Como Assim Apocalipse Zumbi? escrita por Lelly Everllark


Capítulo 15
Histórias tristes e novos sorrisos andam lado a lado.


Notas iniciais do capítulo

Ok, eu disse que ia postar esse capítulo ontem, mas me deem um desconto, isso ainda foi rápido se levar em conta a minha enrola de sempre...
Espero que gostem desse capítulo e até esqueci de perguntar, o que acharam do Ben? Esse capitulo ele conta um pouco mais da história dele, como ele foi parar no meio daquela confusão? U.u leiam de descubram...
Adoro vocês e BOA LEITURA!! ;)



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Eu, Amy e Ben caminhamos meio as cegas, afinal eu já não tinha mais ideia de onde procurar. Andamos por algumas horas e nesse meio tempo eu e Amy tentamos explicar a ele mais ou menos o que aconteceu no bunker e como acabamos sozinhas mesmo com um grupo de oito pessoas.

  - ...ai eu e Liz voltamos para buscar, eu minha foto e ela o seu colar, mas quando saímos dos quartos o corredor já estava dominado, então tivemos que sair por outra porta e acabamos sozinhas e perdidas, ai encontramos você – Amy terminou de narrar nossa historia. – Mas e você, como terminou com o seu pai daquele jeito?

  Ben suspirou e eu notei sua reação.

  - Se não quiser... – comecei, mas ele me interrompeu.

  - Não, tudo bem, eu quero contar – ele garantiu – Minha mãe, ela morreu bem no inicio disso tudo, então ficamos só meu pai e eu, e nós dávamos conta, protegíamos um ao outro, aprendemos a sobreviver, achamos uma casa e nos instalamos lá e estava indo tudo bem – ele disse com um sorriso nostálgico – Mas como tudo que é bom dura pouco, nossa casa foi invadida, só que não foi pelos mortos, e sim pelos vivos.

  - Vivos? – perguntei confusa – Como assim?

  - Um grupo de caras armados, papai e eu nos escondemos, nem tentamos revidar, não tinha lógica, nós éramos dois e eles mais de dez, nós fugimos – ele disse com raiva – Dá nossa própria casa! Mas pra eles não foi o bastante nos fazer fugir, atiraram em nós, acertaram meu pai na perna direita e eu de raspão no braço – ele tocou o braço em que eu tinha feito o curativo – Ai...

  - Espera! – Amy o interrompeu – Por que esses caras queriam a casa de vocês se tem tantas casas vazias por ai? Por que simplesmente não se apossar de outra?

  - Boa pergunta – concordei – Por que eles queriam a casa de vocês, Ben?

  Ele suspirou.

  - Eu e meu pai não sabíamos, não antes de nos mudarmos pra lá, mas o maluco que morava na casa antes de nós, o dono provavelmente, tinha um estoque de aramas no porão, tinha de tudo, fuzis, AK’s, espingardas, pistolas, rifles, tinha até metralhadoras lá, e isso era bom por que nós não tínhamos nada além do machado de cortar lenha do meu pai e uma faca de cozinha que eu tinha pego em uma casa que visitamos, mas enfim, de algum jeito eles sabiam, o que era estranho, já que quando chegamos à casa ela estava toda empoeirada como se não tivesse ninguém lá por meses, acho que algum deles já tinham ido lá, por que sabiam exatamente o que fazer e aonde ir, mas mesmo assim eles derrubaram algumas coisas até achar a porta do porão.

  - E foi no meio dessa confusão que vocês fugiram – deduzi e ele assentiu.

  - Exatamente, e como eu disse os cretinos atiraram em nós, eu e meu pai estávamos feridos, mas não tivemos problemas para fugir e nos esconder, eles não vieram atrás de nós, queriam a casa e as armas. Eu e meu pai ficamos bem por uns dois dias, indo e um lugar para outro como no inicio.

  - Mas... – Amy incentivou, eu também sabia que vinha um “mas” por ai, afinal o pai dele estava morto.

