Everything Has Changed escrita por Anne Atten


Capítulo 18
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Dois meses da fic!!!!!UHUUUL!Fiz um capítulo enorme,começa com pov do Thomas e o resto é com a Lydia. Sim, eu to animada, muito animada!!! Obrigada pelos comentários, por estarem acompanhando, favoritando e tudo mais



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POV Thomas

A primeira coisa que eu faço depois de ver Peter e Lydia, é descer as escadas correndo direto pro banheiro. Ao entrar nele, me fecho em uma cabine e encosto a testa na parede. Minha cabeça dói, minha respiração está pesada e eu acho que eu vou vomitar.
Ouço uma batida na porta.
–Thomas, abre. – a voz de Peter é firme. –Abre essa porta.
Fico vermelho de raiva.
–Sai daqui Peter. – falo tentando me conter.
–Cara, larga de ser idiota. Vamos conversar.
Solto uma risada seca.
–O único idiota aqui é você. – falo. –Agora sai e me deixa em paz.
Dois minutos de puro silêncio se seguem. Eu estou me sentindo tão mal. Essa dor de cabeça não passa nunca. E o que eu vi lá em cima parece que piorou tudo ainda mais. Abro a porta sem realmente me importar se Peter vai estar fora ou não. Eu preciso ir pra casa imediatamente. Sem condições de eu continuar na aula.
Peter está apoiado na outra porta. Bufo e ando em direção à porta da saída, mas ele entra na minha frente.
–Olha, não é o que você tava pensando.
–E o que eu tava pensando? – falo sarcástico.
Ele revira os olhos.
–Você tava pensando que eu e a Lydia estávamos juntos. – diz Peter.
Olho pro teto e então encaro-o.
–Eu não tenho nada a ver com a vida de vocês. – falo. –To pouco me lixando. – mas meu coração diz exatamente o contrário. –Se você tá com ela ou não, eu não me importo.
Ele sai da minha frente e eu saio. Quando estou no corredor, ele grita:
–Thomas, nunca vi alguém mentir tão mal! – ele ri.
Cerro os punhos e ando apressadamente.
Passo na sala de aula, pego meu material antes que eu veja a Lydia de novo. Não quero vê-la por um bom tempo, porque eu sei que vai ser difícil olhá-la sem que meu coração acelere instantaneamente.
Coloco a mochila em um ombro só e acelero até a secretaria. Ao chegar, vejo Kátia, a telefonista.
–Oi, posso ligar pra minha mãe? To passando mal e preciso ir embora.
Ela faz que sim com a cabeça, disca o número e me passa o telefone. Tenho uma conversa breve com a minha mãe e ela concorda em me deixar sair. Ótimo.
Saio da prisão que é a escola e ajeito a mochila nos dois ombros dessa vez. Ando pela rua não muito movimentada, sentindo o vento no meu rosto. Pego meu celular, coloco meus fones e clico nas músicas, sem me importar em qual vai tocar. Começa a tocar Drops of Jupiter, da banda Train. É inevitável. Eu começo a pensar em Lydia. Será que ela está pensando em mim agora também?
Dou um tapa forte na minha testa.
O que é isso, Thomas? O que você tem?
Desligo a música imediatamente e sinto um grande vazio dentro de mim, e não é a fome. E olha que eu sinto muita fome, mas dessa vez é diferente. Nenhuma comida pode preencher esse vazio. Só uma pessoa e eu não sei ao certo o que essa pessoa sente por mim.
Decido ir à casa da minha avó. É o jeito. Ela é a única pessoa que pode me ajudar. Ou talvez não. Mas eu simplesmente não penso em nenhum outro lugar para ir. Fora que o Rex, o cachorro novo dela, pode me distrair um pouco.
