Maga, Bruxa ou Semideusa? - 2 escrita por Marina Leal


Capítulo 3
Capítulo 3 - Desajustada


Notas iniciais do capítulo

aqui está, desculpem a demora, beijos



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Enquanto descíamos as escadas pude ouvir sons de risos e conversas vindos do Grande Salão. Somente quando chegamos embaixo foi que notei que todos estavam acomodados em uma grande mesa em uma enorme varanda com vista para o Rio East e que o som vinha de lá.

Precisei de um segundo para perceber que todos os outros também haviam trocado as roupas do acampamento por pijamas de linho branco. Ou melhor, nem todos, havia um grupo claramente destacado com roupas pretas.

– Vou ter que ficar próxima a Amós meu bem, arrume um lugar e coma está bem? – Mamãe falou para mim quando chegamos e todos voltaram seus olhos para nós por alguns instantes.

– Tudo bem. – Falei olhando ao redor e procurando um lugar vazio enquanto ela se afastava.

Havia várias crianças ali, algumas bem mais novas que eu, outras da minha idade e muitos adolescentes.

Próximo à ponta da mesa eu pude ver Kevin e Fernanda discutindo acaloradamente, muitos ao redor deles pareciam indecisos se separavam ou não a briga.

Resolvi não me meter e continuei olhando ao redor, logo encontrei uma cadeira vazia, estava ao lado de uma das garotas que veio comigo do acampamento, eu sabia por que ela estava acompanhada de um cão enorme e com dentes afiados que não eram nenhum pouco convidativos, Linda havia chamado aquela espécie de quê mesmo? Ah sim, um cão infernal.

Infelizmente aquele era o único lugar disponível, acho que por motivos óbvios.

Sem ter outra opção mordi o lábio e fui até ela.

– Com licença? – Chamei mantendo uma distância segura do cão e ela se voltou para mim.

A garota era pálida e usava óculos escuros, seus cabelos castanhos caíam em ondas dos lados do rosto até a altura do queixo, tudo na garota gritava “frágil”, mas algo me dizia que era só aparência. Estimei que ela tivesse entre 14 ou 15 anos e como os outros usava um pijama de linho branco.

– Sim? – A voz dela era agradável e gentil.

– Eu posso sentar? – Perguntei insegura. – Quer dizer, ele não vai me morder nem nada do tipo?

A garota sorriu antes de responder.

– Antes de tudo, não é ele, é ela. Seu nome é Cérbera, Hades a deu para mim como animal de estimação, não se preocupe, pode sentar sim, ela não vai lhe fazer mal.

Fiquei chocada quando a garota fez carinho na cadela como se fosse um bichinho normal, como um gato ou um coelho.

Circundei devagar até a cadeira e sentei.

– Meu nome é Saeme, Saeme Utamazato. – Falou e estendeu a mão na minha direção.

Apertei a mão dela.

– Natália Vasconcelos. – Me apresentei, mas mantive meus olhos sobre o cão infernal sentado próximo a ela.

– Não tenha medo, ela sabe se comportar. Posso sentir pela tensão nos seus dedos que não confia nela. – Saeme falou calmamente.

– Desculpe, mas você disse que pode sentir que estou tensa, como assim? – Perguntei embora já desconfiasse da resposta.

Ela não pareceu irritada, apenas suspirou e tirou os óculos rapidamente revelando uma cor leitosa sobre os globos oculares antes de cobri-los novamente com as lentes escuras.

– Ah. – Murmurei sem graça. – Entendi, me desculpe por...

– Não se desculpe. – Ela cortou de repente sem parecer ofendida, apenas ansiosa para mudar de assunto. – É bom que coma, praticar magia não é fácil.

Olhei do prato vazio à minha frente para a grande quantidade de comida sobre a mesa e para os outros que já estavam comendo, dei de ombros e me servi, mas quando procurei um braseiro de bronze para fazer a oferenda aos deuses não encontrei.

Pai, eu tentei, mas prometo que quando estiver no acampamento vou pagar todas essas oferendas que não posso oferecer agora. Pensei e comecei a comer.

*****

Mamãe fez o possível para se manter o máximo de tempo perto de mim, mas parecia que sempre havia algo para fazer e ela era obrigada a se afastar, o que me deixava um tanto desconfortável.

Alguns dos meus colegas de acampamento vinham para perto e conversávamos por poucos minutos antes que eles tivessem que voltar ao treino.

