Be Strong escrita por Kelly


Capítulo 10
Sou Maluca E Agora Estamos A Morrer


Notas iniciais do capítulo

Voltei :33



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DIA SEGUINTE

–Onde está a Lydia? - perguntou Kira.
–Ela fez o teste no 1º ano. - respondi, dando um leve sorriso.
–Isso significa que posso fazer depois? - perguntou Malia, nervosa.
–Malia, tu estudaste mais do que todos nós. - lembrou Scott.
–Não significa que farei bom. - disse ela.
–Bem. - corrigiu Stiles.
–Bem, o quê? - ela estava confusa.
–Farás bem, não bom. - ela praguejou, levantando os braços.
–Tu vais fazer isto porque enquanto estamos a tentar não morrer, precisamos de viver. - explicou o meu irmão - Se eu sobreviver ao Ensino Médio, quero ir para uma boa faculdade.
–São só 3 horas. - sussurrei e Kira assentiu.
–Sim, a Alex tem razão. Podemos sobreviver 3 horas. - concordou ela.
Stiles olhou-nos, com aquele olhar dele. Talvez nós estejamos erradas, mas visto pelo lado correto... como nos matariam numa sala de aula lotada de pessoas?
O inimigo ataca onde pensas estar salvo.


Pegamos as nossas provas, colocando a nossa impressão digital e colocar os nossos telemóveis num envelope. Sentamo-nos e esperamos pela ordem de inicio do teste, ouvindo as instruções atentamente. Depois de Sra. Martin ir procurar o treinador, a ordem foi dada e todos iniciamos a prova.
Um barulho, fez-nos todos olhar-mos para trás. Uma rapariga tinha caído; eu levantei-me rapidamente, tentando puxar a Sydney para cima.
–Alex, deixa estar. Eu ajudo-a. - avisou Natalie, conseguindo levanta-la.
–Estás bem? - perguntei, apoiando-a. Ela sorriu.
–Eu estou bem. Só fiquei um pouco tonta.- explicou ela e eu lancei um sorriso. Não a larguei.
–Sydney, há quanto tempo tens isto? - perguntou Sra. Martin, olhando para o pulso dela.
Eu não sabia do que ela estava a falar mas pelo tom dela, eu comecei a preocupar-me com a rapariga.

–Eu não sei. - confessou Sydney.

–Sra. Martin, preciso de parar o teste? - perguntou o outro professor.
–Não, está tudo bem. Alex, senta-te e continua o teste. - ela estava, definitivamente, nervosa.
Eu sentei-me, assim como Sydney e continuamos o teste. Eu, pelo menos, tentei.

–Permaneçam nos vossos lugares, eu volto já. - avisou Natalie e sussurrou algo para o professor antes de sair.

Olhei para o meu irmão que tinha uma expressão estranha. Isto não podia ser bom. Oh... e tornou-se pior quando vi Allison. A nossa Allison, encostada à parede no fundo da sala, acenando para mim. Eu engoli em seco e antes que pudesse acenar de volta...
–Mrs. McCall. - eu olhei para o professor e todos olharam para mim - Algum problema no fundo da sala?
–Não. Peço desculpa. - respondi, voltando a olhar para o teste.
Li a primeira pergunta, mas a minha mente não processou. Então, li novamente.
'Como será quando Liam te der, finalmente, com os pés e disser que não passas de só mais uma maluca que ele não quer na sua mente? '

Agora a minha mente processou muito bem. Tenho ideia que comecei a tremer e a bater com o lápis na mesa. Eu não sabia que fazer.

"Voltem! Não!" este grito foi seguido por um estrondo. Todos saímos da sala e olhamos a Sra. Martin curiosos e confusos.
–Voltem para os vossos lugares. Agora. - ordenou ela - Por favor.
Todos começaram a voltar, mas eu, Stiles e Scott olhamo-nos.
–Scotty, o que se passa? - perguntei e ele agarrou a minha mão, puxando-me para dentro.
Quando entramos o meu irmão parecia concentrado em algo, depois percebi o que era. Uma conversa. Abanei o seu braço, na tentativa de chamar a sua atenção.
–Diz-me, mano. - supliquei.
–CCD. - disse apenas.

