The Last Time escrita por Ana
Estavam todos sentados em completo silêncio e apenas um dos comensais em torno da mesa falava. Transmitia noticias para o Lorde das Trevas, que ouvia atentamente. Porém, Draco não prestava atenção nas palavras do homem nem em nada a sua volta. Pensava em Corine e o que o destino, ou melhor, Voldemort reservava para ela no próximo dia.
Não deixaria que a matassem. Afinal ele admitira para si mesmo que a amava. Suspirou fundo e passou as mãos pelos cabelos loiros levemente despenteados. Olhava fixamente para a madeira escura da mesa e para sua varinha que descansava próxima a sua mão.
– Mais tarde tratamos de assuntos peculiares como esses, Rookwood – falou o Lorde das Trevas com sua voz fina e sussurrante – Agora tenho coisas mais importantes para tratar com Severo – olhou para o antigo professor de Poções em Hogwarts e o chamou com o dedo indicador.
Todos os comensais levantaram-se e iniciaram conversas paralelas. Lucio puxou Draco para um canto afastado colocando sua mão nos ombros do filho e encarando-o intimidador.
– Sua amiga está em perigo absoluto, você sabe, não é? – disse. Parecia feliz com aquela informação – Uma mestiça Draco? Como pode se envolver com pessoas tão baixas?
– Eu não sabia quem ela era – respondeu – E mesmo que soubesse eu faria a mesma coisa.
Lúcio riu baixo, quase como um murmúrio vitorioso e deu dois tapas leves no braço do garoto.
– Você gosta mesmo dela? Isso é tão... Improvável vindo de você. Uma garota de sangue ruim e um jovem comensal de sangue puro, ironias da vida.
Draco não respondeu. Sua família, seus amigos, sua casa e ele mesmo eram totalmente preconceituosos e agora se encontrava totalmente preso a uma mestiça que há algum tempo poderia ter considerado uma abominação da raça bruxa.
O garoto olhou para o pai atentamente formulando algum tipo de resposta, mas preferiu encerrar o assunto imediatamente antes que dissesse algo que o complicasse.
– Vou ver como a “mestiça” está – Draco inclinou sua cabeça e virou as costas para o pai e subiu as escadas rapidamente.
Abriu a porta do quarto bruscamente e encontrou o lugar vazio.
– Corine? – chamou alarmado – Onde você se meteu.
Abriu a porta do banheiro e estava igualmente vazio. Sentou-se na cama apoiando sua cabeça nas mãos, procurando respostas. Como havia sido estúpido. Seu pai o distraíra e agora a haviam seqüestrado, levado-a para longe e talvez agora ela estivesse morta.
Levantou-se bruscamente e presenteou a parede com um soco forte o bastante para quebrar todos os seus dedos na parede. Sentiu a dor em silêncio e algumas lágrimas ferveram em seus olhos.
– Droga – reclamou.
Saiu do quarto e desceu até o salão. Sentia seu rosto formigar. Presumira que Corine havia sido seqüestrada, mas era um tempo muito curto para que encontrasse um lugar para mantê-la presa. Ainda poderiam estar na mansão.
Procurou por todos os cômodos da casa, desceu até o sótão e estava totalmente vazio. Encostou-se na parede e deixou seu corpo cair até o chão gelado e úmido.
Deveria tê-la deixado em Hogwarts, pensou, ela estaria a salvo agora.
**
Corine encarava a parede atentamente sendo tomada por um tédio imenso. Pensou em Hogwarts, Neville, Grace, Simas e seus amigos da Grifinória. Deveria ter ficado com eles, afinal ninguém sabia que ela estava ajudando Draco em seus planos malucos para matar Dumbledore e ganhar uma gratificação por isso de seu querido Lorde das Trevas.
Ele dissera que a amava, a beijara e eles tinham tido algo muito alem disso, porém ela sabia que ele a descartaria rapidamente agora que era uma mestiça em seus olhos. Uma impura para todos naquela casa.
Foi até a escrivaninha de Malfoy e passou as mãos pelos papeis sob a mesma. Parecia algum tipo de diário, textos que contavam sobre os dias que ele vivera. Livros escolares jaziam sobre sua mesa e literatura bruxa estavam dispostos sobre a mesa e também na prateleira que jazia na parede em sua frente.
