Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 5
Capitulo 5 - Ovos voadores... Lembranças... E Presidente Au-au.




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Estava tão tarde --- Por volta das duas da manhã --- que Ilithya cancelou o tour pelo salão e nós levou direto para o nosso quarto. Segundo ela o quarto também era de outra menina, que não estava no momento --- E por coincidência, a janela do quarto esta suspeitosamente aberta. Dava para ver que o quarto era bastante amplo e com bastante moveis, e o mais importante : Tinha três camas enormes.

É, cheguei no paraíso de Hipnos --- O deus do sono para quem não sabe.

Nem acendi luz e nem olhei ao ambiente ao redor. Só pulei em uma das camas e dormi igual pedra.

&

Quando acordei, descobri que cheguei no inferno.

Você deve estar se perguntando como uma boa noite de sono se transforma no inferno ? Bem, eu respondo : É quando o quarto o onde você julgou o paraíso de Hipnos é completamente rosa. Não sei o que você pensa de completamente rosa, mas eu posso descrever : Paredes rosas pink, camas com lençois rosa bebê, Guarda roupas de madeira rosa. Tudo, até o lustre, de várias tonalidades de rosa.

Quase gritei, mas ainda tenho reputação a zelar.

Agora você está se perguntando por que eu tenho preconceito com a cor rosa, tenho certeza. Bem, é uma história bastante inconivente que se resume em ficar uma semana com dentes pink's por causa de um moleque infeliz.

–-- Você parece que vai enfartar --- Notou Layla.

–-- Vou enfartar mesmo.

Layla riu.

–-- Você ainda tem traumas dessa cor? Isso foi á tanto tempo, tínhamos doze anos. Aquilo foi tão engraçado.

Rosnei e ela calou a boca.

Minha segunda preocupação foi achar uma roupa decente. É isso mesmo que digo, decente. Assim que abri o guarda- roupa da cabum. Caiu um quilo de maquiagem e glitter na minha cara. Ahn, ainda não mencionei as roupas, mas só para informar : Elas são incrivelmente curtas, rosas e com gliter.

Esse é momento em que me arrependo de não ter trazido minhas roupas nessa viagem maluca.

–-- Vamos logo, temos que ir pro refeitório para o café da manhã ! --- Apressou Layla.

Para ela é fácil, era exatamente o tipo de roupa que ela gostava. Foi a primeira vez na minha vida em que eu fiquei quase uma hora para escolher um roupa para vestir no café da manhã.

Finalmente surgiu um milagre e no fundo do guarda roupa tinha uma roupa de ser humano.

&

–-- O que você tá achando? --- Layla perguntou enquanto segurava a bandeja para sentar numa mesa.

–-- Lugar espaçoso, seres estranhos que parecem humanos em todos os sentidos, e sinceramente espero que a comida seja boa.

Eu simplesmente tenho um bom método de definir um refeitorio de seres místicos. O lugar até que era agradável. Com mesas de mármore que me faziam lembrar do reifeitorio do acampamento meio-sangue e comidas normais, nada de sangue ou olhos cozidos. Bom sinal.

Já por preferência fui na mesa mais fazia. Lá só tinha dois meninos e uma garota. Uma menina de cabelos dourados e feições angelicais, só de vê-la deu para perceber que era o tipo de pessoa meiga e romântica, muito frágil na minha opinião, mas simpática. Um dos garotos que estava sentado do lado da menina era magro e ligeiramente baixo, tinha olhos verdes e sobrancelhas arqueadas, o tipo de pessoa que faz piada com tudo. O outro era um pouco bronzeado e tinha cabelos castanho claros, e me parecia um tanto tímido.

Já avisei que tenho a mania irritante de analisar todos e tudo ?

–-- Oi, podemos sentar ? --- Layla perguntou com a típica educação dela, embora eu ache que isso é meio idiota. Eles não são donos da mesa então por que perguntar.

A menina loira sorriu.

