Can I help you, Miss Stark? escrita por Bree


Capítulo 3
Capítulo 2 - O Discurso




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O pequeno apartamento se mostrou muito mais cômodo do que Clarence imaginara. Suas janelas eram amplas e sua minúscula sala era tão aconchegante quanto bem conservada. Os móveis eram poucos, mas eram suficientes. Ela teria de cobrir com tinta as palavras ''O MUNDO É UMA JAULA!'' pichadas na parede do quarto, mas isso seria resolvido com o tempo. Ela desfez suas malas, enquanto remoía as últimas horas, a saída da casa dos Johnson e as palavras doces de sua mãe de criação.


Bandley Road, 1 hora e 23 minutos antes.
Vai acabar comendo lixo, isso sim. Mas pra mim tanto faz, logo você terá vinte e um e eu não quero ter de sustentar sua bunda preguiçosa.– Decretou Imogen, fumando um cigarro na sala enquanto as caixas de Clarence eram levadas para fora por um casal de amigos da universidade. Michael não estava em casa, mas ele nunca estava e Clarence não tinha a menor vontade de desperdiçar palavras com ele também.
Imogen, eu engoli sua comida pelos últimos anos, qualquer coisa é melhor que isso.– Disse, jogando a mochila sobre os ombros.
Ora, agora pode desdenhar sua porca imunda, você teve um teto graças a mim! Eu deveria ter te deixado apodrecer naquele orfanato!– Disse, jogando o cigarro apagado de baixo do tapete.
Oh, tocante...tocante, que alma bondosa você tem.– Ironizou a garota já parada no capacho rasgado da porta da frente. - Sei que mais dia ou menos dia você e seu marido vão sentir saudades dos trocados da pensão do governo, tsc, ai sim vamos ver quem vai comer lixo.– Declarou e não se afastou.
Sua vadiazinha! Aposto que conseguiu algum otário pra lhe bancar.– Disse com uma risadinha seca. - Isso ou andou nos roubando, pra conseguir grana e se mandar! Heim?!
Nem uma coisa e nem o outra, mas se eu não me engano...eu acho que minha vida não é dá sua conta.– Disse e bateu a porta com tanta força, que até se surpreendeu por não tê-la arrancado do lugar. Ouviu um último insulto vindo da sala, do lugar que nunca mais queria ver.
O caminho para leste foi rápido. Seu amigo, Benjamin, encontrou uma música no rádio que falava sobre ''um anjo de calça jeans'' e eles apenas a ouviram em silêncio, sem coragem iniciar uma conversa sobre família. Quando entraram na rua de sua nova casa, que mais lhe parecia uma viela (embora fosse muito mais amistosa), Claire rabiscava um cartão de visitas, montando algumas equações. Os números eram imprecisos, seria necessário mais algumas semanas para que o código ficasse perfeito, ela se baseava na tecnologia dos celulares e seguranças eletrônicos, só que com um Q enorme de diferença. Ela estava montando um cérebro. A fachada do prédio de dois andares era azul, em vista da casa dos Johnson era o paraíso.

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Ela se despediu dos colegas cerca de duas horas depois, testou a ducha pela primeira vez e aprovou a água morna, quase ideal. Não tinha muitas roupas, a maioria delas de bazar ou presentes de um dos amigos. Se enfiou em uma camisa de flanela masculina que lhe cobria até os joelhos e adormeceu no pequeno sofá.
No dia seguinte se deparou com o problema de ainda não possuir talheres ou copos, o apartamento contava com um fogão, mas ele também não tinha sido religado a linha de gás, então sua única alternativa foi procurar uma lanchonete. Acabou tomando café no McDonalds e demorando pra encontrar o ônibus até a faculdade. Assistiu a uma aula sobre energia nuclear com dois minutos de atraso e foi até a vice-reitora para aceitar as últimas pendências da viagem para Reno. Recebeu suas instruções, passagem de avião, endereços e algumas dicas. Partiria em dois dias.

