O outro lado da Cicatriz escrita por Céu Costa, Raio de Luz


Capítulo 27
Um dia perfeito I


Notas iniciais do capítulo

Ele ficou tão grande que teve que ser dividido em dois....



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/531765/chapter/27

Pov Harry

Tive a melhor noite de sono de toda a minha vida. Pode me chamar de exagerado, mas essa foi exatamente a sensação que eu tive. Antes de dormir, ela veio aqui, e eu pude dar pessoalmente o colar que eu estava planejando lhe entregar à tantos meses. Durante a noite, ela invadiu meus sonhos, povoando minha mente com lembranças de sua voz, macia e suave, seu rosto doce e angelical, seu perfume.... E agora, ao abrir os olhos, vejo sua presença marcante, na luva de renda azul sobre meu criado-mudo. Sou um idiota, eu sei. Mas não consigo parar...

– Hummm... Harry acordou de bom humor... - Fred disse, assim que cheguei na cozinha, onde todos já tomavam café. - Viu passarinho verde, foi?

– Azul, meu caro Fred, azul... - Jorge corrigiu.

Eu corei, abaixando o rosto, mas não podia negar o enorme sorriso.

– Essa não! Lamentamos informar, senhoras e senhores, - anunciaram os gêmeos, se levantando - que o bruxinho mais cobiçado do mundo da magia finalmente foi fisgado. E pela dama de azul.

Eu apenas ri, ainda mais corado. Esses dois nunca deixam passar nada.

– Me diz aí! - os dois correram pra trás de mim e se inclinaram, ficando um de cada lado. E começaram a se revezar nas perguntas, seguidas uma da outra:

– Ela é da Grifinória? - Fred.

– Joga quadribol? - Jorge.

– Boa em feitiços? - Fred.

– E em poções? - Jorge.

– Ela não é sabe-tudo igual a Hermione, né? - Fred.

– Mas também, não é burra... - Jorge.

– E acima de tudo: - os dois disseram juntos - ela é bonita, né?

– Quanto bonita? - Fred.

– Muito bonita? - Jorge.

– Arrasa corações? - Fred.

– De tirar o fôlego? - Jorge.

– Já falou com ela? - Fred.

– Ou ficou parado, com essa sua cara de idiota? - Jorge.

– Com licença, - Gina se levantou, despertando a atenção de todos - vou.... trocar de roupa.

E ela saiu. Estranho eu notar que ela tinha os olhos vermelhos e as faces coradas, e o mais estranho ainda é que ela não estava assim quando cheguei na cozinha. Curioso...

– Parem de importunar o Harry, seus babacas! - Rony ralhou, mas vindo dele ninguém acha que ele está brigando de verdade - Deixem ele respirar!

– Vamos deixar, prometemos! - Fred falou, sentando no lugar.

– Só não sabemos se ele vai deixar ELA respirar! - Jorge pertubou.

– "Oh Harry, pare de me importunar, eu sou linda demais pra você!" - Fred imitou uma voz fininha.

– "E além disso, só saio com jogador de Quadribol!" - Jorge continuou.

– Espera, eu sou jogador de quadribol! - eu retruquei - Sou capitão do time!

– Mas ainda tem a chance de ela ser bonita demais. - Jorge repetiu.

– Não diga que não avisamos quando ela te der o fora! - Fred falou.

– Não sejam maldosos, meninos! Harry tem a capacidade de namorar a garota que ele quiser! - Sra Weasley me defendeu - E quanto a você, Harry, quando vamos conhecer essa sua namoradinha misteriosa?

– Adoraria conhecer também, Harry, me avise quando for apresentar! - Sophie apareceu na porta da frente da tenda - Se já tiverem acabado de comer, pessoal, estamos esperando aqui fora!

E Sophie voltou para fora. Fred e Jorge olharam um para o outro, e depois para mim, com um sorriso malicioso.

– Ah... o quê?! Não! Nem pensem nisso! - eu me toquei do que eles estavam pensando.

– Oh, tadinho do Harry, ficou vermelho! - Fred falou.