Homens com capas protetoras amarelas passaram por nós. Centro de Controlo de Doenças. Bolhas, como lhes chamo, protetoras tinham doentes lá dentro. Sydney era uma delas.
–Alexis. - olhei para a mãe da Lydia - Não sentes nada? Tiveste em extremo contacto com a Sydney.
–Estou bem, obrigada Sra. Martin. - respondi, suspirando.
Eu estava bem.
–Estão a pensar que é varíola. - disse Stiles.
–Pouco provável. - todos nos voltamos para o professor desconhecido - Foi erradicada em 1979. Até hoje, nós só erradicamos dois vírus completamente. O outro era a peste bovina. Matou vacas.
–Então nós podemos ficar tranquilos quanto a isso. - confirmou Stilinski.
–A menos que seja algo pior. - devolveu o professor.
–Seja o que for estão a levar muito a sério. - sussurrou Malia - Há muitos carros e camiões lá fora. O teu pai está com ele.
–Eu devia falar com ele. - avisou o meu amigo.
–Eu vou buscar o teu telemóvel, apetece-me levantar. - ofereci-me, com um pequeno sorriso.
Caminhei até à secretária e procurei o envelope com o nome dele. Quando encontrei, abri-o, mas senti uma mão no meu pulso.
–Se fosse a ti não me incomodava. - disse o professor.
Eu entrei noutro mundo; no mundo da sua cabeça. Nestes dias tenho tido cuidado para não tocar em ninguém que não saiba disto, nem que eles me toquem.
Uma gravação, parecia ser isso, ecoou na minha cabeça. Falava sobre dinheiro e confirmação visual necessária.
–Mrs. McCall. - soltei a minha mão, voltando à realidade - Ouviu o que eu disse? Eles já devem ter fechado as vias de comunicação.
Assenti, largando o envelope.

–Onde está o meu irmão? - perguntei a todos por quem passava - Onde está o Scott? Viram o Scott? O meu irmão teve aqui?

Senti um braço me puxar, mas soltei-me rapidamente. Olhei nervosa para Malia, que me olhava desconfiada.
–Que foi? - perguntou Kira.
–Nada. - sussurrei, cruzando os braços.
–Ok.. - disse Malia - Alexis e Kira.
Olhei-a novamente, assim como a nossa amiga.
–Vocês já tiveram a sensação de que o Scott e o Stiles não estão a contar-vos tudo? - ambas nos olhamos.
–O que queres dizer? - perguntou Kira.
–Como se escondessem algo. - respondeu a outra, sorrindo.
E se ela souber do Peter, do seu pai? Já tentei convencer o Stiles a contar-lhe diversas vezes. Farta de mentiras.
–Se estiverem, provavelmente, eles tem um motivo. - disse eu e Malia bufou.
–Sabem o que eles escondem debaixo da cama do Scott? - estreitei os olhos.
–O quê? Eu nunca estive embaixo da cama do Scott. Só em cima. E com roupas. - falou a nossa amiga depressa.
Eu e Malia olhamo-nos significativamente.
–Tu moras lá em casa. Vai vasculhar. - pediu ela.
–Não! - ela ia falar mas eu levantei uma mão, interrompendo-a - Nem entrar na mente deles, Malia. Apenas não é certo.
Kira foi chamada pela mulher vestida de amarelo. Tirar sangue. Detesto agulhas, fazem-me sentir maldisposta. Um pequeno raio acertou no fato da mulher que olhou Kira assustada e foi puxada por alguém. Eu e Malia puxava-mos a nossa amiga, chamando-a.

