Sou tirado de meus devaneios por um pacificador que me guia do prédio da justiça até a estação de trem. Lá estão muitos repórteres com suas câmeras, vejo de relance meu rosto no telão e me arrependo de ter chorado tanto. Me envergonho mais ainda, quando vejo Katniss, que ao contrário de mim, parece não ter chorado nada. Parece até estar entediada com tudo aquilo. Ficamos de pé em frente a porta do trem para nos fotografarem um pouco mais, e logo em seguida somos guiados a entrar no trem. A porta se fecha e o trem sai em disparada. A velocidade realmente me impressiona, pois pra quem sempre andou a pé, subir a bordo de um trem é realmente estranho. Chego até a me desequilibrar. Afinal a que velocidade isso deve estar, uns 400 quilômetros por hora?

Logo sou tirado do lado de Katniss e guiado por um corredor, por uma espécie de serviçal, até o que eu acho que será o meu quarto. Vejo Haymitch de relance indo em direção, ao que eu imagino ser o seu quarto. Eu não consigo esconder o quanto estou impressionado com esse trem. É tudo tão bonito, refinado, chique. Se um mero trem é assim, como será que são as coisas na capital? Meu quarto é na verdade uma suíte, e tudo o que eu imaginava que pudesse existir em termos de conforto, sem encontra ali. Vou direto para o banheiro, onde tomo um banho bem longo. A agua quente escorre pelo meu corpo, e por um segundo apenas, consigo esquecer a ocasião que me trouxe até aqui. Mas quando me lembro do real motivo, saio do banho, e visto uma roupa confortável, que encontro dentre as muitas que existem nas gavetas e saio. Consigo encontrar a sala de jantar e me sento, percebendo que sou o primeiro a chegar. Logo chegam Effie e Katniss. Percebo que ela tem um broche de tordo em sua camisa. Me pergunto porque ela estaria usando aquele broche.

— Onde está Haymitch? — pergunta Effie Trinket cantarolando como sempre.

— Da útlima vez que eu o vi, ele disse que ia tirar uma soneca — respondi.

— Bem, foi um dia exaustivo — Effie Trinket fala.

Katniss senta ao meu lado, e uma felicidade instantânea surge dentro de mim. O jantar vem, e com tanta abundancia em comidas eu me descontrolo e como até mais do que posso aguentar. Katniss também. Afinal, acho que ambos nunca vimos tanta fartura assim.

— Pelo menos vocês dois tem boas maneiras — Effie falou enquanto terminavamos o prato principal. — O par do ano passado comeu tudo com as mãos como dois selvagens. Perturbou completamente minha digestão.

Vejo que aquele comentário desnecessário perturbou Katniss, que começou a comer com a mão, limpando-as depois na toalha. Eu quis rir, mas fiquei com medo da reação de Effie que parecia estar à beira de um colapso.

Depois da refeição, somos obrigados a assistir o recaptulamento das colheitas. Examino os “tributos” um a um, achando impossível eu ser capaz de matar algum deles. Mas sabendo que terei que fazer, caso a hora chegue. Caso eu precise fazer isso por Katniss. Olho para ela, que está tão concentrada no vídeo, e me pego pensando se ela teria coragem de matar alguma daquelas crianças inocentes. Se ela teria coragem de me matar.