Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 39
Capítulo 39


Notas iniciais do capítulo

SEIS MESES DE FIC, SOCORROOOOOOO, MEIO ANO ESCREVENDO ESSA FIC :o CHOCADAAAAAAA!!!!!
Quero agradecer a Always Perfect pela linda recomendação ♥ E quero agradecer a todos vocês, leitores, porque sem vocês a fic não estaria sendo escrita. Muito obrigada por ♥ ♥ ♥ ♥
Feliz aniversário de seis meses da fic e boa leitura!



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Acordo animada e me sentindo estranha. Animada porque vou pra minha antiga cidade hoje e encontrar minhas amigas de lá e algumas pessoas da minha família. Estranha porque eu descobri que eu gosto do Thomas e isso meio que muda as coisas. Quando ele fala comigo na maior parte ele me deixa sem graça e meu rosto esquenta, imagina agora que eu descobri que gosto dele.
Solto um muxoxo, olha no que me meti.
Tiro o lençol de mim e me levanto num pulo, porque eu estou animada, como já disse. Vou pro banheiro e me olho no espelho. Bocejo e abro um sorrisinho. Tomo meu banho e me arrumo, ficando pronta rapidamente.
–Lydia, são vinte pras sete, acorda! – fala minha mãe entrando no quarto e então vê que já estou até vestida. Ela me olha surpresa. –Poxa, isso é o que acontece quando a minha filha começa a gostar de alguém? Ela para de ser preguiçosa?
Minhas bochechas esquentam.
–Sua filha para de ser preguiçosa quando vai ver as amigas que não vê há quase um mês. – respondo e vou pra sala.
Bebo meu toddynho, como um pão na chapa e escovo os dentes. É, acho que nunca fiquei tão disposta em plena sete horas da manhã. Olho de novo pro espelho e tombo minha cabeça levemente pro lado me perguntando o porquê eu tinha que gostar do Thomas.
Isso tudo é culpa dele. Quem mandou ele ser ele!? Não é justo! Por que ele tinha que ser tão... Thomas?
Minha mãe bate no batente da porta e então se encosta nele com os braços cruzados.
–Lydia, eu te chamei mil vezes. – diz ela.
–Ahn, desculpa. – vou pro quarto e coloco minha bolsa. –To meio fora do ar hoje.
Ela assente e nós vamos pro carro. Mais um dia pra escola. Ligo o rádio e o cara começa a falar das notícias do dia. Nem presto atenção. Só consigo pensar que vou ver minhas amigas daqui algumas horas. E também penso em como vai ser quando o Thomas voltar.
Minha mãe para o carro na frente da escola.
–Até mais tarde, então. – diz ela. –Já tá tudo pronto na sua mala? Precisa de mais alguma coisa?
–Não, tá tudo lá. A Clarisse vai almoçar com a gente? – minha mãe assente e na hora que eu vou descer do carro, ela fala pra eu esperar. –Vou chegar atrasada.
–Não vou demorar. – fala ela com um sorriso. –Só que eu vi como ficou ontem a noite por ter descoberto que gosta do Thomas. Pra falar a verdade não sei como demorou tanto pra perceber, eu sempre achei que você sentia algo por aquele garoto. – fico corada de vergonha. –O jeito que você xingava ele... Não era pra xingar mesmo, sabe? E teve aquele dia na Igreja que quando você viu ele e ele não falou com você. Eu vi que você ficou chateada.
Ok, acho que vou cavar um buraco e me enterrar de tanta vergonha que eu to.
–Calma, não era tão evidente. – suspiro em alívio. –Mas sou sua mãe, daí tive um palpite. – ela continua. –Enfim, você também o defendeu do seu tio e entre outras coisas. Mas não vou falar do que eu achava. Só quero te dizer pra ficar calma, Thomas é um bom garoto.
–Posso ir agora? – pergunto morrendo de vontade de sair desse carro. Não é legal ficar falando do Thomas com a minha mãe. Na verdade, não é legal ficar falando dos meus sentimentos em relação a ele pra ninguém.
Ela respira fundo.
–Mas você não tem jeito mesmo.
–Tá, continua. Mas eu tenho aula, então fala rápido.
–Como eu estava dizendo, o Thomas é um bom garoto. Educado, gentil. Lydia, não é sempre que se acha um desses.
–Onde quer chegar com isso? – pergunto já impaciente.
–Você não vai falar pra ele que gosta dele?
Começo a tossir.
–Que ideia é essa? – pergunto olhando pra ela como se ela fosse maluca. –Não vou falar pra ele que gosto dele. De onde tirou isso? – abro a porta do carro e saio. –Não vai rolar.
–Mas...
Interrompo-a.
