar pros quintos dos infernos! – rosno furiosa.

– Tsc, tsc. Hoje é sexta-feira... – Crissie diz sorrindo.

– E daí? – pergunto frustrada – Eu nunca saio de casa mesmo!

– Dia 4 de Julho... – continua.

– E eu com iss... – paro no meio da frase e olho pra ela confusa – Hoje é o que eu to achando que é? – pergunto desconfiada.

– FELIZ ANIVERSÁRIO, IRMÃZONA! – grita saltitante.

– Me diz que a Pepper não vai fazer festa. Por favor. – suplico me levantando da cama.

– Não devo contar mentiras. – Crissie imita a frase de Harry Potter e sorri.

– Oh, shield. – e caio de novo na minha caminha linda, desejando nunca ter que sair dali.

Se vocês acham exagero é porque nunca viram uma festa minha desde que eu me descobri filha do Tony. Não sei donde Pepper tira tanta gente, sério. Parece que brota pessoas até do esgoto. Sem brincadeira.

–

Demora mais vinte minutos para Crissie conseguir me tirar de minha cama, assegurando que a festa não vai ser agora. A questão é que a no passado, eu vim especialmente depois do meu aniversário só para não ter festa, então Crissie sofreu as consequências depois. Antes ela do que eu. Mas agora parece que ela realmente quer se vingar desse fato, agindo de modo extremamente irritante.

– Natália! Vai logo! – ela reclama enquanto me vê escolhendo uma roupa e depois a guardando de novo só pra ganhar tempo.

– É meu aniversário, tenho que estar pelo menos bonita pra ele, afinal é meu dia. – provoco.

– NATÁLIA! – minha irmã grita frustrada.

– Credo! Fica calma, já escolhi! Menina estressada! – brinco a cara dela e corro pro banheiro, pouco antes de alguma coisa pesada acertar a porta.

–

Assim que chego à sala, me deparo com uma faixa do tamanho do mundo (ok, nem tão grande assim) que diz amavelmente “HAPPY BIRTHDAY DEAR NATH :D” e todos os Vingadores+Tio Rhody+James+Crissie começam a cantar parabéns pra mim quase gritando.

Pepper sai da cozinha com um bolo na mão e me estende com as velas acesas, me junto à cantoria sorrindo e apago as velas, fazendo o desejo (e não, eu não vou contar o que desejei!).

Entrego o bolo de volta pra Pepper, me aproximo de todos e meu pai abre os braços, esperando o abraço que não vem.

– Feliz aniversário, Stevieeee! – cantarolo em seu ouvido, ficando na ponta dos pés enquanto o abraço apertado.

– Obrigado, Nath. – ele diz envergonhado – Pra você também, seja feliz. – o Capitão continua e percebo pelo seu tom, que ele está sorrindo.

– Igualmente. – respondo e sorrio.

– Solte a minha filha, Picolé! – Tony manda e Steve obedece revirando os olhos. – Minha princesinha! Feliz aniversário! – meu pai me puxa para um abraço. – Cara, me deixa olhar pra você. – e me solta, olhando cada detalhe de mim. – Linda como o papai. – diz “emocionado”.

– Então tá né. – digo indiferente. Pepper ri da cara de Tony de indignação e vem até mim me abraçando.

– Feliz aniversário, querida. – diz assim que nos separamos. – É pra você. – me entrega um livro.

– Não precisa, Peps, é sér... – abro o livro com cuidado – VOCÊ CONSEGUIU O AUTÓGRAFO DO RICK RIORDAN? – grito feliz.

– E a dedicatória. – ela sorri e eu leio com cuidado a dedicatória de meu escritor favorito.

– Nath? – escuto alguém me chamar e tenho certa dúvida se é Clint ou Tony, porque eu simplesmente não consigo raciocinar direito.

