Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 6
Capitulo 6 - Eu arremesso um cristal.




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Depois de dormir tranquilamente por um tempo, tendo alguns pesadelos com monstros feitos de glitter e maquiagem rosa que me obrigavam a vestir aquelas roupas ridicúlas ---sonhos que tenho certeza que foram causados pelo ambiente coberto de glitter e maquiagem---, resolvi levantar, um milagre, já que é bastante complicado me fazer levantar da cama.

Olhei para o relógio rosa horrível que estava pendurado na estante. Ainda dava tempo de dar uma voltinha na biblioteca do Campo de Treinamento --- Eu simplesmente tenho uma terrível fascinação por por livros --- e ainda chegar á tempo da ultima aula.

Os corredores do local eram imensos. Paredes brancas e altas cobertas com quadros de molduras de ouro que deviam ser de pessoas importantes. Os lustres de cristal eram enormes e pareciam ligeiramente afiados, alguém realmente estaria ferrado se um lustre caísse abaixo.

Foi realmente difícil encontrar a biblioteca. Não tinha plaquinhas apontando : Siga á esquerda.

Me perdi uma centena de vezes. Aquele lugar tinha mais portas do que a "casinha de campo" de Charlotte. Fui parar numa sala onde havia seres estranhos do tipo; seres mitológicos enjaulados e rosnando. Tenso. Depois fui parar num armário de limpeza onde havia uma ruiva familiar agarrando um pobre coitado... É, ela iria odiar se eu contasse para o irmãozinho dela... Mas primeiro preciso da biblioteca.

Aí finalmente encontrei a biblioteca. Ficava á centenas de metros do meu quarto tendo no caminho uma porção de escadarias e corredores.

O lugar tinha o cheiro normal de toda a biblioteca com bons livros. Um pouco de mofo misturado com poeira, isso geralmente indica livros bem antigos e de qualidade. Bem do jeito que gosto. Mesinhas pequenas estavam distribuídas pelo local e felizmente não tinha nenhuma velhinha chata que fala 'shh' supervisionando, devo supor que campos de treinamento de seres misticos tenham algum tipo de magia para manter as pessoas quietas.

O melhor era as prateleiras. Eram imensas e longas. Repletas de livros de variados tipos; grandes, pequenos, e velhos, todos eram velhos. Tenho certeza que lá havia livros com mais de quinhentos anos. O lugar estava tão empoeirado que dá até para acreditar que você é a primeira pessoa que entra lá desde alguns séculos atrás.

Fiquei caminhando entre as prateleiras até achar um livro que me agradasse.

Acabei tropeçando num livro, literalmente. O livro estava caído no chão, provavelmente caiu de uma prateleira . A capa era diferente, não tinha escritos em português, para falar a verdade, estava em grego.

Quando era mais nova eu estudei um pouco de grego. Sei falar o básico e escrever o básico. Mas aquilo não era grego moderno, era grego antigo.

Mas quando abri o livro, estava em inglês. Bom, pelo menos assim eu posso ler.

" Diana" Era o título. " Este foi o nome de uma princesa da antiga Narnia que renegou esse titúlo. A primeira a faze-lo"

Logo abaixo contava a parte da história dela ; A invasão telmarina; O peregrino da alvorada. Aquilo era estranho, era exatamente a história contada pelos livros, só que nos livros não havia a presença de Diana, era como se alguém pegasse uma borracha e a apagasse da história.

–-- Achou o livro interessante?

Dei um pulo de susto.

Era só Ilithya. Ela estava com cara de professora que descobriu que o aluno matou aula, o que parte era verdade, por que eu tinha matado aula.

Ela tirou o livro da minhã mão e foi fecha-lo, mas quando reparou na página, soltou uma exclamação.

–-- Você lê grego antigo ?

–-- Ahn, não. Quando era mais nova estudei grego moderno, mas nunca tive a oportunidade de estudar o antigo, mas por que a pergunta ?

Ela virou o livro aberto na minha direção.

–-- Por que este livro está escrito em grego antigo.

–-- Claro que não, eu estava lendo ele apouco tempo --- Me levantei e fui na direção dela para mostrar as páginas. Mas ... mas as páginas estavam em outras letras. Aquilo era realmente grego antigo, tenho certeza, já vi em escrituras em paredes de templos em fotos.

Só tinha uma possibilidade para isso. Ela estava se vingando por eu ter matado aula e zoando da minha cara, isso é bem típico de amigos da minha mãe. Talvez tenha feito algum truque quando pegou o livro.