–-- Claro que podem. Meu nome é Mary --- Ela apontou para o garoto de olhos verdes --- Esse com cara de elfo é Sam, e ele -- Apontou para o outro --- E ele é Damien.

Ela era um tanto eufórica para apresentações.

Sam fez cara feia.

–-- Eu não tenho cara de elfo.

–-- Você é um elfo e não quer ter cara de elfo, quer algo impossível então --- Disse Damien.

Então a agradável conversa sobre a cara de elfo de Sam foi interrompida pela chegada de uma garota coberta de glitter e de um garoto de olhos negros.

Ambos eram estranhamente familiares. A garota era ruiva, antes provavelmente tinha o cabelo castanho claro, mas agora estava tingido de um tom gritante de vermelho, tinha sardas e olhos cinzentos, e pela roupa de gliter e curta descobri que ela devia ser minha colega de quarto. O garoto tinha os traços do rosto suaves e inconfundivéis olhos e cabelos negros, a pele era bem branca e ele tinha algo levemente irônico no sorriso.

Então me lembrei.

Ahn, não é possível que essas pestes me persigam até aqui.

Era uma lembrança um tanto distante, tinha doze anos. Dois irmãos irritantes. Uma menina metida e insuportável. Um garotinho irritante que já aprontou muito comigo --- Dentes rosas por exemplo --- e que já me vinguei várias vezes, a paixonite secreta de Layla.

Alec e Vanessa Kroell.

–-- Ahn isso só pode ser piada --- Murmurei assim que olhei para eles.

Sam sorriu igual um elfo fanático.

–-- Você os conhece ?

Pela cara dos dois eles também reconheceram eu e Layla. Sorri angelicalmente para eles.

Por um momento lembrei da primeira vez que vi eles, há quatro anos atrás.

Flashback.

Christine adoraria ter a oportunidade de estrangular o cachorro dos Kroell. E se viesse de brinde matar Alec e Vanessa junto, ela daria pulinhos de alegria. Bem, pulinhos é exagero. Mas ela ficaria bastante satisfeito.

A culpa era de Charlotte. Por que ela simplesmente não ignorou as batidas nas enormes portas da casa? Ela bem que poderia te-los deixado lá, apodrecendo na chuva. Os dois, mais o maldito cachorro. Ela poderia não poderia? Teria sido tão melhor para todos. Mas nããããoooo! Tinha que baixar nela, naquele exato momento, o espírito do bom samaritano. Vamos acolher todos! Dar o nosso café da manhã de bom grado e ceder a nossa torta de morango com um sorriso no rosto! Que feliz!

Estava tudo relativamente tranquilo antes do apocalipse em forma de família chegar. Era um desses encontros de amigos de infância da sua mãe, em que eles ficavam falando da vida alheia e do passado. O café estava com gosto de terra e açúcar como sempre (Christine nunca iria entender como é que existia gente gostava daquilo.) mas em compensação a torta de morango estava maravilhosa.

Christine já estava no seu terceiro pedaço de torta quando as batidas do fim do mundo começaram. Insistentes e fortes. TUM, TUM, TUM! Mais uma mordida, depois eu vou ver quem é.Pensou levando o pedaço a boca.

"Christine , vá abrir a porta." Charlotte ordenou sem levantar os olhos da carta que ela escrevia. Só mais uma mordida que eu... TUM, TUM, TUM!, seu pensamento foi interrompido.

"Christine, vá abrir a porta." Ela disse outra vez.Charlotte era uma mulher baixinha, de cabelos pretos e olhos azuis inteligentes. Dessa vez a reunião do passado, como Christine chamava, era na casa dela.

"Já estou indo." Respondeu com a boca cheia e a faca na mão. Hum... Presente do Céu. Mais um pedacinho... TUM, TUM, TUM!

"Christine, a porta!" Dessa vez Charlotte olhou para ela

"Ela pode esperar." Pelos deyuses! Que delícia de torta. Eu tenho que... TUM, TUM, TUM!

"Christine !" Kate ralhou.

