Equilíbrio escrita por Diane


Capítulo 25
Capitulo 24 - Brincando com explosivos.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/522046/chapter/25

Lá estava ela, na frente do seu exercito, ela estava usando um vestido branco de festa, parecia que estava indo casar e não liderando um exercito. Ela riu da minha cara quando me viu.

— Layla? — Ouvi Mary gritar atrás de mim.

Sim, Mary estava surpresa. Eu não.

Desde que olhei para aquele livro já tinha caído a ficha. Uma excelente maneira de sair da lista de suspeitos é morrer.

É trágico admitir que fui enganada por anos, é irônico saber que minha melhor amiga era a minha pior inimiga, só de pensar em quantas vezes eu e ela comemos salgadinhos juntas enquanto assistíamos filmes, me deixa com dor de cabeça.

— Você vai para um casamento por acaso, Trivia ou devo chamar você de Layla? — perguntei ironicamente.

A vaca me olhou com desdém.

— Você é uma criaturinha incrível, está prestes a morrer, mas não perde a ironia.

Sorri maldosamente, pobre coitada se ela imagina que vou morrer hoje.

— A ironia é a última que morre.

Olhei para o exercito dela e rezei para que... minha pequena surpresa funcionasse. Eu não esperava que fossem tantos, lá no meio tinha vários cadáveres mortos-vivos, iguais os que nos atacaram na pizzaria, várias serpentes e outras aberrações.

— Só que nesse caso você vai morrer primeiro — Ela falou enquanto dava um passo para frente.

Olhei cuidadosamente para o chão.

— Se eu fosse você não daria mais nenhum passo — avisei.

Ela riu novamente. Sinceramente, eu estou me cansando da risada dela.

— Por que eu teria medo de andar mais um passo? Eu tenho um exército e você não tem nada.

Ela deu mais um passo desafiadoramente, e então o terreno que ela pisava explodiu abaixo de seus pés, engolindo ela e seu exercito em chamas.

Á um dia atrás.

A filha de Nyx lançou o livro pelos ares, consequentemente atraindo olhares assustados de todos que a cercavam.

— Ahn... Você está bem? — Damien perguntou franzindo a testa, não era de hoje que ele estava começando a desenvolver a teoria que Christine precisava de um psicólogo.

O livro se ergueu á uns seis metros do chão e por fim caiu encima de um pobre esquilo que estava tentando roer uma noz. É evidente que depois de uma pancada dessa, o pobre esquilinho morreu, e morreu com fome.

— Pobre esquilo — Mingau fungou.

Existem várias coisas que tiram Christine do sério, uma delas estava acontecendo nesse exato momento, um monte de seres olhando para a cara dela como se esperassem uma erupção vulcânica.

Então Alec quebrou o silêncio, começou a gargalhar aparentemente sem nenhum motivo.

— Sério que você acha que é ela a Trivia? — Ele falou após perceber o que a garota estava pensando — Isso é patético!

Se ela estivesse de bom humor, provavelmente ficaria ali discutindo sobre suas teorias, mas não tinha tempo para isso. Antes que o vampiro pudesse prever seus movimentos, Christine segurou ele pela gola da camiseta e o arrastou para longe dos outros com passos largos.

— Você está louca?

Naquela altura, Alec já tinha se recuperado da surpresa e empurrado a feiticeira para longe dele e segurava os pulsos dela.

Christine remexeu as mãos. Por um momento ela cogitou a hipótese de usar um velho golpe de artes marciais que possibilitava torcer o pulso de quem a estava segurando, mas aí ela lembrou que torceria o seu pulso também.

— Solta o meu braço.

Alec tirou as mãos de cima do pulso dela cuidadosamente e se afastou. A feiticeira olhou os pulsos para ver se não tinha marcas e se por acaso tivesse, dane-se se ela iria sentir dor também, mas ela quebraria a cara dele.

— Por qual motivo absurdo você me arrastou até aqui? — Ele perguntou, agora olhando furiosamente para a filha de Nyx.

Os olhos dela brilharam maliciosamente.

— Por que eu sei quando e onde Trivia vai atacar. E quero explodir ela.

Alec estreitou os olhos.

— Defina “explodir”.

Christine arqueou a sobrancelha levemente, ela realmente parecia endiabrada por mais que tentasse forçar um sorriso angelical.

— Sei lá, tipo, colocar uma bomba embaixo dos pés dela.

— Como você pretende arranjar uma bomba?

