Os Mortos Também Amam - Livro 2 escrita por Camila J Pereira


Capítulo 29
Amor Compartilhado




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— Vo-vo-você só po-po-pode... Isso... Como? – Stefan tinha levantado, seus olhos estavam arregalados e confusos.

Não sabia como se expressar e nem quais das pessoas ali olhar para obter uma resposta. Helena prostrou-se ao seu lado e acariciava as suas costas para confortá-lo. Não teve chances de ficar feliz com a notícia porque a saúde mental do seu marido a preocupava agora. 

— Damon, vamos esquecer isso por enquanto. – Bella tentou tirar o anel, mas Damon segurou suas mãos.

— Nem pensar. – Foi categórico.

— O que... O que? – Stefan repetia. Gostaria que dissessem que era uma piada.

— Um vampiro pode ter um aneurisma?

— Não seja boba. – Ele olhou para o irmão com uma sobrancelha erguida. – Ele não ousaria. Está apenas um pouco surpreso. – Voltou a olhar para Bella sorrindo amarelo.

— Damon, ele está branco feito papel.

— Ele está muito, muito, muito surpreso, amor. – Damon soltou as mãos de Bella e foi até o casal de vampiros a sua frente. – Recomponha-se irmão. – Pediu ainda sorrindo amarelo. – Vocês sabiam que era isso o que eu queria.

— Bella é uma criança. – Damon rolou os olhos impaciente.

— Repita isso com mais convicção. Helena casou com 19 anos. – Lembrou-lhe. – Minha noiva passou por mais coisas do que a tia em sua idade, isso deve contar como maturidade, não é?

— Ela ainda não terminou os estudos.

— Nem vai parar porque casará.

— Então está pensando em casar logo? – Stefan perguntou ficando cada vez mais pálido.

— Talvez pudéssemos fazer isso na Itália. – Bella franziu a testa, não haviam conversado sobre aquilo. – Não seria interessante, depois de muito tempo, voltar para a nossa terra e fazer um casamento? Mas para ser sincero, preferiria que fosse antes, não dará tempo, eu sei. – Deu de ombros.

— Damon, precisamos discutir isso. – Bella falou rapidamente.

— Depois, amor. – Ergueu uma das mãos para ela sem mesmo olhá-la. Bella bufou indignada. – Veja, eu não estou pedindo, irmão. Já estamos noivos e vamos casar com certeza, ó quero que você aceite porque sei que Bella sentiria muito.

— Damon, tente ser um pouco mais respeitoso. – Helena lhe pediu baixinho como se Stefan não fosse escutar.

— E quanto a respeitar o nosso relacionamento? – Com a mão, apontou a si mesmo e para Bella. – Respeitar os nossos desejos? Sempre tem que ser eu a pensar nos outros?

— Como se fizesse isso sempre.

— Está sendo amargo e injusto, Santo Estevão. – Stefan grunhiu para o irmão. Fazia tempos que não acontecia aquilo e nem mesmo ser chamado pelo irmão daquela forma tão cínica, fazia-o lembrar de que era o seu modo de defesa. – Não agiu tão diferente de mim quando se tratou de sua doce Helena. Não venha impor...

— Eu sou o tio dela, quem a criou. Você só apareceu agora e quer...

— Tomá-la? – Damon havia entendido. – Acha que vou tomá-la de você?

— Stefan... – Foi Helena que balbuciou cheia de compreensão e amor. – Stefan...

— Não está sendo muito infantil?

— Damon! – Helena o repreendeu.

— Ah, qual é! Acha mesmo que eu faria isso? Acha mesmo que eu faria Bella sofrer longe de vocês? Primeiro que ela me mataria.

— Damon, Bella venha aqui. – Helena a chamou. Sua sobrinha aproximou-se dos três vampiros cautelosamente. Ainda sentia uma tensão no ar. Helena abraçou os dois. – Fico muito feliz pelos dois. Acredito que são mesmo destinados.

— Destinados? – Stefan repetiu atrás deles.