–Mãe, eu tenho aula. Até depois. – fecho a porta e saio andando.
Passo pela porta e dou um esbarrão em um menino.
–Desculpa. – falo me afastando rapidamente.
Ele usa um uniforme diferente, deve ser de outra escola. O menino sorri.
–Foi nada.
Passo por ele e logo ele está ao meu lado.
–Escuta, qual seu nome?
–Lydia. – morre o assunto.
Ele ri.
–Eu sou o... – ele parece pensar melhor. –Vai ter que descobrir meu nome.
Reviro os olhos.
–Não to interessada.
–Que tal se a gente sair?
Dou uma risada.
–A gente nem se conhece.
–Pra isso mesmo. – diz ele como se fosse óbvio. –Te achei legal.
–Mas você nem falou comigo direito. – falo. –Vai procurar outra menina pra paquerar, realmente não to afim.
–Por que não? Tem namorado?
Por que todo mundo me pergunta isso?
–Tenho. – respondo só pra ele parar de me encher. Nem vou mais ver ele mesmo. No dia da competição ele nem vai se lembrar de mim. –Agora se me dá licença, eu tenho aula. – deixo ele e continuo meu caminho.
Vejo o Peter um pouco na minha frente da escada.
–Peter! – chamo-o e ele se vira, parando. Vou até ele. –Oi.
–Bom dia. – diz ele com um sorriso.
–Já sabe onde vai levar a Katherin? – pergunto curiosa.
–Sei, valeu pela dica de fazer alguma coisa que eu gosto.
Sorrio.
–De nada. Na verdade achei que nem iria usá-la, mas que bom que fui útil.
Ele ri e cada um vai pra sua sala.
No restante do dia eu só consigo pensar em como seria legal se eu pudesse acelerar o tempo. Olha, acho que já sei o que quero fazer do futuro. Vou fazer um teletransportador e uma máquina do tempo. Ótima ideia, eu sei. Seria rica e faria um bem pra humanidade.
–Lydia, o que eu estava falando sobre a dilatação térmica? – pergunta o professor de física.
Pisco duas vezes. Meu coração acelera em desespero.
–Desculpa, o que o senhor perguntou? – pergunto tentando ganhar algum tempo. Eu já li sobre dilatação térmica.
Ouço risadinhas na sala. Bando de imbecis.
–Perguntei o que eu estava falando sobre a dilatação térmica.
–Hum, certo... – pensa, Lydia, pensa!
–O senhor sabia que a Lydia passou muito mal ontem? – fala a Katherin. Não sei como isso vai me ajudar, mas pelo menos tirou o foco de mim.
O professor olha impaciente pra nós duas.
–Lydia, você tem que prestar atenção.
–Eu sei, me desculpe. – falo com a cabeça baixa.
Ele me olha com reprovação e continua falando. Depois terei que me virar com essa tal de dilatação térmica. O sinal pra ir embora bate e eu sorrio. Falta pouco pra eu voltar pra minha cidade antiga.
–Katherin! – grito de felicidade. –Eu vou ver minhas amigas!
Ela ri.
–É, você falou isso o dia todo.
–E você ficou falando do seu encontro com o Peter. – falo segurando um sorriso. Coloco os materiais dentro da bolsa.
A Katherin me olha irritada, mas com o rosto um pouco vermelho.
–É o meu primeiro encontro, dá um desconto. E também eu não sei onde ele vai me levar. – termino de arrumar minhas coisas e sinto a mão dela no meu pulso. Olho meio assustada pra ela.
–Olha, você me assustou agora. Tipo, parecia que ia roubar meus livros ou sei lá.
Katherin dá risada e então fica séria.
–Só fiquei aqui pensando se você sabe alguma coisa desse encontro.
Lembro que o Peter me pediu sugestão e eu só disse pra ele fazer alguma coisa que tenha haver com o que ele gosta. Ele disse que faria isso, mas não me disse o que exatamente.
–Não sei de nadinha.
–Nadinha de nada mesmo? – pergunta ela parecendo uma criança querendo descobrir o que vai ganhar de Natal.
Coloco minhas mãos nos ombros dela.
–Katherin, fica calma, você vai descobrir onde vão na hora que for o encontro. – abro um sorriso. –O Peter não vai te levar pra um bar e também não vai te levar pra Nova Iorque. Está no meio disso, então. – franzo a testa. O que eu disse foi muito besta. Ela me olha sem entender, mas apenas balança a cabeça rindo.
Passamos pela mesa do professor.
–Lydia? – ele chama.
Viro-me surpresa. O que será que ele quer?
–Sim? – eu quero dar o pé daqui, espero que ele seja breve.