–-- Ahn, você fez algum truque de bruxa, quer se vingar por eu ter matado aula --- Falei --- Sinceramente não vou cair nessa.

Ela me olhou desconfiada.

–-- Quem me garante que quando me viu entrar você não pegou um livro qualquer e fingiu que estava lendo para tentar me enganar ? Conheço sua mãe, e se personalidade hereditária é real, isso seria um truque bem típico de vocês.

Simplesmente não acredito que ela está me acusando de fingir que estava lendo.

–-- Eu não estava fingindo que estava lendo.

Ela ergueu uma sobrancelha.

–-- Ótimo. Do que o livro falava, senhorita espertinha ?

Pisquei e ri.

–-- De Diana, a irmã de Caspian X, que foi apagada de todos os livros sobre Narnia. Mas falando nisso, por que ela foi apagada de todos os livros de Narnia ?

Ilithya ficou branca igual pó de giz. Pegou o livro e o revirou para ver se achava qualquer coisa em inglês. Por fim, desistiu quando não achou nada.

–-- Viu? Ficou duvidando de ...

–-- Sua mãe lhe ensinou grego antigo ? --- Ela interrompeu com a voz um tanto trêmula.

–-- Não, por que ?

Ela ficou mais pálida ainda e começou a murmurar em uma linguagem que eu desconhecia, provavelmente estava rezando. Bem, não entendo o drama disso tudo, podia ser alguma falha do livro, ou algum tipo de tradutor mágico excelente, sei lá.

–-- Não sei o que tem de tão dramático nisso, mas você reparou que fiz uma pergunta?

–-- O que você me perguntou ?

–-- Por que Diana foi apagada de todas as histórias sobre Narnia.

Ilithya pareceu realmente grata pelo desvio de assunto. Colocou o livro numa prateleira, puxou uma cadeira e me encarou com o olhar típico de professores de história.

–-- Eu mencionei certa vez que escritores são pessoas com uma ligação muito forte com esse mundo e são influenciados a escrever coisas que aconteceram para os mortais de modo que não nos afete. Lewis, o escritor das crônicas de Narnia, foi um caso especial. Ele era filho de Susana Pevensie, a sua mãe lhe pediu para jamais escrever sobre Diana, apaga-la de tudo como se jamais estivesse existido.

–-- Por que isso.

–-- Por que Diana destruiu Narnia.

Depois da nossa conversa, Ilithya me deu o sermão da montanha sobre não matar aulas e me levou para a sala de aula, que segundo ela, dava tempo de eu aprender algo até o final do dia.

A sala de aula era uma das salas imensas daquele lugar, coberta de metais dourados e pedras suspeitosamente parecida com diamantes cravejadas no mármore da sala. Se vendesse todos aqueles metais daria para alimentar toda a Africa.

Várias garotas e garotos na faixa da minha idade estavam em fila ao redor de um pequeno cristal, cada um que chegava perto dele e fazia um gesto com a mão o fazia levitar, com alguns subia mais alto e com outros mal produzia efeito. Damien estava no meio da fila e acenou para mim. Fui até ele, já que ele era o único em que eu conhecia mais ou menos naquele lugar.

–-- É para fazer o que ? --- Perguntei.

–-- Isso é um tipo de teste, de acordo com a capacidade o cristal levita.

Então chegou a vez dele. O garoto ficou concentrado e moveu as mãos. Inesperadamente o cristal levitou e uma aura vermelha brilhou no formato de um falcão.

–-- Excelente, Damien. --- Gritou Ilithya do fundo da sala enquanto tentava fechar um portal aberto por uma aluna descuidada.

Então finalmente chegou minha vez.

Fiquei parada encarando o cristal. Visualizei ele levitando com o máximo de concentração que eu podia. Nada, nem moveu um milimetro. Aquilo realmente me decepcionou.

–-- Tente usar as mãos --- Sugeriu Ilithya fazendo um gesto subindo com as mãos.

Repeti aquele gesto. Nada. Tentei me concentrar novamente, só que dessa vez imaginei algo puxando o cristal. Não funcionou. Nenhum mínimo movimento.

Perdi as contas dos minutos em que fiquei tentando fazer aquele maldito cristal levantar. Podia ouvir atrás de mim algumas meninas histéricas rindo igual gralhas e comentando :

–-- Essa é a filha de Elayne Caudermoon, aquela que foi uma das feiticeiras mais poderosas dessa era? Não consegue nem fazer um cristalzinho levitar. Pobrezinha, até eu consigo mais do que isso,

Ao ouvir isso eu senti uma subita vontade de jogar o cristal na cara daquela gralha.

