DEZEMBRO

E assim o ano mais confuso da minha vida terminava. Eu estava viajando com meus pais e a família de Miguel na praia para o final do ano. O natal foi tranquilo. Eu passei as primeiras horas do dia com Felipe, a tarde me arrumei e a noite aconteceu a grande festa de natal da família Depuleto. No dia seguinte viajamos junto a família de Miguel. Os últimos dias passaram rápido e o ano estava chegando ao fim.

Doía pensar que eu não teria mais meus amigos, que minha vida mudaria completamente, que eu iria me casar com alguém que eu não amo, que o homem que eu amava estava cada vez mais distante. Eu amava Felipe, mas não sabia o que fazer: Se ficássemos juntos iríamos sofrer e se ficássemos separados também.

Ele viajou com alguns colegas há duas semanas e pouco tinhamos nos falado desde que ele foi. Estava com medo de que ele tivesse encontrado alguém mais interessante e que possa ficar com ele ao mesmo tempo que eu gostaria que isso acontecesse pois assim apenas eu sofreria.

Eu o amava e disso ele não podia discordar. Eu só queria vê-lo feliz, mesmo que não fosse ao meu lado.

Meia-Noite. O ano em que a minha vida se transformaria havia chegado. Senti duas mãos na minha cintura:

–Dizem que dá sorte um beijo na virada do ano. E além disso temos que nos acostumar, pois faremos muito isso em público. - Me virei para responder.

–Miguel, eu não acho que… - Ele me interrompeu selando meus lábios nos dele.

–Esse é o nosso ano, Milena… Vamos nos casar. Não se esqueça disso. - E saiu sem ao menos me deixar falar.

JANEIRO

As férias passaram rapidamente. Neste último mês Felipe conseguiu dois dias de folga do trabalho e aproveitamos para ficar na casa dele juntos. Estávamos sentados no sofá procurando algo para assistir, mas minha mente não estava exatamente lá:

–E depois poderíamos ver algum que você queira. - Disse Felipe.

–É uma boa…

–E assim que acabasse poderíamos ir até a sua casa e contar para os seus pais que estamos juntos, eles iriam adorar. Concorda?

–Concordo sim, Felipe. - Ele riu me tirando dos meus devaneios.

–O que se passa por essa cabecinha linda neste momento? Você não está bem!

–Eu estava só pensando o que seria melhor pra você neste momento.

–O que quer dizer com isso, Milena? - Ele se levantou.

–Se ficarmos juntos, nós dois vamos sofrer por não estar exatamente juntos. Mas se nos afastarmos você poderá viver a sua vida em paz, sem mim para complicar tudo.

–Milena, entenda que eu te amo e nada vai mudar isso. Eu sei que é uma situação complicada, mas nós vamos passar por isso juntos.

–Eu não quero que você sofra por minha causa.

–Se eu sofrer será porque eu escolhi assim.

–Mas eu não quero que escolha errado, Felipe.

–Milena, não faça o que eu acho que está querendo fazer. Eu só quero você, ninguém mais importa.

–Eu não posso ser a culpada pelo seu sofrimento.

–Mas você não é, você é a culpada pela minha alegria. - Já estávamos os dois de pé nos encarando

–E que alegria é essa que somos obrigados a esconder de todo mundo? Eu sinto muito… Não dá mais pra continuar assim. - Fui em direção a porta e ele me abraçou por trás.

–Por favor, não faz isso comigo. Eu te amo. - Beijou meu pescoço. - Você me faz bem. - Me beijou novamente.

–Não faça tudo ainda mais complicado, você sabe que meu coração é e sempre será seu e é exatamente por isso que não posso fazer isso com você. Tire pelo menos um tempo pra pensar. É o começo de um novo ano e você merece pelo menos a escolha de recomeçar. - Peguei a minha bolsa e saí.

Assim que entrei em casa, corri para o meu quarto e me joguei na cama. Chorei por muitas horas. Eu não queria ter terminado com Felipe, mas seria melhor assim.