Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 51
Capítulo 51


Notas iniciais do capítulo

E aqui o prometido flashback!
Lembrando que aconteceu dois anos antes, quando eles tinham 14 anos. Só digo uma coisa: Petherin!
Feliz Páscoa e boa leitura :)



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–Peter, vamos logo! – ouço minha mãe dizer da sala.
–Já vou! – respondo e bagunço meus cabelos.
Abro um sorriso e dou uma piscadinha.
Hoje tem uma festa de uma menina lá da sala e é claro que eu não vou perder oportunidade de pegar todas as gatas.
Eu, como bom amigo, também vou ajudar o Thomas. O coitado cansou de levar fora de uma ruivinha aí e tá mal. Fora que o pai dele teve um ataque cardíaco esses dias.
Sinceramente, não entendo esse meu amigo. As garotas se jogam nele, ele podia ficar com uma por dia se ele quisesse, mas não. O Thomas não é desses, ou seja, ele não é que nem eu. Não está na essência dele ser assim, mas se ele quer esquecer a Ashley, que custa eu ajudar o pobre?
–Peter! – chama minha mãe já impaciente.
Desligo a luz do banheiro e vou pra sala.
–Calma, tava me arrumando.
Ela pega as chaves em cima da mesa e saímos de casa.
–É pra gente passar no Thomas? – assinto. –Vê se toma juízo.
Faço cara de ofendido.
–Eu tenho juízo!
Ela revira os olhos.
–Ah, tem muito!
Nós entramos no carro.
–Mãe, você tem que entender que o seu filho aqui , - aponto pra mim mesmo. – tem várias pretendentes e não é idiota de jogar as chances fora.
Minha mãe balança a cabeça em reprovação e começa a dirigir.
–Peter, anota o que eu to dizendo, você ainda vai gostar de uma menina pra valer e vai largar essa vida de galinha.
Solto uma risada.
–Acho difícil.
Dessa vez ela ri.
–Acha mesmo? Porque esses dias você parecia bem irritado por ficar sabendo que a Katherin tinha abraçado um tal de Rodrigo.
Sinto meu coração acelerar ao ouvir o nome dela e não entendo o porquê.
–Mãe, eu não estava irritado.
–Não, imagina... – debocha ela.
–É sério, é que ela é minha amiga faz tempo e esse garoto é um babaca.
–Ou será que não ficou com ciúmes dela? – pergunta minha mãe olhando pra mim pelo canto do olho.
Solto uma risada.
–Ciúmes? Até parece!
Ela continua dirigindo e chegamos no prédio do Thomas. Desço e vejo o porteiro. Como eu venho toda vez aqui, ele abre o portão e eu subo pro apartamento do Thomas.
Aperto a campainha e quem aparece é a mãe dele. Ela abre um sorriso.
–Oi, Peter.
Dou um breve aceno.
–Oi, tia.
–O Thomas já ta vindo. – então ela abaixa o tom de voz. –Obrigada por levar ele pra sair, ele tá precisando. Ele está super preocupado com o pai e ainda tem aquela garota. Acho que o Thomas nunca se sentiu assim por uma garota.
Concordo com a cabeça e o menino se aproxima. Ele dá um beijo na bochecha de sua mãe, se despede e entramos no elevador.
–Então, Thomas, hoje você vai aprender como chegar nas garotas.
Ele ri.
–Você acha que eu não sei chegar numa garota?
–Acho.
–Não é porque eu não saio beijando todas que eu não sei chegar nelas.
–Então tá
Thomas cruza os braços.
–É sério. Aposto que vou ficar mais do que você.
Rio em deboche.
–Até parece.
Ele estende a mão.
–Quem ficar com mais garotas tem direito de fazer o outro fazer alguma coisa.
–Tipo consequência daquele jogo “verdade ou desafio”? – ele assente e sorrio. –Fechado. – apertamos as mãos e chegamos ao térreo.
Como sempre, minha mãe mais fala com o Thomas no caminho do que comigo e chegamos na frente da casa da garota.
–Tchau, mãe.
–Juízo os dois! – fala ela e saímos do carro.