Se isso fosse um filme, ao eu sentir raiva o cristal iria subir para o alto e impressionaria todos. Mas não, minha vida não é um filme. O cristal não se moveu.

–-- Christine você está ai há muto tempo --- Falou Ilithya com aquele ar de professora que percebeu que o aluno não é muito bom ( No meu caso, péssima) na matéria --- Talvez seus dons ainda não estejam prontos ain...

Não ouvi o restante da frase, estava no auge da raiva. Qual utilidade de levitar cristais? Nenhuma, com a minha mão eu bem que posso pegar ele e arremessar numa gralha histerica sem a necessidade de nenhuma magia. Bem, e foi isso que fiz.

Argh ! a gralha exclamou quando um cristal aterrissou na cara dela.

Não nego, foi uma cena hilária. Todos na sala prenderam a respiração e me encararam.

–-- O que foi ?--- Perguntei com cara de anjinho.

–-- Nada –-- Disse Ilithya irônica.

Eu estava numa sala com vinte alunos, uma com olho roxo devido a um cristal voador e uma professora irritada. Uma atmosfera não muito simpática, na minha opinião.

–-- Bom, eu estou me sentindo com dor de cabeça e ânsia Ahn, acho que essa concentração toda me fez mal. Vou ir para o meu quarto antes que eu vomite aqui... ---Falei indo para a porta --- Bem, bye bye para vocês.

Falem a verdade, foi uma excelente desculpa não ?

Eu não estava com ânsia e nem dor de cabeça, mas realmente estava me sentindo mal. Mal, não, estava me sentindo inútil, um fracasso. Era até irônico, afinal, minha mãe, uma das feiticeiras mais poderosas ter uma filha que não consegue levitar nem um mero cristalzinho.

Entrei no meu quarto batendo a porta e soquei a parede. Um hábito bastante desagradável, mas funciona para aliviar a raiva muito bem. Tenho os ossos mãos bastante resistentes, isso me ajudava muito para dar socos em campeonatos.

Pela primeira vez me arrependi de não ter trazido meu saco de pancadas, a parede não era nem um pouco macia.

Arranjei uns gelos no mini freezer do quarto --- Não me pergunte por que uma vampira ruiva louca via ter um mini freezer no quarto, talvez seja para fazer picolé de sangue, eca! --- e coloquei na mão, que por acaso estava vermelha. Bem, pode se considerar que a parede venceu essa luta.

Estava prestes a me jogar na minha cama. Mas tinha alguém lá, e não era a Cachinhos Dourados.

Havia um vampiro esparramado sobre os meus lençois e com a cara no meu travesseiro. E só para constar, ele estava na minha cama.

Aí chega o momento em que a minha paciência de dissolve.

–-- ALECXANDER KROELL, SAIA JÁ DA MINHA CAMA !

Incrivelmente, após o meu grito a criatura só se mexeu e murmurou alguma coisa.

Até agora meu dia estava sendo esplêndido :A humilhação com o maldito cristal e agora esse vampiro dormindo na minha linda cama. De fato, não estou com paciência.

Peguei um travesseiro e bati na cara dele.

Ele ergueu o lençol e murmurou :

–--- Nessa me deixe dormir...

E ainda para melhorar o meu excelente humor e ele me confundi com a irmãzinha dele. Ah deuses dai-me paciência por que se me dai-me força eu mato um vampiro hoje.

Segurei o travesseiro com mais força e bati nele. É uma sensação maravilhosa surrar um vampiro com um travesseiro. É excelente para descarregar a raiva. Como ele não acordou na primeira batida continuei batendo até o travesseiro destruído.

Foi uma experiência maravilhosa. Só que ele acordou quando destruí o segundo travesseiro, que por acaso era o travesseiro de penas de ganso favorito de Vanessa.

Ele piscou e abriu os olhos devagar. Olhando desse jeito ele até parecia um anjninho acabando de despertar, é claro, se ele não estivesse na minha cama e eu não o conhecesse.

–-- Por que eu estou com penas de ganso ? E por que você está segurando um travesseiro como fosse uma metralhadora ---- Ele perguntou ainda meio atordoado

Abaixei o travesseiro e respirei fundo, para logo em seguida bater o travesseiro nele com mais impacto.

–-- Saía desse quarto agora --- Falei.

Ele me olhou com aquele ar sínico irritante.

–-- Não. Aqui é o quarto da minha irmã entro quando quiser.

–--- A cama é minha. Saí daí agora.