– Seu segredo está seguro conosco, Harry! Prometemos não contar pra ninguém! - Jorge avisou.

– A menos que você queira, é claro! - Fred continuou.

– Vem Harry! - Rony se levantou, me chamando - Deixe esses idiotas aí e vamos ver o que elas estão aprontando lá fora!

– Grande ideia! - eu o segui.

– Isso aí, Harry! Vai lá! - Jorge começou.

– E deixa a gente orgulhosos! - Fred completou.

– Harry! Harry! Harry! Harry! - eles ficaram torcendo.

Saí da tenda, deixando aqueles dois babuínos bobocas balbuciando em bando, e fomos ver de verdade o que elas estavam aprontando de verdade.

Era incrível: elas trouxeram centenas de tábuas de madeira que empilharam em montes, enchendo a clareira. E todas já estavam lixadas e polidas, prontas para o uso na reconstrução da toca. Belle cuidava das ferramentas e de terminar de trazer as tábuas e telhas pelo portal que ela abrira, enquanto Sophie classificava os tipos de madeira e empilhava as tábuas. Tudo usando as varinhas, claro.

Os movimentos de Sophie me forçaram a olhar suas roupas, que eram comportadas mas me tiravam o ar: uma calça legging cinza, que valorizava suas... curvas; uma regata azul de alças finas justinha, que emordurava seus... tá vou dizer, seus seios; um casaco de moletom vermelho amarrado na cintura e botas. Parecia uma jogadora de quadribol, que faria os adversários babarem por ela. Os aliados também. Belle tava bem mais ousada, claro, é a Belle: macacão jeans justo, curtíssimo pra mostrar bem os 1,35 metros bem torneados de pernas, com top vermelho e all-star baixo, preto.

– Resolveram sair, é? - Sophie olhou pra gente, sorrindo.

– Você nos chamou, né? - Rony falou.

– Certo, podem ajudar a Belle? Ainda faltam muitas coisas pra passar pelo portal... - ela pediu.

Enquanto eu e Rony ajudávamos, o pessoal logo começou a sair da tenda, e a vir ajudar com as coisas. Logo, todos estavam limpando as cinzas e preparando o terreno pra reconstruir a toca. O pai da Belle chegou logo depois que a Sra Weasley retornou lá pra dentro buscar a Gina, e com ele veio Eric, capitão do time de quadribol da Sonserina, o qual incrivelmente, Rony admirava como excelente jogador. Enquanto ele se aproximava da Belle e os dois trocavam beijos de bom dia, Rony se aproximou de mim.

– Aí, - ele disse - impressão minha ou Sophie parece meio impaciente?

Eu larguei a tábua que estava tentando levantar do chão e olhei para ela. Sophie olhava para o portal, de braços cruzados, esperando por alguém. Belle gritou algo, e ela estendeu sua varinha, fechando o portal.

– Vou lá falar com ela. - eu avisei.

– Tá. Aproveita e pega mais pregos, os meus acabaram. - Rony pediu.

– Pode deixar.

Eu caminhei até ela. Sophie estava de costas, e de braços cruzados, olhando para as pilhas. Seus cabelos presos no rabo de cavalo não me permitiam ver seu rosto logo de cara, mas assim que me aproximei, pude notar seu nariz vermelho e os olhos marejados.

– Sophie? - eu chamei - Tá tudo bem?

– Tá, Harry. Tudo bem. - ela respondeu, com a voz embagada - Foi apenas essa poeira da cerragem. Me dá alergia.

Mentira que eu sei!

– Tem certeza?

– O que é que você quer, heim? - ela perguntou, irritada, ainda evitando me olhar - Os pregos estão logo ali, pegue um pacote pro Rony, ele deve estar precisando.

Eu me virei, sem nem saber direito o que fazer. Odeio ver ela chorando. É frustrante não poder ajudar, e me corta o coração. Eu peguei um pacote de pregos fechado que havia em uma cesta, e caminhei devolta ao Rony. Mas ao passar na frente de uma pilha de tábuas, minha curiosidade me fez esconder-me e ouvir. Era ela, encostada nas tábuas. E Belle na sua frente.