–Venho percebendo que está meio distraída nas minhas aulas nesta semana. E também sei que você teve problemas com o professor de matemática. Você me parece uma aluna exemplar, mas devo dizer que estou um pouco desapontado.
Engulo em seco. De todas as coisas que eu poderia ouvir, não estava esperando isso.
–Sei como é ser adolescente, ensino médio é uma droga, mas acho que deve se concentrar mais. Você tem potencial, eu já vi isso e tenho certeza que os outros professores também. Só precisa focar mais.
Faço que sim com a cabeça.
–É que nessa semana aconteceram umas coisas, um amigo meu ficou com um problema, hoje eu vou ver amigas minhas que faz tempo que não vejo e semana que vem meu pai que não vejo há sete anos vai vir me visitar.
Ele não me perguntou nada disso, mas eu não quero ficar com uma imagem ruim.
–Por esses motivos eu estou distraída nessa semana, peço desculpas. – finalizo.
A Katherin fica apenas do lado, escutando. O professor faz que sim com a cabeça.
–Tente não se meter em problemas. – fala ele e sai da sala.
Katherin vira-se pra mim. Abaixo a cabeça, envergonhada. A que ponto cheguei por conta de estar distraída.
–Calma, Lydia, não é tão ruim.
–Como não é tão ruim? Ele tem toda razão. Posso odiar o professor de matemática, mas quase fui pra fora porque eu o insultei. E agora eu fiquei viajando nas aulas essa semana toda. Minhas notas não podem cair, Katherin. – respiro fundo.
Nós duas saímos da sala.
–Veja pelo lado bom, agora que ele te alertou, você vai prestar mais atenção.
–Isso é verdade.
Na hora que desço as escadinhas da escola dou de cara com o fusca amarelo da Clarisse. Não acredito que ela ainda não trocou esse carro. Na hora que a vejo abro um sorriso do tamanho do universo e saio correndo, puxando a Katherin pelo pulso. Clarisse também sorri e me dá um abraço apertado quando chego nela.
–Lydia do céu, que saudade!
Acontece que quando eu vim pra cá, ela estava viajando então a gente não se vê há praticamente dois meses. Pra quem se via quase toda semana, é muito tempo.
–Também senti!
Ela me solta e então olha pra Katherin, que abre um sorrisinho.
–Clarisse, Katherin. Katherin, Clarisse. – apresento-as.
–Oi. – diz a Katherin. –A Lydia tá quase morrendo de ansiedade.
A prima da minha mãe ri.
–Prazer, Katherin. – então ela olha pra mim. -Lydia, a sua mãe tá nos esperando lá no restaurante. – diz ela.
Faço que sim com a cabeça e viro-me pra Katherin.
–Bom encontro e até segunda.
–Obrigada. E boa viagem pra você.
Agradeço-a e entro no banco da frente do fusquinha amarelo.
–Mas você não disse que ia comprar outro carro? – pergunto rindo. Ela sempre fala que vai trocar o fusca, mas nunca troca.
–Eu arrumei ele, arrumei o motor, dei uma repaginada. – fala ela e ri. –Não consigo me desfazer dessa lata velha, ela tem muita história.
É, tem mesmo. Já ficamos atoladas na água em pleno dia de Natal por causa desse carro, fomos resgatados pela polícia e o filho dele, o Daniel, estava lá.
Não gosto de lembrar do Daniel, já gostei dele. Ele disse certa vez que gostava de mim também e me pediu pra namorar, mas eu só tinha catorze e achava que ainda não era hora pra isso. Achei que ele ia ficar chateado, mas que ia me esperar, ou sei lá. Fui otária, porque na outra semana ele já estava com outra garota.
Fiquei muito mal e minhas amigas e eu fizemos um juramento de nunca citar o nome dele, deu certo até, mas eu ainda o acho muito ridículo o que ele fez e toda vez que eu o via tinha vontade de chorar. Isso passou depois, mas mesmo assim, não gosto de ficar lembrando. Já me esqueci dele, mas de qualquer modo eu fiquei mal. Deve ser por isso que eu fico preocupada em gostar de alguém. Espero não ter que vê-lo por lá.
Clarisse estaciona o fusquinha amarelo na frente do restaurante.
–Eu adorei essa cidade. – comenta ela quando descemos do carro. –Tem mais árvores, pessoas com sorrisos sinceros na cara. E tem uns caras que nossa... – diz ela se abanando.
Começo a rir e entramos no restaurante. Minha mãe já está numa mesa e quando nos vê, acena e vamos até ela.
–Clarisse, pode ir se servindo, e você também Lydia. Vou ficar guardando a mesa.
–Ok. – falo e vou até os pratos.