A primeira pessoa que vejo quando entro na casa da menina é a Katherin e eu fico parado no mesmo lugar, sem conseguir me mover. Os cabelos dela estão soltos e ela usa um vestido azul claro.
–Uau. – diz o Thomas do meu lado.
–Ela está... linda. – falo sem conseguir tirar os olhos dela.
–Cuidado pra não babar. – fala o Thomas rindo da minha cara e pisco.
Olho bravo pra ele e dou um tapa em seu braço. Ele continua rindo.
–Qual é, Peter. Você precisava ver a cara que você fez!
–Não fiz cara nenhuma !
Thomas parece não acreditar.
–Toda vez que você vê a Katherin você fica assim cara. – diz ele com tom de voz mais baixo. –Aproveita que ela tá sozinha e fala com ela.
–Thomas, vai te catar! – digo estressado. –Eu falo com ela quando eu quiser, não preciso que ela esteja sozinha!
–Peter, você entendeu o que eu quis dizer.
–Não, eu não entendi!
Ele bufa.
–Na boa, pra mim parece que você gosta dela e não quer admitir.
Solto uma risada.
–Acho que você bebeu!
Thomas faz que não com a cabeça.
–Não bebi nada, você que está se enganando. – diz ele e me deixa sozinho.
Olho pra frente de novo e vejo o infeliz do Rodrigo falando com ela. Os dois rindo. Odeio esse garoto.
E não, isso não é ciúmes tá legal? Só não vou com a cara dele.
–Nossa, Pet, vai matar quem? – pergunta a Ashley chegando do meu lado.
Olho irritado pra ela.
–Você, se não sair da frente.
Ela ri.
–Uou, que estresse. Cadê seu amiguinho?
–Não te interessa.
–Ele ainda tá chorando por mim? – pergunta ela rindo.
Saio de perto dela antes que eu acabe gritando. Essa é outra que eu odeio.
E aí começa pra valer a minha competição com o Thomas.

–Vamos lá. Quantas, Thomas?
Ele ri, meio que se gabando.
–Cinco. – diz ele como se dissesse “Há, toma essa!”
–Quinze.
O Thomas arregala os olhos e eu começo a rir feito um condenado.
–Cara, como assim quinze?
–Quinze ué. – falo dando de ombros. –Agora, você faz uma coisa que eu pedir.
–Tá, manda.
Coloco a mão no queixo, pensativo.
–Segunda feira você vai se jogar na piscina da escola.
Thomas me olha como se eu fosse louco.
–Vai tá um gelo!
–E daí? Foi uma aposta!
Ele bufa.
–Por que mesmo que eu aposto as coisas com você? – e nós dois começamos a rir.
Percebo que o Thomas parece meio desconfortável por ter beijado as cinco garotas de uma vez só praticamente.
–Acho que você não serve pra isso. – falo.
Ele assente rindo.
–Não sirvo mesmo. – ele olha pra frente e vemos a Ashley. Ele revira os olhos.
–Você vai superar essa, ela nem é tão bonita assim. Nem tão legal. Aposto que o beijo dela também nem é grande coisa.
Meu olhar cai num ponto mais a frente. O Rodrigo está com o rosto bem próximo da Katherin e não precisa ter uma visão muito boa pra perceber que ela tá estranha. Alegre demais e não parece ser por causa do Rodrigo.
Vejo que ela está com um copo nas mãos. Pera ela bebeu?
Thomas parece perceber a mesma coisa.
–Eu vou arrancar aquele moleque de lá. – falo já me levantando com raiva, mas o Thomas me segura.
–Calma, Peter. Deixa a Katherin falar com o menino.
–Como deixar ela!? Tá louco? Ele tá quase beijando ela!
–E depois diz que não tem ciúmes dela. – fala o Thomas e me solto dele.
–Não é hora pra brincadeira, Thomas!
–Eu não to brincando, Peter.
Olho bravo pra ele.
–Thomas, eu não ligo com quem ela fala, entendeu? Não ligo! Só que se você não percebeu ela bebeu e ele tá se aproveitando dela, então se me dá licença, eu vou tirar ela de lá e é agora!
