Inspirei me observando no espelho do banheiro e tentando aceitar que minha aparência estava boa. Meus cabelos estavam soltos, batendo no meio de minhas costas, de maquiagem eu usava somente pó, gloss e rímel, e meu vestido azul marinho era soltinho e batia no meio das minhas coxas, nos meus pés estavam um Oxfod bege, eu demorei um pouco mais para finalmente aceitar que aquela roupa estava boa para um festa na fogueira.

— Anda Samantha — alguém gritou esmurrando a porta e eu saí do banheiro irritada.

— Apressada— resmunguei e saí do dormitório encontrando Megan perfeitamente arrumada em seu jeans surrado e uma blusa de “SALVE O MICO— LEÃO DOURADO!”, os cachos ruivos estavam presos num rabo, e como sempre, ela não estava de maquiagem. Lembrei— me do que Castiel me dissera horas antes e forcei um sorriso para ela.

— Que bom que é fim de semana! Faz tempo que não conversamos Sam — disse ela .

— Pois é — suspirei tentando não descontar nela minha irritação sem motivo. Eu já devia estar de TPM.

— Você está completamente linda! Quem é o gatinho? — ela me abraçou e soltou uma risada.

— Obrigada. —Ignorei sua pergunta.

— Vamos? Me contaram que vai ter uns petiscos vegetarianos nessa festa, e eu estou morrendo de fome.

Sorri e a acompanhei para o pátio, onde havia uma enorme fogueira no centro. Em algum lugar havia o equipamento de som, que agora tocava Train, algumas garotas dançavam, os rapazes se reuniam em rodinhas e observavam as garotas dançar. Do outro lado da agitação, tinha as mesas com petiscos, refrigerantes e ponche.

— Vou pegar ponche— a ruiva me disse e eu assenti, pensei em acompanha— la, mas alguém se enfiou na minha frente. Kyle.

— Sam! E ai gatinha? — ele deu um sorriso enorme e eu retribuí. — Quer uma bebida?

Ele me estendeu um dos copos que estavam em suas mãos e eu aceitei. Beberiquei o conteúdo e fiz careta ao sentir gosto de álcool.

— O que é isso? — Olhei a bebida transparente, que parecia água, mas exalava um cheiro forte.

— Vodka— ele deu de ombros e eu arregalei os olhos. Nunca havia bebido antes.

— E é permitido Vodka no acampamento? – indaguei e ele riu.

— Não, esse é nosso segredinho – ele piscou para mim e eu sorri então levei novamente o copo a boca. Eu não queria, e não iria parecer uma fraca com bebidas em frente a Kyle, muito menos uma garota boba que não bebe porque é “errado”— , vamos dançar?

— Hum, não valeu, acho que eu realmente precisaria estar de porre para resolver dançar – dei de ombros e voltei a tomar a Vodka de meu copo.

— Posso dar um jeito nisso – ele sorriu malicioso e eu sorri sem respondê-lo.

— Sam – uma terceira voz me chamou e eu desviei o olhar do loiro a minha frente para quem havia me chamado.

— Oi Castiel – respondi sem empolgação.

— Podemos conversar?

— De novo? – suspirei cansada.

— Esse babaca está te incomodando? – Kyle me perguntou referindo-se ao moreno.

Mordi a língua pensando no que responder.

— Está – decidi por fim e entrelacei meu braço no de Kyle, dando as costas a Castiel— , mas ele já teve muita da minha atenção hoje, o que acha de irmos dar uma volta?

Kyle sorriu com minha reação e me levou para um grupo onde estavam seus amigos, que me cumprimentaram com “gentis” comentários do quanto eu estava gostosa naquele vestido, me fazendo rir.

[...]

Eu acho que acabei ficando bêbada, porque depois que terminei aquele copo enorme de Vodka, eu via dois Kyles a minha frente. Eu e o loiro dançávamos preto da fogueira, já era muito tarde e os instrutores já tinham se retirado, ficando apenas algumas poucas pessoas e entre essas pessoas estava eu, Kyle e seus amiguinhos.

Uma música de batida contagiante começou a tocar e eu puxei Kyle para dançar comigo, eu segurava em seu pescoço e ele em minha cintura, praticamente colado a mim. Eu podia jurar estar dançando extremamente bem, mas sabia que talvez não fosse assim já que meu corpo estava começando a ficar mole, talvez por causa da bebida.

E então, quando a música acabou, eu saí de perto da fogueira, fui me sentar perto de uma árvore por ali, e Kyle sentou-se ao meu lado e repentinamente colou nossos lábios, primeiramente me lembro de ter sorrido, e depois não me lembro de mais nada.

[...]

Na manhã seguinte, meu humor estava péssimo e a ultima coisa que eu queria fazer era falar com alguém, eu estava com uma dor de cabeça enorme, e sequer podia ir a enfermaria pedir por um remédio pra ressaca, ou um para dor de cabeça, porque isso traria suspeitas sobre mim, e bebidas era estritamente proibidas no Acampamento.

— Samantha! – uma voz fina me fez dar um pulo do tronco de árvore onde eu estava sentada havia alguns minutos.

— Ai meu coração – levei uma mão ao peito inspirando com dificuldade—, quer me matar Lissy?

— Não, na verdade quero te pedir para me acompanhar a um lugar – ela sorriu.

— Onde?

— Acampamento Militar.

— Não, obrigada.

— Porque não? – ela fez bico.

— Porque estou sem animo algum para sair andando por aí, e além do mais, não sabemos de fato onde é o acampamento militar, fomos parar lá sem querer.

— Ah Sam, por favor – ela fez cara de choro—, não sabemos exatamente mas eu tenho uma ideia.

— Você? Tendo uma ideia? Preciso nem dizer porque não confio nisso né?

— Porra Samantha quando você quis sair feito uma louca pelo mato eu fui com você, agora você não quer ir comigo?

— Exatamente.

— Se você não for comigo eu vou gritar.

— Se você gritar eu arranco suas cordas vocais com a unha – sorri meiga e ela bufou.

— Não tenho corda nenhuma aqui, nem cadarços eu uso.

— Nem cadarços e nem o cérebro pelo visto.

— Por favor...

— Não.

— Por favor!

— Não.

— Por... – eu a interrompi.

— Cala a boca.

— Só se você for comigo – ela sorriu impertinente.

— Não vou a porcaria nenhuma de Acampamento Militar hoje, Lissy.

— Então vou continu... – eu a interrompi novamente e me levantei.

— Vamos logo a essa porcaria.