– Ai meu Deus, ela vai pirar. – uma voz feminina fala.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA! – grito e começo a saltitar, assustando a todos. – O TIO RICK ME DEU UM AUTOGRÁFO! – grito de novo, feliz - O tio Rick me deu um autógrafo. – repito. – Me deu... um autógrafo e uma dedicatória. – murmuro e começo a chorar.

– Foi muita emoção pro coração fraco da Nath. – ouço tio Rhody dizer rindo.

– Obrigada Peps! Sério! MUITO OBRIGADA! – digo e a abraço forte.

– Não foi nada. – ela diz meio abafado – Você está me sufocando. – Peps murmura.

– Desculpa. – a solto ligeiramente envergonhada.

– Não foi nada querida. – Pepper sorri, me aliviando. – E sobre sua festa, a de verdade...

– Blá blá blá, eu não estou ouvindo nada! – cantarolo tampando os ouvidos e Pepper revira os olhos.

– Você não vai fugir dela, sabe disso, certo? – diz assim que consegue tirar minhas mãos de meus ouvidos.

– Sei. – resmungo e abaixo a cabeça.

– É incrível a capacidade dela de me ignorar... Largo tudo, deixo o país com chances de ser destruído por ter desligado o celular e ela nem me dá um abraço! – tio Rhody reclama alto.

– TIO RHODY! – grito e corro até ele, jogando meus braços em seu pescoço e o abraçando forte. – Estava com saudades! – informo o apertando.

– Eu também estava e Meu Deus, quando foi que você ficou tão forte? – murmura parecendo um pouco sem ar.

O solto e dou de ombros, indiferente. Um por um, cada pessoa me abraça, desejando felicidades e o clichê de sempre, Clint e James demoram mais em seus abraços e quase me levantam do chão. Ficamos por volta de quase uma hora brincando e conversando, até eu pedir licença para ir assistir The Walking Dead e Pepper quase enlouquecer, dizendo que deveria curtir meu aniversário mais positivamente e não ficar vendo gente morta devorando outras pessoas. No fim, acabei perdendo a discussão antes de ela começar de verdade e Crissie riu da minha cara. E Pepper a obrigou a vir comigo no shopping para também passar o dia inteiro escolhendo nossos vestidos, sapatos e acessórios, além de termos que ficar quase duas horas no melhor cabelereiro da cidade fazendo nossos penteados e as unhas. Tenho que falar que Crissie odiou e ficou reclamando o tempo todo? A questão é que minha little sister não é nada feminina e pode crer que nem eu sou tanto para esse monte de frescuras.

Crissie teve que voltar antes, pois Pepper a ligou e não terminou a maquiagem. Aposto que ela pularia de alegria se não fosse tão “fria”.

É claro que sei que esse negócio de ir pro shopping é apenas um truque para me manter longe da Torre e da organização da festa que Pepper planeja, afinal ela poderia só fazer algumas ligações e eu poderia ter feito tudo isso em casa.

– Pronta? – ouço Happy me perguntar do banco de motorista da limusine.

– E eu tenho escolha? – retruco.

– Não. – ele responde rindo.

– Vamos logo. – suspiro e ele saí do carro, rodeando-o para abrir a porta pra mim, Happy me estende a mãe e eu a seguro com firmeza, saindo do carro.

Os flashes me cegam e as vozes se confundem em minha cabeça, aceno para os paparazzi e faço poses para as fotos que vão estar estampadas em todas as revistas de amanhã e possivelmente também durante todo o final de semana, além da próxima semana.

– Natália, por que foi tirado o Stark da Torre? – a pergunta de uma repórter me chama a atenção.

Olho pra cima confusa e enxergo apenas um “A” imenso e sorrio desacreditada.

– Não sei lhe dar essa informação. Não estava em casa no momento. – esclareço.

– Então a Torre é sua casa? E Malibu, o que significa pra você? – ela insiste.

– Minha casa é onde minha família está. – respondo.

Vejo Tony saindo da Torre e abrindo espaço entre os paparazzi, se aproximando.