Finalmente encontramos o meu irmão, com o pai de Kira. Estávamos lá todos; Scotty nem conseguia controlar os seus olhos, nem Malia as garras.
–O vírus está a afetar-vos de uma forma que não afetará humanos. - explicou Sr. Yukimura.
–Vocês têm de ficar escondidos. - avisou Stiles - Temos de vos pôr em quarentena da quarentena.
–Sim, mas onde? E se eles ficarem como na lua cheia? - perguntei.
–Não devemos ficar aqui. Não no vestiário. - disse Scott.
–Uma sala não nos segurará. - Malia estava certa.
–E o porão? - propôs Kira.
–Há muitas saídas. Precisamos de um local seguro. Onde ninguém nos encontre. - explicou o meu irmão.
–O cofre. - todos olhamos Stilinski - O cofre dos Hale.
–Têm de ter um outro caminho, de fuga. Como a casa deles. - disse eu - Deve haver outra entrada.
Colocaram um mapa na mesa. O corredor Oeste deve-nos levar ao cofre. Tem de nos levar lá. Stiles desequilibrou-se e eu amparei-o, preocupada. Olhei a sua mão e ele estava como a Sydney.
–Estás doente, Sty. - constatei.
–Estão todos vocês. - todos olhamos o pai de Kira.
–Eu não me sinto doente. - disse a nossa amiga.
–Acho que está a afetar-te de outra forma. Neurologicamente. - explicou, mostrando-lhe o seu teste - Achei-o.
As bolinhas dela não estavam em nenhuma das opções.
–Eu não estou doente. - sussurrei.
–Tu podes ser imune.

Caminhamos pelo corredor até acharmos o símbolo dos Hale numa parede, atrás de uma estante.
–Vejam as rachas na parede. - pediu Sty - É como uma entrada, só abre com garras. De qualquer um, certo?
O meu irmão e Stiles olharam-se significativamente, durante bastante tempo. Teriam de ser as garras de um Hale. De Malia.
–Malia podes tentar? - perguntou Scott.
–Porquê eu? - estava confusa.
–Eu não tenho controle. - explicou, mostrando as suas mãos.
–Ok. - concordou Malia - Mas, antes, digam o que estão a esconder de mim.
Todos nos olhamos rapidamente.
–Sei que estão a tentar proteger-me mas eu posso lidar com isso. - todos baixamos a cabeça. Tinha de ser agora. - Eu sei que estou na lista.
Agora, olhamo-la surpresos; suspirei. Stilinski assentiu, confirmando.
–Então, quanto? - perguntou Malia.
–Quanto, o quê?
–Quanto valho? - explicou ela.

–Quatro milhões. - respondeu Scotty.
Ela mudou a sua expressão, baixando a cabeça. Eu aproximei-me da minha amiga.
–Estás bem? - perguntei, preocupada.
–Claro. Scott vale 25, Kira vale 6 e tu vales 12. Eles vão matar-vos antes de mim. - respondeu, indo abrir o cofre; fiquei perplexa.
–É um progresso. - garantiu Stiles.
Malia colocou as suas garras e tal como suspeitamos, a parede deslocou-se, revelando o cofre dos Hale. Entramos, deixando a entrada fechar-se.

Os tênis de Kira espalhavam o barulho, conforme batiam contra o solo. Malia estava nos braços de Sty, Scotty estava sentado ao meu lado.
–Foi aqui que tudo começou. - todos olhamos Stiles - Era ali que estava o dinheiro. 117 milhões em títulos ao portador.
–Como se troca títulos ao portador em dinheiro? - perguntou Kira, mexendo em algum frasco.
–Acho que nos banco. Eles deixaram aqui juntando pó este tempo todo. Sabiam que esses títulos já quase não existem mais? - comentou Sty.
–O que isso importa? - perguntei.
–Sabes quantos problemas esse dinheiro resolveria? - engoli em seco - Para mim e para o meu pai. Tu sabes, Alex. A contas do Eichen House e das RM estão a acabar com ele.
–A mãe tem um esquema. - comecei, abraçando os meus joelhos - Ela escreve todos os itens do nosso orçamento e o seu preço... e soma tudo para saber quanto tempo temos...
–Até... Perdermos a casa. - completou o meu irmão, olhando-me de relance.