– Olha aqui, ele pode até ser jornalista, mas isso não significa que ele está certo sobre tudo! - Belle repreendeu.

– Mas pensa bem, Belle. Ele tem me acompanhado desde que eu descobri que podia entrar na mente de.... - Sophie sussurrava - do Lorde das Trevas. Ele é um dos únicos que sabe. Se ele me disse aquelas coisas, como acha que eu deveria agir, como se tivesse sido uma pessoa qualquer? Se ele disse aquilo, o que acha que mamie vai falar? Coisa boa é que não é!

– Mas Sophie...! - Belle retrucou.

– Shhhhiu. - Sophie repreendeu a amiga, e depois olhou na minha direção - Harry, achou os pregos pro Rony?

– Ah.... - eu saí do escoderijo, meio envergonhado por ter sido apanhado - Aham, achei. Peguei um pacote fechado, se não se importam. Vou levar pra ele.

Eu caminhei sob os olhares delas, até me esconder na outra pilha de tábuas.

– Sophie, me escuta. Nico pode até estar com você há muito tempo, mas eu enxergo muito mais além do que ele pode ver. - Belle falou.

– É... talvez você tenha razão. Embora doa ouvir aquilo dele. Justo do meu Nico. - ela suspirou.

O que será que o Nico disse pra ela? Eu vou matar esse desgraçado que está fazendo Sophie chorar!

– Tá legal, Harry, eu te vi. - Sophie me chamou.

Eu caminhei até que estivesse nas vistas dela, denovo.

– Bisbilhotar é feio e deveria ser crime. - ela me repreendeu.

– Se fosse assim, Askaban estaria cheia de velhinhas e donas de casa. - eu retruquei - E aquela jornalista do Profeta Diário.

Ela fez um gesto, e eu caminhei até ela. Então Sophie pegou um martelo quadrado do macacão da Belle e me deu.

– Diz pro Rony tentar com essa aqui. Vai ficar mais fácil pra ele. E Harry, vai direto pro Rony. Por que se você não for, - ela bateu com o indicador na cabeça - eu vou saber.

– Finalmente! - Rony disse, assim que eu voltei - Lembrou de trazer os pregos?

– Aqui. - eu entreguei o pacote e o martelo - Sophie mandou pra você. Disse que ia ajudar.

– Diz obrigado a ela por mim. - ele começou a martelar algumas tábuas. - Nossa, essa coisa aqui é boa mesmo!

Rony colocou um prego na tábua e bateu levemente, de modo que ficasse de pé. Depois, pegou o martelo que Sophie mandara, e bateu uma única vez. O prego afundou completamente na madeira.

– Wow! Viu isso? - ele riu.

– Nossa, você é ninja! - eu concordei.

Depois do almoço, Sr Weasley veio ajudar também, e começamos a construir os alicerces e o porão. Belle e seu pai, os gêmeos e Sra Weasley colocavam as tábuas no lugar e fixavam, enquanto eu, Rony, Eric e Sr Weasley pegávamos as tábuas e levávamos para eles.

– Martele isso direito, pai! - Belle ralhou, de repente.

– Eu tô fazendo, Belle! - Sr. Scolfh resmungou.

– Não, pai! Essa tábua é pro piso, não pra parede! - Belle continuou a ralhar.

– Se acha que sabe, faz ao vivo! - ele cruzou os braços - Vai, vai lá!

– Está me desafiando, é? - Belle arqueou a sombracelha.

Com um movimento de mãos, ela pegou a tábua e a prendeu fixamente no assoalho, junto às outras.

– Pensei que estivesse claro! - Sr Scolfh estalou os dedos, e três tábuas foram presas nos alicerces.

Belle arqueou a sombracelha, e Sr Scolfh sorriu. Sophie se aproximou, rindo ao ver os dois. Todos que estavam ali ajudando saíram, deixando os dois sozinhos, para o duelo.

– Accio! - Sr Scolfh conjurou, e pegou algumas tábuas.

– Constructo! - Belle fez várias tábuas se fixarem, formando as paredes.