Pego carne, arroz e um pouco de salada. Pra beber peço uma coca, sem parar de sorrir por um momento. As pessoas devem achar que eu tenho algum problema, mas eu to muito animada pra me importar.
Volto na mesa, Clarisse chega em seguida, minha mãe pega a comida e senta-se com a gente.
–To sabendo que o Andrew vai voltar. – diz Clarisse. –Animada, Lydia?
Termino de mastigar.
–Sim, muito! To com muita falta dele.
–Quero ver quando ele ver como você cresceu, se eu já fiquei espantada não te vendo por dois meses, imagina ele que ficou sete anos!
Rio e continuo comendo. Eu fico apenas ouvindo o que elas conversam, parecem sentir falta uma da outra. Termino e logo elas também. Voltamos pro apartamento pra eu tomar um banho e trocar a roupa e escovar os dentes. Pego a minha mala também e nós três descemos pro térreo. Clarisse coloca a mala dentro do carro.
–Bom, acho que é hora de vocês irem. – fala a minha mãe parecendo meio triste. –Lydia, nada de ir pros lugares sem avisar a Clarisse, certo?
Reviro os olhos.
–Mãe, todo lugar que eu vou, eu te aviso.
–Eu sei, mas é só pra lembrar. Não quero você dormindo fora, a não ser hoje na casa da Jane. E também se forem em algum lugar, não cheguem depois das duas da manhã.
Minha mãe me fala mais umas coisas que mãe fala e então me dá um abraço rápido, porém forte.
–Mãe, você tá me sufocando. – falo rindo e ela me solta.
–Desculpa. – diz ela com um sorriso. –Boa viagem e me liga quando chegar lá, viu?
–Pode deixar.
Clarisse e minha mãe vão se despedindo e eu entro no carro. Meu celular está completamente carregado e trouxe os fones de ouvido, embora ache que nem vou precisar. Clarisse gosta das minhas músicas e acho que nós vamos mesmo é ouvir música de rádio. Ela entra no carro e logo começa a dirigir.
Ligo o rádio. Tá passando propaganda de alguma ótica aí, depois um cara faz uma resenha de um filme de comédia.
–Esse filme é um lixo. – fala a Clarisse. –Sério, você sabe que eu adoro uma comédia, mas esse é um horror.
–Sei sim, você é uma comédia Clarisse. – falo e nós duas rimos.
Começa a tocar Close Your Eyes, do Michael Buble. Eu amo essa música. Aumento o som e encosto minha cabeça na janela do carro, observando o lado de fora. Inevitavelmente me lembro do Thomas e abro um pequeno sorriso. Quando vejo, acabo fechando os olhos e pegando no sono.
Sinto uma mão no meu ombro.
–Lydia. – chama a Clarisse. Abro os olhos lentamente. Ela abre um sorriso. –Chegamos.
Esfrego os olhos com a mão e me encosto direito no banco. Estamos na frente da casa dela. Abro a porta e me espreguiço. Minhas costas estralam, porque fiquei de mau jeito no carro. Pego a minha mala enquanto a Clarisse abre a casa dela.
Vou até ela e observo a casa que ela mora.
–Bem vinda de volta. – diz ela.
Sorrio e entro. A casa dela tem a sala, uma cozinha e uma pequena área de serviço na parte de baixo. Aí tem uma escadinha de madeira e em cima tem o quarto dela, um banheiro e a varanda.
O meu lugar preferido daqui é a varanda, porque ela tem uma cadeira balanço de teto de madeira com uma almofada muito boa, então posso ficar aqui fora observando o céu e tomando um ar fresco. No momento estou parada na varanda. Ligo pra minha mãe avisando que cheguei e depois desligo a chamada.
–Não quero te encher nem nada, mas já são quatro horas. Você não ia ir no churrasco da Jane?
Concordo com a cabeça.
–Eu vou dormir na sala quando tiver aqui. – fala ela. –Você pode dormir onde você quiser.
–Isso se eu dormir, né. – falo e rimos.
Algumas vezes eu dormia aqui e a gente ficava vendo televisão até tarde na sala, comendo chocolate, pipoca e tomando coca cola.
–Vou só separar a minha roupa e ir pra casa da Jane. – falo e vou pro quarto dela.
Abro a minha pequena mala e pego meu vestido preto com umas bolinhas vermelhas, azuis e brancas. Pego a meia calça preta já que estamos no inverno. Coloco mais algumas coisas que vou precisar pra hoje na bolsa que eu trouxe e desço as escadas. O presente eu levo na mão mesmo.
–Só a Jane mesmo pra fazer churrasco com esse frio. – fala a Clarisse quando entramos no carro.
Solto uma risada.
–Pois é, mas foi só almoço. Ninguém vai nadar nem nada.