Chego mais perto e fico só observando por enquanto. É só conversa, Peter, não tem nada demais.
E quase me convenço que é isso mesmo, então o Rodrigo tira o copo da mão dela e coloca em cima da mesinha. Ele segura a cintura dela e puxa-a pra ele.
Meu sangue começa a subir e é quando ele segura o rosto dela que eu perco toda a minha paciência.
Vou rapidamente perto dele e quando eles estão quase se beijando, empurro o Rodrigo pra longe dela. Ele parece desnorteado por um momento, mas logo ele olha pra mim com raiva.
–Tá maluco, irmão?
–Você não ouse encostar um dedo na Katherin! – grito com raiva.
–E quem é você pra falar isso? Acorda, velho!
Seguro o pulso da Katherin e ao minha pele entrar em contato com a dela, meu coração dispara.
–Você vai embora agora.
Ela dá um tapa na minha mão.
–Não vou coisa nenhuma!
Droga, ela bebeu mesmo.
–Você não manda em mim, Peter. Me deixa em paz, tá legal?
Rodrigo vem pra cima de mim.
–Você escutou a menina, deixa ela.
–Não vou deixar você se aproveitar dela. – falo me segurando pra não dar um soco nesse idiota. Empurro ele de novo e puxo a Katherin. –Vamos.
–Não. – fala ela se debatendo, mas a seguro com força e coloco ela como um saco de batatas sobre os meus ombros.
Ela me dá cada soco e cada unhada e eu solto ganidos de dor, mas tudo bem.
–Me larga, Peter! – grita ela. –Eu vou te morder!
Se ela tivesse sóbria teria percebido como essa fala dela foi idiota.
–Não vou te soltar, entendeu? Não vou, mesmo que você me soque, eu não vou!
Chegamos do lado de fora da casa. A rua está vazia. Coloco-a no chão e ela me olha com raiva.
–Quem você pensa que é pra fazer isso? – a voz dela está toda embolada. –Você não é meu pai, entendeu?
–Caramba, ele te embebedou, tava se aproveitando de você e eu que sou o vilão dessa história?
Ela bufa.
–Você não tem nada haver com a minha vida! Eu faço o que bem entender!
–Olha, eu sou seu amigo, eu só quis te ajudar!
Ela ri histericamente.
–Eu não pedi a sua ajuda!
E então somos dois adolescentes de 14 anos gritando na rua meia noite.
–Quer saber, Peter? Você não me entende!
–Mas não entendo mesmo! Não tem como entender!
Ela vai falar alguma coisa, mas as penas dela fraquejam. Rapidamente vou até ela e seguro-a.
–Me solta.
Faço que não com a cabeça e pego-a em meus braços.
–Eu vou te levar pra casa.
–Eu não quero ir pra casa... – mas a voz dela já está bem fraca.
Não sei o que deu na cabeça dela pra beber, ela não é assim. Percebo que meu coração voltou a bater mais rápido que o normal e que é péssimo vê-la nesse estado.
–Peter, eu vou...
Mas ela nem termina e já virou o rosto e vomitou no chão, um pouco no meu sapato. Respiro fundo e coloco-a no chão. Ela se agacha e eu puxo os cabelos dela pra trás, pra que ela não vomite neles.
Katherin fica nessa situação por um cinco minutos e a Ashley aparece do meu lado.
–Quem diria que ela ficaria assim, hein?
Reviro os olhos, totalmente sem paciência.
–Ashley, por que não cuida da sua vida?
–Porque a briga de vocês foi interessante. – ela ri. –Ai, Peter. Foi hilário ela gritando com você.
Finjo que nem escutei.
–Quero dizer, vocês sempre foram amiguinhos e agora isso.
Katherin para de vomitar e ajudo-a a se levantar.
–Ashley, se manda daqui. – falo e a ruiva bufa.
–Acabou a treta, acabou a emoção. – e ela volta pra dentro da casa.
–Katherin, você tá...?
Do nada ela se joga nos meus braços, encosta a cabeça no meu peito e abraça as minhas costas. Bêbada ou não, os cabelos ainda tem um aroma bom. Meu coração fica disparado na hora e fico um pouco tenso. Abraço-a de volta hesitantemente, surpreso com a mudança de comportamento repentino.