A casa dela não é muito longe da escola. Em quatro quadras chego lá. A principio caminho devagar, observando o chão e então a imagem de Peter e Lydia abraçados volta na minha cabeça. Solto uma risada sem nenhuma emoção. O que eu tava achando? Que só eu podia tê-la em meus braços? Não vai rolar. Ela é linda e doce. Tá, não muito doce. Pelo menos não comigo e é por isso que eu acho que ela gosta de mim. Abro um sorrisinho com esse fio de esperança. Mas logo volta a Lydia e o Peter de novo. Eles se falando na lanchonete, na quadra e agora o que aconteceu hoje...
Começo a correr rapidamente. Logo estou suando, mas não paro. Talvez a adrenalina me faça esquecer um pouco sobre ela.
Chego à casa da minha avó e seguro uma mão na grade do portão de sua casa, arfando. Aperto a campainha e logo a senhorinha magra, de cabelos brancos e óculos aparece. Ela abre um sorriso.
–Thomas, querido, a essa hora da manhã aqui? – diz ela e se aproxima. –Não devia estar na aula?
–Eu não tava muito bem. – falo.
Ela assente e abre o portão, então franze a testa.
–Menino, você foi assaltado?
Solto uma risada.
–Não, porque dona Inês?
–Oras, você tá branco e suado. Achei que tivesse sido assaltado, meu filho!
–Antes fosse assalto... – falo.
Dona Inês faz uma cara de “Ah, entendi” e fecha o portão. Espero-a e juntos entramos na casa. Sento-me em um sofá e ela em outro. Minha avó pega seu novelo de lã e agulhas e começa a costurar. Rex brota do nada e pula no meu sofá. Abro um sorriso e seguro-o com as duas mãos. Ele lambe meu rosto e quando finalmente se acalma, coloco-o de volta no chão. Minha avó ri da situação.
–Ah, essa casa tava tão vazia. Agora o Rex me faz companhia. – diz ela e pula no sofá ao lado dela, se aconchegando em baixo de seu braço.
Solto uma risada.
–Mas que cachorro folgado hein? – comento.
Ficamos alguns minutos em silêncio. Eu sentado no sofá olhando minha avó costurar uma blusa de lã. E daí que o inverno vai acabar daqui a pouco? Vai ter frio tudo de novo!, ela costuma dizer quando ficam falando que tá calor pra ficar fazendo roupas de frio. Dona Inês para de costurar e me encara.
–Pode falar.
–Como assim? – pergunto sem entender.
Ela abre um sorriso.
–Thomas, eu posso ser uma velhota agora, mas, você acreditando ou não, eu já fui adolescente. – diz ela e suspira. -Era uma fase tão boa. E eu sei que você está com problemas. – eu nem respondo e ela já completa. –E tem a ver com uma garota.
Sinto meu rosto esquentar, minha boca fica seca, meu coração acelera. E eu lembro da garota de novo.
–Lydia. – murmuro olhando pro chão.
–Nome bonito. – diz minha avó. –Como ela é?
Abro um sorriso.
–Ah, ela é alta, mas um pouco mais baixa do que eu. Ela tem olhos castanhos, cabelos que caem perfeitamente abaixo de seus ombros. – fecho os olhos. –E o abraço dela é o melhor que eu já recebi.
Me sinto um bobo ao falar desse jeito, mas eu sei que posso me abrir com a dona Inês. Não me senti confortável de falar sobre isso com meus pais, nem mesmo com Matthew. Mas com a minha avó é diferente.
–Eu a conheço a tão pouco tempo, mas já me sinto assim. – falo mais para mim mesmo do que para ela.
Ela abre um sorriso.
–Essa garota te deixa feliz? – pergunta ela. –Digo, quando você a vê, você fica feliz?
Suspiro.
–Ela faz meu coração bater mais rápido. – falo. –Ela me faz sorrir só de olhar pra ela. – coço a nuca. –O problema é que eu acho que ela não tá afim de mim, vó...
–Não seja bobo Thomas! – fala ela. –Você é um ótimo garoto e se essa menina não vê isso, ela não te merece. – diz ela e dá uma piscadinha.
Ela volta a costurar e eu continuo sentado no sofá, dessa vez olhando para o nada.