De manhã na escola eu mandei um mega feliz aniversário, mesmo vindo até aqui. Não demora muito pra eu ver a casa da Jane e quase surtar de felicidade. Clarisse para o carro.
–Te pego amanhã de manhã que horas?
–Eu te ligo. – falo e ela assente. –Obrigada pela carona e por me deixar ficar na sua casa amanhã, se não minha mãe não iria me deixar vir.
Clarisse sorri.
–Imagina. – e se despede.
Aperto a campainha da casa dela batendo os pés impaciente. Já se passaram cinco segundos e ninguém abriu ainda.
Ouço o som da maçaneta e quando abro a porta dou de cara com a Kriss.
–Kriss! – grito.
–Lydia! – grita ela também e então a gente se abraça. -Socorro, você tá aqui mesmo!
–Tava morrendo de saudade!
A gente fala tudo meio que gritando, então eu sinto muito pelos ouvidos de quem está nessa casa.
–Eu também!
A Jane aparece e a gente desfaz o abraço.
–Lydia!
–Jane!
De novo, mais gritos e risadas. Abraço-a também.
–Feliz aniversário, Jane! Tudo de bom, que você case com o Oliver e...
–Se eu não tivesse tão feliz em ver você, eu teria batido na sua cabeça por ter falado isso. – diz ela rindo.
–Por isso mesmo que eu falei agora. – falo e dou risada.
Nos separamos e eu estendo o presente pra ela.
–Espero que você ainda curta isso, se não vou ter que trocar lá na minha cidade e depois te mandar por correio.
Jane pega o presente e abre a embalagem, com os olhos curiosos. Quando ela tira a embalagem vê o que é e olha pra mim como se eu fosse doida.
–Lydia, óbvio que eu ainda gosto do Renato Russo!
–Que bom, porque ia dar trabalho. – falo rindo.
–Obrigada. – diz ela. –Vamos lá pra fora, tem umas pessoas da escola.
–Só tenho que deixar minhas coisas lá no seu quarto.
Kriss vem pro meu lado.
–Eu vou lá com ela, daí a gente já sai. – diz ela e a Jane assente, indo pra fora em seguida.
Eu e a Kriss vamos em direção do quarto da Jane, que é no segundo andar.
–Como tá a vida lá na cidade nova, Lyd?
–Normal, eu sinto muita falta de vocês e do pessoal da escola, mas lá é um bom lugar também.
–Entendo. – fala ela e abre a porta do quarto da Jane.
Está do mesmo jeito que estava quando vim na última vez. O piso é de madeira, tem uma janela retangular e em baixo dela um móvel de madeira branco e em cima um estofado cinza claro, então é um sofazinho. Tem umas almofadas coloridas.
Daí tem uma escrivaninha de madeira clara e uma poltrona com rodinhas em baixo de pano, ela é verde, mas nem tão escuro e nem tão claro.
Então tem a cama dela e um mural de fotos. Deixo a minha bolsa em cima do sofazinho. Vejo que tem dois colchões no chão. Um pra mim, outro pra Kriss. Então me lembro de uma coisa.
–Como foi o encontro com o Jake?
Por mais que eu não goste dele, foi o primeiro encontro dela.
Kriss abre um sorrisinho triste.
–Não teve, ele teve que desmarcar.
Babaca.
–Ele disse que tava com uns problemas em casa. – pra mim ele quis é enganar ela mesmo, mas só assinto com a cabeça. –E como vai o Thomas? – pergunta ela com um sorriso.
–Mas eu mal cheguei e já começa? – reclamo e ela ri. –Ele ainda não voltou, mas acho que a Jane te disse.
–Sim, e ela também disse que você tá sentindo falta dele. – ela sorri. –Hmmmmmmmmmm, Lydia e Thomas!
Coloco as duas mãos no meu rosto, balançando a cabeça na negativa e rindo. Lembro que tenho que falar pra elas sobre o beijo e fico nervosa. Vou falar mais tarde quando voltarmos do shopping.
–Vamos descer. –fala a Kriss.
–Vamos. – concordo e saímos do quarto. –Quem tá lá fora?
–A mãe da Jane, a avó, os tios, alguns colegas da escola. – diz ela dando de ombros.
Levanto a sobrancelha.
–Quem são os colegas da escola?
Minha pergunta é respondida quando vou pra parte de fora da casa da Jane, que é uma varanda e um jardim. Vejo os parentes dela e então a Luana, Will, Pedro, Isabelle e Brenda. De vez em quando eu falo com eles por facebook, mas é raro. Mesmo assim sinto falta de ser da turma deles.
–Oi, tia. – comprimento a mãe da Jane.
