Stars Auslly escrita por C H C


Capítulo 16
Gavin Young & Rendendo-se


Notas iniciais do capítulo

Oiie! Parece até que eu voltei às ativas, wooow!
Enjoy it! Eu sei que vocês vão amar esse capítulo assim como eu amei :3



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–Está tudo bem. - digo, ainda um pouco desconcertado. Enfim, se eu mesmo não retirasse as memórias ruins sobre este jogo, eu jamais o faria. - Vamos jogar.

Ally concordou em seguida, e percebo o quão tensos seus ombros estão. Talvez não seja uma ótima lembrança para ela também. Naquele dia, nós estávamos felizes, e então só viera aquele estúpido garoto para acabar com quaisquer vestígios de felicidade em nosso namoro; tivemos uma grande briga minutos após o término do jogo.

–A boca responde, o fundo pergunta. - murmura Dez, subitamente empolgado. Pergunto-me se ele sempre quis jogar, porém nunca o fez pelo medo de magoar-me. - Austin. E eu.

Suspiro, tentando ver o rumo em que as coisas estão tomando. Se Dez resolvesse falar sobre a nossa partida ou interrogar-me sobre a ligação que ouvira horas antes na frente de Ally e dentro do Verdade ou Desafio, eu não poderia ou conseguiria mentir. Eu estaria entregando tudo, meus planos e dando tristeza a Alls na noite de Natal.

–Verdade. - digo, receoso. Eu estava prestes a escolher Desafio, contudo, eu sabia que Dez me desafiaria a algo constrangedor.

–É verdade que você ainda tem sentimentos pela Ally?

Obrigado, Dez. Entretanto, para quê mentir exatamente? Eu não tenho realmente nada a esconder, porém poderia perder por completo a amizade de Ally que eu havia recuperado nesses últimos três dias. Fechei os olhos, visivelmente tentando não encará-la, por mais que eu soubesse a expressão eu seu rosto.

–Sim. - respondo. Um silêncio se estabelece na sala em que nós nos encontrávamos, e resolvi que não era corajoso o suficiente para abrir meus olhos e ver o semblante em choque de Ally, ou a expressão de riso e alívio estampada no rosto de Dez. - Podemos pular para a próxima pergunta?

–É... claro. - Ally responde. Noto que sua voz está transbordando com alguma emoção, embora eu não consiga identificar. Suspiro e evito encarar seus olhos amendoados, fixando o meu próprio olhar na garrafa que gira no chão encerado.

A garrafa parece girar por uma grande eternidade. Neste pequeno tempo indefinido, a atmosfera tensa parece empurrar nossos ombros com força em direção ao chão. O fundo da garrafa dá para mim, com a boca virada para Ally, e eu realmente não sei o que perguntar-lhe.

–Por que você fingiu estar namorando o Gavin?

–Eu não fingi realmente... Eu nunca tinha dito que namorava com ele, não foi? - ela sorriu gentilmente. Eu retribuí o sorriso, porém não queria realmente encerrar a pergunta deste modo.

–Porém não negou. - digo espertamente. Ally me encara com os olhos um tanto sobressaltados, como se perguntasse a si mesma como eu havia reparado. Entrelacei minhas mãos em meu colo, perturbado com sua resposta ainda não proferida.

–Eu... só entrei em pânico. Estar ali com vocês, que sempre foram meus melhores amigos, e um garoto completamente estranho a vocês e que me beijava, eu não conseguiria explicar muito bem o que estava acontecendo. Me desculpem. - seu tom de voz parecia estar moldado para implorar por piedade. Arrependida. Como se a culpa realmente fosse dela; e não era. Encarei Dez em completo silêncio, e logo a puxei para outro abraço caloroso.

–Você não é culpada. Nenhum de nós é. Bem, talvez o Gavin. - ela sorriu minimamente e encolheu-se mais em meu peito com uma mão em meu colarinho, puxando-me mais para perto, embora não fosse humanamente possível.

–Obrigada, Aus. - abri um grande sorriso enquanto aproximava-me de seu rosto, sentindo-me hipnotizado. Eu sabia que não deveria sentir-me desse modo, contudo, com ela tão perto de mim, tão próxima, não era possível. Afastei-me com um pigarro fraco, enrubescido. - Vamos terminar esse jogo, então. - diz, e logo levanta-se, indo até Dez e o abraçando também. O ruivo sorri imediata e imensamente, apertando-a ainda mais do que eu. Ally ri, e não reclama. Eu rio também.