  - Mas a ferida do meu pai infeccionou, mesmo comigo limpando e trocando os curativos, ele estava fraco e nós fomos cercados, e como se por um milagre nós conseguimos matar todos eles, estava tudo bem – a voz dele ficou embargada, eu sabia que era difícil falar de algo como isso, então não o culparia se ele parasse, mas ele não parou. – Ai apareceu mais um deles, do nada, e foi na direção dele, um minuto que eu abaixei a guarda foi o suficiente para ele ser mordido, eu atirei naquela coisa o mais rápido que consegui, mas não foi o bastante, meu pai já tinha sido mordido e eu fiquei lá com ele, até seus olhos se fecharem pelo cansaço, eu achei que ele só ia dormir, que tínhamos mais algumas horas, mas a ferida já tinha consumido toda sua energia, foi ai que eu entendi que ele não ia mais abrir os olhos, então fiz o que tinha que fazer – disse olhando pra mim com um sorriso triste – E depois vocês apareceram correndo, e pareceram decepcionadas por ver um garoto no meio de um monte de corpos de zumbis e um homem morto.

  - E estávamos mesmo – disse dando de ombros o fazendo arquear uma sobrancelha de forma interrogativa – A gente achou que fosse nossos amigos, e não um garoto em uma cena de filme de terror.

  - Cena de filme de terror? Isso por que você não viu a coisa toda do meu ponto de vista – disse, mas de repente ele pareceu não achar mais graça – Se vocês tivessem aparecido meia hora antes, acho que meu pai não teria morrido, você é medica e ao que parece atira muito bem.

  - Obrigada – agradeci. – Mas acho que você não devia ficar pensando no que poderia ter acontecido, aconteceu e não podemos mudar isso, o que podemos fazer é viver da melhor forma que conseguirmos, não deixarmos de ter esperança e principalmente acreditar que tudo vai dar certo.

  Amy e Ben sorriram pra mim e me deu uma súbita vontade de abraçá-los, mas não o fiz, não era hora e nem o lugar, ao invés disso, sorri pra eles também.

  - Vamos pirralhos – disse mais uma vez só para irritá-los e acabar com esse clima de tristeza – Eu quero achar o pessoal, mas primeiro preciso achar comida, então vamos logo com isso.

  - Hei! – Amy protestou, mas estava sorrindo.

  - Como assim pirralhos? – Ben perguntou indignado, me fazendo rir um pouco mais.

  - Parem de reclamar e vamos logo!

  Andamos por várias horas até chegar à auto-estrada, só que eu não sabia se era a auto-estrada que dava para o bunker, a que eu e Amy encontramos na noite passada ou era outra completamente diferente, ou ainda, se todas elas não eram a mesma, eu definitivamente não era boa com isso de seguir rotas e caminhos.

  A barriga de Amy roncou e ela corou.

  - Eu estou bem – ela garantiu – Serio.

  - Ben – chamei – Você tem alguma comida?

  Ele negou com a cabeça.

  - Eu mal consegui pegar minha pistola quando fugi.

  - Eu sei como é isso – resmunguei – Mas não importa, temos que dar um jeito de conseguir comida.

  - Onde? – Amy perguntou.

  Eu olhei em volta pra ver se um mercadinho que ainda não tinha sido saqueado não ia cair do céu na nossa frente, mas não, tudo o que tinha a nossa volta eram carros abandonados e empoeirados. Estava prestes a dizer a Amy que não fazia ideia de onde procurar quando alguma coisa chamou minha atenção.

  - Ali – disse apontando para a construção vermelha a mais ou menos um quilômetro a frente torcendo, para que não fosse uma miragem, e que lá realmente tivesse comida, afinal já estava escurecendo e a minha ultima refeição tinha sido a mais de vinte e quatro horas.

  Não precisei dizer mais nada para seguirmos na direção da construção, quando a alcançamos a reconheci, era a mesma loja de conveniência que eu e Alex tínhamos entrado antes de seguir para o bunker, a mesma em que eu tinha sido atacada por uma gelatina verde... Algo nessa constatação me fez querer chorar, e não sei se foi o fato de me lembrar do Alex e não ter ideia se ele estava bem, se estava vivo, ou mesmo se já tinha comido alguma coisa, ou o fato de ter sido atacada por uma daquelas coisas de tão perto dentro desse lugar, ou o até, fato de que eu já tinha entrado nesse lugar e talvez não encontrássemos nada ai, sinceramente, eu não sabia dizer.