— Você sempre foi a que teve juízo, Helena. – Damon estava olhando divertido para o irmão.

— Tio. – Foi até Stefan e o abraçou. Ele a agarrou em um abraço firme e carinhoso. – Ninguém nunca me afastará de você.

— Eu espero que não, Bella. – Seu tio a beijou na testa.

***

Mesmo estando com um casaco, fazia frio especialmente aquela noite. Tentou aquecer-se enquanto esperava do lado de fora da casa. Damon tinha ido Deus sabe onde, alegando que ela deveria ser quem daria a notícia, mesmo que ele estivesse louco para esfregar aquilo na cara de Edward.

Alice e Rosie estavam felizes por Bella e até mesmo por Damon. As vampiras tinham conhecimento de se encontrar redenção no amor em uma vida vampiresca, ainda mais sendo um dos vampiros desenganados por si mesmos, que andavam nas sombras como Damon. Aquilo era uma vitória. Porém, estavam sentidas por seu irmã. Edward havia mostrado que amava Bella com todas as forças.

Bella estava insegura sobre a sua missão, a única coisa que tinha certeza era de que Edward deveria saber da melhor forma. Qual seria a melhor forma para aquilo? Bella não queria magoá-lo de maneira alguma, estava sofrendo antes da hora. Enfim, os garotos chegaram.

— Ei, Bellinha! – Emmet foi o primeiro a se aproximar e a cumprimentou com um high five.

— O que faz aqui sozinha – Jasper a beijou no rosto.

— Estou afim de caminhar. Quer ir comigo, Ed?

— Claro. – Concordou, mas antes de Bella se aproximar e começar a caminhar para longe da casa, ele tentou entender aqueles pensamentos exageradamente aleatórios dos vampiros por perto. Já havia percebido que algo havia acontecido. – Para onde que ir?

— Eu não sei. Só vamos continuar.

— Sem destino. Tudo bem. – Edward assentiu travando os lábios em um sorriso disfarçado.

— Gostou mesmo disso?

— Sim. – Sorriu abertamente agora.

E eles caminharam sem dizer nada importante. Com as mãos nos bolsos, Edward pacientemente esperava ao caminhar ao seu lado. O vento parecia um pouco mis forte, lançava os cabelos de Bella para trás com força vez ou outra. Deliciou-se olhando para ela, os cabelos já bastante crescidos desde a vez em que os pintou, mostrava muitos centímetros de cabelos castanhos e vermelhos na maior parte.

Já não havia dúvidas de que algo tinha acontecido, percebia que Bella estava em um dilema, ela vincava as sobrancelhas algumas vezes e pressionava os lábios. Também notou que seus pensamentos vagueavam de seus dilemas para a simples apreciação do passeio.

— É muito difícil dizer? – Bella pega de surpresa virou rapidamente para ele.

— Está sendo mais do que imaginei... – Edward a parou e segurou em suas mãos.

— Quer ver algo legal? – Bella afirmou repetidas vezes com a cabeça.

Com agilidade parou um taxi e entrou com Bella. Disse o endereço muito baixo para o motorista, ela não conseguiu entender, mas o homem atrás do volante parecia saber exatamente onde ir. Era longe do centro da cidade, parecia uma área que já não fazia parte do centro urbano. Bella saiu para a noite que estava ficando fria. Edward despediu-se do motorista e a abraçou por trás ao mesmo tempo em que a cobria com o seu casaco.

— Você quis caminhar e nem ao menos pôs uma roupa decente para isso.

— Você sempre tem que me repreender.

— Porque te amo e vejo como é imprudente. – O coração de Bella palpitou e Edward sorriu em seu ouvido. – Ótima reação, me faz sentir melhor. Vamos entrar. – Se afastou e voltou a caminhar ao lado dela em direção a uma casa que parecia estar no meio do nada.

Bella estava impressionada, pois a maior parte da casa possuía paredes de vidro. Imaginou quem poderia ter pensado naquilo, morar no meio do nada, longe da cidade em uma casa como aquela? Deveria ter animais selvagens por perto ou... vampiros. Que engraçado, ela estava com um ao seu lado naquele exato momento.