–Vó?
–O que? – pergunta ela levantando o olhar.
–O que eu faço? – pergunto, mas ela parece não entender. –Tipo, o que eu faço agora? Eu gosto dela e eu me sinto mal por achar que ela não gosta de mim. Isso machuca. – falo.
Dona Inês assente, parecendo entender a situação.
–Meu querido neto, se eu soubesse a resposta, eu teria o maior prazer de te responder. Mas eu não sei. – ela encolhe os ombros. –Sinto muito, mas isso não sei te responder.
–Por que o coração tem que fazer isso com a gente, hein vó? – reclamo e ela abre um sorriso.
Vou até ela, dou um beijo em sua bochecha e faço carinho no Rex.
–Eu vou pra casa dormir um pouco. – falo.
–Cuidado ao atravessar a rua, hein?
Abro um sorriso.
–Sim, senhora.
Vou até a porta, pronto para ir embora, mas ela me chama.
–Será que você poderia cuidar do Rex no sábado e no domingo? – pergunta ela. –Uma amiga minha de longe vai vir me visitar e o Rex tá muito arteiro.
Rex levanta as orelhinhas ao ouvir seu nome. Abro um sorriso.
–Posso sim, vó. Vai ser bom pra mim. Passo aqui sábado de manhã, tá bom pra senhora?
Ela assente e me acompanha até o portão.
–Boa sorte com a garota. – diz ela e aperta minha bochecha. –É uma garota sortuda, Thomas.
–Obrigado, vó.
Ela abre um sorriso e fecha o portão. Vou para casa pensando no que fazer.

Volta POV pra Lydia

O que a Katherin falou é tão absurdo, mas tão absurdo, que eu começo a gargalhar. Me inclino para trás e dou tapinhas no meu joelho. Thomas com ciúmes? Isso não faz o menor sentido! Katherin fica balançando a cabeça em desaprovação. As pessoas que entram na sala ficam me olhando como se eu fosse doida. Me recupero e me sento na minha mesa, Katherin atrás de mim.
–Desculpa esse ataque, mas o que você disse foi hilário.
–Hilária é você que não vê as coisas que estão bem abaixo do seu nariz! – diz ela. –Lydia, tá na cara que e o Thomas estava com ciúmes e só você não vê.
Dou um peteleco em seu ombro.
–Você que tá viajando, Katherin. – falo e respiro fundo. –Primeiro que eu só abracei o Peter, eu não o beijei. E em segundo lugar, se alguém tinha que ficar enciumada, esse alguém é você. – eu e minha habilidade de mudar o rumo da conversa.
A menina fica vermelha.
–Eu? Por que eu?
Me inclino pra que ninguém possa ouvir.
–Bom, o Peter beijou você. – sussurro.
–Ah, mas isso não tem nada a ver... – defende ela. –E eu também não tenho motivos, de qualquer maneira. Eu sei que você não quer nada com o Peter mais do que amizade. – diz ela dando de ombros.
–Exatamente! – falo.
–Até porque tem outro garoto que mexe com você, né? E esse alguém não é Peter.
Demoro uns seis segundos pra perceber a quem ela está referindo. Sinto o rosto esquentar e viro pra frente.

Quinta feira. Hoje temos uma prova, de português e me sinto confiante. Tomo um banho e me arrumo rapidamente, com medo de chegar atrasada na aula. Afinal, a prova é na primeira aula. Arrumo meu material, coloco meu tênis e o celular dentro do bolso.
–Bom dia, Lydia. – diz minha mãe quando chego na cozinha.
Abro a geladeira e então arregalo os olhos. Não pode ser. Isso não pode estar acontecendo. É o fim do mundo.
–Mãe, acabou o toddynho? – pergunto desesperada.
Ela ri do meu desespero.
–Acabou, você quer tomar um por dia... Mas hoje de tarde a gente compra.
–O que vai ser de mim agora? – reclamo.
–Olha o drama. – diz ela. -Ainda tem pão e café.
