Eu observava meus pés balançarem com o ritmo dos passos de Peter. Aquilo já estava me dando sono, e eu me aninhei mais ao peito dele, que me apertou mais contra si e eu sorri. Lissy e eu estávamos sendo carregadas por Peter (eu), e James (Baribie Malibu) há um tempo, pois começamos a reclamar de dor na perna.

Eu já estava quase dormindo, quando avistei as luzes do acampamento, e imediatamente meus olhos encontraram a cabeleira negra de Castiel, e Johny conversava com ele, ambos estavam sérios e de braços cruzados, se encarando. Os olhos de Castiel se endureceram a me encontrar. Resmunguei e me encolhi mais (como se fosse possível) contra Peter.

— Garotas! O que houve? — Johny correu até nós.

— Elas estão bem— disse Peter.

— Hey Johny— cumprimentei e me apoiei em Peter quando ele me colocou no chão.

— Quem são vocês? — indagou Castiel.

— Somos do Acampamento Militar e encontramos essas pérolas perdidas—respondeu James rindo enquanto bagunçava meu cabelo.

— Ah! Não sabia que viriam esse ano— disse Jonhy enquanto Castiel me encarava friamente.

— Chegamos ontem— esclareceu Peter.

Ajeitei meu cabelo e minhas roupas grandes demais.

— Sam, Lissy, o jantar já foi servido, porque não vão se trocar e se juntar aos outros?

— Certo, tchau Peter— beijei o rosto do rapaz— Obrigada por tudo! Vamos Barbie Malibu.

Lissy se despediu de James com um olhar apaixonado e saltitou até meu lado, já íamos para o dormitório quando ouvi Castiel:

— Samantha! — ele chamou pedindo que eu o esperasse, fazendo com que Lissy fosse embora sem mim.

— O que são essas roupas? Você não fez o que estou pensando né? Ou fez? — ele pegou na ponta da minha camiseta gigante com um olhar de súplica.

— Não Castiel, nós caímos na lama e eles apenas nos ajudaram.

— Você é louca? Eles podiam ter machucado você, digo, vocês! — ele aumentou o tom da voz.

— Eles são militares! Pelo amor de Deus Castiel, eu estaria mais segura com eles no meio da selva, do que com aqui, com você! — bati o pé com força e o encarei.

— Tudo bem, faça o que você quiser então— seu tom de voz baixou mais que o normal.

— Mas é claro que eu vou fazer o que eu quero! Qual é o seu problema?

Ele saiu resmungando sem me dar a resposta e foi se dirigindo ao dormitório. Finalmente saí triunfando numa das nossas brigas. Eu não deveria ficar mal por ele, deveria?

Bati o pé irritada comigo mesma e corri para o dormitório azul.

Peguei uma roupa qualquer e fui tomar um banho, depois me vesti e fui para o refeitório.

Eu e Lissy nos servimos e sentamos e uma mesa vaga, ambas em silencio atraindo olhares alheios, já que nunca tínhamos sido vistas juntas antes. Eu já levava uma garrafa a boca quando vi Alicia, a monitora, com os cabelos parte penteados parte não. Segurei o riso.

— Vocês duas! — ela rosnou apontando o dedo para mim e Lissy— Eu procurei vocês por toda a floresta, onde se meteram?

— Apenas fomos andar— respondi calmamente antes de levar mais uma vez a garrafa a boca.

— É, fomos fazer novas amizades— Lissy sorriu.

— Vocês foram imprudentes! Não conhecem esse lugar, há ursos e leões da montanha por ai — ralhou ela.

— O que?! — Lissy gritou histérica.

— Ok, nos desculpe— resmunguei de mal grado após engolir a comida.

— Que isso não se repita! — ela parecia um tanto quanto irritada com a situação.

— Tudo bem! Tudo bem! Vem Lissy— Puxei a loira pelo braço e nos sentamos de volta.

Alicia me olhou feio e saiu emburrada do refeitório.

Que dia mais doido!

[...]

O fim de semana chegou mais rápido do que eu percebi, para minha absoluta felicidade já que no fim de semana vai ter festa.

— Não sei o que usar! — Lissy gritou invadindo meu chalé.

— Pelo amor de Deus, é só uma festa da fogueira Lissy, não precisa de... Que porra é essa?

Dois brutamontes traziam duas enormes malas rosas.

— São minhas coisas— a Barbie falou como se fosse óbvio.

— Ah jura? Isso eu vi, quero saber porque cargas d’água trouxe isso aqui?

— Para você me ajudar oras! Obrigada Martin, obrigada Bernard— ela beijou o rosto do brutamontes, que sorriram e saíram batendo a porta.