Eu olhava as prateleiras, enquanto Stiles e Scott falavam encostados à porta; Kira estava sentada ao lado de Malia. Então, acontece novamente.. ali estava a minha melhor amiga, ali estava a Allison. Caminhei até ela, com um sorriso gigante no rosto e uma alegria incomparável no coração.
–Allison... - chamei e ela voltou-se; mas não sorria desta vez - Tive tantas saudades tuas.
–Bem, eu estou feliz por estar morta. - disse eu e eu ri forçado.
–Não digas isso, Alli. - pedi, confusa.
–Porque não? Prefiro estar morta a relacionar-me com uma maluca que entra nas mentes das pessoas. - eu recuei com o impacto das facadas no meu coração - Não percebes? Todos estão tão fartos de ti. O Scott e o Stiles já nem te suportam, nem Lydia. Muito menos o Liam. Ele só te usou para ter com que se entreter. - Allison aproximou-se, agora com um sorriso sinistro - Espera só até ele despedaçar o teu pequeno coração. Porque ele vai!
Algumas lagrimas já rolavam pelas minhas bochechas, enquanto a dor apertava o meu coração. Ela voltou-me as costas e caminhou para um lado qualquer. Eu corri atrás dela, limpando os vestígios de lagrimas, até chegar ao centro do cofre dos Hale. Todos continuavam nas suas posições, mas olhavam-me.
–Alex, o que aconteceu? - perguntou Scott, avançando alguns passos.
–A Allison... Ela estava mesmo aqui. - sussurrei, cobrindo a minha boca, com a mão.
–Alexis, a Allison... ela morreu. - lembrou Stiles, cuidadosamente.
–Ela está a ter alucinações. - observou Kira, com um tom preocupado.
Baixei a minha mão lentamente, vendo gotas pretas pingarem na minha palma.
–Scotty... - chamei -O que está a acontecer? Oh meu deus...
–Tu estás infectada, mana. - o meu irmão correu na minha direção, abraçando-me com força, contra o seu peito.

Stiles tinha-se despedido de Malia; ele iria lá a cima avisar que estamos ali. Todos procuravam por nós. Eu sentei-me ao lado de Malia, deixando Kira com Scott. Eu ardia, acho que tenho febre; as dores no meu corpo tornaram-se insuportáveis, mas não o suficiente para manifesta-las e deixa-los preocupados. Nós estamos a morrer, todos nós. Ouvi um barulho de papel e abri um pouco os olhos, vendo apenas imagens turvas. Voltei-me para Malia, deitada ao meu lado e distingui o que parecia uma folha branca na sua mão, era a lista dos alvos e se ela lesse o seu nome... ela iria descobrir sobre Peter. Sobre tudo.
–Não, Malia... - sussurrei, fraca.
O meu irmão avisou-a também, mas nenhum de nós a parou.
–Não consigo ver. Não vejo nada. - eu estava perto de estar cega, também.
Puxei-a para mim, abraçando-a de lado; a expressão do meu irmão era parecida com a de Malia; ele também está a deixar de ver. Levantei-me, com dificuldade e cambaleei na sua direção.
–Mano... Estás cego? - perguntei, preocupada.
–Sim. - disse, e eu agarrei a sua mão - Alex, mantem-te quieta para não piorares.
–Eu estou o máximo mal possível, Scotty. Eu não aguento a dor. Estamos a morrer. E não há nada que possamos fazer. - desabafei.
Puxei-o para se sentar e quando Scott o fez a dor atingiu-me tão de repente que não pude evitar o grito doloroso. E com isso, o meu impacto no chão. Depois, a escuridão.

–Estás bem? - perguntou Lydia, sentando-se na minha cama.
Eu ignorei a pergunta por algum tempo, apenas fixando as fotos na parede do fundo, do meu quarto. Aquelas em que eu, Lydia e Allison ainda sorriamos; e melhor que tudo, juntas.
–Sim. - sussurrei, finalmente olhando-a; ajeitei o lençol no meu colo - Achas que sou uma maluca por conseguir entrar nas mentes das pessoas?
Ela parecia perplexa. Eu só queria uma resposta.
–Achas que sou maluca, Alex? - devolveu, com um pequeno sorriso.
–Não. - respondi, confusa.
–E eu pressinto a morte. - lembrou, puxando o meu corpo contra o seu, aquecendo-me.
–Eu invadi a mente do Liam, na outra noite. - confessei, baixo - Achas que ele me acha maluca e simplesmente não gosta de mim? Que foi tudo uma ilusão?
–Eu sei que existem coisas em ti que gostarias de mudar... mas fica a saber que se não for Liam, algum rapaz vai gostar de ti assim. Incluindo as partes que nem tu gostas. Essas vão ser as partes que ele vai gostar mais. - explicou, mas não era aquilo que eu queria ouvir; por alguma razão eu não me importava com o que os outros rapazes achavam de mim. Eu preocupava-me com Liam - Mas eu não acho que seja nenhuma ilusão. Ele gosta de ti, Alexis.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado



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