  - Liz – Ben me chamou me tirando dos meus pensamentos – Você vem?

  - Vou sim – respondi respirando fundo e os segui.

  A lojinha estava como eu me lembrava, só mais empoeirada e o que já tinha sido o zumbi que me atacou era só um resto em decomposição. As prateleiras vazias e caídas não eram nada animadoras e a luz alaranjada do por do sol iluminava todo lugar nos mostrando que não tinha mais ninguém alem de nós.

  - Acharam alguma coisa? – perguntei revirando tudo o que pude ver, atrás de uma barrinha de cereal que fosse, não vi nada.

  - Achei! – Amy gritou tão alto e de uma forma tão animada que me fez sorrir.

  Eu e Ben seguimos na direção dela, e contra todas as probabilidades ela tinha nas mãos, ostentando como um troféu – o que dadas as circunstancias era mesmo -, uma lata de salsichas em conserva, nunca fui muito fã de salsicha, mas naquele momento fiquei mais do que feliz em ver o nome no rotulo da lata.

  - Ai meu Deus! – Ben exclamou – Isso é carne?

  - Carne, carne acho que não é não, mas é quase carne – disse divertida.

  - Hei! – Amy disse ofendida apertando a lata contra o peito – Não reclame das minhas salsichas!

  - Ok – disse levantando os braços em sinal de rendição – Acharam mais alguma coisa?

  - Essa garrafa de água – Ben disse mostrando a garrafa de 500ml empoeirada, mas que com a graça de Deus estava devidamente lacrada – E você Liz?

  - Nada – disse suspirando – Mas acho que isso por hoje dá, comemos as salsichas, que são carne, da Amy – disse divertida e ela sorriu – Bebemos um pouco de água e amanhã nos focamos em achar água e comida antes de achar o pessoal, por que sem isso não vamos a lugar nenhum.

  Eles assentiram e nós saímos da loja sem maiores problemas – para o meu alivio – só para nos depararmos com um céu já quase completamente escuro e fomos atrás de um lugar pra passar a noite, se fossemos só eu e Amy podíamos fazer como na noite anterior e dormir dentro de um carro, mas agora éramos três e já tínhamos feito a experiência, não dava certo.

  Acabamos por fazer um cercado com quatro carros na beira na estrada e nos sentamos lá dentro, não era a coisa mais segura do mundo, mas pelo menos nos daria tempo caso mais de um deles aparecesse, afinal se não bastasse à falta de água e comida, também não tínhamos munição, a pistola de Ben estava carregada, mas era só isso, as minhas e a minha AK estavam completamente sem munição, só tinha minha faca, Amy também, só tinha a faca que eu tinha lhe dado e isso não era bom, nada bom.

  Me livrei dos meus pensamentos quando vi Ben abrindo a lata de salsichas com sua faca, tínhamos feito uma fogueira dentro do nosso cercado, afinal era isso ou morrer de frio, ele terminou de abri-la e a estendeu para Amy, a ruivinha foi a primeira a pescar um salsicha, Ben logo fez o mesmo e depois fui eu, e eu tinha que admitir essa era de longe a melhor salsicha que eu tinha comido na vida, talvez fosse a fome, mas eu não me importava, estava bom de mais.

  Em questão de minutos esvaziamos a lata, mas eu estava longe de estar saciada e acho que eles também, bebemos um pouco de água – guardando o resto pra amanhã – e tentamos convencer o estomago de que isso era suficiente por hoje. O meu pelo menos não aceitou. Suspirei olhando o céu depois de um tempo, Amy tinha dormido e Ben encarava o fogo como se de lá fosse sair alguma comida muito saborosa, por que era só nisso que eu conseguia pensar agora, acabei bocejando. Esse era o jeito do meu corpo me dizer que eu não dormia há quase dois dias, isso é claro se não contasse o cochilo dentro do carro hoje de manhã.

