FEVEREIRO

As semanas passavam cada vez mais rápido e o dia do meu casamento se aproximava. Felipe me ligou constantemente nas duas semanas seguintes até que desistiu. Toda vez que o telefone tocava meu coração se apertava e eu voltava a chorar.

Neste mês finalizamos todos os preparativos do casamento, por esse motivo fui obrigada a passar muito tempo com Miguel e agora estávamos razoavelmente bem como amigos.

Era cada dia mais difícil não pensar em Felipe. Um dia ele veio jantar em casa e eu fingi uma enxaqueca para não ser obrigada a vê-lo.

MARÇO

Hoje era a festa de aniversário de Felipe. Tentei arrumar uma desculpa para não comparecer, mas meus pais fizeram questão da minha presença.(http://www.polyvore.com/cgi/set?.locale=pt-br&id=171621513) Me sentei em uma mesa com meus pais e logo ele apareceu para nos cumprimentar:

–Olá senhor e senhora Depuleto. É um prazer vê-los aqui. - Ele olhou para mim. Me levantei.- Milena, você está linda como sempre. - Ele me abraçou e sussurrou no meu ouvido. - Eu realmente preciso falar com você.

–Você sabe que não podemos. - Sussurrei de volta.

–Por favor. Venha comigo. Eu não quero ter que te obrigar a ao menos me escutar. - Segurei em seu braço e fomos em direção a pista de dança.

Não paramos na pista para dançar. Atravessamos todas aquelas pessoas apenas para despistar meus pais e cruzamos todo o salão até uma pequena varanda que havia no fundo bem escondida. Depois de alguns segundos de silêncio ele começou a falar:

–Quantas vezes eu terei que dizer que eu te amo pra você entender que eu não estou brincando? Eu sei que você se afastou para que eu não sofresse, mas eu estou sofrendo ainda mais assim. Se você disser que não me ama olhando nos meus olhos eu juro que sumo da sua frente e você nunca mais terá que me ver na sua vida. Mas se não conseguir, eu vou continuar ligando, te perturbando e aparecendo sempre que possível. Eu nunca conseguiria ficar longe sabendo que nós temos algo que poucos conseguem e você está querendo desperdiçar. Então olhe nos meus olhos e diga que não me ama.

–Você sabe que eu não consigo. - O encarei. Ele sorriu e seus olhos brilharam por um segundo. - Eu te amo e essas semanas foram pior do que qualquer castigo para mim. - Ele se aproximou e eu coloquei a mão sobre seu peito. - Aqui não. Eu não quero arriscar que meus pais ou os seus nos vejam. Amanhã eu passo na sua casa e comemoramos seu aniversário só nós dois.

O restante da festa foi tranquilo.

***

Na manhã seguinte acordei e fui direto para o apartamento de Felipe. Ele abriu a porta sorrindo e eu pulei em seu colo:

–Feliz aniversário, meu amor. - Disse a ele e dei um selinho.

–Senti sua falta, princesa. - Ele fechou a porta atrás de si e fomos até seu quarto.

***Três semanas depois.***

Eu encarava o pequeno objeto em minhas mãos aguardando o tempo indicado nas instruções. Cada segundo parecia eterno e essa eternidade não parecia ter fim. Estava sozinha em casa quando o desespero me atingiu.

Eu amava Felipe de todo o meu coração, mas não sabia se estava pronta para o que vinha a seguir. Era muita responsabilidade e isso não podia acontecer comigo naquelas circunstancias. Não faltando apenas duas semanas para o meu casamento com Miguel.

Era agonizante e eu ficava mais e mais nervosa a cada segundo que passava. Quando a eternidade acabou eu não sabia se ficava triste, desesperada ou feliz com o que tinha visto.

Não sabia o que fazer. Não sabia se omitia o fato ou se contava para Felipe para decidirmos o que fazer. Eu poderia facilmente omitir o fato e dizer a todos algumas semanas depois do casamento. Dessa forma a história faria sentido, mas o meu relacionamento com Felipe provavelmente nunca mais seria cogitado por ele. Se eu contasse seria um desastre. Ele provavelmente me largaria por conta do medo e eu estaria sozinha e infeliz nisso tudo.

NÃO… Felipe não era assim. Decidi que iria contar para ele, mas não podia contar por telefone. Coloquei o pequeno objeto em minha bolsa e fui para o apartamento dele. Bati na porta. Ninguém respondeu.

Peguei a chave e abri a porta. Me deparei com uma cena que eu não esperava. Sophia e Felipe sentados, rindo. Aquilo me abalou. Ele olhou para mim e se assustou por um segundo. Quando ele se levantou eu me virei de costas saindo de sua casa:

–Desculpe, eu não quis atrapalhar. Esqueça, Felipe. Quem sabe não nos falamos outra hora. - Disse eu já chegando a porta.

–Milena, você não atrapalha. - Disse ele me segurando. - Estávamos apenas fazendo um trabalho.

–E nós já acabamos. Obrigada, Felipe. Tchau, Milena. Foi um prazer. - Disse a linda garota de cabelos loiros. Ela saiu do apartamento.

–Eu passei só pra te ver. Desculpa atrapalhar. - Disse saindo novamente.

–Você não consegue mentir para mim. Eu te conheço melhor do que qualquer um, lembra? - Disse Felipe. - O que aconteceu? - Respirei fundo antes de responder.

–Eu estou grávida. - Disse tirando o pequeno teste de gravidez de minha bolsa e mostrando a ele.