— Espere um minuto. – Bella esticou-se vendo Edward se afastar pelos fundos da casa. Aproveitou para olhar ao redor e era mesmo fantástico todo o cenário. A vegetação típica, deixava tudo mais impressionante e de alguma forma era harmonioso com aquela casa ali. Imaginou como seria pela manhã quando poderia ser visto as montanhas avermelhadas. – Vamos? – Edward estava falando com ela ao ouvido novamente, segurando-a pelos cotovelos, mantendo-se bem próximo.  Pegou-a pela mão e entrou pela porta da frente.

— Não há ninguém? Podemos mesmo entrar? As luzes estão acessas.

— De repente você deixa de ser imprudente. – Estavam em uma grande sala, todos os móveis eram rústicos e característicos do Arizona, diferente do design da casa. – Não há ninguém morando, existia alguém, mas essa casa agora é um museu.

— Então há guardas.

— Que fiz dormir.

— Edward, você foi gentil? – Erguendo uma sobrancelha ele não respondeu imediatamente e sorriu de lado.

— Sabe que sim. Sinta-se à vontade.

Bella ficou, nada passou despercebido por ela que adorou todos os móveis e a história contida naquela casa. Um amante do seu estado que queria viver integrado com a natureza. Ela lia todas as plaquinhas avidamente.

— Está relaxada o bastante para me dizer o que todos em casa estavam escondendo?

— Queria ainda não dizer. – Estavam olhando por uma parede de vidro as luzes da cidade ao longe. Ele segurou a sua mão e acariciou o seu novo anel.

— Tem a ver com isto? – Bella momentaneamente sem reação, apenas xingou-se por não ter escondido.

— Quando...?

— Estávamos caminhando e notei, você o toca de vez em quando como faz com o relicário. – Agora totalmente de frente um para o outro, via o sofrimento nos olhos dele e seu coração também despedaçou. – Não fique triste, já disse antes que não é culpada por me fazer sofrer. Eu a amo, sei que me ama também.

— Por isso é tão complicado. Como é possível? Eu sou...

— Você é maravilhosa. – Edward a calou tocando-lhe de leve os lábios. – Damon precisa disso, de uma formalidade, eu não preciso.

— Ed... – Aquilo parecia tão errado saindo dos lábios dele.

— Um dia achei que precisava, mas agora eu não me importo. Mesmo sabendo disso eu continuo amando você e sei que continuará me amando. No entanto... Ei... – Edward limpava as grossas lágrimas que molhavam seu rosto. – Veja só isso. É sobre isso, Bella, que quero falar. Depois que lutarmos contra os Volturi e eu saber que está tudo bem com você, passarei um tempo longe.

— Não. – Ela pediu entre as lágrimas.

— Entenda, você está remoendo isso. Talvez eu fique triste ás vezes e... – Ele sorriu triste ao vê-la derramar mais lágrimas reafirmando o que ele queria dizer. – E vai chorar assim. Eu amo você. – Edward deu-lhe um selinho longo. – Estou despedaçado.

— Isso não ajuda.

— Eu a queria só para mim. Eu consigo ver exatamente onde errei. Eu a deixei antes. Damon sempre esteve com você e sempre a entendeu tão melhor. Vocês têm esse espírito selvagem, eu compreendo.

— Ed... – Ela via o autocontrole de Edward enfim esvair. Tocou-lhe o rosto transtornado, acariciou seu pescoço. Edward pareceu mais contido e então Bella tombou a sua cabeça um pouco para trás. – Por favor. – Por um momento ele não pôde acreditar em seus olhos e em seus ouvidos, mas no instante seguinte sentia as suas presas perfurarem a delicada e pálida pele de Bella.

As duas horas seguintes, eles trocaram sangue e através dele puderam compartilhar seus sentimentos. Houve muitas caricias e beijos, mas a experiência só foi até este ponto. Edward prometia amá-la para sempre independente do que ela decide-se, pediu-lhe para não sofrer ao pensar nele. Guardariam seu amor dentro deles.