Não é a mesma coisa, mas fazer o que?
Termino de comer e escovo meus dentes. Coloco meus óculos. Vamos até a garagem e entramos no carro. Pego o celular e clico na Kriss.
Eu: Oii, a gente quase não se fala mais
Kriss: Provas duas vezes por semana, sabe como é... Mas você também não anda aparecendo muito.
Eu: A gente se falou ontem kkkk
Kriss: Eu sei, mas mesmo assim você deu uma sumida. Que bom, quer dizer que você tem mais gente pra conversar.
Não tinha pensando por esse lado. Antes eu vivia com a cara enfiada no celular, agora eu tenho companhia.
Eu: Pse
Eu: Kriss, eu não quero que nós paremos de ser amigas e quero que continue como era antes.
Kriss: Como assim?
Eu: Eu vou te contar o que está acontecendo com a minha vida e tudo mais. Porque a gente não vai se ver todos os dias, eu tenho que te att sobre oq acontece.
Kriss: Eu também.
Kriss: Tem alguma coisa que você não contou?
Tenho medo que ela e Jane fiquem bravas comigo por eu não ter contado que vou com Thomas no baile. Pra mim, nem é uma coisa importante, mas elas são minhas amigas, não são?
Eu: Segunda feira a nossa professora falou sobre o baile. Vai ser em outubro e o tema é anos 80.
Kriss: Que legal!!!
Kriss: Já tem par?
Eu: O Thomas me chamou na segunda feira. Eu não contei antes pq eu esqueci.
Eu: N fica brava por eu n ter contado antes.
Eu: Não achei importante
Roo uma unha. Talvez eu esteja exagerando, talvez não. Eu não quero que elas pensem que eu não conto mais nada pra elas e coisas do tipo.
Kriss: Tá ok vc n ter contado antes, pelo menos você contou. E
Kriss: SOCORRO LYDIA, VAI SER DEMAIS. VOCÊ ACEITOU IR COM ELE NÉ? FALA QUE SIIIIIIIIIIIIIIIIIM
Kriss: SHIPPO FORTE VOCÊS DOIS!
Meu rosto esquenta e solto uma risadinha com a empolgação dela.
Eu: 1- Sim, eu vou com ele
2- Você nem conhece o garoto apskapskakps
Eu: Fora que eu não gosto dele e nem ele de mim.
Kriss: Sei...
A minha preguiça é tanta, que eu tiro print da conversa com a Kriss sobre eu ir no baile com o Thomas e mando pra Jane.
Jane: SOCORRO LYDIA! VAI SER DEMAIS!
Jane: VOCÊS VÃO DANÇAR JUNTOS ♥
Faço uma careta.
Eu: Péssimo isso, mas fazer o que? Ele me chamou, eu só aceitei.
Jane: Você aceitou porque gosta dele!
Bufo.
Eu: Não gosto dele e pronto.
Jane: Mentirosaaaa
Minha mãe para o carro pra eu descer.
–Boa aula. – diz ela e fecho a porta do carro.
Coloco o celular no bolso e caminho em direção a escola. Subo as escadinhas, sigo o corredor, mais escadas e chego no andar da minha sala de aula.
–Lydia! – ouço um grito e me viro com um sorriso. É Katherin.
–Hey!
Fico esperando-a e ela me acompanha.
–Amanhã é a audição. – diz ela empolgada. –Animada?
–Acho que sim... – dou de ombros.
–Nossa que animação!
–Na verdade, eu nem estava lembrando disso nesse momento. – falo. –E nem falei com a minha mãe ainda, eu esqueci.
Percebo que estou muito esquecida nos últimos dias.
–Mas você ainda vai fazer certo? – pergunta ela enquanto entramos na sala. –Eu fiz nossa inscrição ontem. A peça é Peter Pan.
Eu amo Peter Pan!
–Por que não disse antes? Claro que vou fazer!. – falo e abro um sorriso. –Espero que eu passe, vai ser divertido.
Ela assente e nos sentamos. Me viro para frente e pego o celular. Clico na Jane.