— Simpáticos hein? — resmunguei

Sem ligar muito pro o que eu disse, ela foi revirando sua mala e foi enfiando uma blusa curtinha e uma saia mais curta ainda.

— Você vai... com isso? — perguntei incrédula

— Sim! Qual o problema?

— Você está parecendo a Kimberly!

— Não acredito que você me chamou vadia!

Eu corri para a mala dela e comecei a revirar tudo. Achei um vestido um pouco acima do joelho, ele era floral e muito delicado, nem parecia que era da Lissy.

— Este vestido é simplesmente lindo! — eu disse jogando o vestido na cara dela — vá com esse!

— Você acha? — ela choramingou

— Tenho certeza! Vá provar!

— Mas é tão... Careta.

— Antes careta do que “Kimberly” — dei de ombros

— Você me chamou disso de novo! — ela esbravejou

— Não te chamei de vadia, só falei que vai parecer uma se for assim— revirei os olhos.

— Acho que você tem razão— ela ponderou por um segundo, depois pegou o vestido floral e olhou novamente — Acho que vou com este.

— Legal, agora me deixe dormir.

— Já escolheu sua roupa?

— Não.

— Vamos escolher então!

Eu não disse nada apenas a encarei.

— Ah qual é Sam — ela fazia em beicinho.

Nem respondi, só revirei os olhos, mas ela insistiu, pegou um de seus vestidos e me jogou ele, o peguei por curiosidade. Era um vestido preto, coladinho, que terminava dois palmos acima do joelho.

— Não vou usar isso— falei convicta

— Só experimente ok?

— Não, me deixe dormir — bufei

— Você sabe que eu não vou deixar

Suspirei e fui ao banheiro colocar aquilo. Tive dificuldades para vestir o vestido, ele era realmente bem apertado.

— Ta olha só— eu disse com cara de tédio me dirigindo ao quarto e Lissy sorriu em aprovação, então a porta do quarto abriu e era Castiel.

Petrifiquei ao sentir suas orbitas cinzas repousarem sobre mim. Ele me olhou da cabeça aos pés, abriu a boca para dizer algo, mas nada saiu, então ele a fechou, piscou algumas vezes e balançou a cabeça negativamente.

— Que roupa é essa? — balbuciou

— É a roupa que a Sam vai para a festa Castiel, gostou? — Lissy deu uma risadinha

— Você está muito... não você. — decidiu ele — Você vai com isso mesmo?

— Nada me impede— bufei. Por que aquilo importava a ele, e por que ele estava aqui?

— Ah você que sabe. — ele revirou os olhos

— Afinal, o que você está fazendo aqui?

— Vim falar com você, sobre algo particular— as ultimas palavras ele falou olhando para Lissy, que observava distraidamente as unhas pintadas de rosa.

— Você nos deixa a sós um pouco Lissy? — Aquele não era Castiel, ele estava muito educado.

— Hum...? Ah, claro— ela se levantou me olhando, suplicando por explicações, dei de ombros.

— Então Sam... — Ele foi se sentando na cama que Lissy estava e me chamou para sentar ao seu lado. Franzi as sobrancelhas, e me sentei.

— O que aconteceu? O que você quer menino? Não estou com paciência para suas chatices hoje.

Ele suspirou e abaixou a cabeça, e então começou a dizer:

— Eu queria... Te contar algo. — Esperei pacientemente— Eu acho que estou gostando de uma menina...

Fingi não notar sua mão escorregar para perto da minha, mas fechei o punho imediatamente,e ele recuou.

— Sério? Quem é a coitada? Digo... A menina.

Ele riu e balançou a cabeça.

— É uma garota que você conhece muito bem— ele me olhou nos olhos e eu mordi o lábio, Castiel começou a trazer uma mão em direção ao meu rosto e eu prendi a respiração. — ela tem olhos claros e sorriso encantador, é meio desastrada e às vezes mandona...

Ele arrumou uma mecha do meu cabelo e colocou atrás da minha orelha.

— Quem? — murmurei

— A... — ele deslizou a mão do meu cabelo para uma carícia em minha bochecha e institivamente eu me afastei— Megan.

— Ah... — abaixei a cabeça e pigarreei— A Megan... E porque está me contando isso?

— Eu queria sua ajuda. Vocês são amigas, deve saber das coisas que ela gosta certo?

— Sim...

— E vocês são bem parecidas né?

— Não exatamente, a Megan é mais... Romântica que eu.

— Acho que é por isso que eu gosto dela— ele deu uma piscadinha e abriu um sorriso.

Revirei os olhos.

— Vai querer minha ajuda para conquistá-la certo? — ele assentiu— Então acho bom que pare de me irritar, Romanov.

— Vou tentar— prometeu ele e bagunçou meus cabelos me fazendo sorrir sem motivo— Te vejo na festa, Duende.