"Vá abrir a porta..." Layla , murmurou concentrada em cortar seu pudim em três pedaços iguais. TUM, TUM, TUM!

"A porta." Henry resmungou tomando um gole de seu chá.

TUM, TUM, TUM!

"A PORTA CHRISTINE" Todos gritaram.

"Ovos?" Henry disse.

"Que ovos?" Chrisitine virou-se para ele.

"Vocês não estão falando de ovos?"

"Não, não estamos," TUM, TUM, TUM! "Mas bem que poderíamos dialogar seriamente sobre eles."

"VÁ ATENDER A PORTA CHRISTINE"

"Podemos mesmo?" Henry parecia extremamente animado. Christine se inclinou para ele, sobre a mesa. TUM, TUM, TUM!

"Oh, claro! Qual é o seu preferido? Eu sinceramente tenho uma paixão pelos mexidos que..."

"CHRISTINE MAUREEM CAUDERMOON, LEVANTE DA SUA CADEIRA AGORA E VÁ ATENDER A PORTA ANTES QUE EU JOGUE UM OVO NA SUA CABEÇA!!" Charlotte havia se levantado com um garfo na mão, e o apontava ameaçadoramente na direção de Christine.

De todos os amigos da sua mãe, Charlotte era a que menos aturava ela.

Ela sorriu diante da ameaça dela. "Você não teria coragem."

TUM, TUM, TUM!

Charlotte cravou o garfo em um dos ovos fritos do prato e apontou para Christine. O garota pegou uma maçã e se empoleirou na cadeira, desafiando-a.

"O ovo não!" Henry implorou se levantando também com as mãos na cabeça.

"Charlotte, não se iguale a Chris. Christine, vá abrir a porta." Layla tentou mediar entre os dois. Como sempre acontecia quando Christine e Charlotte começavam a brigar.

"Eu convivo com loucos." disse Kate ,que não havia se mexido um milimetro, disse com cara de tédio. TUM, TUM, TUM!

"A porta Christine." Ela brandiu o garfo na direção dela. O ovo ameaçou cair.

"Pobre ovo..." Henry gemia, incosolável. TUM, TUM, TUM!

"Eu vou contar até três." Charlotte ameaçou.

"E eu até cem. Você não vai joga-lo." Ela instigou. Uma ideia se formando na sua mente. Vai ser hilário, pensou.

"Um..."

"O ovo..." Henry sentou-se desolado, olhando fixamente para a figura que pendia.

Christine se moveu de costas avançando devagar na direção da porta. Charlotte a acompanhou arrodiando a mesa e o seguindo com o garfo e o ovo.

"Eu duvido você ter coragem." TUM, TUM, TUM! Mais cinco passos e ela estaria na porta.

"Dois..."

O corpo de Christine tremeu quando suas costas encostaram na porta que balançava por conta das batidas.

"Abra Chris." Layla avisou cautelosa, alternando o olhar entre Charlotte, Christine e o ovo.

"Três!" Charlotte lançou o ovo em um arco perfeito, que ia para direto na cabeça de Christine.

"Como quiser." Ela abriu a porta saindo do caminho do ovo voador.

"Até que enfim resolveram..." Plaft! O ovo aterrissou na cara da menina que estava falando irritadamente.

Christine explodiu em uma gargalhada incontrolável. O rosto do garota não era mais reconhecivel graças ao enorme ovo frito colado nele, mas mesmo com o ovo colado na cara ela continuava a segurar um pequeno chihuahua firmemente . O fato dela estar completamente encharcada ajudou na adesão do ovo. Um outro menino de cabelo preto estava perto da menina riu instantaneamente.

Charlotte demorou dois segundos para perceber as boas vindas deliciosas que tinha dado á visitante. Christine se dobrava de tanto rir. Sua barriga começando a doer, e seus olhos a lacrimejar. Houve um arrastar de cadeiras e passos apressados enquanto Charlotte corria até a menina para ajuda-la a desapregar o ovo da cara.

