Jenny

Depois de eu ter rido um pouco do Mike e sugerido um tapa-olho (claro que ele vai ter que comprar lente, mas só disse pra zoar), me recompus e olhei para a arma que Valete deixou para trás. Andei até o revolver e peguei-o do chão, nunca peguei uma arma antes, é mais pesada do que aprece.

Jenny: Então... O que fazemos com isso?

Mike: Sei lá. Se quiser ficar com ela...

Jenny: Nem morta!

Mike: Tou brincando, he he. Acho que pode deixar nos trilhos pro próximo trem passar por cima.

Jenny: Pode ser.

Reparei Mike apertas os olhos e as mãos, seu rosto mostrava claramente que ele estava sentindo alguma coisa.

Jenny: Você está bem mesmo?

Mike: Tou sim, sério.

Suspirei. Está claro que ele não está, mas, como não quer dizer, não vou insistir. Verifiquei no relógio quanto tempo levaria pra passar o próximo trem e logo em seguida desci a plataforma e coloquei a arma sobre os trilhos.

Jenny: Eu até estranhei você não ter ficado bolado comigo... - falei enquanto voltava pra cima.

Não tinha como evitar a estranheza, achei que ele iria sutar, tipo, "Porra Jenny! Por que você não me contou?! Achei que éramos amigos!" Enfim, ele fez um expressão séria e disse:

Mike: Hum, admito que tou um pouco, mas não tinha como me preocupar com isso tendo um cara querendo nos matar.

Claro... Ele ás vezes até se faz de bom humor quando algo o frustra, mas como veio a oportunidade de se confessar logo, fazer o que.

Jenny: Ok, desculpa. Não acho que isso sirva de consolo, mas eu não queria falar pra alguém por que essa pessoa poderia ter problemas, na verdade, NÓS teriamos problemas.

Mike: É, vai que você está como Latro, tendo que sair correndo pra salvar o dia, eu quero me meter e você me prende num canto com sua teia e eu solto "Porra Jenny!" Pra todo mundo ouvir.

Jenny: Não sei se rio ou me sinto mal por ouvir essa ironia.

Mike: Pode rir. Foi uma piada. E... Eu disse que se tivesse no seu lugar faria o mesmo, né? Então deixa pra lá. Tudo isso está confuso de mais, de qualquer forma... Bom, sei lá onde vou comprar as lentes, mas sem elas não volto pra casa. Melhor no mínimo você ligar pros seus pais e avisar que está bem, se quiser ir comigo.

Jenny: Sei.

Peguei o meu celular e liguei pra casa. Se eu não consegui me matar, os meus pais que vão fazer isso por deixá-los preocupados.

Valete

Ok, posso ter perdido a minha arma, mas tenho uma extra, então não me preocupei em pegar de volta. Dane-se a garota ou o Joker, não tou nem aí! Se a Cartomante quer a grana daquele moleque, que mande o Rei de Paus!

Aquele arqueiro irá pagar pela morte da Dama. Até parece que a Cartomante conseguiria impedir minha vingança mandando o Ás nessa missão... Apenas perdeu mais uma carta, sua vadia!

–-- Umas horas antes ---

Me veio uma enorme frustração. A Cartomante me ordenou para terminar a parte da garota, e Ás a parte do garoto E O ARQUEIRO?! Eu insisti, mas ela simplesmente me ignorou. Qual é?! Por causa daquele filho da puta a Dama de Ouros está morta! EU quem devia acabar com a raça daquele desgraçado!

Bem, mas não tinha como ficar irritado com a Cartomante com isso ou discutir. Antes que cada um de nós partíssemos, fui atrás do Ás. Ele estava quase pronto pra seguir para sua missão, apenas estava vendo se não esqueceria certos itens extras fora sua espada.

Valete: Ás, quero falar contigo.

Ás: O que você quer? - ele revirou os olhos.

Valete: Me deixe terminar a missão da Dama. Nunca te pedi nada. E você sabe que em todos os séculos que coexistimos isso é verdade.

Ás: Hu, não. E não adianta tentar usar seu dom para conseguir isso. A Cartomante ordenou que eu não lhe entregasse a missão. Você pode controlar qualquer um com as palavras, seu tagarela, mas não pode contra a palavra da Cartomante.

A Cartomante ordenou isso?! Ele sorriu em deboche.