A garrafa gira novamente pela terceira vez, e ficamos todos em expectativa quando o resultado é de Dez para Ally.

–Desafio. - responde prontamente. Ainda assim, parece que está sentindo-se assustada com o desafio a seguir.

–Beije o Austin. - tão simples, fácil. Três palavras, uma economia de saliva. Engulo em seco e desvio meu olhar para o chão, extremamente vermelho, ainda mais do que um tomate maduro, e percebo que Ally está ainda pior do que eu. A confiança que aparentava na Sonic Boom em nosso reencontro parecia ter desaparecido, e estávamos de volta à dois anos atrás.

Subi meu olhar ao mesmo tempo que Ally, apenas para encontrar com o seu. Ficamos como em um jogo do sério, mas com um objetivo diferente. Abri um pouco os lábios, preso a ela. E somente ela. Fecho minhas mãos em punho e deixo-as cair em meu colo, temeroso.

Ally pisca algumas vezes, sem quebrar o nosso longo contato visual. Percebo que Dez está impaciente e bufando, como se aquilo já fosse algo há muito planejado. Não consigo falar algo. Não consigo sequer mover-me. Estou incrivelmente paralisado.

Ally aproxima-se de mim, seus cabelos castanhos caindo um pouco para suas costas, lentamente. Eu sigo até ela, um trajeto curto. Levanto minha mão como se pedisse-lhe permissão para tocá-la e, quando parece ter-me consentido, perco o meu último fio de sanidade. O tênue laço de controle rompe-se, e eu apenas avanço sem importar-me.

Nossos lábios chocam-se por um momento, e logo estamos nós, em um beijo tão quente quanto em meus sonhos - que geralmente ocorrem quando estou semi-consciente, ainda acordado, porém em outro mundo. Passo minhas mãos por sua nuca e cabelos, e noto que Ally também está ensandecida, como eu. Seu toque é delicado, ingênuo, sem segundas intenções ou pensamentos. É puro, é inocente. Diferente de todas as garotas com quem já saí, já fiquei, já namorei.

E é somente em Ally em que consigo pensar no momento. Em nossos tempos juntos, como namorados e como amigos, nossa infância compartilhada, a conexão que ainda nos prende.

Uma gargalhada irreconhecível nos interrompe. Não há mais eu e Ally quando a mesma se afasta assustadoramente rápido e se vira na direção do som. Eu e Dez, por nossa vez, também estamos altamente alertas. Estamos, agora, como alguns cachorros com as pupilas dilatadas e orelhas em pé para diferenciar qualquer novo som.

Levanto-me em um salto quando Ally faz o mesmo e corre para a cozinha. Vou até ela, com Dez em meu encalço, e todo o momento mágico se desfaz. Uma faca em cima da mesa chama minha atenção, e eu a pego rapidamente, enfiando-a no bolso traseiro de minha calça jeans e recomeçando a corrida. Dez não me interrompe nem pergunta nada, apenas faz um sinal para irmos mais rápido.

–Trish! - digo repentinamente. Dez também se sobressalta, lembrando que a garota pequena está adormecida no quarto no andar de cima. Ele assente com a cabeça entendendo o meu recado, e corre para cima a fim de protegê-la. Eu apenas entendo que, se eu precisar de algo, terei de gritar a nossa palavra código, e ele virá correndo, ainda assim deixando Trish a salvo.

Corro, mal sentindo meus pés. A cozinha está vazia e silenciosa, exceto pelas respirações pesadas de Ally, de mim e de uma figura abrupta parada diante de nós, a porta dos fundos arrombada.

–Quem é você?! - grito, aproximando-me. Ally me barra com um braço, empurrando-me levemente para trás, como se dissesse para eu não me meter. É um pouco tarde, e eu repito a pergunta.

Um riso. Vindo dele. Está mais para um monstro, e eu não sei quem é, apenas confio em Ally e sei que ela o reconhece. Sua risada é pérfida e perfura em minha mente, e tento me lembrar de onde vi sua sombra.