Ela me olha com um sorriso.
–Lydia, como você cresceu! – então me dá um abraço rápido.
Dou “oi” pra família dela e percebo que o pai da Jane não está aqui. Não me surpreendo, os pais dela não se dão bem. De certo ela vai sair com ele amanhã no almoço ou coisa assim. Vou até a mesa que estão meus amigos da outra escola.
–Lydia! – é Brenda que me chama primeiro.
Sorrio e vou até ela. Brenda me dá um abraço forte e então me solta.
–Seu cabelo tá diferente. – comento.
Brenda tem longos cabelos castanhos, ele é ondulado, mas ela vivia alisando. Mas dessa vez ele está como é mesmo, e tá lindo. Em cima ele sempre foi liso e em baixo um pouco ondulado.
–Decidi deixar natural. – diz Brenda. –Gostou?
–Sim, eu acho que ficou até mais bonito do que antes. – falo com sinceridade.
–Obrigada. – diz ela sorrindo.
Viro-me para Pedro, um garoto magro de olhos pretos e cabelos loiros. Continua fofo como sempre.
–Lyd, minha namorada! – brinca ele.
Dou risada e o abraço.
–Assim a Brenda fica com ciúmes. – falo baixo só pra ele ouvir.
Ele tosse.
–Que?
–Será que eu sou a única que percebe que vocês se gostam?
Ele ri e eu falo com o Will. Estou meio brava com ele, já que ele arranjou uma namorada e a Jane gosta dele. Mas ele não tem culpa também, se for pensar, já que ele nem sabia que a Jane gostava dele.
Depois falo com a Luana, percebo que ela cortou o seu cabelo loiro e por fim, falo com Isabelle. Apesar dela ter dezesseis, parece que tem 18. Seus cabelos são ruivos e ela tem olhos verdes.
Finalmente eu me sento. Nós ficamos jogando conversa fora, como alguns pedaços de carne que ainda tem, porque eu to com fome. Cutuco a Kriss, que está ao meu lado, levemente com o cotovelo. Ela vira-se para mim.
–Que foi?
–A Jane não chamou a Malu?
Kriss faz que não com a cabeça.
–Ela chamou o Will, porque eles ainda são amigos, mas só ele. A Jane explicou pra ele que era só pra amigos dela.
Faço que sim com a cabeça.
O tempo que passo com eles é ótimo. Nós rimos pra caramba e a mãe da Jane chama a gente pra cantar parabéns e comemos bolo de chocolate.
–Caramba, isso tá muito bom. – falo e pego um segundo pedaço.
O Pedro já está no terceiro pedaço. Menino guloso esse.
–Hey, Lydia. Esqueci de te avisar da festa que vai ter amanhã. – fala a Isabelle. –Meu aniversário é só semana que vem, mas vou fazer amanhã. E você tá convidada.
É, a Jane tinha falado que talvez tinha festa amanhã.
–Se as meninas forem, vou junto. – falo com um sorriso.
–Nós vamos. – diz a Jane.
–Então estarei presente também, Isa. Obrigada pelo convite.
–Foi nada.
Aos poucos cada um vai pra sua casa e ficamos só eu, Jane e Kriss. São vinte pra sete. Continuamos sentadas do lado de fora e começa a ventar, daí fica frio de verdade e vamos pro quarto da Jane.
–Onde que a gente vai fazer lá no shopping? – pergunta a Kriss.
–Também quero saber. – falo enquanto me sento no sofazinho. A Kriss está sentada do meu lado.
–Ontem eu fui lá e vi que já tá com aquele ringue de patinação no gelo, pensei da gente ir.
Todo inverno eles colocam uma pista de patinação no gelo. Vou desde pequena, levava vários tombos, mas melhorei um pouco através dos anos. Eu acho legal lá.
Sorrio.
–Eu topo. Adoro aquele lugar.
–Também gostei da ideia, tomara que eu não me esborrache no chão que nem a outra vez. – fala a Kriss meio envergonhada.
Ano passado a gente tava lá e ela mal colocou o pé na pista e caiu. Todo mundo que tava lá se virou pra ela. A maioria riu. Coitada, ela ficou super sem graça.
–É só você se segurar na Lydia. – diz a Jane rindo.
–Ah, ótimo, daí nós duas caímos. – falo balançando a cabeça enquanto sorrio.
–Mas como eu ia dizendo, a gente pode ir na patinação, comer alguma coisa e vir pra casa. A minha tia vai junto.
Gosto da tia dela, ela é engraçada e legal.
–Que horas a gente vai? – pergunto.
–Umas sete horas, então é melhor já irem se arrumando. Eu vou tomar banho. – fala ela e sai do quarto, indo pro banheiro.
