Narrado na 3º Pessoa

O silencio realmente estava insuportável. Samantha caminhava pelo quarto com passos pesados, verificou várias vezes se a porta estava devidamente trancada, não queria dar vantagem para encontrar mais uma daquelas criaturas.

O quarto em que ela se encontrava era gigante. No canto, bem do lado da imensa janela, havia uma cama. Nessa cama havia um edredom preto e branco como se fossem páginas de algum jornal, com travesseiros do mesmo estilo. Nas paredes brancas ocupava um lindo quadro, a qual ela observa várias vezes, depois que saísse dali, iria se lembrar de elogiar o pintor.

A garota decidiu sentar-se na cama, organizar os pensamentos, talvez seja apenas um sonho. Olhou a vista da janela...Era fim de tarde em New Orleans, até onde sabia. Somente isso. Não sabia que casa era essa, e nem que rua. Somente acordara lá depois de presenciar criaturas estranhas e um decapitação, nesse momento seus pensamentos se voltaram para Annabeth. Samantha estava trancada há pelo menos meia hora naquele lugar, e nem sinal da ''amiga''.

A luz dourada da tarde iluminava o quarto, e dava um tom mais escuro aos seus olhos. Uma chuvinha caía, mas ainda sim, a visão era bonita. Por um momento cogitou a ideia de pular pela janela e sair pelas ruas de New Orleans. Ir a um aeroporto e pegar o primeiro voo para Chicago. Ela sorriu ao se lembrar de sua família e de Luke, seu namorado, que dizer...ex-namorado.

Uma batida na porta despertou Samantha de seus pensamentos. Finalmente alguém aparecera. A pessoa visivelmente nem esperara a resposta, sorte que a porta estava trancada.

– Da para abrir a porta? - a voz era de Hope, Samantha sorriu em saber que finalmente ia ter algumas explicações. Hope entrou no quarto com uma expressão séria como sempre, mas ainda sim, com aqueles olhos cheios de expectativa e curiosidade. Samantha não conseguiu esconder a decepção, ela queria explicações, mas Hope não abriu a boca para falar se quer uma palavra.

– Anna? - perguntou, querendo atenção.

– Estou lhe ouvindo - Hope respondeu indiferente - O que quer?

– Explicações talvez.

– Já disse. Não precisa. - falou fria.

– Ótimo, então! Eu vi uma pessoa morrer! Eu vi um cara se transformar em um sei lá o que e não mereço explicações?! - as sobrancelhas de Samantha ficaram arqueadas.

– Não seja boba Samantha. A última coisa que quero é dar explicações a uma garota fútil . Tudo que eu quero agora é que você pegue suas coisas e saía do meu campo de visão. - o rosto de Hope ficou severo. Obviamente ela pensava se deveria ou não contar o que aconteceu. O objetivo era o esquecimento da garota sobre tudo, isso causaria menos danos.

– Acredite é o que mais quero nesse momento, mas não irei saí pra dar de cara novamente com um daqueles...monstros!

– Eu sou um daqueles MONSTROS! - Hope disse se aproximando dela. - Então se quer se manter segura saía de perto de mim.

– Você me salvou! - Samantha disse tentando lembrar a garota.

– Isso não significou nada pra mim, ou acha que eu cair no seu truque?

– Truque...? - falou a garota com um olhar confuso mesmo sabendo do que se tratava.

– Mentir para mentirosos é o pior erro de uma pessoa. Estamos em New Orleans, o que mais se vê aqui são hotéis e restaurantes, você realmente achou que eu ia cair no seu truque de turista perdida? - Samantha não se moveu, ouviu as palavras de Hope cautelosamente.

– Eu não sabia para onde ir. - os olhos dela foram ficando avermelhados aos poucos, a vontade de chorar veio, mas ela não iria dar esse gostinho a outra garota.

– Daí tentou me enganar? - Hope riu ironicamente.

– Não, não, eu só queria...

– Queria o que? - a interrompeu - Que eu sentisse pena de você e abrigasse? Pessoas como você me enojam!

– SAIA DAQUI! - Samantha gritou a esse ponto chorando. - Era isso que queria?! Me humilhar? Esfregar na minha cara que só me aproximei de você por um lugar pra ficar?!

– Não...- falou Hope calmamente. - Eu só queria provar pra si mesma, que a amizade que você queria comigo, era falsa, e é por isso que sinto pena de você. - ela olhava para Samantha e o vácuo ficou entre as duas. Hope caminhou em direção a porta, e finalmente as palavras tremulas surgiram.

– Me desculpa... Eu... Eu não queria.

– Eu também não queria fazer muitas coisas, mas cá estou eu, conversando com um lixo. Tenha uma boa noite Samantha. - disse, saindo calmamente do quarto.

Samantha se atirou no chão assim que ouviu a batida da porta, e trancou. Os cabelos escabelados, e o rosto vermelho. Fazia anos que se sentira tão mal assim, e quando ficava não era por causa de uma ''pequena mentira''. Alguns minutos de lamentação, ela ouviu novamente batidas na porta, "Deve ser Annabeth'' pensou, assim que abrisse a porta, estaria pronta para pedi novas desculpas e dessa vez, verdadeiras. Mas ao abri a porta, deu de cara com um homem, ele era muito bonito, cabelos loiros e olhos parecidos com o de Anna.

– Quem é você...? - a garota respondeu um pouco assustada.

– Queria pedir desculpas por Annabeth. - Klaus estava parado na porta, ele estava na sala ao lado e conseguiu escutar toda discussão entre a filha e a nova hospede, então decidiu ir ao quarto logo que Hope saíra, só para conferir se não existia nenhum cadáver. - Posso entrar?

– Claro... a casa é sua. - falou Samantha dando passagem para o desconhecido.

–Peço desculpa pela minha filha, ás vezes ela não mede as palavras...

– Eu percebi isso desde o momento que a conheci. - Samantha respondeu sorrindo.

– Samantha, não é?

– Sim... - Klaus olhou a menina e viu seus olhos inchados e vermelhos, aparência cansada e triste.

– Descanse, amor. Procure se acalmar. Amanhã talvez, minha filha esteja com humor para uma boa conversa - falou a compelindo. A mente de Samantha estava mais calma, o desespero e a tristeza sumiram do nada, naquele momento ela só queria ter uma boa noite de sono.

Ela se deitou devagar na cama e acompanhou com o olhar o homem sair do quarto...fechou os olhos e de repente se viu olhando naqueles olhos verdes penetrantes de novo, ela não estava entendo o que estava acontecendo, em um momento toda a angustia que sentia desapareceu, aquele homem...Ele parecia o demônio, se o demônio fosse lindo e loiro.