"Oh! Por favor me desculpe! Eu não queria..." Ela começou se aproximando da garota e começando a ajuda-la. Ela livrou-se da mão dela com um safanão.

"É assim que vocês recebem suas visitas?" Ela disse mal-humorado, finalmente desgrudando o ovo do rosto. "Sei que é hora do café da manhã, mas não precisava tentar me fazer engolir um ovo logo de cara. Espere eu pelo menos me sentar."

Christine caiu no chão de tanto rir. Literalmente rolava de divertimento.

"Por favor, me perdoe. Eu não tive a intenção de acertá-la." Charlotte parecia quase desesperada para obter uma desculpa.

"Então vocês atiram ovos em portas por pura diversão?" O menino parecia realmente espantado.

"Não! Eu queria acertar ela..." Ela virou-se para fuzilar uma Christine rolante que morria de rir. "Já chega Christine ."

Ela parou devagar e virou-se na direção dela. Assim que viu o garota do ovo com um pedaço de gema no cabelo molhado a gargalhada voltou com força total. O ovo em combinação com a roupa incrivelmente rosa e vulgar da garota a deixavam ainda mais patética.

"Ela é sempre assim?" O garoto perguntou, observando Christine com incredualidade.

"Sempre." Charlotte suspirou cansada. Atirar ovos não era para ela. "Mas por favor entrem. Saiam da chuva. Sophie!"
A garota apareceu correndo, mas parou ao ver Christine rolar no chão com as mãos apertando a barriga.

"Vá pegar toalhas para nossos convidados, sim?" Charlotte pediu. Sophie assentiu ainda encarando Christine l, mas correu para buscar o que lhe foi pedido.

"Gema... HAHAHAHAHA!" Christine riu apontando para a garota. Ela rapidamente passou a mão no cabelo tirando o pedaço de gema que grudara.

"Venham," Charlotte os encorajou a passar por Christine . "geralmente ela não morde."

§



"Christine ?" Charlotte chamou.

"Pois não?" Disse educadamente se virando para ela.

"Saia de cima da mesa."

Eles tinham voltado a tomar café. Ou ao menos, tentaram fazer isso. Layla , com algum milagre divino que jamais vai ser explicado, conseguira fazer Christine parar de rir e leva-la devagar até a mesa. Charlotte após se certificar que os três estavam bem secos (o cachorro inclusive) oferecera comida que eles aceitaram de bom grado. Depois das apresentações, e de uma explicação curta do motivo dos três estarem ali. Christine havia subido em cima da mesa do café e interrogado os irmãos sobre tudo. Idade, grau de escolaridade, família, cor dos olhos, altura, peso, quantos primos possuíam, QI (um ovo foi atirado em sua direção depois dessa. Errando sua cabeça por um triz. Ele suspeitou ter vindo de Charlotte.)...

"Mas é tão confortável aqui." Christine reclamou, esticando as pernas e a jarra de suco de laranja por pouco não foi atirada para fora da mesa.

"Desça da minha mesa Christine." Ela rebateu rudemente. Christine sorriu, ainda sem se mover.

"Você adora dizer meu nome não é?" Ela perguntou retoricamente enquanto saía (o perigo de mais uma ovada era eminente). "Chris. Chris. Christine. CRISTINE! Christine. Mas eu peço, ele é bonito demais para que o gaste tanto. Agora se quiser gastar Vanessa... Este sim pode ser usado.Vanessa...VANESSA!"

Ele fez a linda ação de gritar no ouvido desta que estava distraída com a torta de morango. A garota pulou com o susto derrubando na toalha branca um pedaço de torta.

"Minha toalha! Christine!" Charlotte reclamou. Christine a olhou feio.

"Ouviu o que eu disse? Meu nome não. O dela. Foi ela quem sujou sua toalha."

"Mas foi você que me assustou!" Vanessa reclamou tentando pegar a torta, mas sujando ainda mais a mesa.