Ela olhou para ele angelicalmente, o mais angelical que uma diabinha conseguiria.

— Eu quero que você faça uma bomba.

Ele levou quase dois minutos para processar o que ouviu. Não que ele fosse lerdo, é claro, na verdade ele estava começando a suspeitar que tivesse sido contaminado pela lerdeza de Damien.

— Como você pretende que eu faça uma bomba?

Christine olhou para ele, cética.

— Não se faça de anjo, por que você não é. Pensa que não sei que entre seus cursos de engenharia, robótica e essas porcarias todas você não estudou como fazer explosivos?

Ele odiava quando ela estava certa. Realmente odiava. A morena percebeu isso, por que sorriu igual o gato de Alice no País das Maravilhas.

— Talvez você esteja certa.

Ela revirou os olhos.

— Eu sempre estou certa. Sempre.

Aparentemente, nunca ela deixaria de ser convencida.

— Então eu proponho voltar para aquele túnel, arranjar uma saída, e procurar materiais para fazer os explosivos na Grécia — A filha de Nyx falou mais convencida que o normal — Pronto, já podemos começar a correr por que o túnel está á alguns quilômetros daqui.

— Quem disse que eu iria? — O vampiro se encostou em uma arvore e olhou para ela desafiadoramente.

Não é necessário dizer que Christine queria encher ele de socos. Bom, se ele não concordasse ela poderia arrasta-lo, e força-lo a construir alguns explosivos sobre a ameaça de virar o possível jantar de Idia. Mas seria realmente mais fácil se ele não fosse obrigado.

Ela suspirou. “Por que será que as pessoas são tão complicadas? Qual é o problema delas em acreditar em algo e calar a boca?”, Christine pensou.

— Me dê uma prova que a sua teoria maluca está certa? Quem garante que Trivia vai atacar onde você acha que ela vai atacar?

— Trivia é Layla, e eu a conheço desde os seis anos — A feiticeira falou secamente.

— Layla estava morta, é impossível que ela tenha se fingido de morta, eu mesmo verifiquei. O crânio e rosto estavam esmagados e aquela lança não era de mentira.

— Aquele corpo não era dela.

Alec franziu as sobrancelhas, aquilo... estava começando a ficar interessante.

— Ela da loira do Ágora, á arqueóloga, guia ou sei lá o que. Se você não tivesse ficado encarando os peitos dela teria percebido que ela tinha a mesma cor de cabelo que Layla e o porte físico. Trivia só trocou de roupa com ela, e esmagou o rosto para ninguém reconhecer. Caímos no truque dela igual patinhos.

É, aquilo faria todo o sentido. O vampiro balançou a cabeça, levemente convencido.

— Tudo bem, vou com você até o Ágora, se a guia turística estiver lá e viva, eu faço os explosivos, caso contrario você vai tentar explodir Trivia usando bomba de açúcar.

[...]

Ao redor dela as árvores viravam borrões verdes e marrons pela velocidade acima dos limites humanos. Quando chegou na entrada do túnel, Christine sentia como se suas pernas estivessem dilaceradas.

— Você demorou.

A filha de Nyx olhou para o lado e percebeu que Alec estava encostado na parede do túnel com uma aparência entediada. Á uns dias atrás esse percurso tinha levado horas, e agora, correndo, Christine conseguiu completar ele em quinze minutos.

— Dane-se — Ela se encostou na parede também, respirando pesado— E agora, como fazemos para fazer a parede abrir?

A parede tinha se abrido uma vez para eles entrarem no túnel, provavelmente iria se abrir novamente para saírem. Ou não.

— Tentei de tudo — Alec falou — Empurrar, chutar e até tentei socar. Não funcionou.

— Quem sabe se eu der uma de Idia e socar sua cabeça na parede ela não abre? — Christine falou maldosamente.

Alec recuou para longe dela.

— Ares é seu patrono, ele que é o dono desse templo. Tente fazer algum contato com ele.

Não era uma má ideia. Mas como se faz um contato com um deus?

— Ares abre a porta! — Christine falou irritada.

“Fale a palavrinha mágica...” Uma voz familiar ecoou pelo lugar. A voz de Ares.

— Abra isso agora, sua anta! — A filha de Nyx gritou.

“Nãão... E garota, Nyx não te ensinou que xingar deuses de antas é falta de educação?”

Christine revirou os olhos e Alec estava se engasgando de rir.

— Acho que ele quer que você peça por favor — O vampiro sugeriu.

