Hisana ficou extremamente admirada com o tamanho da “casa” de Ginrei, ela pensou em uma casa grande, mas não em uma mansão, como na realidade era, isso falando do exterior, o jardim era gigantesco, cheio de arbustos perfeitamente trabalhados, as flores eram as mais belas e perfumadas que ela já tinha visto, mas o que mais a deixou impressionada foram as cerejeiras, que naquela época do ano estavam maravilhosamente exuberantes, era simplesmente perfeito, um pedaço do paraíso.

Ao adentrar a grande e majestosa residência, mais uma vez se pasmou, todos os aposentos eram espaçosos e bem decorados, ela nuca tinha estado em um lugar como aquele, parecia mais um palácio. Foi passando de um cômodo ao outro acompanhada de um mordomo, até chegar no escritório de Ginrei, lá havia muitos livros perfeitamente alinhados em enormes estantes, sobre sua escrivaninha de madeira trabalhada, estavam fotos de pessoas que pareciam ser sua esposa, filho e neto.

Ela ficou sentada em uma cadeira a espera dele, que já estava a caminho de encontra-la. Enquanto o aguardava, tentava disfarçar seu estado de espanto pela beleza do lugar, mas foi pega por ele ao admirar suas fotos de família...

_Já percebi que você tem um olhar aguçado quando se trata de família... Com tantas decorações nesse escritório, somente se preocupou em fitar as fotos. – Disse Ginrei ao entrar na sala.

_Eu tenho para mim que nada é mais importante que ter ao seu lado as pessoas que se ama. – Disse ela ao baixar suavemente a cabeça.

_E você tem muitos familiares? – Perguntou o senhor ao se sentar na cadeira que estava atrás da mesa.

_Não senhor. Não conheci minha família, minha irmã e eu, fomos abandonadas quando crianças, mas acabamos nos separando há sete anos. – Disse ela com os olhos marejados.

_Você deve ter sofrido muito, não ter a família por perto pode acabar com as esperanças de qualquer pessoa. – Disse o gentil senhor.

_Não com as minhas... Não quero que me dê o emprego por sentir pena. Vou dar o melhor de mim para estar sempre dentro de suas expectativas, e assim que eu reconstruir minha vida, irei procurar por minha irmã e seremos uma família de novo. – Disse a garota já exibindo um meigo e esperançoso sorriso.

_Entendo, apesar de ter perdido minha esposa e filho, me restou um neto, eu o amo mais que a mim mesmo, ele irá continuar a tradição familiar como diretor da faculdade, mas antes de assumir o cargo, decidiu viajar e conhecer lugares exóticos, eu permiti que ele fosse, pois uma vez que ele assuma a diretoria da faculdade, lhe sobrará pouco tempo para si próprio, mas confesso que esta casa fica muito triste sem ele aqui. – Disse o patriarca do clã Kuchiki, a olhar para a foto do neto ainda garoto.

_Eu sei como se sente, eu tenho esperado muito pelo dia em que estarei com minha pequena Rukia novamente, ela era ainda um bebê quando nos separamos, mas os seus sorrisos alegravam meus dias. – Disse ela olhando para o além, imaginando os olhos grandes e violetas de Rukia.

_Meu neto não é de sorrir, a vida não foi muito amável para com ele, perdeu o pai ainda jovem, por esta razão ele somente se empenha em estar dentro dos padrões da família, isso pode até ser bom, afinal tradições fortalecem uma família e constroem sua história, mas posso perceber em seu olhar que ele não é um rapaz feliz. – Disse ele com o olhar baixo.

_Mas a vida sempre nos reserva boas surpresas, para mim foi ótimo retornar a esta cidade, ter um bom emprego, estou mais perto de Rukia do que nunca. Sei que ele também encontrará a felicidade, talvez ele só não tenha esbarrado nela. – Disse ela a pegar nas mãos do bom senhor com o olhar radiante.

Em poucos momentos Hisana convenceu ainda mais a Ginrei, de que ela era a pessoa certa para aquele emprego, e em mais alguns instantes de conversa, ele pediu aos seus advogados que fizessem o contrato de emprego em nome dela. Ele a levou então para conhecer os aposentos dos funcionários, que mediam pelo menos quatro vezes mais que seu antigo apartamento de aluguel, ela se sentiu uma princesa.

Depois de mostrar pessoalmente cada tarefa que seria executada por ela, o líder da família Kuchiki agradeceu mais uma vez por ela ter aceitado a oferta de emprego, e a deixando em frente a seu aposento, foi para a mansão principal.

Ao entrar no quarto, Hisana começou a programar como tudo deveria ser, em uma escrivaninha a esquerda da porta de entrada do quarto, ela ficou traçando suas metas em um bloco de anotações. Somou quanto tempo de salário precisaria para ter dinheiro suficiente para dar uma entrada em um apartamento financiado, ligou o computador e começou a pesquisar os preços de mensalidades das escolas que poderiam ser melhores para Rukia, enfim, só pensava em como seria sua vida quando seus planos começassem a se concretizar.

Mas logo desligou o computador e, depois de tomar um banho bem relaxante, foi deitar-se, não queria estar indisposta em seu primeiro dia de trabalho, afinal essa era a chance de sua vida, a hora da virada tinha chegado e ela não iria desperdiçar essa oportunidade tão preciosa. Deitou-se então na grande e confortável cama, nem poderia imaginar o dia em que teria um lugar tão luxuoso para descansar.

_Sei que agora chegou a minha vez, e farei com que o trabalho de meu bondoso patrão, o senhor Kuchiki, seja executado com perfeição, não vou falhar dessa vez, não posso me dar ao luxo de falhar. Amanhã eu farei o meu melhor! – Disse a moça ao se virar para o canto, se esforçando para dormir e descansar, afinal agora ela podia parar de se preocupar. Tudo estava caminhando bem, finalmente algo de bom aconteceria a ela...