Sonic Boom.

–Gavin. - reconheço secamente. Um passo à frente, e Gavin já não está mais escondido na penumbra.

–Ally. - sua voz não tem o menor tom de diversão. É pernóstico. - Por favor, não fique com ele. Por favor, escolha a mim. Eu posso ser... qualquer pessoa que você quiser. Eu posso ser um astro do pop. Eu posso ser um modelo famoso. Eu posso ser um mendigo. Apenas... não o escolha.

Ally recua quando ele tenta tocá-la. Seu olhar é suplicante, e a faz tão confusa. E eu, de alguma forma, a entendo. Eu sempre soube que mesmo que eu chegasse com todos os meus sentimentos e a deixasse balançada, demoraria um tempo para que confiasse em mim desse modo novamente. E ele foi o seu lance. Uma pequena e curta amizade colorida, é um pouco óbvio que ela ao menos sentiu algo ao ser beijada por ele, ainda que ele por si só fosse insolente.

–Gavin, me desculpe. Isso foi lindo. Eu só não sei mais o quê está acontecendo comigo. - diz, as mãos em sua cabeça, em uma atitude demonstrativa de estar extremamente frustrada e confusa.

–Ally, nós temos algo. Me diga o que ele fez por você algum dia. Me diga. Eu... sei que posso fazer melhor. - tenta novamente. Sinto meu sangue ferver, entretanto, eu não posso fazer nada, mesmo que isso soe vergonhoso. - Veja! Ele nem está se defendendo, sequer está tentando.

–Não diga que não estou tentando, Gavin. - retruco. Eu posso admitir que tente tê-la novamente ou até seja escolhido por Ally, mas não posso deixar que diga que não estou ao menos tentando. - Posso não demonstrar, mas estou tentando. Eu realmente estou. Sinceramente.

–Aposto que você apenas a quer porque não pode mais tê-la. Porque seu estoque de garotinhas estúpidas está no zero. Porque nem mesmo aquela garota, Trish, te quer.

–Não diga nada sobre a Trish, seu grande imbecil. - caminho até ele, dando-lhe socos em seu rosto a cada passo, por mais que Gavin desvie. - Não ouse dizer uma palavra da minha melhor amiga! Você não tem moral para isso!

–Acredite, mais do que você...

–Ally não é mais uma para mim. É única. E Trish também é. Ambas são diferentes e também possuem significados semelhantes e ao mesmo tempo não-semelhantes para mim. - digo, forçando-me a parar. - Trish é minha melhor amiga, e Ally é a garota que eu... eu... gosto.

Eu apenas não consegui. Eu não sei por quê. Talvez o meu trauma apenas ainda não esteja superado. Talvez eu realmente não esteja pronto. Eu não consegui dizer que a amava.

Talvez eu não a ame.

Eu sinto algo extremamente diferente por todas as garotas. Por ela mesma. Pela Ally de dois anos atrás, meu sentimento já não é mais o mesmo, é forte, mais forte. É incrível, me consome. Então, se não é amor, o que é?

Por que eu não consegui dizer-lhe?

–Você nem consegue dizer que a ama! - gargalha Gavin. Largo-o no chão da cozinha e me apoio no batente da pia, sentindo minhas forças esvaindo-se. Então, ele também percebeu. Se aquele garoto burro notou, Ally com certeza também.

–Eu não vou ficar parada como uma sonsa. - murmura Ally, alto o suficiente para que nós dois a ouçamos. - Gavin, por favor, você não pode falar assim do Austin. Se ele não disse, é porque ele mesmo tem alguma razão. Eu mesma não consigo ter sentimentos por você da maneira que você está disposto a ter por mim. Me desculpe. Naquela época, eu realmente tentei nutrir algo por você, mas eu não tive forças. Eu não consigo, simplesmente não dá. Eu amo você, somente como amigo. Como o amigo que me consolou naquelas horas, que me encontrou largada no chão da Sonic Boom e me ajudou, me aconselhou. Aquele mesmo amigo que conheci na loja do meu pai naquele dia de inverno rigoroso, lembra-se? Me diga que se lembra! - seus olhos arregalaram-se e ela o abraçou, deixando-me paralisado com sua declaração. Era isso.