– Você está linda. – Tony sussurra pra mim e encaixa seu braço no meu.

– Valeu. – murmuro de volta. – Sabe que vai ter que explicar a imprensa porque tem um “A” gigante na nossa Torre, certo? – pergunto sussurrando.

– Team Avengers! – ele murmura sorrindo e eu rio, entramos na Torre “Avengers”.

Não vejo nada demais ao adentrar a Torre nem no elevador. Será que Pepper resolveu me ouvir e deixar a festa de lado? Começo a comemorar internamente quando paramos no último andar (a cobertura) e o elevador se abre. E aí está a festa.

Não é tão grande quanto imaginava e nem tão pequena quanto queria.

Vejo vários agentes da S.H.I.E.L.D. e com alegria alguns amigos de Londres e até mesmo do Brasil!

– Gostou? – meu pai pergunta sussurrando.

– Tá brincando? Ficou perfeito! – respondo com sinceridade.

– Vou procurar Pepper. Já volto. – Tony diz e vai para longe de mim. Cumprimento cada amigo com abraços apertados e agradecimentos por terem vindo, principalmente Angela, Lorenzo, Stefane, Larissa e Christopher que são meus amigos do Brasil até hoje.

– Feliz aniversário! – escuto uma voz masculina dizer perto de meu ouvido me assustando, me viro e dou de cara com alguém que realmente não esperava ver.

– SAMUEL!* – grito e o abraço apertado. Ele me ergue do chão me girando e eu pouco consigo me importar com meu vestido ou se meus cabelos bagunçaram. – Eu estava com tantas saudades! – murmuro ainda o abraçando de olhos fechados.

– Eu também estava, docinho. – ele sussurra em meu ouvido. – Está todo mundo olhando. – informa e posso perceber que ele está sorrindo.

– Dane-se. – resmungo e o aperto mais. – Onde está a mamãe? – pergunto assim que o solto.

– Bem aqui. – a voz de minha mãe se faz presente em meu ouvido e antes que possa pensar, ela já está me abraçando. – Minha menininha está tão crescida. – ela murmura com a voz chorosa.

– Não chora, mãe. – peço acariciando seus cabelos loiros, tão diferentes dos meus.

Sinto algo me cutucando na saia do vestido e abaixo o olhar, encontrando os olhos azuis-esverdeados de meu irmãozinho.

– Olá bruxinho. – digo feliz e me abaixo, pegando-o no colo. Ele está fofamente lindo com o terno preto e uma gravata da Gryffindor.

– Oi leitora. – ele devolve mostrando os dentinhos brancos com um dente faltando na frente.

A história do nome de meu irmão é engraçada pra mim e revoltante para minha mãe. Quando minha mãe descobriu-se grávida, Harry Potter estava no auge, faltando apenas um filme para encerrar a saga mais lida no mundo e eu estava louca por conta desse fato. Cresci assistindo Harry Potter na casa de minha avó com meus primos e comecei a ler os livros com apenas oito anos. Lembro-me até hoje do dia que meu tio mais novo (ele tinha 16 anos) me levou para assistir A Pedra Filosofal no cinema, e eu fiquei eufórica por vários dias, deixando minha mãe louca de tanto ouvir sobre ‘O Menino Que Sobreviveu’. Voltando, quando minha mãe fez o primeiro ultrassom para descobrir o sexo do bebê, a médica disse que era uma menina e eu teimei que era um garoto. Minha mãe me olhou e disse debochada “Se for um menino, você escolhe o nome”. No outro ultrassom não deu outra: a médica se desculpou e corrigiu que na verdade não era uma garota, mas sim um menininho. A cara da minha mãe foi impagável e ela resmungou que eu ainda poderia escolher o nome. Eu escondi o nome que havia escolhido por mais seis meses e só revelei no dia que ele nasceu, quando meu irmãozinho lindo e fofo abriu os olhinhos: Harry Daniel. Preciso falar que minha mãe quase teve um troço? Mas palavra é dívida pros Andrades e ela cumpriu xingando.

