Acordei com um peso em cima das minhas costas. Viro para o lado e vejo o corpo de James caindo de cima de mim para o chão. Ele está com o cabelo cheio de poeira, vários arranhões nas mãos e com a lateral da cabeça sangrando. Levo meu pulso a boca pra evitar chorar. Começo a tossir devido a poeira, olho para cima e vejo um rombo no teto dando para ver um céu quase escuro.

– James, acorde, por favor. – começo a chacoalhá-lo, mas ele não esboça nenhuma reação. Agora faço-o mais forte, ainda sem resultados.

Pego minha varinha e digo “Aquamenti”, na hora um jato de água sai de minha varinha direto para o rosto dele. James deu um pulo de susto.

– Já to levantando, seu cachorro sarnento!

– Como disse? – perguntei.

– Ah, Lílian, é você. Eu pensei que fosse Sirius, ele costumava me acordar assim quando estudávamos em Hogwarts. Ele sempre foi uma graça, não?

– Com certeza – dei risada pensando na cena.

– É, ri mesmo, um dia eu vou fazer isso com você, vai esperando – e ele deu um sorriso – você está bem?

– Sim, você, por outro lado, não parece estar.

– Ah, isso? – falou ele colocando a mão na lateral da cabeça – não é nada comparado ao fato de você estar perto de mim outra vez.

– Isso é sério, James, pode ser grave... – mas ele me interrompeu com um beijo antes que eu pudesse terminar de falar. A sensação de beijar ele me fez sentir segura novamente.

– Não precisa se preocupar, já disse. – falou ele dando um sorriso.

– Isso foi golpe baixo, Potter. – falei tentando parecer zangada – será que ele ainda esta vivo? – apontei para Derek.

– Gostaria que não estivesse. – ele levantou e foi checar – essa desgraça é imortal, ainda tá vivo!

– Não fale assim. Apague a memória dele antes que acorde.

– Com todo prazer.

Depois de levarmos Derek para o hospital St. Mungus Para Doenças e Acidentes Mágicos – apesar da objeção de James, “Seria tão legal se nós colocássemos a minha capa da invisibilidade e observássemos a hora dele acordar e nem saber o próprio nome!” – fomos para a Casa dos Gritos, lugar onde James tinha mais cedo combinado de se encontrar com os marotos. Quando já tínhamos nos recuperado dos ferimentos, Remo teve a idéia de convocar a Ordem da Fênix para anunciar que eu tinha voltado. Alice soltou um berro quando me viu, Marlene foi direto me abraçar e Emmeline tentou pular em cima de mim acompanhada pela Dorcas. Os outros membros da Ordem agiram mais normalmente.

28 de agosto de 1979, Inglaterra, Londres.

Tínhamos todos combinado de dormir na casa de Marlene naquele dia, e com todos quero dizer eu, James, os outros marotos, Frank, Alice, Emmeline e Dorcas. Fomos dormir tarde, porém meu sono estava tranqüilo e sereno, até que sinto uma baforada de água vir direto pro meu rosto, acordo assustada olhando para os lados, onde não havia ninguém, e quando olho para minha frente lá está ele encostado no batente da porta.

– Não disse que teria volta aquela água que você me jogou aquele dia?

– Você me paga, Potter! – grito e saio correndo atrás dele pelos corredores da casa da Marlene indo parar no quintal dos fundos até eu ser parada de supetão pelo feitiço protego. – Isso não vale!

– Você promete que até eu terminar de falar você não vai me atacar?

– Posso pensar no seu caso – digo.

– Você não vai querer me obrigar a fazer carinha de hipogrifo sem dono, não é?

– Não, vou te poupar do mico. Diga. – então ele desfez o feitiço e se aproximou de mim.

– Como todo mundo sabe, você me odiava. Passei sete anos da minha vida tentando sair em um final de semana em Hogsmeade com a ruiva mais teimosa de toda Hogwarts. Até que um dia, para calar minha boca, você aceitou com a condição de eu nunca mais te perturbar com isso. Mas você quis mais passeios como aquele e até começou a me chamar pelo primeiro nome e me deixou chamá-la assim também o que, tenho que admitir, não foi nada fácil. Hoje estamos aqui como namorados, isso é um verdadeiro milagre, acho que você não conseguiu resistir ao meu charme. – ele disse e abriu um sorriso e eu tentei parecer indignada – E eu não poderia estar mais feliz do que sou hoje, a menos que – ele se ajoelhou na minha frente e tirou uma caixinha verde do bolso do pijama e a abriu – você aceite se casar comigo, Lílian.

– Francamente, quantas vezes eu tenho que te dizer? Não é Lílian, pra você é Potter!

– O que? – ele falou confuso.

– Isso quer dizer que eu não quero que você me chame de Lílian, quero que me chame pelo meu sobrenome Potter.

– Isso foi um sim, então?

– Claro que foi, seu cabeça de meleca. – e assim ele nem se lembrou de colocar o anel no meu dedo, me puxou para mais perto e me beijou. Só consegui escutar várias pessoas gritando entusiasmadas ao meu redor e comecei a sentir água caindo sobre nós, muita água. Nos separamos rindo, todos estavam com as varinhas apontadas para nós jogando água.

– Nunca vi um jeito tão esquisito de dizer sim, Evans – falou James colocando o anel no meu dedo ainda com água caindo sobre nós dois.

– Não é mais Evans, agora é Potter. – e de surpresa saquei minha varinha e comecei a jogar água nele e ele fez o mesmo. Resultado: Ficamos a tarde inteira nessa guerra molhada deixando o quintal de Marlene lamacento.