Ela realmente não o queria do mesmo modo que ele. Isso era fato. E ela havia me defendido.

Mas não era isso que chamou-me a atenção. Seu tom era piedoso, suplicante, implorava por algo de Gavin. Sua amizade. Algo havia ocorrido. A sua fala na Sonic Boom naquele dia.

Ele era bem legal quando entrou aqui pela primeira vez.
Como o amigo que me consolou.
Aquele mesmo que eu conheci na loja de meu pai.

Ele fizera algo. Era fato. Mas o quê? Ela o queria de volta. Ele não era mais o mesmo, então. Algo o fizera mudar. Mas o quê? Drogas? Não, Gavin parece-me certinho demais para ingerir algo do gênero, irritantemente assim como Ally.

–Eu... entendo, Ally. Mesmo. Está tudo bem. Você pode ficar com ele. Então, está escolhendo-o? Certo. Mas não creio que possamos mesmo continuar amigos. Não enquanto eu ainda tiver sentimentos por você. Talvez quando eu finalmente ter alguém, encontrar, eu possa retornar a você como o seu grande amigo.

–Gavin, por favor...

–Ally, somente me escute. Eu voltarei, está bem? Não é um adeus. Somente um até logo. Eu retornarei quando estiver pronto e quando tiver seguido em frente. Eu acho que só precisava ouvir da sua boca todas as palavras que eu sempre soube. É ele quem você quer. É esse Austin. É esse que você fala dormindo. Foi por conta dele que você obteve esse hábito de conversar com alguém durante o sono, eu consigo enxergar isso. É com o Austin que você sonha.

–Gavin. - profiro em voz alta. Meu tom não é gélido, ou irritado, ou raivoso, ou alguma coisa assim. Soa-me amigável. - Prometa-me que não a fará sofrer você voltará. Vai ser, sim, senhor, o amigo dela. Aquele amigo que ela tanta almeja ter de volta. Mas somente quando estiver pronto.

–Eu vou voltar, como eu disse. Mas você terá que me prometer que não irá fazê-la sofrer. - ele repete minha fala. Eu sorrio.

–Eu prometo.

–Certo, a cerimônia de casamento já terminou? Porque está parecendo uma conversa entre o pai da noiva e o noivo. - Ally revira os olhos e nós dois rimos. O clima tenso já não existe mais entre nós, e eu estou sentindo-me livre.

–Até mais, Ally. - uma lágrima cai dos olhos de Ally. Não é justo com ela.

–Até mais, Gavin. - os dois trocam um longo abraço, e eu não sinto nada diferente. Apenas uma vontade imensa de ser eu em seu lugar. Abraçá-la. Porém eu sei exatamente o que vem a seguir quando o vejo deixando a cozinha, a porta em seu devido lugar, para o jardim e logo em seguida a rua.

–Então... você é a noiva e eu sou o noivo? - brinco. Rimos.

–Eu acho que sim. - não paramos de rir. Eu a encaro, fascinado. Um sorriso ainda mais largo nasce em meu rosto, e eu a observo parar de rir, assim como eu, quando estamos nos aproximando mais.

–Se nós estamos em uma cerimônia de casamento, então eu farei também o papel do padre. - paramos a centímetros um do outro, os olhares fixos. - Há alguém contra esse casamento? Diga agora ou cale-se para sempre.– dou ênfase ao Para Sempre, fazendo-a abrir um sorriso novamente.

–Para sempre?

–Ou até o divórcio pedido pela noiva.

–Eu não faria isso.

–Então, pode beijar a noiva. - digo em alto e bom som, porém somente para nós dois ouvirmos. Sorrimos e nos aproximamos mais, até que, enfim, a distância já não existe mais.

E foi o melhor beijo que nós já trocamos algum dia. O beijo tão doce que eu ansiei.

–Ally, eu... - começo, e eu realmente quero dizer que a amo. Entretanto, Ally me corta.

–Shh. - e nós iniciamos outro beijo doce, calmo e sereno. Desse modo, meu único desejo de Natal é que esse momento seja perene.


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Notas finais do capítulo

Eu gostei, tipo, muito desse capítulo, embora esteja muito grande. Mas não achei justo dividi-lo em duas partes, não acham?! Comentem :3
—CHC



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