Volto a prestar atenção em Harry que está me contando sobre como eu sou a Peppa dele e ele é meu George e tento não revirar os olhos, vejo meu pai fazendo algum tipo de mimica estranha em minha direção, como se pedisse que eu fosse falar com ele. Olho para os lados a procura de minha mãe ou Samuel e vejo que ambos estão conversando com Pepper, que está ao lado de Tony e dos Vingadores+James+Falcão+Darcy+Jane+Crissie e caminho até eles, ainda com Harry no colo.

– Parabéns minha cupcake! – Darcy dispara em minha direção e me abraça, esmagando Harry que resmunga. – Awn, que menininho fofo. – ela diz e aperta as bochechas de meu irmão. – Como você chama, meu bem? – pergunta com a voz mais meiga.

– Harry Daniel. – ele murmura envergonhado, apertando mais os braços em volta de meu pescoço.

– Tipo o Harry Potter? – Falcão indaga. – E feliz aniversário. – faz uma continência.

– E como o Daniel Radcliffe. – digo orgulhosa. – Obrigada. – devolvo a continência.

– Tenho pena de seus filhos. – minha mãe retruca.

– Ei, não fale mal de Ethan e Zoey, falou? – resmungo fazendo bico e todos riem... Pera aí! Cadê o Tony?

– Isso daqui tá ligado? – ouço a voz de meu pai ampliada e me viro para o palco improvisado em que ele está. Ele não vai se ‘humilhar’ ao ponto de fazer um discurso de super pai no meu aniversário. Certo? – Então galera, aqui é lindo e perfeito pai da aniversariante, Tony Stark e estou aqui para falar exatamente sobre ela! – ele diz sorrindo. – Nath, venha aqui, querida. – chama.

– To de boas aqui pai! – grito a resposta e levanto o polegar positivamente, ele revira os olhos.

– Enfim, quando descobri que você era minha filha, achei que era uma farsa, um tipo de golpe atrasada. – e dá de ombros, eu e todos os convidados estamos o olhando ligeiramente chocados. – Mas depois que te conheci tive certeza que era minha filha. Você é igual a mim. Chata, insuportável, linda e bilionária. – diz esnobe e eu sorrio. – Voltando, quero realmente agradecer por tudo, por me amar, por lutar junto comigo, por ser quem você é. Feliz aniversário, sweet princess! – exclama sorrindo e eu corro até ele o abraçando, causando uma onda de aplausos (santos baba ovos!)

Depois passamos algum tempo conversando e surpreendentemente Pepper está se dando bem com a minha mãe e Tony com meu padrasto. Darcy e Steve estão brincando com Harry. Clint e James me olham há quase todo minuto e estou começando a me sentir desconfortável com a situação de estar num triângulo amoroso e agora estou tentando arranjar soluções cabíveis pra fugir da intensidade de ambos os olhares.

Procuro Crissie pelo olhar, pois sei que ela irá me ajudar a sair dessa situação. Não a encontro. Franzo a testa e ando até Tony, avisando que iria ao banheiro porque estava zonza com tantas luzes brilhando por causa da balada a poucos metros.

E assim começo minha procura de verdade por Crissie. Encontro-a com um rapaz alto e de cabelos negros, sorrio marota decidindo não atrapalhar e volto para onde estava.

– Melhorou? – Tony pergunta assim que paro ao seu lado.

– Não, pra falar a verdade. – minto.

– Vá pro quarto, eu aviso que você não estava tão bem... – ele diz me dando um leve beijo na testa. – Se alguém perceber. – ironiza ao observar todos os convidados dançando e eu rio levemente, andando até o elevador.

Assim que o elevador fecha a porta, comemoro discretamente e sorrio feliz por ter conseguido me livrar de uma festa e de explicar para Pepper em sua só tacada.