Eu: N respondi pq cheguei na escola e desci do carro
Eu: Até depois, bjs
Jane: Até!
Dou tchau pra Kriss também e tiro meu estojo da mochila, colocando-o em cima da mesa. Quando levanto o olhar, vejo Thomas entrando na sala. Ele está usando uma toca azul e isso o deixa fofo. Quero dizer, ele é fofo, mas tá mais ainda.
Lydia, que que é isso menina?
Meu rosto esquenta com esses pensamentos e abaixo a cabeça, tirando uma caneta do estojo. Ele joga a mochila em cima da mesa.
–Oi Katherin. – diz ele.
Franzo a testa. Parece que eu nem to aqui.
–Oi. – diz ela meio hesitante.
Ele nem por nenhum segundo nota minha presença. Ele finge que não está me vendo e isso me irrita profundamente. Se ele não quer falar comigo, por mim tudo bem.
Katherin me cutuca com a ponta da lapiseira e eu me viro. Ela me olha meio que perguntando “o que foi isso?” e eu dou de ombros. Eu não sei o que aconteceu pra ele ter me ignorado. Ele não é cego, ele me viu eu tenho certeza.
A aplicadora da prova chega na sala.
–Bom dia, vocês tem quarenta e cinco minutos.
Beleza, vai dar tudo certo. Ela dá provas pros primeiros da fileira e eles vão passando pra trás. Thomas praticamente joga as provas na minha cara.
–Idiota! – falo baixinho, mas alto o suficiente para ele ouvir.
Pego uma prova e passo o resto para Katherin.
Termino todas as questões em meia hora, entrego-a e volto para a minha mesa, passando por Thomas. Ele já terminou e não demonstra nenhuma emoção quando me vê. É como se eu fosse invisível, como se ele não estivesse me vendo sendo que eu to na frente dele caramba! Eu ia me sentar, mas agora eu estou chateada. O que eu fiz pra ele me tratar desse jeito? Imbecil!
Vou até a aplicadora de prova e peço para ir ao banheiro, felizmente ela me deixa ir. Tomo água do bebedouro e vou no banheiro depois, xingando o Thomas internamente. Ele tá me tratando como se eu fosse um lixo.
Volto para a sala, quase todo mundo terminou, inclusive a Katherin. Me viro para conversar com ela.
–Foi bem? – pergunto.
–Sim e você?
–Bem também.
Viro pra frente, mas logo ela me cutuca no ombro e encaro-a.
–Você tá bem? – pergunta ela.
Solto uma risadinha sem emoção.
–Por que não estaria?
–Porque o Thomas tá te tratando de forma estranha.
Dou de ombros.
–Eu não fiz nada pra ele me tratar desse jeito, Katherin. Minha consciência tá cristalina.
–Mas dá pra ver que você tá chateada.
Engulo em seco. Não quero que ele pense que eu estou chateada. Dane-se ele. Se não quer falar comigo, que não fale. Não faz diferença.
–Não to não. – falo um pouco mais alto, para que ele ouça.
Katherin parece não acreditar no que eu disse, mas não me pergunta mais. Espero o sinal tocar e então tem troca de professores.
A aula se passa até que rápida, e então é hora do intervalo. Eu e Katherin rumamos para a “floresta”. Quando estamos passando pela quadra, Peter nos chama. Ela fica vermelha como um pimentão.
–E aí garotas? – pergunta ele.
Dou uma cotovelada de leve na Katherin. Tá na cara que ele quer falar com ela e não comigo.
–Ahn, oi. – diz ela com a voz meio tremida. –Eu to bem e você?
Ele se aproxima mais dela, ficando lado a lado e coloca as mãos na cintura dela. Peter dá um beijo em sua bochecha e a solta.
–Melhor agora. – diz ele com um sorriso largo estampado na cara e se afasta.
A Katherin está chocada, vermelha, ela tá paralisada. Dou um tapa forte no seu braço.
–Acorda menina! – falo rindo.