Pego a minha bolsa e tiro o meu vestido, a meia calça, a sapatilha e o sobretudo cinza. Começo a espirrar.
–Saúde. – fala a Kriss.
–Valeu. – respondo. –Sabe, eu to muito feliz de estar aqui com vocês.
Kriss passa o braço ao redor do meu ombro, meio que me abraçando.

–Eu também, sinto sua falta. A escola não é a mesma coisa sem você, sério.
A Jane sai do banheiro e manda a gente chispar do quarto dela pra ela se trocar. Assim mesmo, super delicada a Jane.
Aproveito e vou correndo tomar banho. A Kriss queria ir primeiro, mas fui mais rápida. Tranco a porta do banheiro e sorrio, vitoriosa. Tomo meu banho e me visto. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e saio do banheiro.
Jane já tá passando a maquiagem dela e ponho minhas lentes. Imagina se eu caísse de óculos? Não ia ser uma coisa muito legal. Passo um gloss e o lápis e estou pronta.
Sete horas em ponto estamos todas arrumadas. Passo um pouco do meu perfume e descemos pra sala. A tia dela já está aqui.
–Oi, Kriss. – diz ela sorrindo. –Oi, Lydia.
–Oi. – falo dando um aceno.
–Podemos ir? – fazemos que sim com a cabeça e saímos da casa da Jane. Entramos no carro e ligamos o rádio, está no final de uma música.
Logo começa a tocar outra.
–Longe de casa, há mais de uma semana
Eu, Jane e Kriss estamos no banco de trás e nos entreolhamos.
–Tia, aumenta o som. – pede a Jane e assim a tia dela fez.
Milhas e milha distanteees, do meu amor.
Será que ela está me esperando u u
Eu fico aqui sonhando
Voando alto perto do céeu
Cantamos junto com o vocalista da banda Blitz. É a música “A Dois Passos do Paraíso”.
Bye bye baby bye bye
A tia dela só ri enquanto cantamos. Outras músicas tocam e sabemos de todas. Logo chegamos no shopping.
Descemos do carro e entramos. Aqui está ainda mais frio, o ar condicionado ligado. Não sei o problema dessas pessoas, tá frio e ligam o ar!
Achamos o ringue de patinação e pagamos pra entrar. Temos uma hora e meia. Calço os patins que o moço me entrega e aperto forte o cadarço. Olho pras três, ainda estão calçando. Me levanto e espero as bonitas amarrem os patins.
Kriss é a primeira e nós vamos pra pista. Ela se segura no meu braço e dou risada.
–Ok, se continuar assim, nós vamos cair.
Kriss solta uma risadinha.
–Se eu me soltar, eu me esborracho no chão. Me leva até a barra ali pelo menos.
–Tá bom. – falo e vou patinando até a barra mais próxima. –Consegue andar até ali?
–Consigo! – fala ela tentando parecer confiante, mas no fim eu que levo ela pra lá. Ela se segura na barra. –Pelo menos assim não caio.
A tia da Jane e ela entram e vem até nós duas. Eu patino pra lá e pra cá, puxo a Kriss comigo, a Jane vem junto.
–Meninas, deixa eu tirar uma foto de vocês.
Jane faz uma careta.
–Ah, não, tia. – resmunga ela.
Dou um tapa no seu braço.
–Que custa tirar foto?
Ela revira os olhos, mas no fim deixa a tia dela tirar foto da gente.
–Silvia? – fala uma moça do lado dela e ela para de tirar foto.
A tia dela vira-se pra moça e sorri.
–Oi, Carla! Essa aqui é a minha sobrinha e as duas amigas dela.
A tal da Carla sorri e as duas vão conversar, deixando-nos sozinha. As duas ficam paradas e eu vou patinar. Um garoto com óculos e olhos azuis, que deve ter entrado agora porque não o vi antes, quase cai e eu puxo-o pelo pulso.
–Valeu. – diz ele ajeitando o óculos.
–De nada. Não devia ter vindo de óculos, se quebrar vai se machucar. – alerto ele.
Ele faz que sim com a cabeça.
–Eu sou o Adam. – fala ele.
Um garoto idêntico chega do lado dele, a diferença é que ele não usa óculos.
–E eu sou o Sandler. – diz ele.
Dou risada.
–Liga pro meu irmão não, ele é idiota mesmo. – fala o Adam. –O nome dele é Oliver.
Olho pro sem óculos. Oliver. Olhos azuis. Bonito. Parece o Oliver da Jane.
–Pera, Oliver, Oliver?
–É. – pergunta ele sem entender e então olha acima do meu ombro. –Adam, olha quem tá ali.
Olho pra trás e vejo que ele tá apontando pras minhas amigas. Sorrio.