Ás: Francamente, essa missão você levaria pro lado pessoal. Vá cuidar da garota e não se meta no meu caminho.

Valete: Não, Ás, você quem não devia se meter no meu caminho.

Armei meu canivete e o ataquei, porém ele bloqueou com uma kunai que estava em sua mão. Afastei-me e tentei atacar novamente, porém ele apenas bloqueava. Claro, ele não vai querer usar seu dom pra me matar.

Valete: Seu covarde! Você se faz de durão, que se importa com nada, mas está com "medo" de me ferir e levar bronca da Cartomante! "Oh! Ás, como você é uma péssima Carta! Estou decepcionada com você!"

Ele se desconcentrou e consegui fazer um corte em seu braço. Claro! Ela mandou que ele não me cedesse a missão caso eu pedisse e não que simplesmente não seguisse tudo que eu dissesse. Terrível erro, Cartomante...

Consegui chutá-lo afastando de mim, mas acabei fazendo-o cair perto de sua espada. Ele a pegou e suspirei.

Valete: Arf... Claro que você vai querer usá-la pra me parar. Você não consegue fazer nada sem essa espada.

Ás: Cale. Essa. Boca. Se não corto sua língua fora!

Valete: Huhu. Ela mandou pra você não deixar que eu faça a missão da Dama, mas não disse pra não fazer nada que eu diga fora isso.

Pude perceber a tenção dele. Ás pressentiu que eu tramava algo e que usaria isso contra ele.

Valete: Com essa espada, morra.

Ele saiu da posição defensiva e fez um olhar vazio. Normalmente só uso o meu dom pra mexer com o psicológico e "indiretamente" ordenar algo, mas estou sem paciência pra inventar alguma coisa. Então que ele faça de uma vez o que eu digo, mesmo que não tenho nenhum motivo para isso. Ás posicionou a espada na direção de sua barriga e perfurou-se, com a espada atravessando seu corpo. Ainda tinha forças e fez uma segunda vez, para logo em seguida apenas ficar deitado no chão para sangrar até a morte.

Ao menos no tempo que ele morre, dará tempo para eu sair e fazer o que devo fazer antes que Rei de Paus perceba "uma Carta a menos".

–-- Alguns minutos depois - Rei de Paus ---

Eu já sabia que Valete ficou irritado por a Cartomante ter mandado Ás matar o Arqueiro e não ele, mas ele está envolvido emocionalmente com esse caso, ele não podia ir.

King: E agora? O que poderá ser feito quanto a isso? - falei pra Cartomante, após dar a notícia da morte de Ás, deixando óbvia a minha preocupação

Cartomante: Valete certamente irá atrás do Arqueiro... Ao menos, se o matar, não haverá problema, o Rei do crime quer todos da "Legião" Vermelha mortos. Onde ele está?

Concentrei-me nele para localizá-lo.

King: Ele não está indo na direção do Arqueiro, é pra outra direção. Parece que ele irá atrás da garota primeiro.

Cartomante: Ao menos cumprirá sua missão.

King: Não devi questioná-la, mas, está indiferente quanto a isso?

Cartomante: Claro que não, mas terei mais um aborrecimento para lidar. Além de uma nova carta de ouros precisaremos de uma de espadas! Estamos em queda livre...

Em todos os séculos de existência das cartas, nunca houve uma queda tão rápida assim por causa de uma encomenda.

Cartomante: Bem, lidaremos com o Valete depois. Já que Ás não poderá, por motivos óbvio, mate o garoto, filho do Demolidor. Quanto mais rápido acabarmos com isso melhor...

King: Sim senhora, mas, assim ficará sozinha.

Cartomante: tudo bem se você for rápido.

King: Certo...

Cartomante: Agora vá.

–-Agora--

Rei de Paus

O garoto virou-se me encarando, porém quando me viu sua expressão mudou levemente. Claro, ele esperava o Ás e não a mim.

Antony: Quem é você?

King: Sei que esperava se vingar do Ás de Espadas, mas alguém já fez isso por você - não faz diferença eu dar essa notícia ou não, a vida dele acaba agora coloquei os meus soco-inglês e o encarei, pronto para lutar- Eu sou o Rei de Paus e, dessa vez, nada impedirá sua morte, Devil.

Antony: Pode vir.