— Por favor, faça essa parede abrir — A morena falou a contragosto e pronunciando cada palavra como uma ameaça.

“Melhorou” A voz ecoou e a parede abriu.

O Ágora de Atenas estava quase vazio, ele não um dos lugares mais visitados da cidade, as pessoas geralmente prefere visitar o Parthenon ou as igrejas antigas, e a maior parte dos turistas que vão vê-lo ficam do lado de fora. Isso foi um dos motivos que levou os dois saírem do túnel direto, sem olhar envolta.

— Vocês saíram da parede?

Eles olharam para o lado e viram uma garotinha de seis anos olhando-os curiosamente.

— Ahn? — Christine fingiu estar confusa — Como alguém pode sair dessa parede dura? Tem certeza que está bem, menina?

A garotinha saiu de perto deles balançando a cabeça, possivelmente analisando se o suquinho de caixinha que ela bebeu mais cedo não estava contaminado.

— Tenho a leve impressão que essa garotinha terá que visitar o psicólogo mais tarde — Alec constatou.

— Claro que vai — A morena riu — Pobre garotinha...

Doze anos depois a garotinha iria se formar em arqueologia e iria desenvolver uma teoria que tinha túneis subterrâneos e passagens secretas no Ágora de Atenas, pois segundo ela, quando tinha seis anos ela vira dois adolescentes suspeitos saindo de uma parede.

[...]

Christine nunca pensou que teria invadir uma loja de explosivos. E ela nem sabia que existia lojas de explosivos, mas tudo bem.

Assim que ela saiu do taxi ela observou o prédio á sua frente. Era uma loja que vendia armas e peças tecnológicas para o exército, inclusive materiais para montar uma bomba. Infelizmente, você teria que ser alguém importante do exercito para poder comprar esses materiais, além de ter autorizações do governo e um monte de burocracia.

A única saída era invadir. Mas isso era um pouco difícil com vários soldados na entrada e câmeras e todo o tipo de tecnologia lá dentro.

Eles saíram do taxi e foram direto para uma lanchonete do lado do prédio onde poderiam ter uma boa vista do alvo.

— Se você soubesse usar os seus poderes seria mais útil — Alec falou quando se sentou em uma cadeira.

— Se você soubesse ficar de boca fecha iria ser mais agradável — Christine rebateu.

—Τι μπορώ να κάνω για σας;— Uma garçonete perguntou em grego e entregou um cardápio.

Alec odiava o fato de não saber grego, antes para ele isso era uma linguagem inútil de um país em uma crise econômica. Ele odiava mais ainda o fato de Christine ter que traduzir tudo para ele.

Os lábios de se curvaram em um sorriso.

— Ela está perguntando Christine o que queremos.

— Diga á ela que queremos alguns explosivos e matar uma feiticeira psicótica — ele disse sarcástico.

A morena fez uma careta.

— Uma pizza de palmito para mim e uma salada para criatura do lado —.

— καρδιά πίτσα για μένα και μια σαλάτα για το πλάσμα πλευρά — Christine pediu

Em menos de dois segundos a garçonete retornou segurando uma bandeja que continha uma fatia de pizza de frango e uma salada. Ela colou o prato com pizza na frente de Christine e a salada de frente para Alec.

Alec fez cara feia.

— Uma salada?

— É, você é vegetariano, eu achava que você gostasse de saladas.

Alec não precisava ser um gênio para saber que aquilo foi maldade da parte dela. Ele empurrou o prato com alface para longe dele.

— Então, algum plano? — Christine perguntou antes de morder um pedaço da pizza.

— Não — ele respondeu secamente.

— Eu também não.

Um rapaz loiro de uns vinte e cinco anos e de olhos cinza se se sentou à mesa ao lado deles. Christine arfou e se engasgou com a pizza.

— Tio David?

— Aham, também conhecido como Hermes.

Christine se levantou da cadeira e abraçou o deus.

— Ah, eu sabia que você iria me ajudar á assaltar uma loja de explosivos — ela murmurou alegremente enquanto se soltava do abraço.

Os olhos de Hermes brilharam.

— Assaltar lojas... Como eu poderia ficar longe disso?

Alec se inclinou na cadeira de modo que pudesse ver o deus melhor.

— Você me parece um cleptomaníaco — o vampiro disse.

Hermes fungou e lançou um olhar raivoso ao vampiro.

— Praguinha de Hades, tente não insultar deuses, você tem sorte de eu não ser minha irmã Ártemis, ela teria te enchido de flechas.