Ela me olha com a cara feia, mas logo abre um sorriso tímido.
–Você fica quieta.
Coloco as mãos pra cima.
–Mas eu não disse nada! – dou risada e nós vamos para a “floresta” e nos sentamos.

O sinal para ir embora toca e eu saio da sala antes que Thomas se levante. Ele me tratou como se eu nem existisse por toda a manhã. Agora eu que não quero falar com ele! Chego na saída e minha mãe já está me esperando. Vou até o carro e entro.
–Oi. – falo.
–Oi, Lydia. – diz ela e abre um sorrisinho. –Como foi a aula?
–Normal. – respondo dando de ombros.
–Foi bem na prova?
–Sim.
Ela começa a dirigir.
–Hoje começa seu inglês.
–É.
–Animada?
–Um pouco. – falo. –Ah, falando em animação, esqueci de te contar. Amanhã eu, a Katherin e a irmã dela vamos fazer uma audição pra um teatro que vai ter no teatro da cidade.
Não falo qual a peça, porque ela ama Peter Pan. Quero que seja uma surpresa.
–Isso é bom. – diz ela.
–Posso ir na casa da Katherin depois da audição? A gente vai ver uns episódios de uma série pra ver ideia roupas.
–Tudo bem então. – diz ela.
Chegamos no restaurante, comemos e volto para a escola. Minha mãe para o carro para eu descer.
–Lydia?
–Oi.
–Aconteceu alguma coisa?
Franzo a testa.
–Não, por que?
–Você tá meio abatida. – diz ela.
–Ah, não aconteceu nada não. – falo e forço um sorriso. –Eu to ótima.
–Sua mãe está aqui pra te ouvir a hora que você quiser. – diz ela e me dá um beijo na testa. –Pode contar comigo pra o que for.
–Eu sei, mãe. – falo. –Eu to bem mesmo, eu juro.
–Boa aula. – diz ela. –Eu venho te buscar.
Faço que sim com a cabeça e desço do carro.
Entro na escola e vou para a sala onde vai ser o inglês. Katherin, Thomas, Peter e Millie estão aqui. Fico feliz de ter pessoas que eu conheço. Caminho até Katherin, mas Thomas está ao seu lado. Instantaneamente lembro de como ele me tratou hoje de manhã. Dou “oi” para Katherin e me sento perto de Millie, que está do outro lado da sala.
A aula de inglês foi em inglês mesmo e foi boa. Tive problema na primeira aula da professora, porque ela é americana e fala rápido. No intervalo sentei com Katherin e Millie se juntou a nós. Ela é calada na sala de aula, mas agora está falante e fazendo-nos rir.
–E o seu namorado? – pergunta Katherin.
–A Amanda largou dele. – ela ri. –Ele pediu pra voltar comigo. Não aceitei. Quem ele pensa que é? – ela balança a cabeça. –Garotos...
Nós três rimos. Thomas passa por nós e abaixo a cabeça. Sei que ele vai fingir que eu não existo e eu não sei por que, mas isso está me deixando pra baixo. Talvez seja porque ele tenha sido legal comigo e do nada começou a me tratar como se eu fosse uma “barata nojenta e asquerosa”, como diria Hermione Granger.

A aula de sexta-feira acaba e eu saio junto com Katherin. Ela me convidou para almoçar na casa dela e minha mãe deixou.
–A Katie estuda no outro prédio da escola. – diz ela.
–Quantos anos ela tem mesmo?
–Catorze.
Faço que sim com a cabeça e vejo um táxi. Katherin anda na direção dele e sigo-a.
–A gente vai de táxi?
–Quando não dá pra meus pais me pegarem, eu vou de táxi. O trem não é caminho da minha casa, então nem dá.
Lembro que daqui acho que duas semanas, vou começar a andar de trem. Deve ser legal. Passamos na escola de Katie e ela entra no carro.
Ela tem cabelos castanhos lisos, com cachos nas pontas. Seus olhos são cor de mel e delicados. Tudo nela é delicado.
