Princesa da Neve. escrita por Mary Dias


Capítulo 2
A menina do terceiro andar.


Notas iniciais do capítulo

Oi meninas! Me perdoem a demora. Eu disse que iria postar na segunda, mas, uma terrível greve de ônibus na capital de onde eu moro – Recife PE –, atrapalhou tudo. Meu irmão chegou mais cedo do que o esperado e não deixou eu postar o cáp. Nesses dias que se seguiram, ele passou em casa, então, não teve como eu postar.
Eu quero agradecer a vocês que comentaram. Espero que gostem.



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Fazia frio em toda a Rússia, afinal, era inverno. As crianças do orfanato West Side brincavam alegres na neve. Todas estavam felizes por ser quase Natal. Tudo o que elas queriam era um presente do Papai Noel. Elas eram felizes por serem boazinhas, menos ela. Seu nome? Ella Tsorf.

Els não sabia ao certo porque tem esse nome. Tudo o que sabe é que num dia de chuva forte, foi trazida para o orfanato West Side por um homem com cara de sugador de sonhos. As diretoras do orfanato – Hilary e Martha – disseram que ele as comunicou para deixá-la afastada das outras crianças.

Hoje ela podia ver por que. Ella era uma aberração. De suas mãos saíam gelo. Gelo puro. Ela achava que era por conta de uma marca que sustentava desde nascença. Um fractal de gelo, uma belíssima estrela com oito pontas, “tatuada” em seu ombro direito. As crianças do orfanato até apelidaram-na. A menina do terceiro andar. A garota diabólica do West Side, mas o que mais se parecia com ela era “A Princesa Nevada”.

Ella aproximou-se da enorme janela que havia em seu quarto, pôs-se a observar as crianças jogarem neve umas nas outras e suspirou audivelmente.

– Não podem vir. Não podem ver. Sempre a boa menina deve ser. – para ela, repetir esta ladainha era como um Déjà vu.

A pergunta mais prática era: Por quê? Por que ela tinha que ter isso?

Martha disse para ela que se usasse luvas, o poder não escorreria, mas o que elas não prestavam atenção era que o gelo/neve, saia dela por conta das emoções. Ella sentia-se muito sozinha. Nada do que fizessem poderia controlar isso. Em seus dezesseis anos, a jovem nunca viu a luz do sol. Às vezes se culpa pelo inverno constante na Rússia.

St. Petersburgo é um local de muito frio. A neve aparece por lá quase todos os dias do ano. Reino congelado? Pode até ser, mas o que eles não sabem, é que há algo grandioso por ali.

Sem as luvas, ela deixou uma fumaça fria sair da palma de sua mão direita.

A porta foi aberta.

– Ella Tsorf! – exclamou a mulher de meia idade com um sotaque russo muito acentuado. – Quantas vezes tenho que lhe falar: não use seus poderes indevidamente?

A loira, que ainda estava virada para a janela, revirou os olhos.

– Desculpe-me senhora Martha, mas eu me sinto sozinha. Eu sei que só quer me proteger, mas portar estes poderes é...

– Uma coisa muito ruim. – Martha completou o que Ella iria dizer. – Olhe menina, você é especial. Mesmo que não queira, nunca poderá mudar isso.

Ella virou-se sorrindo para Dona Martha. Encarou-a, vendo a mulher que – por muitos anos – considerava como uma mãe. Ela tinha cabelos ruivos com a cor prateada os salpicando aos poucos. Os olhos dela eram extremamente verdes e muito intimidantes. Ela exalava confiança e bondade. Era a única que entendia a pequena “Princesa da Neve”.

– Obrigada. – Ella sentou-se na cama de casal já gasta que lá estava. – Alguém foi adotado hoje?

– Sim. – a senhora respondeu. – Dorothy, a menininha loirinha que você é apegada.

A loira baixou a cabeça. Era um fato de que gostava muito mesmo de Dorothy, a garotinha era a única que sabia de seus poderes, mas ela, um dia, brincando com a menininha, acabou por machucá-la sem querer. Desde este dia elas nunca mais se falaram. As diretoras do orfanato levaram-na para um tal guru especializados em magia e apagaram a memória da garota. Todas as memórias dos momentos bons se foram.

Era primavera, a pequena Ella – com oito anos – dormia tranquilamente em sua cama no quarto que dividia com a novata Dorothy Miller – seis anos –. A menina de cabelos negros como ébano e pele branca como a neve, sacudia a mais velha.

– Ella! – chamou-a mais não obteve sucesso. – Ella, acorda. – a mais velha virou de bruços na cama.

– Dorothy, volta a dormir, ainda está cedo. – murmurou cansada.

– Ella, você quer brincar na neve? – e aquilo fora o estopim para que Ella levantasse.

As meninas afastaram os móveis e começaram a brincar. Em um sonho, Ella teve uma visão de uma mulher loira – assim como ela –, que a mesma não conseguia vê-la. Ela usava um vestido preto com alguns detalhes em azul. A mulher criou um boneco de gelo muito simpático, mas tarde, ela descobriu que o nome do boneco era Olaf, e ela adorava abraços quentinhos. Foi aí então que ela resolveu criar o seu próprio boneco, baseado naquele.

Era uma garotinha, o nome dela era Olivie.

As meninas brincaram muito com a pequena boneca de neve, mas Dorothy queria mais diversão. Uma coisa que Ella não podia negar a ela era a diversão. Elas brincavam de redemoinho quando, por um deslize, Ella acabou congelando a cabeça e o estômago de Dorothy.

Aquele dia ficou marcado em sua mente, mas a pequena Dori ficou curada. Tudo o que Ella queria era poder voltar no tempo e consertar as coisas. O guru assustou-a quando disse a seguinte estrofe, que para ela, mas parecia-se com uma profecia.

“A garota loira que os poderes ainda não dominou, vai encontrar no gelo todo o seu amor. Em uma prova de coragem e bravura, vai derrotar o mostro que tanto a tortura. Uma rainha de gelo você tem que salvar, para a sua família finalmente encontrar”.

– Não chore criança. Ela vai ficar bem. – Martha afagou seus cabelos.

– Eu sei. Mas é que eu sinto falta dela. – a loira olhou com seus grandes olhos azul para a janela. – Espero que ela seja feliz e que ainda se lembre da nossa diversão. Enquanto, eu, que fico aqui condenada, espero que um dia possa encontrar a minha felicidade.

Martha se sensibilizou com o sofrimento da sua menina. Ter um poder desse não é fácil, ainda mais para uma garota que – provavelmente – foi separada tão prematuramente dos pais quando ainda era um bebê de prováveis horas de vida.

Ela poderia falar qualquer coisa para a garota, mas optou pela mais adequada forma de expressas sua sensibilidade. Depositou um beijo da testa de Ella e saiu porta a fora.

– Deixei sua refeição em cima da cômoda. – disse do corredor.

Ella trancou a porta e pegou a bandeja. Pôs as luvas e começou a comer, pensando em como a sua vida era infeliz.

Fora abandonada por seus pais com um dia de vida. Quase matou sua única melhor amiga. É temida e odiada por todas as crianças do orfanato. É tão invisível que nunca recebera um presente sequer de Natal, a não ser de Martha, mas este não contava, era apenas um pequeno adorno de porta. A única vez em que a ruiva grisalha gastou parte de seus tostões para lhe presentear foi quando lhe deu uma boneca de neve parecida com Olivie, sua criação de quando brincava com Dorothy.

É. No fundo ela entendia as pessoas que a cercavam. Ella era mesmo uma aberração.


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Notas finais do capítulo

Coincidence? I think not



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