"Não, Sophie depois limpa isso." Charlotte se apressou antes que ela piorasse demais as coisas.

"Christine, o cachorro está mordendo sua maçã." Alec comentou como se estivesse dando as horas. Christine pulou; o animal estava agarrado em sua maçã metade comida. Presidente Au-au era pequeno. Um Chiuhauha bastante horrendo e com um nome patético na opinião de Christine. E era leve, assim quando a garota balançou a mão par se livrar da coisinha, ele veio junto, a mandíbula minúscula abocanhando a maçã.

"Ei seu pulguento! Minha maçã não! Morda Charlotte!" Ela sacudiu com força e o animal voou longe pelo chão da sala de refeições. A maçã pingou com a baba de cachorro psicopata.

"Que nojo." Tia Jacqueline, uma loira que estava conversando animada com a mãe de Christine resmungou se levantando e jogando o guardanapo na mesa. "Perdi a fome."

"Nankly!" Vanessa Kroell saiu de sua cadeira e foi ver como o seu bichinho estava. Christene atirou a maçã para longe da sua mão, estava realmente nojenta. E ela foi parar no prato de Henry; a maçã acertou em cheio um ovo que Henry estava prestes a devorar, e o mandou para longe voando. É, os ovos querem voar hoje. Christine pensou divertida.

"Meu último ovo!" Henry gemeu infeliz.

Assim que a maçã aterrisou no chão, Presidente Au-au, que estava se fingindo de coitadinho para receber carinho da dona, voou em cima dela e a comeu com uma dentada só.

"Vocês tomam café assim todos os dias?" Vanessa perguntou enquanto observava Presidente Au-au devorar a maçã fervorosamente.

"Só nos dias que terminam em a e o." Christine respondeu sorrindo. Alec revirou os olhos; aquela garota dava nos nervos.

"Ah! Então vocês tomam café normalmente na... No..." Vanessa se calou vendo a besteira em que tinha se metido.

"Todos dias terminam em a ou o, querida." Charlotte disse docemente, como se estivesse falando com uma criança com problemas mentais.

"Eu sei!" Ela disse cruzando os braços. Garoto mimada, pensou Christine.

"Crianças," Charlotte disse se virando para Alec e Vanessa, tentando mudar de assunto. "vocês vão passar a noite conosco?"

"Não!" Christine e Alec responderam ao mesmo tempo. Charlotte fuzilou Christine com o olhar pela falta de gentileza. Para o inferno a gentileza. Ele não vai ficar aqui.P

"Nós infelizmente não poderemos." Alec explicou tentando não soar irônico. O infelizmente saindo mais como um felizmente, Christine pode notar. "Nós vamos para a casa da nossa tia hoje, só passamos aqui porque nosso pai pediu para descansarmos um pouco, antes de ir. E como a chuva já passou..."

"Ao menos fiquem para o jantar." Charlotte parecia decepcionada.

"Não. Alec disse rápido demais. " Agradecemos mas nosso trem sai a tarde e... Nós demoramos a andar..."

"Demoram um dia inteiro para chegar a estação?" Henry perguntou cético.

"Henry ! Shh!" Christine sussurrou. Se eles queriam ir embora, era bom ajudar.

" A... Vanessa anda devaga!"Alec pareceu satisfeito por arrumar uma desculpa boa.

A garota parou de acariciar Presidente Au-au imediatamente.

"Não ando não. Sempre chegamos ce..."

"Tarde! Ela quis dizer que sempre chegamos tarde. As sapatilhas de Vanessa estão apertadas, ela diz que doí andar muito depressa"

"Mas..." Charlotte murmurou com a voz pequena.

Christine foi para o lado dela e colocou um braço nos ombros da pequena mulher. Eles observaram os garotos fugirem quase correndo para fora.

"Deixe Charlotte. Os coitados não aguentaram nossa loucura."

Charlotte disvensilhiou-se do braço de Christine e a encarou.