Os caminhos divinos não podiam ser mais confusos, mas admito que eram interessantes, Liz havia me falado um pouco sobre como a mansão funcionava e os caminhos que cada mago seguia. Escolher um caminho era meio que adotar uma “mãe” ou um “pai” egípcio e seguir os passos dele, com direito a dons e outras coisas referente ao deus escolhido, quase a mesma coisa que ser um semideus, com a diferença que eu não seria filha do deus que eu me identificasse.

Carter, Sadie, Walt e Zia dividiram os magos e seguiram para salas diferentes. No primeiro momento fiquei com a turma de Carter, alguns meninos que seguiam Hórus e outros caminhos que nem me preocupei em perguntar quais eram, parecia haver uma boa mistura entre as idades.

– Pessoal. – Chamou Carter quando só havia cerca de quinze magos na quadra de basquete. – Hoje temos uma nova iniciada, Natália, pode vir aqui?

Ele olhou para mim, por um instante senti meu rosto corar, mas ergui a cabeça e caminhei até onde Carter me esperava. Quando parei do lado dele olhei para os rostos que me olhavam com uma mistura de curiosidade e ansiedade.

– Essa é Natália Vasconcelos, além de maga ela também é uma semideusa. Quero lembrar a vocês o que foi dito antes da chegada dela e dos membros do acampamento, quero que ela seja tratada como uma maga normal, afinal ela também é uma iniciada como cada um de vocês. – Alguns soltaram risinhos nervosos com essa frase, eu mesma tive que conter um sorriso para a ironia contida ali, mas Carter ignorou e continuou. – Ela ainda não escolheu um caminho divino, então não a confundam, deixem que escolha por conta própria. Alguma pergunta?

Um garoto ergueu a mão. Ele era bonito, o tipo que com certeza faria as irmãs de Linda babarem, tinha a pele pálida, olhos azuis e os cabelos não eram exatamente louros, mas claros, e mesmo com o pijama de linho dava para notar que ele era musculoso, estimei que tivesse 15 anos.

– Não Vitor, você ainda não pode desafiá-la para uma luta. – Carter falou antes que o garoto pudesse pronunciar algo.

Todos riram do beicinho que ele fez antes de dar de ombros e olhar para mim.

Ergui as sobrancelhas e ele sorriu como se achasse graça de alguma coisa.

– Certo, Natália pode voltar para lá. – Carter murmurou para mim e eu voltei para onde estava sentindo o olhar dos outros sobre mim. – Vamos começar. Natália por enquanto você só observa está bem? Pelo menos até que se decida por um caminho.

Concordei com a cabeça achando ótimo aquilo, afinal só possuía algum conhecimento com meu arco e não acreditava muito que os outros iniciados gostariam de levar uma flecha em qualquer parte do corpo que fosse.

A aula foi interessante e Carter foi me explicando algumas coisas que Liz não havia me dito durante o tempo que voltamos a frequentar a escola e treinamos por conta própria.

Alguns dos magos lançavam olhares de esguelha para mim, o que fiz o possível para ignorar.

– Essa aula se chama Problemas Mágicos I, é bem simples, eu proponho um problema e os iniciados precisam resolvê-lo com magia, quando conseguem estão liberados. – Carter explicou e eu fiquei surpresa, era meio estranho estudar magia dessa forma, mas como ele estava voltado para os outros não viu minha expressão. – Hoje vamos trabalhar com shabits, a tarefa é simples, cada um vai lutar contra um deles e destruí-lo usando magia canalizada ou apenas destruindo-o.

Reparei que ele olhou fixamente para um grupo de garotos que incluía o loiro chamado Vítor.

Quando ele deu o sinal todos se colocaram em suas posições de frente para um homem de argila, preciso descrever a chacina que foi feita aos montes de barro? Acredito que não. Imaginei que qualquer tipo de louça deveria ter pesadelos com aquele grupo de magos, pois a quantidade de cacos que ficou no chão era de deixar qualquer um de queixo caído.

Achei interessante que um casal de magos não deixou cacos e sim um pequeno monte poeira cinzenta sobre o chão, o mais curioso era o fato que eles usavam o pijama de linho preto, ao contrário dos outros.

– Que caminho será esse? – Me perguntei quando Carter dispensou a turma depois de todos terem resolvido o problema e sentindo que talvez nunca fosse me ajustar plenamente ali na mansão.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado, deixem reviews, beijos



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