***

Olhando-se no espelho, notava com desaprovação a sua palidez. Havia trocado muito sangue com o Edward na noite passada. Além da sua consciência estava a sua palidez também a acusando. Agradeceu por Damon não estar em casa ainda quando voltaram, era quase como se ele soubesse que os dois demorariam.

Pôs um pouco mais de blush, um batom mais forte e saiu porta a fora. Deu de cara com Damon prestes a entrar em seu quarto. Foi muito rápido, mas ela viu que o olhar dele a analisou completamente. Antes de falar qualquer coisa ele engoliu em seco, sim, ele sabia.

— Dormiu bem, amor? – Ele a beijou mesmo sabendo. Ela não entendia.

— Sim. Você voltou tarde ontem.

— Foi necessário. – Ele sabia, ela repetia em sua mente. – Vou leva-la hoje. Desça e coma algo antes de sairmos. – Antes que pudesse dizer algo, Damon acariciou seu rosto. – Tem maquiagem demais para o meu gosto. Não precisava. – Ele sabia mesmo. Damon virou-se para descer, mas Bella o segurou.

— Damon eu preciso...

— Coma primeiro, está ficando atrasada.

Para seu alivio, Edward não estava. Na verdade, a casa estava vazia, só os seus tios, Carlisle e Esme estavam a mesa. Bella não se atreveu a perguntar sobre os membros da casa. Na verdade, mal respirava.

Foi quando chegou a escola que tomou coragem novamente. Damon estava parado ao seu lado, o carro desligado por alguns minutos. Ela o olhou enfim, teria que contar. Damon provavelmente a mataria e mataria Edward, mas tinha que dizer a verdade.

— Contei o Edward ontem, eu fui tola, ele viu o anel e já tinha deduzido antes que eu abrisse a boca. – Começou a tagarelar. – Parece que ele ficará até vencermos os Volturi, está decidido a passar um tempo fora. Foi incrível o lugar que ele me levou, fica, fica... – O que estava dizendo, porque não falava logo o ponto que queria?

— Estive pensando... – Achou ótimo que ele a interrompeu. – Não quero saber o que fizeram ontem à noite. Embora eu possa imaginar, eu não quero imaginar e nem confirmar. Acho que esse é o meu limite. Pensei que pudesse ouvi-la dizer, mas estou quase enlouquecendo. Ao mesmo tempo, estou tão feliz e aliviado por estar aqui, aqui neste instante comigo. Estou não feliz que não mudou de ideia, estou muito feliz por não ter partido com ele...

— Damon...  – E Bella voltou a chorar copiosamente. – Eu sou tão egoísta... Eu sou tão má e não sei porque me amam.

— É impossível você ser má. E todos somos egoístas em algum ponto, amor. Não se cobre tanto. Eu sou o mais egoísta aqui. Lembre-se, faria tudo para ter você comigo. Não se engane. Lembre-se quem eu sou. Você veio a mim porque quis, mas no lugar dele, eu a sequestraria. – Bella encarava os olhos brilhantes e intensos do noivo e sabia que era a verdade.

— Eu te amo tanto....

— E mesmo depois de me ouvir falando essas coisas, como resposta você diz que me ama. – Damon a beijou. – Aproveite a sua última semana.

***

— Está mesmo tudo certo? – Bella havia saído do vestiário depois da aula de esgrima e conversava com Jacob no corredor.

— Sim, nossa mãe acha que vamos para Forks ver a nossa avó.

— Ela não desconfia? – Bella ficou intrigada.

— Com tantas coisas na cabeça, como ela poderia? A prioridade dela é essa escola.

— Entendo.

— Certo, gracinha. Você está bem melhor agora, talvez consiga enfiar uma estaca no coração de algum vampiro. – Bella olhou para os lados.

— Não fale sobre isso tão alto. E não vamos necessariamente fazer isso, deixe para os outros. Jacob, preciso que me prometa que se manterá seguro.

— Tudo bem, tudo bem. – Deu de ombros.


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