"Você quer dizer que eles não aguentaram a sua loucura não, Christine Maureen Caudermoon?" Ela á pequena mulher deu as costas rindo, indo em direção a porta.

"Cara Charlotte, você adora mesmo meu nome não é?"
Ela colocou a mão na porta. Antes que pudesse sair Layla perguntou:

"A onde você vai Christine?"

"Eu? Para minha cama, fechar os olhos e fingir que isso foi um longo e terrível pesadelo."

Layla suspirou. "Por que Chris, eu queria ver um filme...?"

"Porque já enchi minha cota diária de... Ovos voadores e..." Ela olhou o miolo de maçã babado no chão. "E de Presidente Au-au."

E saiu deixando uma Layla confusa; uma Charlotte decepcionada e um Henry chamando pelos ovos do chão.

A primeira coisa que disse á Vanessa Kroell foi :

–-- Como está o mini demônio do Presidente Au-au ?

Ela abriu a boca igual um peixe irritado, depois tornou a fechar.

–-- Bem. Ele não é um demônio.

Sorri.

–-- Só é um chihuahua louco.

Olhei para o lado procurando ver alguma reação por parte de Layla, mas me desapontei. Ela estava olhando fixamente para Alec Kroell. Sim, ele parece um anjinho á primeira vistas, só descobri o monstrinho que era quando ele colocou tintura rosa nas minhas balas. Ahn, voltando á cara de Layla, bem, ela parecia deslumbrada. Provavelmente não acreditava que ele tinha ficado ainda mais bonito.

Vanessa continuou me encarando feio. Já Alec resolveu me ignorar e olhar fixamente para a toalha da mesa.

–-- Ele está tão bonito... ---Layla murmurou baixinho, mas eu como tenho um bom ouvido escutei e também tenho certeza que ele escutou por que ele mal conseguiu disfarçar um sorrisinho. Metido e arrogante como sempre.

Essa menina me decepciona! Eu jurava que ela tinha superado a sua paixonite infantil...

–-- Layla! Mantenha a sua dignidade --- Murmurei.

Ficamos um longo momento um olhando para a cara do outro. Sam, Mary e Damien ficaram nos encarando, os pobres coitados provavelmente estavam se perguntando o que estava acontecendo.

Então infelizmente reparei nos copos na mesa. Tinha um liquido vermelho suspeito. E ficou ainda mais suspeito quando Alec pegou o copo.

–-- Eca! Aberrações do Crepusculo estão a solta!

Ah, falta de cortesia e educação. Eu sei, mas nunca fui educada.

Alec me encarou com aqueles olhares assassinos que só ele é capaz de lançar. Eu retribuí o olhar assassino, afinal sou muito boa nisso, tenho anos praticando com Layla quando ela me chama para ver um filme romântico no cinema.

–-- Bruxinha irritante.

Fiquei furiosa, é claro. Como aquele vampirinho de meia-tigela tem essa ousadia! Provavelmente você não estão entendendo nada mas esse apelido é de longa história envolvendo um festa de dia das bruxas louca e maçãs voadoras --- Nem queiram saber como isso aconteceu.

–-- Vampirinho detestável.

Ele odiava ser chamado assim. Ainda quando era criança eu chamava ele assim por causa da sua palidez, mas agora era bem mais divertido.

–-- O que tem nesse copo ? --- Layla perguntou.

Não entendo a fascinação dessa criatura para saber coisas desagradáveis.

–-- Suco de framboesa. É só um vampiro tomar algo vermelho que já pensam que assassinou alguém --- Ele revirou os olhos --- Bem que agora eu esteja com vontade de assassinar alguém.

Pisquei inocentemente.

–-- Também sinto isso.

Layla parecia confusa.

–--Vocês são oque ?

Alec riu.

–--O que você acha?

Layla ficou pensando um pouco.

–--Vampiros ...?Tipo, igual aos do Crepúsculo?

Eu comecei a gargalhar instantaneamente. Alec cerrou o maxilar e Vanessa ficou olhando como se não entendesse a piada.