–Elas são minhas amigas.
–Nossa, que mundo pequeno. – comenta o Adam e nós vamos pra perto delas.
A Jane, quando vê o Oliver, fecha a cara. Seguro uma risada.
–Oi, Adam! – chama a Kriss.
Oliver vai com ele também e vou pro lado da Jane.
–Você não gosta dos dois?
Ela faz que não com a cabeça.
–Odeio o Oliver, o Adam é gente boa.
Outro garoto se aproxima dos gêmeos. Oliver o apresenta como James e não demora muito pra tia da Jane chegar pedindo pra tirar foto.
–Tia, eu não vou tirar mais foto! – resmunga a Jane, Kriss a empurra pro lado do Oliver e este sorri. Jane o fuzila com o olhar e eu rio.
Então fica eu, o James, Kriss, Adam do lado dela e Jane ao lado do Oliver. A tia dela bate a foto e sorri.
Na hora que a Kriss vai sair do lado do Adam, ela escorrega e se segura nele. Adam desequilibra e acaba caindo em cima da Kriss. Nós vamos todos até eles.
–Foi mal. – fala ele envergonhado por não ter conseguido ajuda-la.
–Tá tudo bem, eu que escorreguei. – ela o tranquiliza.
Vejo que ele colocou uma mão dele embaixo da cabeça dela, pra não machucar. A mão dele deve estar congelando, coitado.
James estende a mão e Adam se levanta, logo puxando a Kriss.
–Vocês tão bem? – pergunto e os dois fazem que sim com a cabeça.
Nos encostamos nas barras pra evitar mais acidentes.
–Não sabia que era seu aniversário. – fala o Oliver pra Jane.
Estou do lado dela, só ouvindo. Ela revira os olhos.
–É porque não é da sua conta saber a data do meu aniversário. – responde com um sorriso de deboche.
O Oliver apenas ri.
–Bom, agora que eu sei, parabéns.
–Muito obrigada. – diz ela ironicamente.
O Oliver bufa. Vejo que Kriss está falando com o Adam, os dois rindo. James está olhando pra um ponto fixo, vejo que está olhando pra uma menina.
Mesmo com as patadas da Jane no Oliver, nós seis conversamos. James vem até mim.
–Tá vendo aquela garota? – ele aponta pra menina que estava observando. Faço que sim com a cabeça. –Eu meio que gosto dela, mas ela finge que não existo.
Solto uma risada.
–Só que acho que ela gosta de mim também.
–Certo. – falo desconfiada.
–Será que você pode tirar uma foto comigo? Se ela ver a gente juntos e depois a foto, vai ficar morrendo de ciúmes. Pelo menos eu acho. – fala ele e ri. –Mas então, é só uma foto.
Dou de ombros, sem me importar, é só uma foto mesmo. A tia da Jane chega nessa hora. Essa mulher ama tirar fotos, só pode.
–Quer que eu bata a foto pra vocês?
–Por favor. – pede ele dando o celular pra ela e coloca uma mão na minha cintura, me puxando levemente pra ele.
Sorrio pra foto e logo que ela é tirada, me afasto do James. Ele agradece a tia da Jane e vira-se pra mim.
–Valeu, mesmo. Vou te marcar na foto, tem facebook?
–Sim, é Lydia Miller. – respondo.
–Me adiciona lá.
Faço que sim com a cabeça e vou pra perto da Kriss. Falo com o Adam, ele é um garoto legal.
–Hora de irmos. – fala a Jane. –Já deu nosso tempo.
–Certo. – falo. –Tchau, Adam, prazer em te conhecer.
Ele sorri.
–Igualmente.
Kriss dá um beijo na bochecha dele e se afasta. Vejo que ele abre um sorrisinho bobo. Dou tchau pro James e pro Oliver.
–Jane, quer sair comigo semana que vem? – pergunta o Oliver.
Eu e Kriss olhamos pros dois. Jane cruza os braços.
–Por que eu deveria?
–Sei que a primeira impressão que teve de mim não foi das melhores, mas me dá mais uma chance. Sai comigo.
–Eu não...
Mas Kriss tapa a boca dela.
–Ela vai sair com você sim! – diz ela.
Oliver sorri.
–Semana que vem, aqui no ringue de patinação às sete horas.
Arrastamos a Jane pra fora antes que ela proteste. A tia dela sai também e vamos pro cinema, levando tapas da Jane.
–Depois você vai agradecer. – diz a Kriss. –Dá uma chance pro garoto!
Ela revira os olhos, mas sorri um pouco, não parecendo tão brava. Nós vamos pra um restaurante e voltamos pra casa dela.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Com 8 reviews posto o outro!