Ela começa a soluçar e meu coração aperta. Eu não sei se já disse isso, mas simplesmente não sei o que fazer quando as mulheres choram.
–Kath, não chora não. – falo meio desesperado, mas ela não para. –Shhh, tá tudo bem... – sussurro.
Decido ficar quieto e respiro fundo. É horrível ouvi-la chorar e não saber o que fazer. Eu sempre tive vontade de mexer nos cabelos dela, mas nunca coragem.
Lembro do que minha mãe fazia quando eu era pequeno, me machucava e chorava. Ela afagava meus cabelos.
Levo uma mão aos cabelos da Katherin e os acaricio. Nossa, o cabelo dela é tão macio, tão bom. Assim com ela...
Pera o que?
–Eu to com frio. – fala ela na mesma posição.
Penso em desfazer o abraço e chamar um táxi, mas ela não deixa.
–Não me solta, Peter. –sussurra ela e não faço objeção. Não é como se fosse ruim abraçá-la.
Ah, não é mesmo ruim tê-la em meus braços. Não é ruim sentir como se eu estivesse protegendo-a, confortando-a.
–Você cheira bem. – diz ela e solto uma risada.
Fico tenso quando ela fica na ponta dos pés e roça o nariz levemente no meu pescoço, ela respira fundo e depois suspira.
–Gosto do seu perfume. – sussurra ela perto do meu ouvido e meus pelinhos da nuca ficam arrepiados.
–Também gosto do seu perfume. – falo com um sorrisinho. –Só seu hálito tá com cheiro de bebida.
Ela ri e se solta de mim.
–Você é bonito. – diz ela.
Abro um sorrisinho.
–Kath, você tá bêbada, amanhã nem vai lembrar do que disse.
–Eu gosto muito dos seus olhos azuis. Eles parecem o oceano. – diz ela com a voz meio boba. –Também gosto do seu cabelo bagunçado.
–Fico feliz. – falo com um sorrisinho idiota na cara, realmente feliz por ela me achar bonito.
Bate um vento e ela olha pro céu.
–Iih, vai chover.
Olho pro céu e sinto uma gota na ponta do meu nariz. Katherin volta a rir.
–Eu disse!
–Ok, hora de te levar pra casa.
Ela faz que não com a cabeça.
–Não quero ir. Quero ficar aqui. – ela segura o meu rosto. –Quero ficar aqui com você.
Não sei o que responder pra isso. A verdade é que eu também não quero sair de perto dela.
–Eu também quero ficar aqui com você. – falo e ela sorri.
Katherin inclina o rosto na direção do meu e paramos de sorrir. Nossos narizes se encostam e nossas bocas ficam bem próximas. Começo a ficar com frio na barriga e nervoso, não lembro a última vez que me senti assim.
Aproximamos mais e quando nossos lábios quase se encostam, nós recuamos poucos centímetros. Começo a piscar fracamente.
–Sua boca parece ser docinha. – ri ela.
–A sua também. – falo sem pensar.
–Você quer me beijar? – sussurra ela.
A verdade é que eu quero, quero muito, mas isso é errado. Com muito esforço, pego os ombros dela e afasto-a de mim.
Ela me olha como se estivesse chateada.
–Desculpa, Kath, não posso fazer isso com você. – falo e ela solta um muxoxo.
Pego o celular e ligo pro Tavares, um taxista. Ele logo chega e deixo Katherin na casa dela. Quem abre a porta é a irmã dela, que bom. Não quero que os pais dela briguem por ela estar bêbada.
–Oi. – diz ela com cara de sono e então olha pra irmã. –O que aconteceu?
–Ela bebeu, mas foi só essa vez. Não fala pros seus pais. – falo baixo pra que ninguém ouça.
Ela faz que sim com a cabeça.
–Tchau, Katherin. – falo preocupado com ela.
Katherin me dá um beijo na bochecha.
–Tchau, Peter!
E então ela fecha a porta. Fico parado por uns dez segundos com a mão no lugar onde ela beijou.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam?
Peter gostando dela, mas não admitindo ♥