  - Você pode dormir – Ben disse desviando os olhos do fogo pra mim – Eu vigio e te acordo se alguma coisa acontecer.

  - Melhor você dormir – disse quase aceitando sua proposta, eu estava exausta, mas no fim Ben precisava disso mais do que eu – O seu dia foi muito longo, melhor você descansar.

  Ele me olhou desconfiado e isso me magoou um pouco.

  - Acha mesmo que eu vou te fazer mal a essa altura do campeonato? – perguntei ofendida.

  - Não! – ele negou com a cabeça e com as mãos – Isso não, você é a melhor pessoa que já conheci Liz, antes ou depois do fim do mundo, é só que é estranho ter meu sono vigiado por outra pessoa que não meu pai.

  Eu assenti sorrindo.

  - Sei exatamente como se sente – disse olhando para o fogo e depois pra ele – A primeira noite que passei com meu namorado, nós éramos dois estranhos e fazia muito tempo que eu não conversava com outra pessoa, quem dirá confiar em uma, por isso quando chegou a noite eu fiquei receosa de dormir, mas no fim deu tudo certo, mas acredite é estranho.

  Ele sorriu pra mim também.

  - Se não vai melhorar, melhor eu ir me acostumando, certo? – ele perguntou bocejando e eu assenti divertida.

  - Quando tiver quase amanhecendo eu vou acordar vocês – disse assim que ele se deitou – Também preciso de uns minutos de sono ou vou desabar amanhã.

  - Tudo bem – ele disse sorrindo – Me acorde quando quiser. E Liz – ele chamou quando eu voltei a olhar as estrelas, o encarei outra vez – Obrigado.

  - Pelo que? – perguntei sem entender.

  - Não me deixar ir embora – disse e fechou os olhos.

  Sorri outra vez olhando os dois dormindo, Amy ao meu lado e Ben na minha frente, alguma coisa me dizia que eu ia acabar me apegando de mais a esses pirralhos, mas eu não me importei, a gente estava completamente ferrado, mas eu tinha esperança de que logo, logo encontraríamos o pessoal e estaríamos envolta de uma fogueira como essa contando nossas aventuras e rindo das nossas histórias.

  Peguei o colar da minha mãe em meu bolso e depois de algumas tentativas fracassadas consertei o fecho e o coloquei no pescoço, para logo em seguida abri-lo, o colar era um porta retrato em forma de coração e tinha uma foto minha de um lado e uma dos meus pais do outro, assim como a foto de Amy, me ajudava a não esquecer o rosto deles.

  Mal vi o tempo passar, eu estava cansada então não prestei atenção em muita coisa, quando dei por mim o céu começou a clarear, devia ser umas quatro ou cinco da manhã, decidi acordá-los afinal eu precisava de um cochilo também, e felizmente pra mim só três zumbis apareceram e não foi muito difícil matá-los.

  Suspirei tentando manter os olhos abertos e balancei os ombros de Amy.

  - Amy! – chamei tentando não assustá-la – Amy! Acorde!

  Ela levou alguns minutos para se sentar e abrir os olhos, mas quando o fez, sorriu.

  - Bom dia! – disse animada.

  - Bom dia! – respondi divertida – Acorde o Ben, eu estou indo dormir, e, por favor, não me deixe dormir de mais temos que continuar. E se alguma coisa acontecer não hesite em me chamar.

  - Sim senhora! – ela disse contendo um bocejo e batendo continência, revirei os olhos e ela foi acordar o Ben.

  Me virei para o lado e deitei, e acho que dormir antes mesmo de tocar o chão, em questão de segundo eu mergulhei na escuridão sem fim.   


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Notas finais do capítulo

Eai? Gostaram de saber mais sobre o nosso loirinho?
O que acharam do capítulo? Vou ficar esperando o comentário de vocês...
Beijocas de pé de moleque (ok, eu viajei no clima de festa junina #MeJulguem) e até o próximo capítulo!! :*



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