Ele sorriu com aquele ar irônico detestavél , o que provavelmente faria Layla desmaiar.

–--- Pode-se considerar que essa cama é minha antes de ser sua. Antes de você vir aqui, esse era o lugar em que eu ficava para matar aula.

–-- Bom, pelo menos não sou só eu que mato aula ---- Disse e bati o travesseiro nele novamente.

Acho que eu estava fazendo um bom trabalho batendo no vampiro irritante com o travesseiro por que a cama rangeu e estremeceu. É, claro, fui esperta. Pulei para longe da beliche antes que caísse.

Clac. E com um rangido nauseante as madeiras que sustentava a cama superior da beliche se partiram de uma forma quase que teatral.

Por um leve momento pensei que aquele vampirinho irritante ainda estava na cama. Se fosse assim era melhor ligar para a ambulância por que a cama de transformou em um monte de madeira quebrada.

–--- Nessa vai tentar te matar ----Alguém falou atrás de mim.

Pela primeira vez na minha vida concordei com Alec Kroell. O quarto estava realmente horrível. Coberto de penas de ganso e espuma de travesseiro, isso sem mencionar o estrago da beliche e as madeiras que voaram no estojos de maquiagens.

É, essa noite vai ter uma vampira louca tentando me assassinar.

–--- Miau ?

Olhei para baixo e vi uma pequena gata de olhos azuis. Idia. Ela continuava idêntica á ultima vez que a vi, uma gata adulta pequena, do tamanho de um filhote, porém adulta, tenho certeza por que ela está comigo á mais de cinco anos. Os olhos azuis continuavam observadores e inquietos.

–-- Ah, quer saber vou embora. Pode ficar com a cama.

Parte da saída súbita era por causa da confusão da beliche. Outra parte era por Idia. Ele odeia gatos, não, odeia não é a melhor palavra, bem, ele morre de medo de gatos. Nunca descobri a causa disso, mas só sei que é aproximar uma gato dele que ele dá um pulo de quase seis metros. Chega até ser hilário, quando eu era pequena adorava provoca-lo jogando a Idia encima dele.

–--- Vai sair, já ? Nem vai dar oi para a Idia... que falta de educação ---- Peguei a gata no colo e me aproximei dele.

Efeito imediato. Ele saiu do meu quarto no mesmo instante.

Me sentei na cama de Vanessa com Idia no colo. Era estranho a gata aparecer do nada. Tinha certeza que minha mãe não a trouxe aqui junto comigo. Ah, mas tanto faz, só importa que essa gatinha irritantemente linda está junto de mim novamente.

–--- Chris! O que aconteceu aqui?

Era Layla, ela estava na porta com uma expressão chocada. Não posso culpa-la, teria a mesma reação se visse um quarto igual esse.

–--- Longa história envolvendo um vam,piro preguiçoso dormindo na minha cama, travesseiro não muito resistentes e uma beliche fraca.

Layla não perguntou nada. Tenho certeza que depois de cinco anos convivendo comigo ela já se acostumou com situações um tanto... estranhas.

–--- Alec esteve aqui ? --- Ela perguntou farejando o ar.

Nem adianta mentir Lala consegue sentir cheiro de garotos no ar.

–--- Sim, e por acaso ele estava dormindo na minha cama. Aquele vampiro ousado.

Layla teve uma reação estranha. Começou a remexer na pilha de madeiras até achar meu travesseiro. Então ela enfiou a cara no travesseiro e respirou.

–--- Ahn, ele tem um cheiro tão bom --- Ela falou com a cara enfiada no travesseiro.

Eu fiquei encarando ela por uns dois minutos. Essa criatura está mais estranha que o normal, só digo isso.

–-- Er... você viu o a aula do cristal ? --- Perguntei para desviar o assunto e fazer ela tirar a cara do travesseiro.

Ela tirou a cara do travesseiro, mas permaneceu abraçada á ele, o que era tenso. Vocês tem a miníma noção como isso dificulta ter uma conversa séria sobre cristais que não flutuam sem ligar para um manicômio?

–--- Não, mas ouvi. Damien me contou. Ilithya dividiu a sala em dois grupos, eu estava em outra sala. Damien falou que o cristal não flutuava com você e uma garota começou a rir e você jogou o cristal nela. Queria ter visto isso. Qual foi a reação dela ?

Nem tive tempo de responder. A porta abriu e um furação ruivo histérico berrou alto suficiente para estourar meus tímpanos.

–--- O QUE VOCÊS FIZERAM COM MEU QUARTO.


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