– Ficcale! - (pronuncia-se como Accio) Sr Scolfh fixou várias tábuas no assoalho.

Ao olhar novamente para Belle, ele levou o maior susto, pois estava fazendo todos os pregos flutuarem. Ela movimentou as mãos, e os pregos e atiraram violentamente contra todas as superfícies, obrigando-o a cobrir o rosto com as mãos, de medo. Mas ao abrir os olhos, verificou que todos estavam pregados nas tábuas.

Então um olhou para o outro, numa espécie de auge de fúria, e tudo começou a flutuar ao redor deles, mas fixando-se em seus devidos lugares.

– Bravo! Bravo! - Sophie começou a aplaudir.

Eles, sozinhos, haviam concluído perfeitamente os alicerces e o andar do porão. Sr Scolfh beijou a mão de Belle, admitindo elegantemente sua derrota. E os dois saíram do andar, sendo avidamente aplaudidos por nós.

– Muito bem, quem vai fazer o térreo? - Belle perguntou. Minha chance.

– Sophie? - eu perguntei - Acha que consegue?

– Eu sei que posso. E você, quatro olhos? - ela arqueou a sombracelha.

Os gêmeos uivaram, confirmando o desafio dela. Caminhamos até a beira, e com um movimento de varinha, eu fixei os estrados de sustentação.

– Sua vez, francesinha. - eu falei.

– Achei que nunca fosse dizer. - ela se posicionou. Apontou a varinha para uma grande pilha de tábuas, e conjurou a plenos pulmões - Animus Corpus!

As tábuas foram envolvidas com o brilho do feitiço, que logo foi absorvido pela madeira. As tábuas começaram a tremer, e então, uma a uma, ficaram de pé.

– Muito bem, senhores! - ela ordenou - Marchando!

As tábuas começaram a se balançar de um lado para o outro sincronizadamente, aproximando-se da casa.

– Marchando, um, dois! - ela ordenou - Marchando, três, quatro!

As tábuas seguiram a voz dela, e no ritmo de seus comandos, foram jogando-se no chão, nos lugares determinados, formando o piso.

– Marchem, marchem, tábuas de carvalho! Orgulhem as árvores de onde vieram! - ela incentivava - Mostrem do que são feitos!

Os pregos fixaram-se em seus devidos lugares, e as vigas de sustentação das paredes se prenderam sozinhas em seus lugares.

– Do que vocês são feitos? - ela gritou.

– Carvalho! - as tábuas responderam em uníssono. AS TÁBUAS RESPONDERAM ELA.

– Do que vocês são feitos? - ela repetiu.

– Carvalho! - eles tornaram a responder.

– Então marchem! Marchem! Marchem para seu destino! - ela incentivou.

– Marchando, marchando, marchando ao nosso destino. - eles repetiram, enquanto formavam as paredes - Marchando para formar o lar dos Weasleys, marchando!

Eu me peguei de boca aberta, admirando o trabalho final. Sem mover um músculo, e com apenas um movimento de varinha, Sophie havia feito o andar inteiro.

– Finiti Animae! - ela conjurou por fim, e as tábuas não mais se moveram nem falaram.

Sr Weasley verificou o andar, e ele estava bem fixo e seguro.

– Admito minha derrota. - eu confessei para ela.

– Eu sei. - ela disse, orgulhosa. - Não se preocupe, um dia você chega nesse nível de magia.

E ela saiu andando, caminhando até perto de Belle.

– Ela te trollou legal. - Rony comentou, se aproximando de mim.

– Aham. Impressionante, não acha? - eu suspirei.

– Rony, quer tentar o próximo andar? - Eric o chamou.

O andar que eles fizeram precisou ser refeito, porque ficou totalmente instável. O andar dos gêmeos foi destruído e refeito pelo Sr Weasley, porque todo mundo ficou morrendo de medo de entrar e ser pego por alguma pegadinha, embora eles tenham jurado que o andar estava limpo. Eu sei que não estava.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A parte dois já vai ficar pronta, prometemos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O outro lado da Cicatriz" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.