Christine franziu a testa quando o deus falou “praguinha de Hades “ mas ela estava feliz demais para se preocupar com isso.

— Bom, então, como vamos assaltar aquela loja? — A morena perguntou.

Hermes moveu a mão com uma expressão de desdém.

— Aquela lojinha quase não tem defesas, só uns scanners de digitais, câmeras, aparelhos que podem detectar quem é a pessoa e a sua fica criminal pela estrutura óssea. Só isso.

— Só isso? — O sarcasmo era evidente na voz do garoto.

— É.

— Só uma pergunta — Christine levantou a mão — Como vamos passar por isso?

Hermes fez uma carinha angelical que Alec fez descobrir quem ensinou Christine fazer carinhas de anjo.

— Hoje de manhã eu fui fazer uma visitinha á loja — Ele piscou — podem ir lá tranquilamente que nada vai interceptar vocês.

[...]

Alec não estava seguro do que estava fazendo, mas não tinha escolha.

Ele e Christine entraram correndo pela porta do local e imediatamente os soldados da portaria começaram a correr atrás deles.

Os dois percorreram um corredor que levava até o elevador para o andar de cima, onde possivelmente estaria os explosivos, só que o elevador ainda estava descendo, o que os deixou encurralados.

Os guardas berraram algo em grego, algo que o vampiro não entendeu, mas tinha certeza que era ofensivo.

Então Christine reagiu. Deu um chute no peito de um dos soldados lançando ele á dois metros de distancia.

Nessa hora outro soldado apertou o gatilho da arma, mas invés de sair uma bala, saiu confete e um papelzinho com “Te trollei” pendurado em um espeto. Aparentemente o soldado ficou atordoado e Alec se aproveitou disso e deu um soco na têmpora dele, fazendo o soldado cair inconsciente.

Os outros dois soldados que restavam tentaram atirar, mas só saia confete, oque era inútil em uma luta.

Pelo canto do olho ele percebeu que um soldado foi para cima de Christine, mas ele nem se preocupou por dois motivos: Primeiramente por que ela sabia se cuidar muito bem e, segundo: por que ele já estava ocupado tentando se desviar dos socos de um soldado.

As pessoas são bem previsíveis, sempre tentam socar o rosto. O soldado estava tentando fazer isso, mas Alec se desviava de cada soco dele com uma facilidade incrível. Aquilo era até divertido para o vampiro.

Assim que ele percebeu uma brecha na guarda do soldado, ele atacou, desferindo um soco das costelas e um golpe lateral na traqueia do soldado, Possivelmente esse soldado sofreria bastante com falta de ar.

Ele se virou para o lado e viu Christine erguendo um soldado idiota pelo pescoço.

— Onde vocês monitoram as câmeras? Onde ficam os materiais para explosivos? — ela perguntou.

O soldado guinchou e tentou chuta-la, mas recebeu um soco na boca de volta.

— Não sei — Ele tentou resistir.

A feiticeira apertou a traqueia dele, o deixando sem ar.

— No andar de cima ficam os explosivos e no computador á direita que monitoram as câmeras.

Christine o soltou e bateu a cabeça dele na parede para fazê-lo ficar inconsciente.

— Alec você vai buscar os explosivos e eu apago os registros da câmera.

Christine se sentou na cadeira de frente para o computador enquanto Alec ia buscar os explosivos. Ela estava torcendo para que ele fosse rápido, caso contrario os reforços dos soldados poderiam chegar.

Ela inverteu a imagem deles atacando os soldados por esquilos gigantes atacando os soldados. A montagem ficou tão benfeita que dois dias depois apareceu no jornal uma manchete “ESQUILOS GIGANTES ATACAM SOLDADOS DE LOJA DE EXPLOSIVOS DO GOVERNO”

Assim que Alec saiu do elevador carregando alguns materiais de bombas eles saíram correndo de lá.

[...]

Depois disso tudo ocorreu com normalidade, só foi voltarem para o túnel, montarem os explosivos e os enterrar. E por fim esperar que uma feiticeira idiota pisasse neles.

De volta ao presente.

— O que foi isso? — Damien perguntou.

Sorri angelicalmente.

— Uns explosivos —Alec respondeu.

Senti os monstros de Trivia morrerem e irem para o mundo inferior, provavelmente isso era uma nova habilidade minha que estava se desenvolvendo. Milhares de almas de monstros que iriam parar nos campos de punição. Então notei a ausência de uma única alma: A de Trivia.

De algum modo ela escapou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!