Suspirou profundamente levando sua mão até um livro que aparentava ser um romance, mas foi surpreendida por Bellatrix e um homem grande, realmente grande que ela reconhecia de alguns cartazes do Ministério da Magia como Fenrir Grayback.
– Vamos dar um passeio querida – Bellatrix disse aproximando-se.
Corine tentou se esquivar e chegar até a porta, porém Fenrir a segurou e ele, Bellatrix e ela própria entraram numa mancha indistinta de tons, sons e rostos.
Sabia o que estava acontecendo, já que havia passado por isso para que chegasse a mansão Malfoy. Havia aparatado, mas não sabia exatamente para onde o fizera.
Encontrava-se agora em um cômodo amplo e com paredes mal pintadas onde quadros antigos pendiam. Uma cama mal arrumada e arruinada escondia-se amedrontada em um canto e cadeiras danificadas espalhavam-se pelo local. Corine teve certeza que estava longe o bastante da casa dos Malfoy e que passara a correr perigo.
– Bem vindo ao seu novo lar belezinha – riu Grayback em seu lugar. O homem (se é que poderia ser chamado assim) agora estava sentado na cama velha palitando seus dentes com as unhas.
– Pra onde você me trouxe? – Corine perguntou a Bella que rondava o quarto com sua varinha em punho – Porque você me trouxe pra esse lugar imundo?
– Está acostumada com a limpeza e a claridade de Hogwarts querida? Deveria ter ficado lá e assegurado que sua vida ficaria intacta.
– Você não respondeu minha pergunta Lestrange – a garota tentou soar ameaçadora, porém tudo que conseguiu foi retirar uma risada sonora e totalmente divertida da bruxa.
– E nem responderei, acha que estou acostumada a ceder a caprichos de mestiças? Ainda mais as petulantes feito você. Passou tempo de mais com Draco – concluiu – Estava na hora de acabar com a sua festinha.
– Foi Draco que a mandou me despachar não foi? Ele se enojou de mim depois que soube que eu era mestiça.
– E quem não se enojaria? – a mulher tinha um olhar de completo desdém em seu rosto – Uma mestiça nojenta, uma família impura, suja por sangue trouxa.
Corine ficou calada observando a mulher caminhar em volta dela, pegando algumas mechas de seu cabelo e alisando-a, inspecionando a garota de cima abaixo.
– Você é um tanto ajeitada, posso entender porque Draco resolveu usá-la.
Então era verdade. Ele a mandara para longe após ter feito tudo que achava ter direito com ela e agora a descartara como algo sem utilidade.
– Mas respondendo sua primeira pergunta especialmente porque não quero crianças choronas durante a sua estadia por aqui: Não foi Draco quem a mandou para cá, aliás, ele não teria todo esse poder para me dar ordens embora eu adore a ideia de poder te matar agora. O Lorde das Trevas acha conveniente lhe manter longe de seu novo fiel seguidor. Você pode induzi-lo a não fazer o que deve. Uma aluna da Grifinória sempre acaba metendo o nariz gracioso e empinado onde não deve não é verdade?
– Se ele quer tanto me matar porque não faz isso logo? – desafiou Corine.
Bellatrix virou-se para Grayback enquanto mexia em seus cachos desgrenhados com a ponta de sua varinha levemente torta.
– Mantenha-a calada.
E então a mulher aparatou de imediato deixando-a naquele cômodo com o lobisomem. Corine lançou-lhe um olhar de censura e sentou-se, encolhendo suas pernas.
– Não adianta ficar me olhando com essa cara de assustada garota – disse o homem distraído.
– Meu nome é Corine – protestou.
– Que seja. Você está presa aqui e não vai sair até que Você-Sabe-Quem disser que deve. Olhe bem, poderia estar em Hogwarts vivendo uma vidinha medíocre e estudando para suas provas ridículas, mas resolveu se aventurar pelos corredores com um comensal iniciante. Tsc, tsc. Adolescentes me irritam.
– Você não sabe de nada, cale a boca.
Grayback deu os ombros e começou a cantarolar alguma canção que Corine desconhecia. A garota estava assustada, amedrontada, mas não iria demonstrar isso para qualquer um que fosse. Nem mesmo para o Lorde das Trevas.
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