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Com uma bagagem de mão, cerca de trinta dólares no bolso e milhões de rabiscos que deveriam fazer parte da palestra, Clarence desembarcou em Reno, que pelas luzes se parecia um pouco com Las Vegas. Mas sem o charme da Cidade do Pecado. O hotel ficava a duas quadras do auditório do evento. Ela teve tempo para um banho, alguns ensaios, alguns ataques de raiva e para uma refeição caprichada. Quando chegou a feira, com o cabelo preso em um simples rabo de cavalo, ficou encantada com as exposições. Tudo relacionado a ciência fascinava Clarence, gostava da evolução, das invenções e do conhecimento. Foi cumprimentada por alguns professores e alguns alunos, que estavam visivelmente decepcionados.
Ao que tudo indica ele não vem.– Disse com pesar o homem que se identificou como Prof. Elliott.
Quem não vem?– Inqueriu Clarence, tentando não parecer nervosa.
Anthony Stark, logo começamos e nem sinal dele, é uma lástima.– Disse, franzindo a testa. Clarence se deixou imaginar o que diria a Sra. Weinne, e como lidaria com a decepção dela por não ter discursado para Tony Stark. Não que isso fosse o fim do mundo.
Seu nome foi chamado, ela subiu ao palco com as pernas meio bambas e com algumas palmas. Enquanto começava sua palestra sobre o TINE, uma Mercedes parava do lado de fora.

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Eu disse pra você que tínhamos de sair as duas, mas você faz questão de me ignorar!– Disse a figura alta e ruiva no banco de trás. Pepper Potts detestava se atrasar.
Calma, calma, o quanto estamos atrasados? Dez minutos?– Disse Tony, enquanto concertava sua gravata.
Quase uma hora!– Brandou Pepper, mas Tony já tinha saído do carro.
Olhe pelo lado bom, nada de jornalistas nos esperando.– Disse sorrindo quando ela saiu desceu. - Vamos?
– Não está esquecendo de nada?– Inqueriu ela com uma sobrancelha erguida. Ele pensou por dois minutos.
– O bebê ainda está lá dentro né?– Disse, ela revirou os olhos para ele, se voltando para o pequeno Phillip Stark, que preso ao seu assento infantil, parecia totalmente encantado com um chocalho colorido.
– Venha cá querido, não ligue para a insensibilidade do seu pai.– Murmurou ela para o filho, alto o suficiente para Tony ouvir.
Isso garotão, vamos procurar as garotas.

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O discurso de Clarence ia pelo meio quando houve uma perturbação, seguida por flashs, sussurros e cabeças voltadas na direção dos recém chegados. Stark e sua mulher encontraram bons assentos próximos ao corpo docente da Universidade de Reno, e embora Clarence tivesse ficado consideravelmente mais nervosa, prosseguiu com certo entusiasmo. O funcionamento do TINE, explicado por sua própria criadora, pareceu cativar os presentes. E quanto ao setor ambiental, até mesmo Tony Stark admitiu que o reator era uma referência. O milionário ouviu com atenção o restante do discurso da garota de cabelos negros.
No fim da apresentação as palmas aumentaram, Clarence foi felicitada e questionada por várias pessoas, deu explicações mais aprofundadas sobre os materiais escolhidos para a fabricação do protótipo e sobre o tempo necessário. Ela ficou agradavelmente surpresa com a mão que se ergueu em seguida para alcança-la. Tony abriu caminho entre os fotógrafos e foi logo soltando as palavras.
Fiquei muito impressionado, muito mesmo, queria poder ter a chance de examinar o projeto, se você me permitir.– Disse.
Será uma honra Sr. Stark.– Ela se limitou a dizer, apertando a mão do magnata e de sua esposa.
Você teve influência do ARC? Pergunto por causa das equações básicas.– Ele quis saber, Clarence sorriu antes de responder.
Não, eu tentei não me influenciar, as equações da base foram retiradas de um outro projeto meu.– Explicou, deixando alguns dos que o cercavam impressionados.
Um projeto grandioso, eu posso apostar.– Disse. - Mas, então, qual o seu nome mocinha?
Hummels, Clarence Hummels.– Disse, sem poder calcular o impacto daquela apresentação. O sorriso dele diminuiu, era como se tivesse levado um tapa sem luva de seu passado.


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