–-- Sinceramente, você está me chamando de fadinha que brilha igual purpurina á luz do sol?

Depois disso eu ri mais ainda.

–-- E vocês ? --- Layla perguntou á Damien, Mary e Sam.

–-- Elfo... --- Sam disse com um tom de desgosto --- Mas não sou um anãozinho ajudante do papai noel, para sua informação.

Hum... Isso seria interessante caso um dia eu quisesse provoca-lo...

–-- Sou um transformados da linhagem dos falcões --- Disse Damien --- Um tipo de mago que se transforma em animais. Eu no caso, falcões.

Mary fez uma cara de decepção.

–-- Ninfa, uma driade, na verdade. Uma mera ninfa das árvores, não tem nada de romântico nisso...

Sam bufou.

–-- Um dia eu ainda te prendo num livro de Shakespeare.

Mordi uma maçã para não rir daquilo.

–-- Vanessa... Vanessa ... Qual é o número do seu quarto ? --- Perguntei.

Ela pensou por um instante.

–-- 129. Por que ? Já quer jogar pó de mico lá.

Fiquei quieta. Esse era justamente o número que estava na porta do meu quarto. Minhas suspeitas estavam confirmadas, eu estava dividindo o quarto com a minha arqui-inimiga!

Só espero que ela não tente me sufocar com o travesseiro enquanto eu durmo... o que é bem provável.

–-- É o mesmo que número em que Ilithya nos levou ontem.

Alec ficou parado por um instante.

–-- É estranho você não saber disso não é Nessa ? Certamente deveria ter acordado durante á noite e visto elas, ou será que essa noite você não estava no seu quarto ? --- Ele falou num tom incrivelmente sarcástico.

Vanessa ficou quieta tentando decidir o que falar, provavelmente tentando arranjar uma boa desculpa, mas finalmente concluiu que não daria certo.

–-- Dane-se onde eu estava ontem. Você é um ano e meio mais novo do que eu e eu não me meto na sua vida.

Alec ficou vermelho de raiva.

–-- Eu juro que ainda vou colocar uma tranca naquela maldita janela!

Ri ainda mais.

–-- Vanessa ... Vanessa, quem foi a pobre vitima dessa vez ? Qual foi o pobre coitado que dormiu com a sereia ruiva e acordou com a água-viva descabelada e com a maquiagem borrada ? --- Falei rindo.

Todos na mesa riram. A ruiva falsificada, é claro, ficou furiosa. Tão furiosa que pegou um ovo do prato e tentou jogar em mim.

Francamente, por que todo mundo gosta de jogar ovos em mim ?

Me abaixei num reflexo rápido e o ovo acertou a cabeça de uma garota na mesa de trás.

–-- Não é hoje que você se vinga, garota do ovo --- Ri mais ainda.

Depois do agradável café-da-manhã, voltamos para o quarto para arrumar os materiais para a primeira aula --- Sim, eu não tenho a miníma ideia como é uma aula de uma escola estranha dessa. Mas, felizmente não tinha olhos e nem sangue na lista.

Assim que abri a porta fui atacada.

Por um chihuahua louco.

Presidente Au-au estava idêntico ao que me lembrava. Um desagradável chihuahua preto nervosinho com unhas pintadas de rosa --- Agora você me pergunta : Que tipo de pessoa pinta a unha do cachorro de rosa ? Te respondo : A louca da Vanessa Kroell.

O cachorro ficou grudado na barra da minha calça jeans. Tive que dar um safanão para o pequeno demônio de unhas rosas tirar as presas da minha calça. Eu tenho certeza que esse monstrinho me odeia.

Deitei na cama e puxei as cobertas.

–-- Você não vai na aula ? --- Layla parecia espantada e Vanessa incrivelmente feliz por se ver livre de mim.

Fiz um gesto indicando que não. Mas sinceramente quem vai na aula no primeiro dia de escola? Tive uma manhã cheia... Lembranças... Ovos voadores... e Presidente Au-au.


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