–Oi! – diz ela animada. –Você é a Lydia, né? Eu sou a Katie. – diz ela.
–Oi pra você também. – ri Katherin.
Katie é que nem a Katherin, é animada, educada e legal. As duas parecem ser amigas. Acho que nunca vi irmãs tão unidas assim antes. Não parece ser uma encenaçãozinha, elas realmente se dão bem.
Chegamos na casa delas e elas me apresentam tudo. Então vamos almoçar. Almoçamos somente nós três.
–Que horas é a audição mesmo? – pergunta Katherin.
–Duas e meia. – responde Katie depois de dar um gole na sua Coca-Cola. –A gente tem que comer e se arrumar super rápido.
Terminamos de comer e vou até o quarto de Katherin, onde deixei minha mochila. Trouxe uma saia de tule cinza que bate no joelho, ela tem umas pedrinhas brilhantes nela; uma blusa de manga comprida azul clara de lã que tem na barra um brilho prateado. Vou no banheiro e coloco minhas roupas. Me olho no espelho e me sinto bem. Calço uma sapatilha simples. Me sinto bonita nela e ao mesmo tempo, confiante. Saio do banheiro e vou para o quarto de Katherin. As duas estão sentadas na cama e quando me veem abrem um sorriso.
–Uau! – exclama Katie. –Você tá linda! – ela parece sincera.
–Realmente. – elogia Katherin.
–Vocês duas também. – elogio-as.
Katie usa um vestido listrado rosa e preto e um cardigan. Katherin usa um vestido verde que bate até os joelhos.
–Meninas, acho melhor irmos. – diz Katherin. –Não quero chegar atrasada.
Katie e eu assentimos. Descemos a escada de sua casa e damos tchau para moça que trabalha aqui pra família delas.
–Ligou pro táxi? – pergunta Katherin pra irmã mais nova.
–Liguei. – diz ela.
Saímos da casa e entramos no carro. Em pouco chegamos no teatro da cidade. E ele é enorme. Elas passam pelo hall de entrada, que tem um tapete vermelho. Subimos uma escadaria, meus olhos olhando para todos os lados. Paramos em uma porta e estaco. É enorme esse teatro. É lindo.
Solto uma exclamação, admirada.
–A gente pode entrar? – pergunto ainda encantada com o lugar.
–Podemos, sim. – diz Katie. –Faltam quinze minutos pra audição.
Olho para o palco. O palco parece estar acenando. Venha, Lydia. Pise aqui. Subo as escadinhas e subo no palco. Ando até o centro, sorrindo. Então fecho os olhos, abro os braços e começo a girar. Girar, girar, girar. As garotas riem do meu entusiasmo. Paro por um momento, me sentindo tonta. Abro os olhos e vejo que Thomas entrou. Até aqui ele aparece? Ele está parado, me observando. Eu acho que ele vai falar comigo, mas ele desvia o olhar. Finjo que nem o vi e desço do palco.
Quinze minutos se passam e o teatro vai se enchendo. Não muito, mas mesmo assim fico nervosa. Será que estou vestida adequadamente? Um cara, que deve ser quem vai dirigir a peça, sobe no palco.
–Boa tarde. – diz o professor.
–Boa tarde. – dizemos em uníssono.
–Fico feliz de ver que bastante jovens comparecerão a audição. Estou animado. – diz ele e abre um sorriso. –Por favor, todos se dirijam para o palco. Irei observa-los dos assentos.
Levanto-me e passo a mão na saia. Ando confiante até o palco, atrás de umas pessoas. O professor já se dirigiu para a última fileira. Ele pega um papel, os com os nomes de quem se escreveram. Ele analisa o papel e então:
–Lydia Miller, por favor, dê um passo à frente. – ele diz.
Meu coração acelera, fico tensa e engulo em seco. Abro um sorriso, tentando parecer confiante, e dou um passo para frente.
–Mostre-me porque você merece estar na minha peça.


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Notas finais do capítulo

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